sábado, 6 de março de 2010

Elvis Presley - A vida, a música e os filmes

Era uma vez um garoto americano muito pobre chamado Elvis Aron Presley. Quando ele nasceu, a 8 de janeiro de 1935, seus pais, Vernon e Gladys não tinham nem com que sonhar. Como a imensa maioria da comunidade não especializada do Sul, eles se limitavam a sobreviver no limite do possível. E o possível era muito duro. A depressão tinha devastado o Estado do Mississipi e transformado Tupelo, antigo centro próspero de algodão, numa cidade estagnada e decadente. Numa tentativa de empregar a massa de ex trabalhadores da cultura algodoeira, o governo Roosevelt financiara a instalação de algumas indústrias de tecidos rústicos, lonas, uniformes e calças jeans. Gladys Smith Presley, jovem e bem disposta, conseguira uma vaga como costureira em uma dessas fábricas. Vernon Elvis Presley, criado toda a vida no campo, no trato e na colheita do algodão, não sabia fazer outra coisa: continuou colhendo e arando as terras alheias, cada mais estéreis e devastadas. Às vezes conseguia um emprego temporário, no auge da safra, como ajudante de caminhão. No inverno, distribuía leite e tentava aprender carpintaria. Nunca sonhavam, existiam. Como conforto e alegria tinham a igreja da Assembléia de Deus.

Eram crentes, austeros e assíduos na Assembléia, para conseguir a salvação eterna e fugir das chamas do inferno era necessário apenas cantar. E, se a salvação era incerta, o calor dos Spirituals pelo menos ajudava aquela comunidade destroçada a se manter unida. Só um povo era mais miserável que os brancos do bairro leste de Tupelo, os negros de Tupelo. Os pretos de todo o sul. Aos negros era negada até mesmo a dignidade. Por isso sua música era mais feroz, mais inflamada, seus Spirituals arrebatavam e traziam consigo o transe e a possessão. Os pretos de Tupelo viviam no outro lado dos trilhos que cortavam o bairro dos brancos pobres. Não era um convivência intensa, mas era pacífica. Afinal, tudo unia famílias como os Presleys, a eles: a miséria, a falta de perspectiva, o amor pela música, a identidade pelo canto.

Elvis Aron Presley nasceu miserável em um mundo repleto de música. Seu irmão, que iria se chamar Jesse Garon, nasceu morto e foi enterrada numa lata, nos fundos do quintal, da casinha de um quarto, feita de madeira, tijolos de argila e teto de zinco. Gladys concentrou toda sua energia em Elvis. "Para Gladys ele era a coisa mais importante de sua vida", diz uma vizinha. "Ela adorava esse garoto. Deixava de comprar roupas, até sapatos, para que ele tivesse carne ou galinha pelo menos uma vez por semana. E ela nunca o deixava sozinho, estava sempre por perto, mesmo quando ele brincava com outros garotos. E ela não ia a parte alguma sem ele, nem mesmo ao armazém. Cada vez que ele se perdia de vista, nas brincadeiras com os outros garotos moleques, ela saía gritando seu nome, chorando e desesperada até encontrá-lo". Na medida do possível para uma família que se alimentava basicamente de feijão e milho e comprava uma peça de roupa e um par de sapatos a cada seis meses, Elvis cresceu mimado e cercado de atenções. Para contrabalançar, Vernon e Gladys lhe legaram o lado mais austero e duro de sua formação protestante.

From Tupelo to Memphis
Ensinaram-lhe a jamais se dirigir a palavra, de forma não respeitosa, a uma pessoa mais velha; deveria chamar a todos de "senhora" e "senhor", trabalhar sempre, sorrir muito raramente. Roubar, nunca. "Uma vez Elvis achou uma garrafa de Coca Cola no meu muro e a levou para casa" lembra a mesma vizinha. "Quando Gladys soube, deu-lhe uma surra antes mesmo que ele pudesse se explicar. Mesmo quando eu intervim e disse que a garrafa não era de ninguém, ela continuou a repreender Elvis por não ter perguntado antes". O menino Elvis aceitava tudo. Era um menino muito bom. Mais tarde ele lembraria agradecido. "Meus pais me deram a melhor formação do mundo, me mostraram o que era certo e o que era errado. Na época eu não entendia quando mamãe me batia por ter sumido de sua vista, eu achava que ela não me amava". Com cinco anos o bom menino se iniciou no mundo da cidade e da música. À cidade, sua mãe o levava para assistir às aulas da Escola pública (ela levaria Elvis à aula até a idade de 15 anos). A música veio naturalmente, nos serviços da Assembléia de Deus, nos piqueniques com os vizinhos, no rádio ouvido solenemente ao cair da tarde, cadeiras no quintal, os avós no centro, Elvis num tamborete aos pés de Gladys. Para Gladys e Vernon, a música era um alívio. Para Elvis, um sonho: muito jovem para medir a extensão de sua pobreza, ele tinha o direito de sonhar. Ficava extasiado com os microfones, com as roupas brilhantes de cetim e franjas dos cantores country, nas feiras e mafuás. Ficava entretido e ausente, ouvindo os negros tocarem banjo e harmônica na beira do rio, nos dias de pescaria. Os Spirituals o deixavam fora de si.

Por isso quando a professora do grupo escolar perguntou à classe se alguém sabia rezar, o loiro e sério Elvis Aron levantou a mão e disse que sabia cantar. E cantou, seguro e sentido, uma velha balada, "Old Sheep". Para ele, cantar e rezar era a mesma coisa: mágica saborosa que deixava e tornava os dias diferentes. A professora, chorosa e comovida, levou o pequeno Elvis para um concurso de talentos na feira de amostras. E ele ganhou o segundo lugar e cinco dólares. Guardou o dinheiro e, no seu décimo aniversário, somou-o às economias de Vernon para comprar um violão de 13 dólares. E começou a aprender a mágica. Com um jeito que seu tio e professor, Vester Presley, considerou "surpreendente", ele aprendeu os acordes básicos. E se pôs a tocar e cantar, a resumir no seu violão o mundo de sons que ouvia à sua volta. Os hinos da Igreja, Elvis sabia de cor. As baladas e quadrilhas que ele ouvia no rádio e nas feiras com seus ídolos country - brilhantes, faiscantes - Jimmie Rodgers, Bob Willis, Ted Daffan. E os blues rurais, tão ásperos e sentidos, de Big Bill Broonzy, Otis Spahn, Bukka White, John Lee Hooker, Howlin Wolf, que os pretos do outro lado dos trilhos preservaram em sua integridade. Para Elvis Aron, não havia distinção alguma: tudo era música, tudo era mágica.

Quando Elvis fez 13 anos, seus pais decidiram abandonar Tupelo, procurando uma vida melhor em Memphis, capital do Tennessee, centro vital do sul. "Nós estávamos sem um tostão", ele diria mais tarde. "Tudo o que a gente tinha coube nuns poucos caixotes que papai amarrou no teto do seu Plymouth 1939. E saímos para Memphis assim, sem saber de nada, sem conhecer ninguém, só na esperança de que as coisas iriam melhorar". Não melhoraram muito. Após um período duro morando numa cabeça de porco, todo o progresso que Vernon Presley conseguiu foi alojar sua família num conjunto habitacional do governo. Lá, pelo menos, havia dois quartos, um banheiro e uma cozinha própria. Gladys começou a trabalhar como ajudante de enfermagem, Vernon se empregou como encaixotador numa fábrica de tintas e Elvis foi para a Humes School. "Era uma escola pobre, uma escola para pobres", diz um colega de Elvis "Ninguém estudava muito, também não havia muito o que estudar". Talvez a pobreza tenha começado a incomodar Elvis. Para escapar do tédio sufocante da vida entre o conjunto habitacional e a escola, ele jogava futebol (em geral com um time de pretos da escola negra), ouvia rádio, tocava, cantava, tocava e ia levando a vida. E guardava dinheiro para comprar roupas.

A juventude de Elvis: brilhantina e Rock'n'Roll
"Elvis era muito diferente da gente", diz Red West, um colega da escola. Ele usava um cabelo muito mais comprido que nós e costeletas, o que na época era coisa de negros e caipiras. Ele se amarrava em roupas berrantes, brilhantes, cetim preto e rosa, por exemplo. Nenhum de nós usava esse tipo de roupa. Era coisa de negro". De fato, Elvis encontrava suas camisas berrantes e calças frisadas numa loja para negros, dentro do mesmo gueto. Um caipira? Ele era um caipira: roupas de cetim, franjas e estrelas eram seu jeito de se expressar individualmente num mundo tedioso e cinza. As costeletas? "Eu tinha uma cara muito de garoto, queria parecer mais velho, com jeito de motorista de caminhão, assim um tipo durão, sabe?" Costeletas e roupas chocantes, casacos cor de rosa, jeito de negro, andar de caipira, em plena Memphis dos anos 50, Elvis estava forjando, sem saber, uma identidade própria, única, tão misturada nas suas origens quanto sua própria vida e música que gostava de cantar na escola, nos passeios com os amigos, nas festas de fim de semana. Os amigos gostavam daquela música que tinha tantos estilos, alguns como o blues rural, totalmente desconhecidos para eles (o mundo negro e o mundo branco eram entidades completamente separadas nas cidades do sul americano).

Gostavam de ver como o tímido Elvis se transfigurava atrás de um microfone. "Ele era incrível" relembra uma colega. Ganhava todos os pedidos de bis nas festinhas e nas audições. "Cantava de um jeito que fazia a gente chorar, vibrar. As garotas adoravam. Ele era muito boa pinta e dançava de um jeito diferente, todo seu". Quando Elvis fez 15 anos ele achou que era hora de procurar um emprego e colaborar para o minguado orçamento da família. Fez algumas tentativas como lanterninha de cinema e depois como empacotador numa fábrica de latas. Mas Gladys sempre achava que o serviço era pesado demais para seu pequeno Elvis. Mas, três anos depois, em 1953, as necessidades crescentes da família - que havia sido despejado do conjunto habitacional por ter passado o teto máximo de renda permitido - venceram os instintos protetores da mamãe Presley: Elvis se empregou numa firma de material elétrico como motorista de caminhão. Elvis ganhava 41 dólares por semana. A metade ele entregava aos seus pais. A outra metade ele gastava em roupas de cetim, jukeboxes, gasolina para o carro e salões de barbearia. "Esse cabelo dele quase me fez negar-lhe o emprego" disse, anos mais tarde, o chefe da Crown Eletric Company "Ele era muito grande, e com costeletas. Mas ele era tão educado, tão polido, que eu acabei deixando ele ficar. Ele cuidava muito do cabelo, ia sempre que podia aos salões mais sofisticados, para frisar, lavar e aparar os cabelos. E ele tingia também, usava o cabelo bem preto, na verdade ele era loiro".

Cabelo preto, costeletas, uma cara fechada, uma guitarra jogada no assento ao lado do motorista. Elvis, o durão, o rapagão americano. Na hora do almoço, comia um sanduíche, sentava na sombra e tocava. Uma tarde de sábado, resolveu fazer algo diferente. Lembrando o aniversário próximo de sua querida mamãe, ele parou o caminhão numa esquina da rua principal, pegou sua guitarra e entrou no acanhado prédio de dois andares que abrigava a Sun Records, uma modesta companhia de discos. Fundada por Sam Phillips, ex DJ de rádios country. A Sun tinha duas especialidades: Uma era descobrir, gravar e vender artistas locais, artistas de country & Western e, principalmente, músicos negros de todos os tipos, de cantores de blues ("os negros são os únicos que preservam a originalidade e a força em sua música", Sam costumava dizer); a outra era manter um serviço de gravações domésticas, dando a namorados e pais corujas a oportunidade de preservar em acetato suas declarações de amor ou as gracinhas de seus pimpolhos. Esse setor também tinha uma outra finalidade, além de suprir o sempre deficitário orçamento da Sun: servia como um meio para esquadrinhar o mercado e descobrir o sonho impossível de Sam Phillips: "O dia em que eu achar um branco que cante com a força de um negro, eu vou estar feito". Sam estava mais do que certo: Só encarnado no corpo de um branco, o ritmo negro seria aceito para uma América que só agora considerava a possibilidade de uma integração.

Elvis Presley e a Sun Records
Marion Keisker, recepcionista da Sun em 55, lembra com detalhes: "foi no começo da tarde de um sábado muito atarefado que ele chegou, e eu achei uma figura muito estranha, com aquele cabelo grande. Ele me disse que queria gravar umas canções para sua mãe e eu perguntei que tipo de música ele cantava. Ele então se virou até mim e disse: "Eu canto todo tipo de música". Fiquei intrigada e perguntei que tipo de interpretação tinha, se era hillbilly (caipira), porque ele tinha um jeito de caipira. Então eu perguntei: "Você vai imitar que cantor? Com quem você se parece?" Ele me olhou muito sério e disse: "Eu não me pareço com ninguém". Quando Marion começou a rodar a fita, ela viu que Elvis estava certo. Ele não se parecia com ninguém. Cantou um sucesso de um grupo negro, The Ink Spots, "My Happiness" e uma balada melosa, favorita de sua mãe: "That's when your Heartaches begin". E seu estilo era um cruzamento perfeito entre o timbre áspero e monocórdio dos negros e o gingado, o scat dos cantores brancos rurais. Elvis saiu com o disco para Gladys e Marion foi correndo mostrar a fita para Sam Phillips. Ele não ficou muito impressionado. Só quando Elvis voltou, no começo de 1954, e pediu para fazer outro disco, Sam descobriu o que tinha nas mãos. Assistiu as gravações e anotou: "Elvis Presley. Bom baladista. Chamar na primeira oportunidade".

A primeira oportunidade demorou um pouco a chegar, mas veio. Em junho desse mesmo ano, Sam comprou em Nashville uma canção, que exigia um estilo diferente de cantar. E lembrou do "garoto das costeletas". Foi como se Deus o tivesse chamado, lembra Sam. "Ele mesmo atendeu o telefone e disse que tudo estava certo, que já estava indo para a Sun". E veio mesmo, correndo, fez a pé os seis quarteirões e chegou bufando, todo vermelho e suado. Eu lhe perguntei: "O que você sabe cantar?" e ele disse: "Eu canto de tudo, senhor". E começou a cantar spirituals, baladas folclóricas, blues e R&Bs. "Pareceu-me um bocado inseguro e eu lhe sugeri que procurasse um grupo de apoio. Ele então me disse que não conhecia ninguém e que contava comigo para arranjar uma banda". Sam marcou uma nova gravação para dali a duas semanas e ligou para alguns músicos amigos seus: o baixista Bill Black, o guitarrista Scotty Moore e o baterista D.J. Fontana. Todos eram experientes músicos de bailes, festinhas e feiras do Tennessee. Os músicos vieram mas as coisas não começaram muito bem, eles não gostaram muito de Elvis. "Ele parecia um garoto metido, um amador. E, depois, aquelas costeletas... ninguém usava aquilo na época. E camisa rosa e negra também, definitivamente aquilo era coisa de negro", relembra Scotty. Alguém sugeriu que a banda fosse aumentada, para soar bem country, com violino e pedal steel. Timidamente Elvis balbuciou: "Assim está bom, o que me importa é o ritmo, assim está tudo bem, sim senhor".

Um mês se passou nos estúdios da Sun, com Elvis, Scotty, Bill e D.J. tocando e Sam gravando. Tocavam basicamente melodias country, música de rodeio, baladas, às vezes um hino, um blues. Aos poucos o gelo inicial foi sendo quebrado. E os três conversando chegaram a um acordo: com o tipo de interesses que tinham, era possível criar um som diferente, um ritmo especial e único. Uma noite no intervalo entre vários takes de baladas country, Elvis largou a Coca Cola e começou a brincar, cantando um R&B de Arthur Grudup: "That's All Right (mama)". Pulava pelo estúdio, dançando uma mistura de quadrilha com Be Bop com ginástica. Scotty, Bill e D.J. aderiram, acelerando o compasso, sinconpando a melodia. Da sala de controle, Sam gritou: "Que diabos é isso? Continuem, pelo amor de Deus, vamos gravar". Do outro lado do avulso "That's All Right" Sam Phillips colocou uma canção à altura, uma valsinha country, o "Blue Moon of Kentucky", tão acelerada, tão ritmada, que era impossível chamá-la de valsa ou country. Em breve isso teria um nome: era o Rockabilly, mistura de Rock, o ritmo básico dos negros, com o Hillibilly, a inflexão melódica e instrumental dos caipiras. Com o lançamento do avulso "That's All Right" começa o sonho americano de Elvis Aron Presley, o garotinho pobre e bem comportado de Tupelo.

O Nascimento do Rock'n'Roll como o conhecemos
Agosto de 1954, o rock'n'roll, mais um ritmo de dança, uma dance craze, do que um propriamente uma linguagem musical, tinha acabado de tomar conta da América, da juventude americana, mais rica, mais desiludida e mais ociosa que o país jamais conheceu. Elvis Presley ainda não sabia, mas ele tinha todos os elementos para se colocar na frente, no alto dessa loucura americana e dar-lhe um caráter próprio, definitivo. Era jovem, pobre e ambicioso. Tinha uma voz potente, elástica e maleável como poucos cantores. Era uma figura bonita, machona, sexy, com gosto exótico, misto de caipira e criolo. E, o principal, possuía uma capacidade, quase orgânica, fisiológica, para aprender, compreender e moldar todos os principais elementos rítmicos e melódicos da música americana, fosse Hillbilly, Blues rural, country & Western, balada pop, That's what rock'n'roll is all about.

No entanto, muito compreensivelmente, a série de cinco avulsos que a Sun Records produziu com Elvis foi destinada em sua maior parte ao público country. Destino natural para um artista sediado em Memphis, capital mundial do country. De um lado, Elvis gravava sempre uma canção com sabor country & western e do outro sempre vinha um rythm blues. Em todos, Elvis subvertia o esperado: cantava o blues como um caipira, cantava o country como um negro, ou fundia as duas coisas num sincopado novo. Todos os cinco avulsos foram imediatos e fulminantes sucessos locais, na área que vai de Memphis a Nashville. Primeiro tocavam só em rádios de negros. Mas depois que, Elvis garantiu que estudara na Humes High School, uma escola só para brancos, s explosão foi incontrolável. Logo após o primeiro avulso, Elvis se demitiu da firma de utensílios elétricos e começou a carreira na estrada. Seu empresário era o próprio guitarrista Scotty Moore, e no começo não foi muito fácil vender o show de Elvis no circuito country. A lei de integração racial nas escolas tinha acabado de entrar em vigor, e era uma chaga aberta no espírito segregacionista do Sul. Como explicar e tornar aceitável um cantor branco com voz de negro, roupa de negro, música de negro? Como evitar que ele trouxesse o negro para dentro da asséptica família branca americana? A muito custo e jogando com todas as influências de Sam Phillips, Elvis conseguiu um pequeno número na grande feira de música country de Nashville, a Grand Ole Opry. E foi aí que a família americana viu que o pior estava por vir.

Elvis e seus músicos subiram no palco lá no final do show, após uma série de estrelas country. Cabeça baixa, ele respondeu às perguntas do fosforescente apresentador com seu habitual "sim senhor", "não senhor". Quase um garoto normal. E então, meio tremendo de medo, começou a cantar "That's All Right". Medo, paixão, adrenalina, começou a dançar, a girar, a sacudir os quadris. As garotas gritaram, os garotos roeram as unhas, os mais velhos odiaram. Elvis foi banido do Opry. Mas a loucura tinha começado. "Na verdade eu estava tremendo feito vara verde" diria ele muito depois, "Não podia parar de mexer a perna, tinha de disfarçar. Aí saí dançando como costumava fazer em casa e no estúdio. Entre 54 e 56, Elvis e seu trio iam semear a loucura no comportado circuito country do sul. Metidos num furgão, rolando pelas estradas, tocando em rodeios, pátios de Igreja, escolas, festivais. Os avulsos da Sun iam vendendo regularmente e Elvis chegara a aparecer pela primeira vez na Billboard. Mas era ali, nas estradas do sul, que a loucura brotava. Eram os garotos, as meninas, os filhos de fazendeiros, vaqueiros da monolítica classe média sulista que lotavam qualquer local, com chuva ou sol, para ver Elvis requebrar, soluçar, girar os quadris, exibir sua versão caipira e instintiva do Rock'n'Roll. "Era uma loucura" lembra Scotty "Esses garotos surgiam ninguém sabe de onde, bastava fazer propaganda de boca, dizendo que Elvis ia tocar em tal lugar. As meninas, então, era inacreditável; choravam e chegavam a molhar as cadeiras"

Elvis, a RCA Victor e o Coronel Tom Parker
Muito em breve a histeria ia tomar conta da América. Elvis, o bom menino, estava sem saber, trazendo o sopro da vida, do prazer e da arruaça para uma sociedade como a de Vernon e Gladys, baseado no puritanismo, no trabalho e na sisudez. Ele não percebia isso: nunca percebeu. Sabia apenas que ganhava dinheiro, o que era muito bom. Que já podia comprar quantas camisas roxas e douradas quisesse, que podia encomendar um cadillac rosa (o carro mais famoso de todos os tempos!) e dar uma casa de dois andares para seus pais. Subir na vida, num velho ditado americano. Subir, mesmo às custas do rock'n'roll. Num desses fulminantes shows na estrada, Elvis foi assistido por um espectador mais do que atento: o "coronel" Tom Parker. O coronel é outro mito americano, é o sujeito vivido, esperto, sagaz, vagamente desonesto, o artista de fazer dinheiro. Ex vendedor de cachorro quente, ex empregado de mafuás e parques de diversões, ele era, em 1955, um dos principais agenciadores de artistas country do Tennessee. Ele viu Elvis como muito mais do que uma promessa, e muito mais do que um artista country. "Fique talentoso e sexy como você é, meu filho, que eu farei contratos incríveis e nós seremos ricos como rajás" foi o que ele lhe disse. Não se sabe o que Elvis respondeu, mas deve ter dito: "Sim senhor". Ou, como uma antiga namorada recorda: "Elvis vivia me perguntando se eu achava que ele iria ser famoso algum dia. Não famoso só em Memphis, mas no país todo, no mundo e nos cinemas. Ele ficava ansioso, impaciente e dizia: "Preciso descobrir como, preciso dar um jeito". Tom Parker daria o jeito para ele.

Sua primeira providência como empresário de Elvis, foi tirá-lo da Sun e vender seu contrato e seus cinco singles à RCA Victor, então controladora de 70% do mercado fonográfico americano. Preço: 35 mil dólares, mais 5 mil de luvas para Elvis. Nunca um artista valera tanto. Elvis comprou um cadillac folheado a ouro. Depois, providenciou para que Elvis tivesse sua própria editora musical; e começou a comprar diversas editoras menores. Resultado: Elvis passou a ser beneficiário quase absoluto das rendas obtidas com as canções que cantava. Um truque do coronel que, a pretexto de que Elvis contribuíra para os arranjos e produção de seus próprios discos, aumentava sua fatia de royalty. E passou assim a ter um imenso e variado repertório à sua disposição. Depois o coronel organizou e registrou todas as formas possíveis e imaginárias de se obter lucro com o nome de Elvis: fotos, folhetos, camisetas, bonecos, lenços, lancheiras, penteados, vitrolas etc. E recolocou Elvis na estrada: ainda vagamente no circuito country, mas fugindo do esquema das feiras, fazendo-o tocar em teatros e cinemas. E não apenas no sul, mas sim em qualquer lugar onde houvesse jovens com apetite para a voz e a dança de Elvis. Hoje se poderia dizer que o coronel fez de Elvis um ídolo de massa. Na época, tudo o que lhe ocorreu foi que havia muito mais dinheiro para ganhar além de Memphis, Tupelo e Nashville.

O que aconteceu depois que Elvis vendeu sua alma ao coronel e sua música à RCA, faz parte da história do rock. É o trecho mais dourado do sonho. Entre 1956 e 1958, Elvis varreu a América como um furacão. Não se pode chamar, a rigor, rock'n'roll o tipo de música que ele cantava e mostrava em seus álbuns. Evidentemente há rocks, e alguns clássicos: "Jailhouse Rock", "Blue Suede Shoes", "Shake, Rattle and Roll", "Tutti Frutti". Mas há muito mais baladas, músicas country, blues lentos. O que existe de essencialmente rock em tudo é Elvis, o próprio Elvis, a voz sincopada de Elvis, seu estilo compacto de interpretar qualquer tipo de música. E seu cabelo, as costeletas e a negritude insuportável de suas roupas - ternos urbanos com o brilho das sedas dos vaqueiros - e a sensualidade barata e obscena de seus requebros. Por tudo isso, a juventude americana à cata de uma identidade fez de Elvis o protótipo de rebelde, a bandeira. Por tudo isso, a boa família americana, a boa imprensa americana odiava Elvis. E quando ele compareceu ao Ed Sullivan Show, resumo televisivo da maioria silenciosa, as câmeras tiveram ordem de só o focalizar a parte superior de seu corpo. Mesmo assim, protestos furiosos choveram: "É lamentável que Mr Sullivan se torne propagandista desse feiticeiro vudu que veio solapar nossos bons costumes", escreveu um editoralista. "Dar publicidade ao tipo de música que esse jovem encarna é abrir mão de nossa moralidade, é querer ver nossas filhas violadas nos carros, ao som infernal do rock'n'roll", disse um dos mais importantes radialistas de Nova Iorque.

Elvis se torna astro em Hollywood
O que pensava Elvis, o bom garoto de Tupelo? "Nada vejo de mal em minha dança. Apenas faço o que sinto. Quando velhos amigos me aconselham a moralizar meu jeito, escuto e continuo como sempre. Não consigo cantar parado. Sem a minha perna esquerda eu estaria morto. Mamãe é que custou a se acostumar com isso, com os fãs atrás de mim. Uma vez até quis impedir que elas me rasgassem a roupa, achando que podiam me machucar. Eu sempre dizia a ela: calma, tenha paciência que isso é um bom sinal". Após os álbuns distribuídos costa a costa, os filmes. A partir de "Love me Tender", estreado em novembro de 1956, Elvis passou a ser um astro cinematográfico dos mais constantes e produtivos, e sua fama tornou-se mundial. Multimídia? Apenas dinheiro, diria o coronel. Cerca de um milhão por ano, tirando os direitos autorais e royalties. Todas as garotas queriam que seus namorados se parecessem com Elvis e os rapazes queriam ficar parecidos com ele. De uma hora para outro os antigos cabelos "escovinha", tipo militar, que imperavam na sociedade americana, foram substituídos por topetes cheios de brilhantina, como o de Elvis. Ele mudara não apenas a música de seu tempo mas também os costumes e o "American Way of Life". Elvis Presley estava no topo do mundo.

O que faltava a Elvis e ao coronel? Só um lance de mestre: conquistar seus opositores, ou seja, a família americana. Ou, como se diria depois, o sistema. A chance de ouro veio no início de 1957. Elvis foi convocado para o serviço militar. O coronel não deixou que transparecesse um sinal de favorecimento e recusou até mesmo uma oferta para que seu alistamento fosse no corpo de serviços especiais, onde tudo o que Elvis teria que fazer era cantar para as tropas. "Elvis é um cidadão americano pronto a cumprir com seus deveres", disse aos repórteres, enquanto vendia fotos no dia mesmo de embarque de Elvis para a Alemanha, sem costeletas e uniformizado como qualquer recruta, em março de 1958. Atrás de si, Elvis deixava 41 discos de ouro, quatro filmes arrasados pela crítica, mas recordes de bilheteria, uma legião de fãs, uma fortuna sigilosamente guardada e uma mansão, Graceland, totalmente fechada, nos arredores de Memphis. Durante 18 meses Elvis Aron Presley serviu o exército como um bom rapaz americano, saudável e forte. Dirigiu um jipe de combate em uma base da OTAN na Alemanha Ocidental, recebeu elogios públicos de seus superiores como "Um soldado exemplar e disciplinado". Em 58 ainda, perdeu a mãe, figura solar de sua vida, vitimada por um ataque cardíaco. Todos sabiam como o rebelde Elvis era um bom filho. A consternação foi geral.

E quando ele retornou em 1960 foi como se nunca tivesse saído. Na sua ausência a RCA editara um enorme volume de singles, muitos ainda da Sun Records. Os fãs estavam encantados em ter um herói nacional de volta (em 1960 ainda era um símbolo positivo servir o exército). E os adultos também tinham descoberto um novo Elvis: O garoto pobre que fica milionário com o próprio esforço e não hesita em abandonar tudo quando sua pátria o chama. O governador do Tennessee saudou-o publicamente com um discurso em que disse: "Mostraste que és acima de tudo um cidadão da América, um voluntário do Tennessee". O jornal conservador Christian Science Monitor estampou um editorial em primeira página: "Elvis é a prova viva da eficácia do American Way of Life. Ele reafirma nossa fé nos valores básicos de nossa sociedade". E assim o odiado Elvis Presley se tornou o queridinho da América, quem diria. Seu mais recente filme King Creole recebeu boas críticas. Enquanto isso, na ausência de seu Rei, o Rock entrava na pior crise de sua existência. O Rock estava no fundo do poço.

Elvis Presley e os anos 60
Ao mesmo tempo em que Elvis servia o exército na Alemanha, o rock'n'roll morria lentamente na América, frutificando e multiplicando vários cantores que passaram a ser conhecidos como "sub-Elvis": Ricky Nelson, Bobby Darin, Neil Sedaka, Fabian e Frankie Avalon. Essa música não podia mais ser chamada de rock'n'roll. Em sua primeira entrevista ao voltar do exército, Elvis disse: "Se o rock'n'roll morrer acho que morro também. Vou ficar desempregado". Depois pensou um pouco e riu: "Talvez não. Talvez consiga viver bem só com os meus filmes". Ledo engano. Nos anos que se seguiram Elvis apostou alto em uma carreira de ator. Tanto que inclusive deixou de fazer shows ao vivo. Quem queria ver Elvis só pagando um ingresso de cinema. Afastado do público, enfurnado em um set de filmagem a carreira de Elvis entrou em parafuso. As trilhas vendiam bem, e sem esforço Elvis conseguiu emplacar vários sucessos como "G.I.Blues" e "Blue Hawaii", mas era muito pouco para quem era o Rei do Rock. No começo dos anos 60 Elvis assinou um contrato de sete anos com a MGM, foi um erro que se refletiria mais tarde. Os estúdios começaram a comercializar o talento de Elvis de todos os jeitos, com três filmes por ano, acompanhando trilhas sonoras bem abaixo de seu potencial. Assim, preso ao esquema de Hollywood, o inevitável aconteceu.

Em 1964 os Beatles desembarcaram triunfantes nos Estados Unidos, pela primeira vez na história um conjunto musical conseguia o feito de emplacar os cinco primeiros lugares na parada. Os Beatles tomaram conta da América e abriram as portas para a chamada "invasão britânica", uma enorme quantidade de conjuntos ingleses que tomariam de assalto as paradas americanas. De 1964 a 1968 não deu outra, grupos como Rolling Stones ditaram o Top 10 da Billboard. Enquanto isso Elvis ficava de mãos atadas, preso ao famigerado contrato de sete anos com a MGM. Elvis foi ficando cada vez mais rico a cada filme, mas foi ao mesmo tempo morrendo artisticamente. Algo deveria ser feito e o próprio Elvis exigiu uma mudança radical ao seu empresário Tom Parker. Elvis sentia falta da estrada e dos shows, sem outra alternativa o coronel resolveu entrar em negociação com a rede NBC para a produção de um especial de fim de ano. Este seria conhecido mais tarde como o NBC TV Special "Comeback Special", o especial da volta de Elvis.

O show seria transmitido no final do ano, em dezembro. O coronel Parker sugeriu um roteiro simplesmente desastroso para o especial: "Elvis entraria de papai noel, cantaria meia dúzia de músicas natalinas e iria embora pela chaminé". Elvis e o produtor Steve Binder simplesmente odiaram essa idéia. Juntos, trocaram pensamentos e conceitos e chegaram a um modelo básico. Elvis seria acompanhado de sua primeira banda, Scotty Moore e D.J. Fontana (Bill Black havia morrido em 1965). Seria um show acústico (o primeiro da história), com Elvis vestindo uma roupa de couro negro, tocando uma guitarra Gibson, tudo de forma natural e autêntica. Ele interpretaria seus velhos sucessos e duas canções escritas especialmente para o programa: "If I Can Dream" e "Memories". Estava em ótima forma física e empolgado pela chance de voltar a apresentar um material de qualidade. Tudo que precisava era uma chance de mostrar novamente seu incontestável talento. Os ensaios foram exaustivos, Elvis tomou a frente, elaborando arranjos e produção, esse foi um momento crucial de sua vida, se falhasse, provavelmente seria o fim de sua carreira. E ele sabia disso.

Elvis NBC TV Special
Em 1968, aos 33 anos de idade, Elvis Presley volta à TV, num especial histórico para NBC em comemoração ao natal. O cantor estava no auge de sua beleza física e o show foi um marco em sua vida. Com cenas em estúdio e ao vivo, Elvis estava natural, espontâneo, Elvis como ele só. Priscilla Presley em seu livro "Elvis e eu" relembra o impacto do show: "O especial de Elvis foi um sucesso espetacular e alcançou o maior índice de audiência do ano. A música final, "If I Can Dream", foi sua primeira gravação que ultrapassou a barreira de um milhão de cópias vendidas em muitos anos. Sentamos em torno da TV assistindo ao programa, esperando nervosamente pela reação. Elvis se manteve silencioso e tenso durante toda a exibição do programa, mas assim que os telefones começaram a tocar, compreendemos que ele conquistara um novo triunfo. Não perdera a classe, ainda era o rei do rock'n'roll". Com esse programa Elvis se convenceu que era hora de deixar Hollywood para trás e retomar os rumos de sua carreira musical. Não haveria mais trilhas sonoras insípidas, o momento era de entrar em estúdio novamente para gravar canções de qualidade, para mudar novamente os rumos musicais de seu tempo.

Em 1969, Elvis e banda se reuniram para uma série de sessões de gravações em um acanhado estúdio de gravação de Memphis chamado "American Studios". Elvis voltava às suas origens, o American era localizado em um bairro negro de Memphis e lá Elvis poderia novamente respirar a cultura que deu origem à sua própria musicalidade. Segundo Priscilla: "Depois do sucesso do especial, Elvis dedicou várias semanas a uma sessão de gravação, mais uma vez altamente motivado. Pela primeira vez em 14 anos ele fora persuadido a gravar em Memphis, em uma companhia negra em que muitos artistas importantes, inclusive Aretha Franklin, haviam gravado os seus sucessos mais recentes. Os músicos dos estúdios eram jovens e Elvis estabeleceu um grande contato com eles. Mais importante ainda: Elvis fazia uma música sensacional com eles. Ele ficava cantando no estúdio, até o amanhecer, voltava à noite, transbordando de energia, pronto para recomeçar. Sua voz estava em grande forma e seu entusiasmo era contagiante. Cada faixa ficava cada vez mais sensacional do que a anterior. Escutávamos as canções repetidamente e Elvis estava sempre gritando, exultante: -'Escutem esse som' - ou então decidia: - 'Vamos tocar tudo de novo'"

Com um disco novamente liderando as paradas de sucesso, um sucesso de TV, tudo o que faltava a Elvis era colocar o pé novamente na estrada. Mas como? Já havia se passado 7 anos de sua última apresentação ao vivo. Como ele deveria voltar? Colocar novamente seus ternos folgadões dos anos 50 e cantar seus velhos rocks? Ou então imitar o estilo de Sinatra e cia? Foi então que Elvis resolveu mudar tudo: trocou seu triozinho de caipiras, montou uma nova banda, que mais parecia uma orquestra, mudou seu modo de vestir e suas coreografias e novamente se reinventou. Agora estavam abertas as portas para o Elvis anos 70: roupas reais, com capas, apresentações viscerais em ginásios lotados, adoração em massa, concertos apoteóticos e monumentais. Elvis voltara para retomar seu trono e como todo rei que se preze ele iria agora ser literalmente adorado nos anos seguintes, numa adoração que chegaria às raias da divindade. Os anos que se seguiriam seriam os mais loucos, alucinados, exagerados e alucinantes da carreira de Elvis. Tudo seria elevado à nona potência, tudo, inclusive seus problemas pessoais. Elvis entrava naquela que seria sua última década. O Rei Midas Elvis chegara.

Os anos finais
Nos anos 70, Elvis se tornou um artista que não tinha mais nada a provar. O cantor sobreviveu a duas gerações diferentes da música, que ele próprio havia ajudado a criar, o rock'n'roll. A primeira geração de pioneiros como Jerry Lee Lewis, Chuck Berry, Buddy Holly e a segunda geração dos ingleses como os Beatles haviam passado, mas Elvis se mantinha firme na sua carreira. Tudo agora ficava para trás. Elvis Presley se tornou um artista diferente em seus anos finais. Evoluiu e seus discos retratam bem essa significativa mudança em seu estilo. Livre das pressões iniciais de sua carreira, Elvis deu vazão ao seu lado mais pessoal: gravou de tudo, blues, gospel, country, baladas, sempre levando em conta seu próprio gosto musical. O tempo lhe trouxe mais confiança e controle sobre os rumos de sua carreira. O antigo casamento com o cinema acabou com dois filmes que mostravam Elvis no palco, neste período: "That's The Way It Is" e "Elvis On Tour". Na TV Elvis fez dois especiais marcantes: "Aloha From Hawaii" em 1973, que foi transmitido para todo o mundo, via satélite, batendo recordes de audiência e "Elvis In Concert", seu último registro ao vivo, gravado poucos meses antes de sua morte.

A fama, que parecia não ter limites, também cobrou seu preço. O divórcio com Priscilla Presley, com quem havia se casado em 1967, levou o cantor a uma série de depressões que acabariam sendo a tônica de seus últimos anos. Consagrado como artista, Elvis sentia-se frustrado em sua vida pessoal. Alcançou fama e fortuna inimagináveis, mas não alcançou o principal: a felicidade. Em seus momentos finais, Elvis se tornou um recluso, com sérios problemas de saúde, o que acabou o levando ao uso descontrolado de remédios e pílulas, acabando por se viciar em tais substâncias. Perdeu o controle sobre seu peso, engordando muito em seus últimos anos. Mesmo assim, com todos esses problemas, Elvis continuou sendo adorado por tudo aquilo que representou. Infelizmente, em 16 de agosto de 1977, Elvis Aron Presley foi encontrado morto no banheiro de sua mansão Graceland, por sua última namorada, Ginger Alden. Pretendia se casar com ela e reconstruir sua vida pessoal. Não houve tempo. Tudo terminou naquela manhã em Memphis.

Mas a vida parou só por alguns instantes. Sua missão foi cumprida, nossa liberdade foi conquistada e a luz que nos transmitiu não deixou que tudo parasse. Continuou a brilhar com mais intensidade e a cada dia que passa sentimos que o amamos hoje muito mais do que o amamos ontem, e muito menos do que o amaremos amanhã. Enquanto existir algum ser humano vivo no universo, Elvis Presley viverá! Viva Elvis!

Fonte: Elvis por Ele Mesmo.

Elvis Presley - A derrocada de um Mito

Elvis Pós Aloha: A derrocada de um Mito
Qualquer fã de Elvis sabe que o aloha foi seu maior feito. E também o seu último. Após o grande show de 73 Elvis iniciou um penoso e doloroso processo de decadência física e artística. Não que durante esse período nada de bom tenha sido produzido. Se formos analisar individualmente música por música dos shows e discos vamos encontrar momentos magníficos como o show de 31/12/76(só para citar um exemplo), as interpretações ao vivo de How Great Thou art, My Way, a assombrosa e delirante performance de Unchained Melody de 21/06/77, enfim, a lista seria imensa demais para caber em um livro. Nos discos temos o ótimo Promised Land,e grandes momentos nos álbuns Good Times, today e Moody blue. Porém, esses ótimos momentos eram para terem sido mais frequentes, considerando a magnitude do talento de Elvis. Eles se perdem e vão por água a baixo quando ouvimos shows horrendos comos os de College Park em 74 ou do dia 19/06/77; versões medíocres de clássicos como Hound Dog, All Shook Up; Sessões conturbadas como as de julho de 76 e fevereiro de 76 e o declínio físico fulminante que se abateu sobre Elvis, notadamente da segunda metade de 75 em diante.

Mas porque, logo no auge de sua carreira, Elvis jogou tudo no lixo? Essa pergunta é por demais complexa. Elvis era o tipo de cara que precisava ser estimulado, e quando era, dava tudo de si. Porém, se não fosse assim, Elvis se entediava fácil, simplesmente porque ele tinha tudo em suas mãos, mulheres, dinheiro, fama, carros, tudo, literalmente. Para fugir disso, muitos artistas de dedicam a causas filantrópicas ou a hobbys. John Travolta, por exemplo, pilota aviões nas horas vagas. Mas Elvis simplesmente resolveu se desconectar do mundo real usando remédios cada vez mais fortes. Saída mais fácil, porém fatal e covarde. É bem verdade que ele tentou algumas vezes se engajar em algo como o karatê,lembram do projeto do filme? Porém, devido à falta de tempo e ao condicionamento físico de Elvis deplorável o filme não passou do campo das idéias.

Em suma: imaginem um homem de 38 anos, rico, entediado e podendo fazer tudo o que queria. Temos que acrescentar os dois principais fatores que acenderam um pavio que já existia: a tendência auto-destrutiva de Elvis, que se traduzia, principalmente, em seu comportamento exagerado e impulsivo e o divórcio, que acabou com ele. Não que se Priscila naõ tivesse abandonado Elvis ,fosse modificar o que aconteceu, só iria retardar o processo.

Isso pessoalmente. Profissionalmente a bagunça era generalizada. Pergunto a vocês, o que Elvis deveria ter feito depois do aloha? Primeiro de tudo, vamos imaginar hipoteticamente que Elvis resolvesse finalmente largar os remédios e mudar de vida pessoal e artística, certo? O primeiro passo seria tratar de sua dependência química, ainda em um estágio tratável. Depois umas férias para ficar 100%. Voltando Elvis deveria passar uns dois meses enfurnado em estúdio produzindo o melhor disco de sua carreira, procurando as melhores músicas, melhores compositores, explorando outros estilos, voltando às origens do Rock que tanto o consagrou e gravando grandes baladas. Depois disso, elvis deveria fazer uma turnê mundial daquelas que ficam na história, pela Europa, Asia e, porque não, America do Sul. Nesses shows haveria a total reformulação do repertório e principalmente arranjo dos clássicos, que por volta de 73 já estavam ultrapassados. Mas do que outra coisa Elvis também iria divulgar nos shows música por música de seu novo álbum. O próprio contato com culturas diferentes iria causar um impacto tão violento, de forma positiva, na vida de Elvis que isso ,somente, iria ajudá-lo na sua busca espiritual e de cura. Quem sabe após isso, tentar parceria com outros músicos.

Mas vamos ser realistas e sonhadores. Realistas pois, sabemos que se Elvis quisesse poderia ter feito isso. Tinha talento de sobra e com um empresário decente isso seria mais fácl ainda. E sonhar, porque Elvis não estava em condições nem de jogar um jogo de tênis, quanto mais de fazer um projeto ambicioso desse. Não tinha forças para se reeguer. Ou não queria. Também não possuia ninguém para ajudá-lo. Ele havia se divorciado há pouco tempo e as mulheres que dele se aproximavam era por puro interesse. Do outro lado seua "amigos" se resumiam há um bando de pilantras interesseiros: A máfia de Memphis. Claro, Elvis não queria ser ajudado, mas os outros que fizessem sua parte. E não adianta Joe esposito vir com uma cara lambida em entrevistas dizer que fez o melhor que pode porque é mentira. Joe morria de medo de enfrentar Elvis dizendo o que realmente pensava. Já os outros não vou nem comentar. Basta lembrar um comentário póstumo de Marty Lacker que disse em entrevista que quando carregava o caixão de elvis, que era muito pesado murmurou pra si mesmo: " Esse filho da puta, nem quando morto para de nos dar trabalho!" Que amigão, hein????? Pois era daí para pior. Quanto mais chapado Evis estivesse melhor para esses caras, pois podiam roubá-lo com mais facilidade. E vernon, seu pai, não tinha cultura suficiente para entender o que estava acontecendo com se filho. Além disso, ele nunca teve muita influência sobre Elvis. E o coronel??? Bom a velha raposa, que numa altura dessa deve estar queimando nas profundezas do inferno ,só queria saber de dinheiro e de desperdiçá-lo em Vegas. Outra preocupação dele era de não ser descoberto como imigrante ilegal. Já pensou se alguém tivesse descoberto isso enquanto Elvis estava vivo? Esse alguém iria ter o coronel nas mãos, que iria passar de chantageador para chantageado. Vejam em que ambiente social mais podre e miserável Elvis estava. Como um homem, já sem muita vontade de viver, poderia te alguma chance em um ambiente assim?

Turnês mundiais? Álbum bem produzido e com material de vanguarda? Que nada! A realidade foi distinta do sonho. O que Elvis fez, graças ao coronel? 15 dias após o aloha começou mais uma temporada em vegas. Sinceramente, esse foi o maior anti-climax da carreira do astro. Foi como se após a gravação de Suspicius Minds em 69 elvis tivesse ido a um estúdio de 3ª gravar canções de ninar lançadas posteriormente em um álbum chamado " Elvis canta para bebês" ( a RCA, por incrível que pareça lançou, postumamente, um álbum similar!!!). Enfim, entederam o que eu quis dizer?Vegas em 73 não tinha mais nada para oferecer para Elvis, nem Elvis tinha nada a oferecer a Vegas. Tenho um show dessa temporada e Elvis nunca soou tão entediado. Também pudera!! Há pouco mais de duas semanas atrás você está fazendo um show via satélite para o mundo todo, assistido por mais de um bilhão de pessoas e logo depois você está cantando duas vezes por dia para a platéia mais gagá, careta e desinteressante do planeta!! Realmente uma pena! Elvis era um artísta tão formidável para ser desperdiçado dessa forma.

Não é minha intenção aqui culpar os amigos de namoradas e Elvis, mas sim afirmar que eles possuem sua parcela de culpa. Assim como o próprio Elvis. Assim como seus fãs que o aceitavam e ainda o aceitam de qulaquer forma. O que quero dizer é que se Elvis tivesse por perto pessoas que realmente gostassem dele de verdade ele talvez ainda estivesse vivo. E, principalmente, se ele soubesse o quanto era importante para milhões de pessoas no mundo talvez ainda tivéssemos o privilégio de escutar e o maior vocalista de todos os tempos em ação. E seria ótimo saber que ele estaria bem e feliz.

Artigo escrito por Victor Alves.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Elvis Presley - Elvis e Ann-Margret

Foi quando visitava a família na costa oeste no verão americano de 1963 que Priscilla pela primeira vez se tornou alvo da imprensa nacional, devido ao caso que Elvis estava tendo com Ann Margret. Tudo começou no final de julho, em Las Vegas, onde Elvis e Ann Margret filmaram "Viva Las Vegas". Quando o filme terminou, ambos estavam enamorados. Uma prova disso é que pela primeira vez em sua vida Elvis começou a sumir de casa por dois, três dias e até uma semana para passá-los na residência de Ann Margret, em Hollywood Hills. Essa violação da regra de que as mulheres tinham de vir até ele, era apenas um dos sinais que os caras da Máfia de Memphis interpretaram como verdadeira paixão.

Enquanto o romance de Elvis e Ann pegava fogo, Priscilla ficava em Graceland, aguardando a volta de seu namorado, como ela mesmo recorda em seu livro "Elvis e Eu": "Eu estava transtornada desde que soubera que a estrela do novo filme de Elvis seria Ann Margret, a starlet em ascensão mais rápida em Hollywood. Ann Margret fizera apenas uns poucos filmes, inclusive bye bye birdie, mas já fora apelidada pela imprensa como "Elvis Presley de saias". Elvis estava curioso em relação a ela, tenho comentado que "a imitação é a forma mais sincera de lisonja". Compreendi que se lhe revelasse meus temores, ele podia não dizer nada para me tranqüilizar. Afinal porque eu tinha tanta certeza de que no instante em que Elvis estivesse longe de mim - e perto de Ann Margret - surgiria um romance entre os dois?

Cada vez que eu me aprontava para ir ao encontro de Elvis em Los Angeles, ele apresentava uma alegação qualquer para adiar a visita: - "Este não é o momento mais conveniente, baby. Estamos com problemas nas filmagens" - "Que problema?" - eu questionava - Elvis cinicamente me respondia: - "O caos é total aqui. Tenho um diretor maluco que está perdidamente apaixonado por Ann. Pela maneira como ele está dirigindo, dá até para pensar que o filme é todo dela. Ele está favorecendo Ann em todos os closes" - Elvis fez uma pausa - "E não é só isso: querem também que ela cante algumas canções comigo. O coronel ficou furioso. Disse que eles terão de me pagar um extra para cantar com ela". Enquanto escutava a arenga de Elvis, tentei me compadecer com a situação.

Mas, emocionalmente, estava mais preocupada com a estrela do filme do que com o diretor. - "Como está Ann Margret?" - Perguntei - "Acho que ela é uma boa garota" - respondeu Elvis. Então ele logo descartou o assunto com a expressão "uma típica starlet de Hollywood". Minha preocupação foi temporariamente atenuada. Eu sabia que ele sempre encarava as atrizes de maneira desfavorável, chegando mesmo a comentar: "Elas estão mais interessadas em suas carreiras e o homem fica em segundo plano. Não quero ser o segundo para qualquer coisa ou qualquer pessoa. É por isso que você não precisa se preocupar com a possibilidade de eu me apaixonar pelas atrizes que trabalham comigo"

Eu queria acreditar, mas não podia ignorar as notícias na imprensa sobre o romance ardente que estava acontecendo nas filmagens de "Viva Las Vegas". Só que o romance no set de Las Vegas, segundo os boatos, não era entre Ann Margret e o diretor e sim entre Ann Margret e Elvis. Uma noite em que estávamos conversando pelo telefone perguntei abruptamente: "Tem algum fundo de verdade?" - "Claro que não" - respondeu Elvis, caindo na defensiva no mesmo instante - "Você sabe como são esses repórteres. Adoram ampliar qualquer coisa. Ela apenas aparece por aqui nos fins de semana, em sua motocicleta. Brinca um pouco com a turma e depois vai embora. Isso é tudo" - Mas isso não era o suficiente para mim. Ann Margret estava lá e eu não. Enfurecida, declarei: "Quero ir para aí agora!" - Elvis ficou visivelmente surpreso com a minha reação e se saiu com essa: - "Agora não é possível. Estamos terminando o filme e voltarei para casa dentro de uma ou duas semanas. Mantenha-se aí e trate de conservar acesso o fogo da paixão" - De forma melancólica eu lhe respondi: "A chama está ardendo muito baixa. É melhor alguém voltar logo para casa e atiçar o fogo".

Quando estava preparada para entrar em uma verdadeira guerra com Ann por Elvis, aconteceu uma coisa que deixou todos surpresos: de repente Elvis e Ann Margret desmancharam o namoro. Alguns rapazes da Máfia de Memphis encontraram Ann nos estúdios dias depois e conversaram sobre o assunto: - "Pensamos que vocês estavam apaixonados" - disse um deles - "Eu também" - falou a atriz - "E daí, o que aconteceu?" - quis saber um dos caras. Ann respondeu: "Não sei. Perguntem ao seu chefe. Eu não tenho a mínima idéia". Quando Elvis voltou de Hollywood resolvi mexer nas suas coisas atrás de provas, foi então que achei um bilhete na sua carteira que dizia: "Não posso entender - Scoobie". Era de Ann Margret. Tive certeza. Scoobie era o apelido que ela dera a si mesmo, como Elvis me confessou depois.

A frase era também o título do primeiro disco de sucesso que ela gravou no começo dos anos sessenta. Era evidente que Elvis se dissociara completamente de Ann Margret, cortando os vínculos entre os dois. Rasguei o telegrama em pedacinhos, joguei no vaso e puxei a descarga, com a maior satisfação. - "Não deixa passar muita coisa não é mesmo baby? Para uma garotinha você é uma mulher típica" - Ele estava rindo - "Acho que é melhor eu tomar cuidado". Retribui o sorriso, mas pensei: "Nada disso. Sou eu quem precisa tomar cuidado. A amizade mútua e o respeito profissional entre Ann Margret e Elvis persistiram até o dia de sua morte. Ao longo dos anos ele nunca esqueceu de enviar um buquê de flores em forma de guitarra, desejando sucesso para a atriz sueca, sempre que ela estreava em um novo show ou em um novo filme!"

Priscilla Presley, no livro "Elvis e Eu".

Elvis Presley - Danny Fisher

A principal preocupação de Danny Fischer (Elvis) não é ser um astro do rock, mas sim terminar seus estudos e se formar. Mas, com o pai desempregado o único jeito de conseguir isso é ir trabalhar como copeiro, limpando mesas num night club barra pesada, onde ele conhece todos os tipos que freqüentam o submundo de New Orleans. Entre essas pessoas está Ronnie (Carolyn Jones), uma prostituta com um coração de ouro, a quem ele protege de um bando de bêbados matutinos quando ela está voltando para casa depois de uma noite dura. Eles ficam amigos e, quando Ronnie o acompanha até a escola, alguns estudantes a insultam. Danny acaba brigando com eles e é expulso da escola, perdendo a chance de se formar.

A barra começa a ficar mais pesada e, na mesma noite, ele se envolve com uma gang de marginais liderados por Tubarão (Vic Morrow) e começa a roubar lojas de departamentos. Danny só precisa cantar para a freguesia, desviando a atenção dos companheiros que roubavam a loja. É a partir desta parte da trama que o personagem de Danny Fischer começa a pensar seriamente em se tornar um cantor.

Entre assaltos e canções, Danny conhece Maxie Fields (Walther Matthau), um sinistro chefe da máfia local, e tem um caso com Ronnie e outro com a ingênua Nellie (Dolores Hart) e começa a cantar em uma boate chamada King Creole, onde vira um enorme sucesso, atraindo multidões. Maxie Fields, dono do Blue Shade, uma boate rival, tenta tirar Danny do King Creole e contratá-lo para o seu club.

Como ele não aceita, acaba sendo chantageado por tomar parte num roubo cuja vítima, desconhecido para ele, era seu próprio pai, que fica muito machucado e vai parar no hospital. Sem dinheiro para pagar a conta do pai hospitalizado, Danny aceita a oferta de Maxie Fields. Nas garras do gangster ele segura a situação por algum tempo, mas quando Maxie conta ao pai de Danny que seu filho foi um dos ladrões que o atacaram, Danny fica possesso e bate no mafioso. Em busca de vingança, fields manda seus homens atrás dele, que está escondido com Ronnie numa cabana remota. Quando são descobertos pelos capangas, Ronnie leva um tiro e morre. Felizmente, Maxie Fields também é encontrado morto e Danny pode voltar para o King Creole, onde se reconcilia com o pai e com a sempre fiel Nellie. Elvis sempre dizia que de todos os seus filmes, King Creole era o seu favorito.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Elvis Presley - O Casamento de Elvis Presley

O pedido - Uma noite, pouco antes do natal de 1966, Elvis bateu de leve na minha porta e disse: "Sattnin, preciso falar com você." Tínhamos uma senha. Provocante, eu lhe disse que teria de pronunciá-la antes que eu o deixasse entrar. Ele riu e disse: "Olhos de fogo" - o apelido que eu lhe dava quando estava furioso. Elvis estava com seu sorriso infantil e as mãos nas costas. "Sente-se e feche os olhos Sattnin" - disse. Obedeci. Quando abri os olhos, deparei com Elvis ajoelhado aos meus pés, na minha frente, estendendo uma caixinha de veludo preto. "Sattnin..." - murmurou ele. Abri a caixa para descobrir o mais lindo anel de diamantes que já vira. Era de três e meio quilates, cercado de diamantes menores, destacáveis. - eu poderia usá-los separadamente. "Vamos nos casar" - anunciou Elvis - "Você vai ser minha. Eu lhe disse que saberia quando o momento chegasse. Pois o momento chegou". Ele enfiou o anel em meu dedo. Eu estava emocionada demais para falar; foi o momento mais lindo e romântico da minha vida. Nosso amor não seria mais um segredo. Eu poderia viajar abertamente como a Sra. Elvis Presley, sem o receio de inspirar alguma manchete escandalosa. E o melhor de tudo, os anos de angústia e medos de perdê-lo para uma das muitas mulheres que disputavam o meu lugar estavam terminados. Elvis estava ansioso em mostrar o anel ao pai e vovó, informando-os que estávamos oficialmente noivos. Nem mesmo tive a chance de me vestir. Levando em consideração nosso estilo de vida irregular, ficar noiva no meu quarto de vestir e mostrar o lindo anel de diamantes num roupão não parecia absolutamente estranho.

Eu queria compartilhar a notícia com meus pais, mas Elvis sugeriu que esperássemos até a nossa volta para Los Angeles, poucas semanas depois. Poderíamos então anunciar pessoalmente; eles mereciam nossa consideração. Naquela noite ligamos para meus pais e os convidamos para passar um fim de semana conosco em Bel Air. Elvis estava mais nervoso do que em qualquer outra ocasião anterior no dia em que eles deveriam chegar. Olhava a todo instante pela janela, à espera do carro. Estava ansioso em lhes mostrar o anel e quase o fez no instante mesmo em que passaram pela porta, mas eu consegui manter a mão nas costas até que todos sentamos. Estendi então a mão e disse: "Só queríamos mostrar isso a vocês". "E o que isso significa?" - perguntou papai, olhando para a minha mão. "É um anel de noivado, senhor" - informou Elvis. As lágrimas afloraram aos olhos de mamãe. "Oh Deus, é lindo!" - murmurou ela. Os dois estavam extasiados. Adoramos informá-los que finalmente ocorria o que esperavam há tanto tempo e pelo que muito haviam rezado. Ressaltamos a importância de manter o noivado em segredo, pedindo que mantivessem um sigilo absoluto, mesmo para a família, já que os garotos poderiam comentar na escola e a notícia se espalharia rapidamente. Queríamos um casamento íntimo, não um evento de celebridade. Meus pais concordaram com todos os planos. Não podiam estar mais felizes e durante todo o fim de semana se mostraram radiantes de prazer.

Durante os cinco anos em que vivia com Elvis raramente lhes permitira discutir o casamento. A possibilidade da família ser magoada era a preocupação maior de meus pais. Agora não tinham mais que se preocupar se haviam tomada a decisão acertada ao deixarem a filha tão jovem saísse de casa. Sei que o coronel Parker pedira a Elvis que analisasse o nosso relacionamento e decidisse o que julgava melhor. A atitude de Elvis em relação ao casamento era de que se tratava de algo definitivo. Embora ele fosse monógamo por natureza, adorava as opções. Apesar disso não estava disposto a me largar. Curiosamente , depois da conversa com o coronel Parker, Elvis não levou muito tempo para chegar à conclusão de que era o momento certo. A decisão foi sua e somente sua.

O vestido - Em meio ao maior excitamento, fizemos o resto dos planos para o casamento. A primeira sugestão foi de que eu providenciasse o vestido imediatamente; se a notícia vazasse, poderíamos casar de um momento para o outro. Mas minha busca por um vestido de noiva acabou se prolongando por meses. Disfarçada por óculos escuros e um chapéu, visitei todas as butiques exclusivas de Memphis a Los Angeles; apesar do disfarce, era paranóica o bastante para pensar que todos me reconheciam. Cheguei a conversar com diversas costureiras sobre modelos, mas não confiava o bastante para dizer que seria para um vestido de noiva. Finalmente alguém indicou uma loja pouco conhecida de Los Angeles. Charlie acompanhou-me, apresentando-se como meu noivo. Foi ali que encontrei meu vestido de noiva. Não era extravagante, nada tinha de excepcional - era simples e para mim maravilhoso. Sai da cabine para mostrá-la a Charlie. Ao me ver, Charlie ficou com os olhos cheios de lágrimas e murmurou: "Você está linda, Beau. Ele vai ficar muito orgulhoso."

A cerimônia - A cerimônia de casamento foi a 1º de maio de 1967. O coronel Parker cuidou de tudo. Seu plano era de que Elvis e eu seguíssemos de carro de Los Angeles para nossa casa em Palm Springs no dia anterior ao casamento, a fim de que quaisquer repórteres inquisitivos que suspeitassem do evento pensassem que a cerimônia ocorreria lá. Na verdade, planejávamos levantar antes do amanhecer no dia do casamento e voar de Palm Springs para Las Vegas, onde passaríamos pelo cartório às sete horas da manhã, a fim de pegar a licença para o casamento. De lá seguiríamos imediatamente para o Aladdin Hotel. Ali trocaríamos de roupa, faríamos uma pequena cerimônia na suíte do proprietário do hotel e depois - era o que esperávamos - deixaríamos a cidade antes que a notícia se espalhasse. O tempo era essencial. Sabíamos que a notícia se espalharia pelo mundo assim que solicitássemos a licença para o casamento. Foi justamente o que aconteceu. Poucas horas depois de obtermos a licença, o escritório de Rona Barret começou a telefonar para indagar se os rumores sobre o casamento eram verdadeiros. Elvis e eu seguimos o plano do coronel, mas enquanto corríamos de um lado para o outro, durante o dia, não pudemos deixar de pensar que nos daríamos mais tempo se tivéssemos de fazer tudo de novo. Ficamos particularmente aborrecidos pela maneira como nossos amigos e parentes acabaram sendo afastados.

O coronel até disse a alguns dos rapazes que a sala era muito pequena para caber a maioria e suas esposas e não havia tempo de mudar para uma sala maior. Infelizmente já era tarde demais para mudar qualquer coisa quando Elvis descobriu. Agora, recordo às vezes a confusão daquela semana e me pergunto como foi possível que as coisas escapassem inteiramente ao nosso controle. Eu gostaria de ter tido a força para declarar na ocasião: "Vamos com calma. Este é o nosso casamento, com ou sem fãs, com ou sem imprensa. Vamos convidar quem quisermos e realizá-lo onde quisermos!". A impressão foi de que a cerimônia acabou um instante depois de começar. Fizemos as promessas. Éramos agora marido e mulher. Lembro dos flashes espocando, os parabéns de papai, as lágrimas de felicidade de mamãe. Eu daria qualquer coisa por um momento a sós com meu marido. Mas fomos imediatamente levados para uma sessão fotográfica, depois a uma entrevista coletiva e finalmente a uma recepção, com mais fotógrafos. Sra. Elvis Presley. Era diferente, soava muito melhor do que os rótulos anteriores, como "companheira constante", "namorada adolescente", "Lolita de plantão", "amante". Pela primeira vez, eu era aceita por todos os nossos conhecidos e pela maioria do público. Havia exceções, é claro - as que acalentavam alguma esperança de que um dia poderiam conquistar Elvis. Eu não podia compreender isso na ocasião. Estava apaixonada e imaginava que todas seriam felizes por nós. Senti-me orgulhosa quando li nos jornais que eu fora o segredo mais bem guardado de Hollywood; era maravilhoso ser reconhecida. Estavam encerrados os anos de dúvida e insegurança, sem saber se eu pertencia e a que lugar.

A noite de núpcias - Eu estava ao mesmo tempo exausta e aliviada quando finalmente voltamos a Palm Springs, no Learjet de Frank Sinatra, o Christina. Havia mais fotógrafos e repórteres à nossa espera quando desembarcamos e outros se postavam diante de nossa casa. Fiquei surpresa ao constatar que Elvis estava se comportando muito bem, levando em consideração o nervosismo que demonstrara por aquele compromisso supremo. Contudo, ele foi simpático com a imprensa e enfrentou tranqüilo os intermináveis pedidos de poses dos fotógrafos, algo que normalmente só podia suportar por curtos períodos. Além de todo o resto, não dormíamos há quase 48 horas. À sua maneira, Elvis estava determinado a fazer com que o dia do casamento fosse especial para nós. Ele gracejou com Joe Esposito, indagando: "É assim que se faz?". Ele carregou-me no colo pelo limiar da casa, cantando "Hawaiian Wedding Song". Parou e deu-me um beijo longo e apaixonado, depois subiu a escada e levou-me para o quarto, com toda a turma rindo e aplaudindo. Ainda era dia e o sol brilhava forte pelas janelas do quarto quando Elvis colocou-me no meio da cama enorme, com extremo cuidado. Tenho a impressão de que ele realmente não sabia realmente o que fazer comigo. Afinal, Elvis me protegera e salvara por muito tempo. Estava agora compreensivelmente hesitante em consumar todas as promessas sobre a excelência daquele momento.

Recordando agora não posso deixar de rir ao pensar como nós dois estávamos nervosos. Poder-se-ia até imaginar que era a primeira vez que ficávamos juntos em circunstâncias tão íntimas. Gentilmente, os lábios de Elvis se encontraram com os meus. Depois, ele fitou-me fundo nos olhos e disse, a voz suave, enquanto me puxava contra o seu corpo: "Minha esposa...amo você, Cilla..." Ele cobriu meu corpo com o seu. A intensidade da emoção que eu experimentava era eletrizante. O desejo e a intensidade que haviam se acumulado em mim ao longo dos anos explodiram num frenesi de paixão. Ele teria imaginado como seria para mim? Planejara durante todo o tempo? Jamais saberei. Mas sei com certeza que, ao passar de moça para mulher, toda a longa, romântica e ao mesmo tempo frustrante aventura que Elvis e eu partilháramos parecia ter valido a pena. Tão antiquado quanto isso possa parecer, éramos agora um só. Era algo especial. Ele fez com que fosse especial, como acontecia com qualquer coisa de que se orgulhasse. Tudo foi muito especial naquela noite.

Priscilla Presley, no livro "Elvis e Eu"

Elvis Presley - As Lembranças de Ann-Margret

Em pessoa, você não pode chamá-la de Sra. Ann-Margret mas apenas Ann-Margret. Ela não gosta de ser chamada de senhora, pois lhe dá uma sensação de respeito, só dado a pessoas mais velhas, em sua opinião. E ela não quer esse tipo de tratamento. E mesmo agora, aos 70 anos, ela quer ser apenas a boa menina do passado.

"Não é interessante como nós definimos esses padrões impossíveis para nós mesmos?" ela pergunta servindo o chá na sua sala de estar em sua casa localizada no Benedict Canyon, com a voz um tanto sussurrada. "Eu sempre tentei ser a menina perfeita. Sempre tentei ter boas maneiras, ser educada até nos menores detalhes. Nunca quis desagradar meus pais." Ela ri um pouco quando diz isso.

Então, com os olhos azuis de tonalidade lavanda, olhando diretamente através de você, ela acrescenta: "Quero dizer, você está crescendo mas quer manter sua boa imagem de quando era jovem e inocente"

Ann-Margret teve sua cota de dificuldades, começando com sua estréia no cinema em 1961 em "Dama por Um Dia", em que ela sobreviveu ao contracenar com a exigente Bette Davis até o dia em que finalmente conheceu o reconhecimento da crítica em "Ânsia de Amar", em 1971. Nesse meio termo desenvolveu um sério problema de dependência de pílulas prescritas e álcool, algo que segundo suas próprias palavras a impedia de "separar a fantasia da realidade". Só conseguiu superar esse drama após se recuperar de um grave acidente que sofreu em Lake Tahoe quando ao esquiar caiu de uma altura considerável, quebrando praticamente todos os ossos de seu rosto. Após isso resolveu retomar os rumos de sua vida. Nada mais de bebidas ou drogas.

Com a publicação de seu livro de memórias, "Ann-Margret: My Story" ela pretende reavaliar fatos de sua vida, inclusive suas decepções amorosas como o complicado romance que manteve com Elvis Presley, um relacionamento que durou 14 anos segundo ela, só terminando definitivamente com a morte do cantor em 1977.

Elvis (ou EP, como ela gosta de chamar) sempre enviava a ela arranjos de flores em forma de guitarra, sempre que a sueca estava estreando algum show, programa ou filme. Essas gentilezas de Elvis prosseguiram com os anos, mesmo após ela se casar com o ator Roger Smith. Eles se conheceram e se apaixonaram enquanto estavam filmando "Amor à Toda Velocidade" em Las Vegas. Elvis lhe deu uma cama toda cor-de-rosa, tamanho king-size. Anos depois Ann levou o presente para seu apartamento em Beverly Hills, onde está até hoje. "Elvis gostava de brincar de se esconder de seus seguranças, então ia para minha casa onde se divertia muito ao saber que todos estavam atrás dele". Então eu dizia: "Ligue para eles ao menos" - e Elvis me respondia: "Não, deixem que fiquem loucos, chamem a polícia, nesse dia eu vou me divertir como nunca. Estou muito bem aqui mesmo!" - Ann ri muito quando se lembra disso. "Meu marido sabia que a cama havia sido um presente de Elvis mas eu sempre deixei claro que nunca iria vendê-la". E assim foi.

Sobre a biografia Ann explica: "Eu não queria escrever sobre essas coisas mas depois pensei que seria muito bom reavaliar toda a minha vida". O acordo foi mais do que satisfatório e ela recebeu um bom cachê para revelar seus segredos mais íntimos, cem mil dólares. "Antes de escrever o livro falei com meu marido, minha mãe e outras pessoas próximas, para saber se não haveria problemas. Todos disseram que estava tudo bem".

Ann-Margret não faz revelações escandalosas em seu livro. Seus atos mais ousados são considerados pueris para os padrões atuais. Margret acha que andar de moto a alta velocidade pelas ruelas de Los Angeles é algo revelador de sua rebeldia. Será mesmo? O livro é tímido se formos comparar com a história de outras celebridades.

Talvez o maior interesse venha de suas lembranças com Elvis. De certa forma ambos pareciam reflexos de uma mesma pessoa no espelho. "Assim que me encontrei com Elvis senti algo muito forte, uma eletricidade, algo fora do comum. Éramos jovens, estávamos no cinema e tínhamos gostos parecidos. Mas ele era também uma força que ninguém poderia controlar. Ele nunca mencionou Priscilla enquanto estávamos juntos nas filmagens. Só depois que ouvi alguns rumores que ele tinha uma namorada em Memphis, uma garota que ele conheceu na Alemanha mas eu não sabia de nada, nem seu nome!"

Ann continua: "O que importava era que ele estava aqui. Foi paixão à primeira vista. Ele gostava de estar em um set de filmagem. Achava tudo maravilhoso, a equipe técnica, as filmagens. Seu maior sonho era ser ator de cinema, ele me disse isso muitas vezes. Eu estava apaixonada mas conforme o filme foi chegando ao fim também fui percebendo que ele foi ficando mais distante. Soube anos depois que sua namorada, a Priscilla, tinha ficado sabendo de nosso namoro e que havia jogado um vaso de flores na parede quando soube de tudo! Ela tinha uma personalidade muito forte. Ele ficou com receios de perder ela e depois de um tempo se decidiu por ficar com Priscilla! Elvis nunca chegou para mim e disse que estava acabado ou que teríamos que dar um tempo, ele simplesmente sumiu sem dar maiores explicações. Depois de tempos em tempos me enviava flores como eu disse. Mas nunca mais passou disso".

Apesar de tudo Ann-Margret parece satisfeita com tudo. Ela é educada, com modos de uma senhora fina e elegante. Gosta de sempre se vestir de rosa, sua cor preferida. O dia está quente mas ela não abre mão de estar muito bem trajada. Ela também usa um anel de diamantes que chama a atenção. Brincos de ouro branco também formam um belo quadro. Seu perfume é marcante e seu batom segue a tonalidade de suas roupas, também rosa. O efeito de tudo isso é muito interessante, elegância e charme em um mesmo conjunto.

Sentada em um sofá floral ela vai relembrando os anos passados. Recebe muito bem as pessoas em sua casa, mandando a empregada servir chá em xícaras de porcelana de aros dourados. Sua sala de estar é mobiliada com um piano de cauda branco (teria alguma ligação com Elvis?) e o visitante tem uma bela vista de toda Los Angeles logo abaixo. Há um belo lustre de cristal sobre nós e flores de seda por todo o ambiente. Na mesa do café há peças de cristal suficientes para ela abrir sua própria franquia Lalique. Ela adora gatos de cristal, que estão em toda parte pela sala.

Ela parece descontente. Percebe que anoto tudo o que vejo. De repente diz: "Há muitas coisas sobre a mesa", e em seguida, remove as taças de cristal e gatinhos e os leva para outra sala. Ela se senta novamente, mas depois decide que a iluminação no meio da tarde não é muito boa para a decoração. Seus saltos clatter fazem barulho contra o piso de madeira, e ela brinca com o painel de luz do corredor.

Sua casa também tem muitos quadros bonitos. Em uma das paredes da sala, há um enorme do casamento de seus pais, Gustav e Anna Olsson. Ela também mandou emoldurar todas as capas de revistas em que apareceu durante todos esses anos. Curiosamente não há nenhuma foto de Elvis por perto. O único quadro de um rei a surgir em sua casa é a do Rei e da Rainha da Suécia. Nada da majestade Elvis Presley!

Artigo publicado no jornal L.A.T.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Elvis Presley - Biografia, 1956 - Parte 1

8 de janeiro - Elvis celebra seu aniversário de 21 anos de idade ao lado de sua mãe Gladys. Ele havia acabado de assinar com a gravadora RCA Victor que tinha grandes planos para o jovem artista. Com o dinheiro do novo contrato Elvis planejava comprar uma nova casa para a família.

10 e 11 de janeiro - Elvis viaja até Nashville para suas primeiras gravações na nova gravadora. Seu produtor passa a ser Steve Sholes. Nessa primeira sessão na RCA Elvis grava as seguintes músicas: I Got a Woman, Heartbreak Hotel, Money Honey, I'm Counting on You e I Was The One.

20 de janeiro - A RCA Victor não perde tempo e lança o primeiro single (compacto simples) de Elvis Presley no mercado. É o primeiro disco do cantor com o selo da nova gravadora. O single vem com as canções Heartbreak Hotel e I Was The One (no lado B) e se torna um grande sucesso de vendas, chegando ao primeiro lugar nas paradas, em especial da Billboard, a mais importante dos Estados Unidos. É o primeiro sucesso nacional de Elvis que assina a composição, embora não a tenha composto de fato. Uma letra estranha, um desabafo de um homem solitário, inspirada em um bilhete de um suicida. Apesar do tema sombrio acabou virando um grande hit. Como parte da promoção da nova canção a RCA escala Elvis para aparecer em programas de TV.

30 e 31 de janeiro - A RCA Victor tem planos de colocar no mercado um álbum (LP) de Elvis Presley, mas não tem músicas suficientes para tanto. Assim Elvis viaja até Nova Iorque para a gravações de novas faixas. Nessa sessão em NYC ele grava as seguintes músicas: Blue Suede Shoes, My Baby Left Me, One-Sided Love Affair, So Glad You're Mine, I'm Gonna Sit Right Down and Cry e Tutti Frutti. Nessa mesma ocasião Elvis participa de programas de TV de grande sucesso de audiência, o que eleva e muito sua popularidade por todo o país.

3 de fevereiro - A RCA quer mais músicas gravadas por Elvis em estúdio. Assim ele participa de mais uma sessão em Nova Iorque onde grava apenas duas músicas: Lawdy Miss Clawdy e Shake Rattle and Roll. Essas duas músicas, ótimas por sinal, deveriam fazer parte do primeiro álbum de Elvis pela RCA que seria lançado no mês seguinte, mas curiosamente foram arquivadas pela gravadora, só chegando no mercado anos depois no disco "For LP Fans Only".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Máquina Mortífera

Revi recentemente esse primeiro exemplar da franquia. Interessante é que de certa forma o filme não envelheceu tanto quanto eu esperava. O fato é que a fórmula foi tão imitada (e continua a ser imitada até hoje) que até pensamos se tratar de um filme atual. Eu coloco "Máquina Mortífera" e "Duro de Matar" como os filmes responsáveis pela mudança de estrutura dos policiais de ação. Basta assistir a um filme policial das décadas de 60 ou 70 para notar a diferença. Nos anos 70 filmes como "Serpico" ou "Um Dia de Cão" tinham toda uma preocupação em desvendar aspectos sociais, econômicos e políticos envolvendo temas de segurança pública. A ação, quando existia, era mera decorrência dos conflitos internos expostos. Já nos anos 80 a coisa muda de figura, os filmes policiais são filmes de ação em si, sem qualquer preocupação ou profundidade sociais envolvidas.

"Máquina Mortífera" é o maior exemplo disso. A dupla central traz personagens opostos. Um é o policial negro, com estrutura familiar definida e com a chamada estabilidade emocional. O outro é branco, destruído internamente pela morte da esposa e sem um pingo de juízo na cabeça, um suicida em potencial. O filme é baseado justamente nessa oposição entre eles, onde as diferenças não atrapalham sua amizade pois o que importa aqui são as boas cenas de ação, que justificam a existência do filme como um todo. Os vilões são cartunescos e a trama fácil de digerir. Isso é óbvio já que esse é o tipo de produto feito para as massas, para gerar grandes bilheterias. Depois de filmes assim o gênero policial foi ficando cada vez mais raso e vazio (as próprias continuações de Máquina Mortífera demonstram bem isso). De qualquer forma não há como negar que foi um ótimo negócio para a indústria que ganhou milhões, já para os cinéfilos mais conscientes esse tipo de filme não acrescentou muito.

Máquina Mortífera (Lethal Weapon, EUA, 1987) Direção: Richard Donner / Roteiro: Shane Black / Elenco: Mel Gibson, Danny Glover, Gary Busey, Mitch Ryan e Tom Atkins / Sinopse: Dois policiais tentam desmantelar uma perigosa quadrilha de tráfico de drogas que atua em sua cidade. O filme "Máquina Mortífera" foi indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som (Les Fresholtz, Rick Alexander, Vern Poore e Bill Nelson).

Pablo Aluísio.

Dragão: A História de Bruce Lee

Título no Brasil: Dragão - A História de Bruce Lee
Título Original: Dragon - The Bruce Lee Story
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Rob Cohen
Roteiro: Robert Clouse, Linda Lee Cadwell
Elenco: Jason Scott Lee, Lauren Holly, Robert Wagner

Sinopse:
Cinebiografia do ator e lutador de artes marciais Bruce Lee (1940 - 1973). Aclamado como campeão nos ringues ele procura levar para o cinema suas técnicas de luta. Bem sucedido inicialmente numa série de filmes B de baixo orçamento ele acaba morrendo de uma forma até hoje pouco explicada. Seu filho, o também ator Brandon Lee, tentaria seguir os passos do pai muitos anos depois.

Comentários:
Filme baseado no livro escrito por Linda Lee Cadwell, esposa do ator Bruce Lee. É interessante porque procura mostrar o lado mais pessoal do ídolo. Como se sabe Bruce Lee morreu muito jovem ainda, em circunstâncias nebulosas, o que ajudou a aumentar ainda mais seu mito. Cinematograficamente falando seus filmes são pouco relevantes, produções B cheias de artes marciais, clichês e pouco roteiro. Mesmo assim fizeram muito sucesso nos cinemas, até porque trouxe aos ocidentais uma nova forma de fazer cinema que até então era pouco explorada. "Dragon" por sua vez é um filme correto, bem realizado, mas também um pouco burocrático em certos momentos. Embora bem produzido a impressão de se estar assistindo a um telefilme nunca deixa o espectador. Jason Scott Lee é bem parecido com o Bruce Lee mas teve que ser "dublado" nas cenas de artes marciais pois obviamente não tinha a técnica do Lee da vida real. No geral é uma produção curiosa e interessante, embora não surpreendente em nenhum momento. Vale para conhecer melhor a história do mito Bruce Lee. Filme indicado aos prêmios Chicago Film Critics Association Awards e MTV Movie Awards. Vencedor do prêmio da Political Film Society. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Julie & Julia

Julie Powell (Amy Adams) cria um blog onde conta suas experiências culinárias ao tentar reproduzir todas as receitas contidas no livro de uma famosa escritora de gastronomia, Julia Child (Meryl Streep). "Julie & Julia" como se percebe pela sinopse é um filme leve, divertido, bem escrito, redondinho e que tem um charme e um clima de nostalgia à prova de falhas. O único problema é que ao assisti-lo o espectador certamente vai terminar com um apetite daqueles, com água na boca, já que saborosos pratos vão passeando pela tela ao longo de toda sua duração. Achei muito bem bolado o argumento do filme que conta ao mesmo tempo duas histórias reais, de duas "Julias" diferentes, que tem em comum um livro clássico de receitas culinárias.

A primeira personagem é a Julia Child, brilhantemente interpretada pela Mery Streep, uma americana esposa de diplomata que se atreve a entrar no restrito mundo da alta gastronomia francesa. Além de aprender ela ainda tenta levar todos aqueles pratos sofisticadas para os EUA, escrevendo um livro de receitas que deveria ser lido e usado por donas de casa simples de seu país. Seu objetivo era levar os segredos dos grandes pratos franceses para o cotidiano suburbano norte-americano. No começo até achei a caracterização da Meryl Streep um pouquinho caricatural mas depois olhando no Youtube a verdadeira Julia Child (ela também tinha um popular programa de TV) pude perceber como estava fiel o trabalho desenvolvido pela Meryl (que sinceramente é um atriz que dispensa maiores comentários).

A outra Julia, a blogueira Julie Powell cuja sua história se passa em 2002 no filme, também é outro ponto forte. Não sou particularmente fã da Amy Adams mas aqui ela está muito bem, nada exagerada, bem na medida certa, sem ofuscar a Meryl mas também sem perigo de estragar o filme com uma interpretação fraca. O resto do elenco de apoio também é todo bom, de Stanley Tucci (que já gosto há muito tempo) até Jane Lynch (a treinadora de Glee, aqui sob pesada maquiagem).

Ponto positivo também para a diretora Nora Ephron que vinha de um tremendo fracasso, "A Feiticeira", mas que felizmente aqui demonstra sinais de estar voltando ao caminho certo. Tomara que reencontre mesmo pois ela costuma fazer bons filmes, como esse. Foi bastante acertada a decisão de entregar a direção para uma mulher já que esse tipo de produção exige um tipo de sensibilidade que dificilmente seria encontrado em um cineasta do sexo masculino. Em conclusão "Julie & Julia" é uma boa pedida para quem deseja encontrar um entretenimento leve mas bem realizado que traz como bônus mais uma bela interpretação da grande Meryl Streep.

Julie & Julia (Idem, EUA, 2009) Direção de Nora Ephron / Roteiro: Nora Ephron baseado no livro de Julie Powell / Elenco: Amy Adams, Meryl Streep, Stanley Tucci, Chris Messina / Sinopse: Julie Powell (Amy Adams) cria um blog onde conta suas experiências culinárias ao tentar reproduzir todas as receitas contidas no livro de uma famosa escritora de gastronomia, Julia Child (Meryl Streep). Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Meryl Streep). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Meryl Streep). Também indicado ao prêmio de Melhor Filme - Comédia ou Musical.

Pablo Aluísio.

Cine Majestic

Título no Brasil: Cine Majestic
Título Original: Cine Majestic
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment, Village Roadshow
Direção: Frank Darabont
Roteiro: Michael Sloane
Elenco: Jim Carrey, Martin Landau, Bob Balaban

Sinopse:
Peter Appleton (Jim Carrey) é um roteirista americano que acaba caindo na infame lista negra do Macartismo. Acusado de ser comunista ele vê sua carreira acabar literalmente da noite para o dia. Até mesmo sua namorada, um relacionamento de longos anos do qual ele realmente acreditava, chega ao fim. Numa noite particularmente depressiva, durante a chuva, Peter sofre um acidente, perde sua memória e vai parar numa cidadezinha do interior. Lá ele acaba sendo confundido com outra pessoa, o filho do dono da única sala de cinema da região. Esse verdadeiro recomeço em sua vida o marcará para sempre. 

Comentários:
Esse filme foi a aposta do comediante Jim Carrey em ser levado finalmente à sério como ator. A aposta foi bastante alta mas a produção, apesar de suas boas intenções, não conseguiu emplacar. O estúdio tentou vender a produção como um "Cinema Paradiso" americano mas na verdade convenceu pouca gente. Para se ter uma ideia de como foi pretensiosa a realização desse filme o ator Jim Carrey declarou em várias entrevistas que tinha muita esperança de que fosse indicado ao Oscar de Melhor Ator por seu personagem. Na verdade ele ia além, deixando sua modéstia de lado chegou a dizer que merecia o prêmio naquele ano. Hollywood não abre mão de certas tradições e uma delas é raramente premiar comediantes. Isso não é algo novo. Nem mesmo Charles Chaplin, um gênio do cinema, conseguiu ser premiado por alguns de seus filmes (só muitos anos depois, já envelhecido, recebeu um prêmio de consolação pelo "conjunto da obra"). Assim "Cine Majestic" acabou sendo vítima de suas próprias aspirações descabidas. Não é um filme ruim no final das contas, e até interessante e bem realizado, mas seu erro maior talvez tenha sido mesmo querer ir longe demais. Filme premiado pela Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria "Melhor Lançamento em DVD / Coleção".

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Grito de Horror

Seguramente um dos piores filmes sobre lobisomens que já vi - e olha que já vi muita porcaria com esse monstro clássico. De fato, ultimamente tem saído muitos filmes trash sobre Lobisomens, a maioria deles indo parar direto para o mercado de DVD. São filmes bem ruinzinhos, mal feitos, com roteiros nem um pouco brilhantes. Eu pensei de forma equivocada que esse aqui seria uma exceção. Ledo engano. O filme é oportunista até no título. Usando do nome de um filme famoso sobre o tema que surgiu nos anos 80, dirigido por Joe Dante, essa produção de quinta categoria tenta pegar os desavisados. É complicado até mesmo começar a criticar tamanha a falta de qualidade. O elenco é todo formado por jovens inexpressivos, o tal de London Liboiron é um Daniel Radclife com sérias restrições orçamentárias. Sem muito talento faz caras e bocas constrangedoras. A mocinha, bem, dessa nem vou falar. A mãe loba é uma loira até bonita mas sem nada de marcante.

A produção do filme é horrível. Sinceramente tem algo de muito errado num filme de terror de lobisomens em que eles mal aparecem. Quando surgem em cena as câmeras não focam direito neles, obviamente com o objetivo de esconder a pobreza dos efeitos especiais. Os monstros não são digitais, ao invés disso temos literalmente os atores usando máscaras e macacões ao estilo daquelas séries japonesas com Jaspion e Jiraya. Um horror! O "roteiro" (desculpem usar essa palavra) tenta de todas as formas copiar "Crepúsculo" que aliás é infinitamente superior a esse abacaxi, o que dá uma ideia do que é o filme, um horror (no mal sentido). Fujam, corram para as colinas e não percam seu tempo com esse oportunismo descarado!

Grito de Horror (The Howling: Reborn, EUA, 2011) Direção de Joe Nimziki / Roteiro Joe Nimziki, James Robert Johnston / Elenco: London Liboiron, Lindsay Shaw e Jesse Rath / Sinopse: Sinopse: Na trama, um adolescente saindo do colegial finalmente consegue a garota que ele queria há anos, mas, para seu azar, descobre que está amaldiçoado e se transformará em um lobisomem.

Pablo Aluísio.

Anaconda 2

Título no Brasil: Anaconda 2
Título Original: Anacondas
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Dwight H. Little
Roteiro: Hans Bauer, Jim Cash
Elenco: Morris Chestnut, KaDee Strickland, Eugene Byrd, Johnny Messner, Matthew Marsden, Nicholas Gonzalez

Sinopse:
Uma expedição americana chega na Floresta Amazônica para estudar a fauna e a flora da região, dando especial destaque para a localização e a identificação de uma rara espécie de Orquídea Sangrenta. Só que cobras gigantes atacam os membros da equipe, causando terror e pânico.

Comentários:
Não se engane pelo título exagerado de "Anaconda 2: A Caçada pela Orquídea Sangrenta" (do original "Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid"). Na verdade o filme é um trash movie com mais orçamento, com mais dólares envolvidos. Só que nem a produção mais bem feitinha esconde o fato de que é um filme de cobras gigantes que atacam gringos em nossa floresta. O primeiro filme, por mais incrível que possa parecer, fez sucesso. Então era natural que houvesse uma continuação. Só que os atores do primeiro filme caíram fora por causa das montanhas de críticas negativas. Entrou no lugar um grupo de atores e atrizes mais desconhecidos. Qual é o problema? Quem assiste esses filmes querem ver mesmo as tais Anacondas, que nada mais são do que o nome que os americanos dão para as cobras que aqui no Brasil são conhecidas como Sucuris. Melhor ver um documentário do Animal Planet.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Manobras Radicais

Título no Brasil: Manobras Radicais
Título Original: Grind
Ano de Produção: 2003
País: Estadps Unidos
Estúdio: 900 Films
Direção: Casey La Scala
Roteiro: Ralph Sall
Elenco: Adam Brody, Joey Kern, Mike Vogel

Sinopse:
Quatro jovens sonham em se tornarem ídolos do mundo do Skate. Para isso eles passam a seguir um campeão da categoria. O sonho é se tornar como ele, esportista patrocinado, profissional do sk8, que viaja para as competições ao redor do mundo.

Comentários:
É algo até raro termos um filme sobre skate. Essa modalidade esportiva que hoje faz parte até mesmo dos jogos olímpicos sofreu todo tipo de preconceito ao longo dos anos. Os mais velhos e preconceituosos diziam que era coisa de vagabundo! Que bobagem. Era um esporte jovem, nascido entre a galera mais descolada, que usava as ruas e instrumentos da via urbana como sua pista pessoal. Esse filme é legalzinho, nada demais, porém para quem gosta do skate haverá bastante cenas com manobras radicais para apreciar. Assim deixo a dica desse filme ainda hoje pouco conhecido.

Pablo Aluísio.

Churchill - Detonando a História

Título no Brasil: Churchill - Detonando a História
Título Original: Churchill - The Hollywood Years
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Little Bird Productions
Direção: Peter Richardson
Roteiro: Peter Richardson
Elenco: Christian Slater, Neve Campbell, Miranda Richardson, Antony Sher

Sinopse:
Nesta paródia irreverente, a corte britânica e o governo de guerra consistem principalmente de idiotas e/ou traidores. Hitler se muda para o palácio de Buckingham e planeja se casar com os Windsor, além de outras situações absurdas.

Comentários:
Uma comédia como essa me faz ter saudades dos tempos em que as parodias tinham realmente graça. Me vem à mente o clássico dos anos 80 "Top Secret". Aquilo sim era engraçado e divertido. E era uma comédia que se passava na II Grande Guerra Mundial. Esse filme aqui é um tanto chato. Você vai precisar ter muita boa vontade para gostar do resultado final do filme. O péssimo título nacional também não ajuda muito, sendo apelativo e idiota. Por fim tem o Christian Slater no elenco. Será que isso ainda significa alguma coisa? Ele já trabalhou em tanto filme ruim ao longo de sua carreira que penso que seu presença no elenco realmente não faz diferença alguma. Enfim, esqueça e se assistir, jogue fora.

Pablo Aluísio.