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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Touro Indomável

Título no Brasil: Touro Indomável
Título Original: Raging Bull
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Martin Scorsese, Joseph Carter
Elenco: Robert De Niro, Cathy Moriarty, Joe Pesci

Sinopse:
Tudo o que deseja Jake La Motta (De Niro) para sua vida é vencer no concorrido mundo do boxe. Sujeito explosivo, de temperamento mercurial, ele quer chegar no auge, com todo o poder, dinheiro e mulheres que conseguir. Após um começo de carreira promissor o boxeador começa a entender que nem tudo parece caminhar como ele havia planejado. Pior para seu irmão, Joey (Joe Pesci) e a garota de seus sonhos, a adolescente Vickie (Cathy Moriarty), que terão que suportar ao seu lado a inevitável queda do vaidoso esportista. Filme indicado a seis prêmios da academia, se tornando vencedor nas categorias de Melhor Ator (Robert De Niro) e Melhor Edição. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor ator (Robert De Niro).

Comentários:
Alguns filmes definem toda a carreira de um grande ator. Olhando sob esse ponto de vista "Raging Bull" define o intérprete Robert De Niro. No auge de sua criatividade e talento dramático ele se uniu a outro gênio, Martin Scorsese, para contar a história de declínio e glória do boxeador Jake LaMotta, desde seus primórdios, quando se deliciou do status, dinheiro e sucesso das vitórias até sua queda final, quando sentiu o amargo gosto da sarjeta. Se não fosse baseado em fatos reais poderíamos até dizer que esse filme havia sido inspirado em alguma tragédia da pena de William Shakespeare, tamanha a sua carga dramática! Com maravilhosa fotografia em preto e branco e com Scorsese em momento inspirado o filme não poderia ser menos do que uma verdadeira obra prima do cinema, sempre reverenciado e incluído naquelas listas do tipo "Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos". Curiosamente o próprio De Niro pagaria um pouco caro pelo seu amor à arte. Ao emagrecer e engordar tanto para incorporar seu personagem ele chegou até mesmo a ter sérios problemas de saúde na época. Foi um preço justo a se pagar, já que acabou sendo premiado nos dois maiores prêmios do cinema americano, o Oscar e o Globo de Ouro. Em ambos os casos sua premiação foi mais do que merecida, uma unanimidade tanto de público como de crítica! Esse é sem dúvida um momento essencial e obrigatório na vida de todo e qualquer cinéfilo que se preze! Uma aula de direção e interpretação em um filme realmente inesquecível.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de março de 2014

Cabo do Medo

Título no Brasil: Cabo do Medo
Título Original: Cape Fear
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Amblin Entertainment, Tribeca Productions
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: James R. Webb, baseado na novela de John D. MacDonald
Elenco: Robert De Niro, Nick Nolte, Jessica Lange, Juliette Lewis, Robert Mitchum, Gregory Peck

Sinopse:
Max Cady (Robert De Niro) finalmente ganha a liberdade após passar anos na prisão. Ele age como um sujeito normal depois de sair da cadeia mas suas intenções logo se tornam bem claras. Ele quer vingança em relação ao advogado Sam Bowden (Nick Nolte) pois o considera um dos responsáveis por sua condenação. Para colocar seu plano em ação ele começa a jogar um terrível jogo psicológico contra Bowden e seus familiares.

Comentários:
Nunca cheguei a gostar completamente desse filme e não foi por falta de boa vontade. Sou fã declarado do cinema de Martin Scorsese. Do ator Robert De Niro nem preciso esclarecer, considero um dos grandes atores da história do cinema americano, apesar de atualmente não estar passando por um bom momento. Mesmo assim não deu para gostar mesmo. Achei uma produção sem alma, fruto única e exclusivamente do amor do diretor pelo filme original "Círculo do Medo" de 1962. Volto a repetir um pensamento que sempre me vem à mente quando me deparo com remakes: certas estórias já encontraram suas versões definitivas na sétima arte. Não adianta tentar revirar o que já foi muito bem feito no passado. Grandes filmes nunca ficam datados e por essa razão não precisam ser refeitos em hipótese nenhuma. Mas Scorsese, como sempre muito firme em suas convicções, resolveu apostar para ver no que tudo isso iria dar. O resultado é bem morno apesar da produção ter seus defensores (que em sua maioria não viram o filme origem com os grandes Robert Mitchum e Gregory Peck). De Niro surge em cena cheio de tatuagens com maneirismos de sociopata. Seu empenho é digno de aplausos mas no geral não chega a se destacar em sua filmografia. Enfim, aqui uma está mais um remake desnecessário, com a única diferença de que foi assinado por um dos grandes cineastas de nosso tempo. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O Lobo de Wall Street

Título no Brasil: O Lobo de Wall Street
Título Original: The Wolf of Wall Street
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Terence Winter, baseado no livro de Jordan Belfort
Elenco: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Kyle Chandler, Matthew McConaughey, Rob Reiner 

Sinopse: 
Tudo o que Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) deseja é ficar rico trabalhando no mercado de ações de Wall Street. Seus planos porém vão por água abaixo logo no seu primeiro dia de trabalho, quando a bolsa de Nova Iorque quebra na infame segunda-feira negra. Desempregado e precisando recomeçar ele se une a uma pequena firma de Long Island especializada em vender ações que valem poucos centavos de empresas mixurucas e sem importância. Com sua lábia de vendedor Jordan logo começa a enganar as pessoas mais humildes, ficando rico nesse processo de vender ações sem valor para ignorantes do mercado financeiro.

Comentários:
O novo filme de Scorsese deixa os mafiosos de Nova Iorque de lado para investir em outro tipo de escroque, a dos corretores de ações. O cineasta procura mostrar as armadilhas que podem surgir no caminho de alguém que só pensa em ficar rico a todo custo, desprezando completamente os fatores éticos e humanos de seu "trabalho". Em essência o personagem Jordan Belfort não passa de um enganador, um espertalhão que usa a boa fé das pessoas mais simples e sem cultura para ganhar rios de dinheiro com a ignorância alheia. E ele faz isso sem peso na consciência. Não importa as vítimas de seus golpes, mas sim os bens materiais que ele irá comprar enganando todo mundo. Iates, muitas drogas e até mulheres (sua esposa não passa de um prêmio caro comprado a peso de ouro, como tudo na vida de Belfort) são as coisas que o impulsionam a seguir em frente. O enredo como se vê é bem interessante mas há problemas em sua condução. Em determinado momento de "O Lobo de Wall Street" percebemos que Martin Scorsese está deslumbrado com seu principal personagem. Mesmo quando Jordan age muito mal, como na cena em que tenta dirigir um carro completamente drogado com Quaaludes, o diretor parece adotar uma postura de piada infame, fazendo obviamente o público rir da situação ao invés de ficar horrorizado com tudo o que acontece. Outro ponto que depõe contra Scorsese surge quando ele mostra o sexo, as drogas e a rapinagem de seus personagens de forma extremamente alucinada, exagerada. O próprio Scorsese teve muitos problemas com cocaína em sua vida e nas cenas em que ela surge ele quase desmaia de prazer na direção. O diretor assim perde o bom senso e se confraterniza com a orgia de excessos de Jordan Belfort!

E é justamente esse encantamento e deslumbre com seu personagem que quase coloca tudo a perder. Perceba que Scorsese varreu para debaixo do tapete o drama das pessoas que perderam tudo investindo nas mentiras de Jordan Belfort. Nenhuma delas aparece em cena. Até parece que tudo o que o corretor desonesto fez não prejudicou ninguém. Agindo assim o diretor deu um aval nada sutil para tudo de errado que o personagem interpretado por Leonardo DiCaprio apronta. Ao invés de mostrar os danos causados por esse tipo de gente, o diretor parece consagrá-lo em cada momento. Uma pena. Some-se a isso o excesso de palavrões, de idiotice da turma de Jordan (será que idiotas naquele nível conseguiriam ganhar fortunas no mundo real?) e do prazer em mostrar pessoas se drogando em excesso a todo tempo e você terá um filme que peca justamente por isso, pelo excesso, pela falta de limites. O próprio Jordan Belfort disse recentemente em entrevistas que muito do que se vê na tela nunca aconteceu na vida real (como a estranha competição de arremesso de anões no escritório, por exemplo). Martin Scorsese assim perde a mão e comete um deslize fazendo um filme tão exagerado que acaba se tornando besta, bobo. Além disso não há como negar que do ponto de vista ético esse é o filme mais equivocado do diretor. Martin Scorsese já foi muito mais elegante e sutil no passado mas aqui só consegue se mostrar bem vulgar.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

New York, New York

Jimmy Doyle (Robert De Niro) é um saxofonista boêmio que volta da II Guerra Mundial e decide se casar com uma talentosa cantora, Francine Evans (Liza Minnelli), que tem o sonho de virar uma grande estrela de Hollywood. “New York, New York” foi uma curiosa tentativa do diretor Martin Scorsese em dirigir um musical ao velho estilo. Apaixonado por filmes antigos ele tentou, nessa rara incursão pela gênero, renovar e revitalizar os antigos musicais inspirados  nas peças da Broadway. Apesar dos grandes talentos envolvidos não há como negar que se trata de um filme bem abaixo das expectativas. Scorsese não mostra muita intimidade com musicais tornando o filme lento, pesado, muito melodramático para algo que deveria ser leve, divertido, simpático. A escolha de Robert De Niro também se mostra um equivoco já que ele definitivamente não leva jeito para a coisa, demonstrando em vários momentos que não tem qualquer familiaridade com o instrumento musical que finge tocar o filme inteiro.

Assim com tantos marinheiros de primeira viagem em filmes musicais sobra para Liza Minnelli a complicada tarefa de salvar musicalmente o filme, coisa que faz com raro brilhantismo. Não é de se estranhar já que Liza é um talento nato, que descende de uma linhagem de grandes cantoras. Ela se destaca pois tem talento musical para dar e emprestar ao resto do elenco. Apesar disso o filme não foi bem nem de bilheteria e nem de critica, que não comprou a idéia de Scorsese. Anos depois De Niro reconheceu os problemas do filme afirmando que já sabia que não daria certo pois Scorsese não tinha experiência com esse tipo de produção. Assim “New York, New York” foi sendo gradualmente esquecido até que Frank Sinatra resolveu resgatar a canção tema do filme, a transformando em um de seus maiores sucessos na carreira. Uma canção que virou símbolo da cidade de Nova Iorque sendo sempre lembrada em inúmeros filmes e comerciais até os dias de hoje. Um ícone cultural representativo de uma das maiores metrópoles do mundo.

New York, New York (New York, New York, Estados Unidos, 1977) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Earl Mac Rauch, Mardik Martin / Elenco: Liza Minnelli, Robert De Niro, Lionel Stander / Sinopse: O filme narra as duras lutas de um casal de artistas em Nova Iorque após o fim da segunda guerra mundial.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de maio de 2013

Cassino

Embora seja um dos mais talentosos cineastas vivos, com uma rica filmografia, de encher os olhos, Martin Scorsese se saí muito melhor quando explora aspectos de sua própria etnia, de sua própria origem. Nenhum diretor conseguiu até hoje capturar a cultura ítalo-americana como ele. Talvez apenas Francis Ford Coppola (outro descendente de italianos) tenha chegado perto. E sem querer parecer preconceituoso o fato é que não há como falar em descendentes de italianos nos EUA sem falar na máfia. Esse aliás é o ponto central dos melhores filmes dirigidos por Scorsese. “Cassino” é um deles. A trama se passa em Las Vegas, durante a década de 1970. É lá que vive "Ace" Rothstein (Robert De Niro). Ele é gerente de um dos principais cassinos da cidade. Casado com uma ex-prostituta, viciada em cocaína, chamada Ginger McKenna (Sharon Stone), ele tenta colocar ordem no caos que sua vida se transforma. Seu melhor amigo é o baixinho valentão Nicky Santoro (em mais uma inspirada interpretação de Joe Pesci), que tem fortes ligações com a máfia que controla o jogo na cidade.

Como se sabe Vegas foi erguida com o dinheiro da máfia do leste, principalmente Chicago e Nova Iorque. Muitos descendentes de italianos foram para lá para controlar e administrar grandes hotéis e cassinos. Fizeram riqueza mas o ritmo estonteante e alucinado da cidade também cobrou seu preço. Robert De Niro esbanja talento em cena. Sua interpretação não se torna superior a que realizou em “Os Bons Companheiros” (que sempre é comparado com esse “Cassino”) mas mantém um nível excelente. Em termos de elenco quem acaba roubando o show é exatamente Sharon Stone. No auge da beleza ele se despiu de maiores vaidades para personificar uma mulher excessiva, com muita volúpia de experimentar de tudo, inclusive de drogas pesadas. Infiel, brega, desbocada e desnorteada com a própria vida, Stone mostra um excelente domínio dramático de seu personagem. De personalidade fraca ela logo se torna presa fácil de todos os vícios que a cidade tem a oferecer. Scorsese imprimiu um ritmo que lembra a própria Las Vegas e por isso o filme deixa a sensação de ser brilhante, esfuziante, mas também vulgar ao extremo, haja visto o palavreado pesado que sai da boca de seus personagens. Apesar de tudo não há de fato como negar que seja um grande filme no final das contas. Um dos melhores já assinados por Martin Scorsese.

Cassino (Casino, Estados Unidos, 1995) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Nicholas Pileggi, Martin Scorsese / Elenco: Robert De Niro, Sharon Stone, Joe Pesci, James Woods, Frank Vincent, Pasquale Cajano, Kevin Pollak, Don Rickles, Vinny Vella, Alan King, L. Q. Jones, Dick Smothers / Sinopse: Durante a década de 70 um cassino de Las Vegas se torna palco de traições, decepções e muita violência.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O Aviador

Howard Hughes (1905 - 1976) não era um sujeito comum. Filho único de um dos maiores industriais dos Estados Unidos, já nasceu bilionário. Excêntrico ao extremo, cheio de manias, entrou para a história americana por causa de seus projetos ousados e inovadores. Foi o primeiro a visualizar a oportunidade de tornar comercialmente viável uma rota de aviação para transporte regular de passageiros entre Estados Unidos e Europa. Investiu em filmes na era de ouro de Hollywood, criando sob sua produção alguns clássicos imortais da sétima arte. Além disso foi figura de ponta em suas indústrias pois amava tecnologia e investiu pesadamente na área criando nesse processo uma série de invenções que até hoje fazem parte do dia a dia de milhares de pessoas mundo afora. Era aventureiro e revolucionário mas em segredo escondia vários problemas mentais que foram minando o homem ao longo dos anos. Com uma história tão rica não faltaria assunto certamente para contar sua biografia no cinema. O diretor Martin Scorsese há muitos anos queria mostrar a vida de Howard Hughes nas telas e conseguiu após receber um excelente roteiro feito sob encomenda escrito por John Logan. O texto era enxuto e se focava nos aspectos mais interessante da vida de Hughes, exatamente o que Scorsese buscava há muitos anos.

Para surpresa de muitos o diretor acabou escalando para o papel principal o ator Leonardo DiCaprio. Certamente ele não era parecido com Howard Hughes mas demonstrou ter tanta paixão pelo material e pelo roteiro que Scorsese simplesmente não conseguiu recusá-lo. Decisão acertada pois Leonardo demonstra muita sensibilidade para interpretar o famoso industrial. Fugindo de armadilhas fáceis que poderia cair por interpretar uma pessoa com problemas mentais, ele optou por uma atuação no tom correto, respeitosa e que nunca cai na caricatura. Embora excelente o ator foi completamente ignorado pelo Oscar que resolveu premiar sua partner em cena, a talentosa Cate Blanchett que aqui interpreta a grande Katherine Hepburn, um mito do cinema que era amiga pessoal de Hughes. Por falar em Oscar o filme teve várias indicações mas fora o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante dado a Blanchett, tudo o que conseguiu vencer foram Oscars técnicos (Edição, Direção de Arte, Figurino e Fotografia). Em minha opinião merecia mais. Uma produção que consiga captar tão bem a essência de uma pessoa tão complexa como Hughes merecia bem mais.

O Aviador (The Aviator, Estados Unidos, 2004) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: John Logan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, Jude Law / Sinopse: Cinebiografia do industrial Howard Hughes, um homem à frente de seu tempo que tinha que lidar não apenas com os desafios de sua posição mas também com um terrível problema mental que o afligia.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de novembro de 2012

Ilha do Medo

Esse é um dos mais recentes filmes de Martin Scorsese. Ilha do Medo é o típico filme que engana. Você vai ao cinema pensando que vai assistir um tipo de gênero e acaba encontrando outro completamente diferente. Eu, por exemplo, fui assistir convencido que iria me deparar com um bom filme de suspense policial, com muito clima noir. Pensei que iria assistir algo no estilo de Chinatown, mas acabei vendo um curioso derivado de Um Estranho no Ninho. Dito isso quero deixar claro que o filme não é ruim, em hipótese alguma. Ele passeia muito bem pelos estilos com desenvoltura e prende a atenção do espectador. Não é para menos já que Scorsese é um dos diretores mais brilhantes da história do cinema. Então se você vai ao cinema assistir A Ilha do Medo pensando tratar-se de um filme de terror, suspense policial ou trama de espionagem, esqueça. O roteiro usa desses gêneros apenas para contar uma outra estória, bem mais pesada e trágica do que o típico filme de detetives. Não vou aqui estragar a surpresa de ninguém, por isso quanto menos contar melhor. O que posso adiantar é que Di Caprio está muito bem no papel (não chega a ser excepcional mas apresenta uma boa atuação). Ben Kingsley também mantém o alto nível do elenco mas é Max Von Sydow que se sobressai, apesar de suas cenas serem pequenas e esporádicas.

Em termos de produção, atuação e direção não há o que reclamar, Scorsese é praticamente um gênio e nesses aspectos técnicos só se poderia esperar o melhor mesmo. O grande ponto negativo do filme realmente é seu roteiro. Não que seja ruim, longe disso, mas é previsível. Quem tiver o mínimo de atenção logo irá matar o "segredo" do filme. Várias dicas são deixadas ao longo da projeção - algumas inclusive bem óbvias. Em certo sentido me lembrei de um dos meus filmes preferidos, Coração Satãnico, onde também havia um pretexto inicial do roteiro que desbancava para uma grande reviravolta nos momentos finais. Mas o que era sobrenatural em Angel Heart aqui se torna introspectivo, pesado e principalmente psicológico. Por isso digo que quem mais irá apreciar o filme no final serão os estudantes e estudiosos de psiquiatria e psicologia. Esses realmente terão um prato cheio para debater depois da exibição.

Ilha do Medo (Shutter Island, Estados Unidos, 2009) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Laeta Kalogridis / Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Emily Mortimer, Michelle Williams, Max von Sydow, Jackie Earle Haley, Dennis Lynch./ Sinopse: Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) é um detetive contratado para descobrir o paradeiro de uma mulher acusada de assassinato. Sua última localização foi em um hospital psiquiátrico instalado na isolada Ilha Shutter Lá começa a juntar as peças de um grande quebra cabeças envolvendo a todos, inclusive ele próprio.

Pablo Aluísio.