Embora seja um dos mais talentosos cineastas vivos, com uma rica filmografia, de encher os olhos, Martin Scorsese se saí muito melhor quando explora aspectos de sua própria etnia, de sua própria origem. Nenhum diretor conseguiu até hoje capturar a cultura ítalo-americana como ele. Talvez apenas Francis Ford Coppola (outro descendente de italianos) tenha chegado perto. E sem querer parecer preconceituoso o fato é que não há como falar em descendentes de italianos nos EUA sem falar na máfia. Esse aliás é o ponto central dos melhores filmes dirigidos por Scorsese. “Cassino” é um deles. A trama se passa em Las Vegas, durante a década de 1970. É lá que vive "Ace" Rothstein (Robert De Niro). Ele é gerente de um dos principais cassinos da cidade. Casado com uma ex-prostituta, viciada em cocaína, chamada Ginger McKenna (Sharon Stone), ele tenta colocar ordem no caos que sua vida se transforma. Seu melhor amigo é o baixinho valentão Nicky Santoro (em mais uma inspirada interpretação de Joe Pesci), que tem fortes ligações com a máfia que controla o jogo na cidade.
Como se sabe Vegas foi erguida com o dinheiro da máfia do leste, principalmente Chicago e Nova Iorque. Muitos descendentes de italianos foram para lá para controlar e administrar grandes hotéis e cassinos. Fizeram riqueza mas o ritmo estonteante e alucinado da cidade também cobrou seu preço. Robert De Niro esbanja talento em cena. Sua interpretação não se torna superior a que realizou em “Os Bons Companheiros” (que sempre é comparado com esse “Cassino”) mas mantém um nível excelente. Em termos de elenco quem acaba roubando o show é exatamente Sharon Stone. No auge da beleza ele se despiu de maiores vaidades para personificar uma mulher excessiva, com muita volúpia de experimentar de tudo, inclusive de drogas pesadas. Infiel, brega, desbocada e desnorteada com a própria vida, Stone mostra um excelente domínio dramático de seu personagem. De personalidade fraca ela logo se torna presa fácil de todos os vícios que a cidade tem a oferecer. Scorsese imprimiu um ritmo que lembra a própria Las Vegas e por isso o filme deixa a sensação de ser brilhante, esfuziante, mas também vulgar ao extremo, haja visto o palavreado pesado que sai da boca de seus personagens. Apesar de tudo não há de fato como negar que seja um grande filme no final das contas. Um dos melhores já assinados por Martin Scorsese.
Cassino (Casino, Estados Unidos, 1995) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Nicholas Pileggi, Martin Scorsese / Elenco: Robert De Niro, Sharon Stone, Joe Pesci, James Woods, Frank Vincent, Pasquale Cajano, Kevin Pollak, Don Rickles, Vinny Vella, Alan King, L. Q. Jones, Dick Smothers / Sinopse: Durante a década de 70 um cassino de Las Vegas se torna palco de traições, decepções e muita violência.
Pablo Aluísio.
ResponderExcluirPablo:
O impressinante é que nem a máfia resiste ao poder do dinheiro. O Howard Hughes chegou enste período a Las Vegas (que a máfia havia praticamente inventado como cidade do jogo - vide Bugsy) com
US$ 400.000.000.00, (quatrocentos milhões) de dólares que havia ganho em um grande processo envolvendo sua empresa de perfuratrizes de petróleo e tinha que reinvestir todo esse montante antes do fim do ano sob pena de altas taxações de impostos. Pois bem, ele saiu comprando tudo em Las Vegas. Diante de tanto poder de compra e de um personagem ermitão ao extremo como o era Howard Hughes, a máfia não tinha como revidar e sumiu de Las Vegas para sempre com os Cassinos se tornando mega-corporações. Até o Fank Sinatra fez piada sobre isso em seus shows perguntando a platéia: "sabem porque hoje não estou como meu copo de whiski na mão? o Howard Hughes o comprou!"
Dizem que a máfia também nunca entrou em Hoolywood por isso. As recompensas em dinheiro são tão grandes que ninguém tem medo das ameaças de morte da máfia.
Essas são duas demonstrações do poder incrível do dinheiro sober os destinos.
É verdade Serge.... e não podemos esquecer que o Hughes morreu completamente louco em um quarto de um de seus hoteis em Las Vegas. Só se comunicava com o mundo através do telefone, totalmente insano. Nem todo o dinheiro do mundo o salvou da loucura. Uma ironia do destino? Pode ser. Abraços, Pablo Aluísio.
ResponderExcluirPois é!
ExcluirCassino
ResponderExcluirPablo Aluísio.