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sexta-feira, 11 de maio de 2007

Os Desajustados

Esse foi o último filme completo da Marilyn. Ela ainda chegou a iniciar as filmagens de "Something s Got To Give" ao lado de Dean Martin mas o filme não foi concluído. Seus atrasos, faltas e confusões no set fizeram com que a Fox a despedisse no meio da produção. Pouco tempo depois, pressionada, abandonada e depressiva veio a encontrar sua morte em um quarto solitário de sua casa. Assim Os Desajustados se tornou seu último momento no cinema. Eu acho um filme triste, melancólico e depressivo até. Afirmam algumas biografias da estrela que Arthur Miller escreveu o conto que deu origem ao filme inspirado justamente na sua vida com a Marilyn. Os excessos da vida da atriz aparecem na tela, apesar de Marilyn Monroe ainda aparecer linda nas cenas, ela está bem acima do peso e abatida. Muitas vezes a atriz surge em cena com o olhar perdido no horizonte, sem convicção. Fisicamente ela também mostra sinais de desgaste. Numa cena de praia, por exemplo, em que ela aparece de biquíni a atriz exibe uma barriguinha bem saliente.

As brigas com o marido no set também foram constantes. Em certa ocasião deixou Arthur Miller abandonado no meio do deserto (onde o filme estava sendo filmado) se recusando a deixá-lo entrar em seu carro. O diretor John Huston teve então que voltar para ir pegá-lo, caso contrário morreria naquele lugar seco e inóspito. Marilyn também continuava com seu medo irracional dos sets de filmagens. Antes de entrar em cena ela ficava nervosa, em pânico. Errava muito suas falas e fazia o resto do elenco perder a paciência com suas atitudes. Seu medo de atuar nunca havia desaparecido mesmo após tantos anos de carreira. Interessante é que apesar de Marilyn não sair das revistas e jornais por causa dos acontecimentos ocorridos nas filmagens o filme não conseguiu fazer sucesso o que é uma surpresa e tanto pelo elenco estelar e pela publicidade extra que recebeu dos tablóides. Muitos atribuem o fracasso ao próprio texto de Arthur Miller que não tinha foco e nem uma boa dramaturgia. Aliás desde que se casou com Marilyn o autor parecia ter perdido o toque para bons textos. Tudo soava sem inspiração, sem talento. "Os Desajustados" também foi a última produção com o mito Clark Gable. Envelhecido e decadente sofreu bastante com os problemas do filme, o levando a um esgotamento físico e mental, vindo a falecer pouco depois. Acusada de ter contribuído para o colapso de Gable, Marilyn sentiu-se culpada e ganhou mais um motivo para sua depressão crônica. De qualquer forma só pelo fato de "Os Desajustados" ter sido o último filme de Monroe e Gable já vale sua existência. Não é tecnicamente um excelente filme mas está na história do cinema pelo que representou na vida de todos esses grandes mitos que fizeram parte de sua realização.

Os Desajustados (The Misfits, Estados Unidos, 1960) / Direção de John Huston / Elenco:: Clark Gable, Marilyn Monroe, Montgomery Clift, Thelma Ritter, Eli Wallach / Sinopse: Roslyn Taber (Marilyn Monroe) é uma mulher sensível, que está se divorciando. Gay Langland (Clark Gable) e um cowboy frio, que passou a vida pegando cavalos e mulheres divorciadas. Ela não aceita a captura de cavalos selvagens para virarem comida de cachorro, enquanto que ele não vê nada demais. No meio de tudo isto nasce uma paixão entre os dois.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O Diabo Riu por Último

Já faz um certo tempo que assisti a esse filme clássico, mas ainda não tinha comentado nada sobre ele aqui em nosso blog. Durante certo tempo fez parte da grade de programação do canal Telecine Cult (clássicos). Entretanto não sei se ainda está sendo reprisado, se estiver, não deixe de assistir. De que se trata? A história do filme mostra um grupo de enganadores e trapaceiros profissionais. O que eles desejam mesmo é ganhar dinheiro, enganando as pessoas mais inocentes. E durante uma viagem até o continente africano conhecem um casal, o tipo perfeito para que eles venham a aplicar um golpe.

Produzido em 1952, sendo lançado em 1953 nos cinemas, contou com a preciosa (e sempre ótima) direção do mestre John Huston. Ele foi seguramente o cineasta mais corajoso dos anos de ouro de Hollywood. Nunca fazia concessões ou se rendia a roteiros bobos. Estava sempre em busca de algo instigante, inovador e provocativo. Encontrou o material que queria no romance policial "Beat the Devil", escrito por  Claud Cockburn. Na época de seu lançamento o livro original foi considerado pornográfico e indecente pela crítica. Algo que logo chamou a atenção de Huston. Seu trabalho aqui ficou simplesmente maravilhoso. Com um elenco que contava com, entre outros, Humphrey Bogart e Gina Lollobrigida, ele criou mais um daqueles filmes memoráveis de sua filmografia. Imperdível para quem aprecia cinema clássico.

O Diabo Riu por Último (Beat the Devil, Estados Unidos, 1953) Direção: John Huston / Roteiro: Truman Capote, John Huston / Elenco: Humphrey Bogart, Jennifer Jones, Gina Lollobrigida / Sinopse: Grupo de escroques profissionais tenta passar a perna em um casal de americanos em viagem pelo continente africano.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de outubro de 2006

O Passado Não Perdoa

Esse fim de semana aproveitei o tempo livre para assistir a dois clássicos que seguiam inéditos até o momento. Dois excelentes filmes, é bom frisar. O primeiro foi "A Tortura do Silêncio". É um thriller de suspense com um enredo que me lembrou muito os filmes de Alfred Hitchcock. O mitológico Gary Cooper interpreta um empregado de uma empresa em Londres que acaba supostamente testemunhando um assassinato. Seu próprio patrão é esfaqueado e 60 mil libras são roubadas. Mesmo na escuridão o personagem de Cooper acusa um outro funcionário do crime. O sujeito é preso e condenado à prisão perpétua.

Pouco tempo depois o próprio George (Cooper) surge com dinheiro suficiente para abrir sua própria empresa de navegação. O negócio prospera e ele fica rico. Sua esposa Martha (interpretada pela ótima Debora Kerr) começa a ficar desconfiada de tudo. Afinal o dinheiro roubado na empresa jamais fora encontrado. Teria sido ele o real assassino? O roteiro assim aproveita essa situação limite para desenvolver toda a sua trama. Um aspecto interessante é que até a cena final o espectador fica na dúvida sobre ser o personagem de Cooper inocente ou culpado. Extremamente bem escrito, é um ótimo momento da filmografia do ator. Infelizmente Cooper morreria naquele mesmo ano, sendo esse seu último filme.

O outro belo clássico que assisti foi "O Passado Não Perdoa". Esse é um faroeste dirigido por John Huston. Todo cinéfilo sabe que Huston foi um mestre da sétima arte. Ele nunca realizava filmes banais ou que caíssem no lugar comum. Era um cineasta dos mais constantes na realização de obras primas. Esse filme é uma delas. O roteiro começa mostrando o dia a dia de um clã familiar no velho oeste. Eles vivem em um rancho situado no deserto, em pleno território Kiowa. De tempos em temos os nativos guerreiros promovem massacres de colonos brancos na região. O patriarca da família Zachary foi morto em um desses ataques. Agora quem lidera o clã é Ben Zachary (Burt Lancaster), o irmão mais velho. Ele vive de transportar e vender gado pela região. A rotina familiar segue tranquila e feliz até que os Kiowas retornam.

Eles querem que Ben lhes dê a sua própria irmã, a jovem Rachel (interpretada por Audrey Hepburn, maravilhosa como sempre), para que ela seja levada para as montanhas onde vive a tribo. Para os Kiowas ela teria sido raptada de sua aldeia no passado. Um ataque feito pelo próprio patriarca Zachary. Claro que Ben (Lancaster) recusa de forma veemente a possibilidade de Rachel ser entregue de volta aos índios, o que acaba dando origem a uma verdadeira guerra entre brancos e indígenas. Huston mostra maestria na condução do filme. Ele não tem pressa, desenvolvendo cada personagem de forma bem caprichada. O elenco conta ainda com dois outros coadjuvantes bem interessantes para os cinéfilos: a presença da diva do cinema mudo Lilian Gish, como a velha matriarca e Audie Murphy, como o irmão do meio da família Zachary, uma pessoa que ainda não conseguiu superar seus preconceitos de natureza racial. Em suma, um belíssimo trabalho do mestre John Huston, um diretor que jamais me decepcionou.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Roy Bean: O Homem da Lei

O filme conta a história real de Roy Bean (Paul Newman), um pistoleiro e ladrão, que chegou numa região remota do Texas. Na ausência de qualquer lei ou autoridade judicial no local, o bandoleiro resolveu se auto intitular "juiz" e começou a impor aos moradores locais sua inusitada versão da lei e da ordem. A história do filme foi baseada na vida real do juiz Roy Bean, um fora da lei que chegou numa região inóspita do Texas, depois do Rio Pacos (considerado a fronteira entre o mundo civilizado e a terra sem lei) e lá se auto proclamou "juiz" mandando os foras da lei para a forca, sem nem pensar duas vezes. De posse de um velho livro empoeirado de direito que ele nunca leu na verdade (pois era praticamente analfabeto e cego de um olho), o velho bandoleiro trouxe sua visão muito particular de justiça a todos os que cruzaram seu caminho.

O cineasta John Huston mais uma vez se mostrou genial na direção desse western, isso porque ao longo de todo o filme ele imprime um tom de fino humor negro e ironia que caiu muito bem na bizarra história. Já Paul Newman estava totalmente à vontade no papel e deu show ao interpretar o personagem principal. Seguro de si, cínico, o ator dominou todas as cenas, mesmo quando contracenou com o ótimo elenco de apoio, com direito a participação especial do próprio John Huston, interpretando um caçador de ursos que chega na distante localidade. Por essa época de sua carreira Paul Newman procurava por personagens mais ousados, que fugissem do habitual. Ele, por exemplo, jamais faria um faroeste convencional, como os que eram produzidos na era de ouro do gênero. O ator procurava mesmo por maiores desafios.

Depois que vi o filme ficou a curiosidade de saber mais sobre o verdadeiro Roy Bean. Para minha surpresa descobri que seu saloon (que era também o seu tribunal improvisado) ainda existe no Texas e virou ponto turístico. Seu nome é bem reverenciado naquele Estado e ele goza de uma reputação de fazer inveja a outros grandes nomes do western como Billy The Kid e Jesse James. Talvez por representar a famosa "justiça pelas próprias mãos", Roy Bean acabou virando um símbolo de uma era há muito perdida. Mesmo que sua decisões fossem absurdas e sem qualquer ligação com as leis reais, ele foi visto na época (e hoje em dia também por alguns) como alguém que tentou impor justiça em uma terra sem lei, marcada pelo crime, violência e pela injustiça sem limites. Se você gosta da história do faroeste americano e seus personagens, então o filme é obrigatório. Esse Roy Bean foi mesmo uma figura histórica mais do que curiosa.

Roy Bean - O Homem da Lei (The Life and Times of Judge Roy Bean, Estados Unidos, 1972) Direção: John Huston / Roteiro: John Milius baseado no livro de C.L. Sonnichsen / Elenco: Paul Newman, Ava Gardner, Roy Jenson / Sinopse: Filme baseado em fatos históricos reais. No velho oeste um ladrão e pistoleiro chamado Roy Bean (Paul Newman) chega numa região selvagem do Texas. Por lá não existia nem lei e nem ordem. Assim o velho Roy resolve assumir a figura de carrasco e juiz, mandando para a morte todos aqueles que cruzavam seu caminho. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Música Original ("Marmalade, Molasses & Honey" de Maurice Jarre, Alan Bergman e Marilyn Bergman).

Pablo Aluísio. 


segunda-feira, 20 de março de 2006

Roy Bean - O Homem da Lei

O filme conta a história real de Roy Bean (Paul Newman), um pistoleiro e ladrão, que chegou numa região remota do Texas. Na ausência de qualquer lei ou autoridade judicial no local, o bandoleiro resolveu se auto intitular "juiz" e começou a impor aos moradores locais sua inusitada versão da lei e da ordem. A história do filme foi baseada na vida real do juiz Roy Bean, um fora da lei que chegou numa região inóspita do Texas, depois do Rio Pacos (considerado a fronteira entre o mundo civilizado e a terra sem lei) e lá se auto proclamou "juiz" mandando os foras da lei para a forca, sem nem pensar duas vezes. De posse de um velho livro empoeirado de direito que ele nunca leu na verdade (pois era praticamente analfabeto e cego de um olho), o velho bandoleiro trouxe sua visão muito particular de justiça a todos os que cruzaram seu caminho.

O cineasta John Huston mais uma vez se mostrou genial na direção desse western, isso porque ao longo de todo o filme ele imprime um tom de fino humor negro e ironia que caiu muito bem na bizarra história. Já Paul Newman estava totalmente à vontade no papel e deu show ao interpretar o personagem principal. Seguro de si, cínico, o ator dominou todas as cenas, mesmo quando contracenou com o ótimo elenco de apoio, com direito a participação especial do próprio John Huston, interpretando um caçador de ursos que chega na distante localidade. Por essa época de sua carreira Paul Newman procurava por personagens mais ousados, que fugissem do habitual. Ele, por exemplo, jamais faria um faroeste convencional, como os que eram produzidos na era de ouro do gênero. O ator procurava mesmo por maiores desafios.

Depois que vi o filme ficou a curiosidade de saber mais sobre o verdadeiro Roy Bean. Para minha surpresa descobri que seu saloon (que era também o seu tribunal improvisado) ainda existe no Texas e virou ponto turístico. Seu nome é bem reverenciado naquele Estado e ele goza de uma reputação de fazer inveja a outros grandes nomes do western como Billy The Kid e Jesse James. Talvez por representar a famosa "justiça pelas próprias mãos", Roy Bean acabou virando um símbolo de uma era há muito perdida. Mesmo que sua decisões fossem absurdas e sem qualquer ligação com as leis reais, ele foi visto na época (e hoje em dia também por alguns) como alguém que tentou impor justiça em uma terra sem lei, marcada pelo crime, violência e pela injustiça sem limites. Se você gosta da história do faroeste americano e seus personagens, então o filme é obrigatório. Esse Roy Bean foi mesmo uma figura histórica mais do que curiosa.

Roy Bean - O Homem da Lei (The Life and Times of Judge Roy Bean, Estados Unidos, 1972) Direção: John Huston / Roteiro: John Milius baseado no livro de C.L. Sonnichsen / Elenco: Paul Newman, Ava Gardner, Roy Jenson / Sinopse: Filme baseado em fatos históricos reais. No velho oeste um ladrão e pistoleiro chamado Roy Bean (Paul Newman) chega numa região selvagem do Texas. Por lá não existia nem lei e nem ordem. Assim o velho Roy resolve assumir a figura de carrasco e juiz, mandando para a morte todos aqueles que cruzavam seu caminho. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Música Original ("Marmalade, Molasses & Honey" de Maurice Jarre, Alan Bergman e Marilyn Bergman).

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de janeiro de 2006

A Glória de um Covarde

Título no Brasil: A Glória de um Covarde
Título Original: The Red Badge of Courage
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Huston
Roteiro: John Huston
Elenco: Audie Murphy, Bill Mauldin, Douglas Dick

Sinopse:
Henry Fleming (Audie Murphy) é um jovem soldado ianque durante a guerra civil americana. Seu regimento se prepara há tempos para entrar em combate mas esse dia sempre é adiado. Ao contrário de seus colegas de tropa, Fleming teme por sua vida no campo de guerra. Durante sua primeira batalha ele entra em pânico e com medo de morrer sai correndo do front. Isso lhe traz uma crise de consciência terrível que faz com que ele volte para enfrentar o inimigo com uma bravura jamais vista no fogo cruzado entre os soldados do norte e seus inimigos, os confederados do sul. Indicado ao BAFTA Awards na categoria Melhor Filme.

Comentários:
Uma pequena obra prima assinada pelo mestre John Huston. O cineasta resolveu roteirizar o famoso livro de autoria de Stephen Crane que explora os medos e anseios de um soldado comum durante a guerra civil americana. A estória se passa em 1862 e o enredo se desenvolve todo em apenas dois dias na vida daqueles homens. O grande diferencial desse "The Red Badge of Courage" em relação a outros filmes sobre a guerra civil  da época é que ele desenvolve excepcionalmente bem a personalidade do jovem soldado, mostrando seus pensamentos, seu receio e o terror frente ao inimigo e por fim sua redenção gloriosa. Todos os membros do pelotão são muito bem desenvolvidos psicologicamente e isso mostra muito bem como Huston era um gênio do cinema, um diretor realmente diferenciado. Em uma época em que os filmes de western mostravam homens bravos, sem máculas, ele ousou realizar um filme mostrando um sujeito com muitas dúvidas, agindo até mesmo como um covarde, temeroso por sua vida e seu destino. Outro aspecto digno de nota é a interpretação do ator Audie Murphy. Ele mesmo um veterano de guerra, se mostra excepcional em cena, algo que vai surpreender a muitos que o consideravam apenas como um ator mediano de faroestes B. Enfim, temos mesmo aqui uma obra de arte com a assinatura do genial Huston. Um belo filme que vai agradar em cheio os admiradores do mais americano dos gêneros cinematográficos.

Pablo Aluísio.