A Alemanha nazista foi palco das maiores atrocidades da história da humanidade. O holocausto foi um momento único de terror e desumanidade na trajetória do homem sobre a Terra. Após o fim da Segunda Guerra Mundial todos aqueles que de alguma forma colaboraram com o regime nazista de Adolf Hitler foram julgados na cidade de Nuremberg. Infelizmente alguns líderes nazistas conseguiram escapar dessa corte internacional se suicidando ou então fugindo para outros países distantes. O braço direito de Hitler, Himmler, por exemplo, foi capturado, mas se matou com cianureto em sua cela antes que pudesse enfrentar seu julgamento. Ficaram impunes e não pagaram por seus crimes horrendos, infelizmente.
Na verdade histórica não houve apenas um julgamento em Nuremberg, mas vários, com muitos réus dos mais diversos setores da Alemanha nazista. Esse filme se concentra no julgamento de membros do poder judiciário (juízes em sua maioria) e promotores públicos que não apenas colaboraram com o nazismo como chancelaram leis e decretos do Reich completamente absurdos, como os que previam pena de morte para arianos que se envolvessem com não-arianos e judeus ou que traziam normas sobre esterilização dos indesejados ao regime como comunistas, doentes mentais e membros de etnias consideradas inferiores pela doutrina nazista. No banco de réus se encontrava justamente um dos maiores juristas do direito alemão, o Dr. Ernst Janning (Burt Lancaster), homem culto, amante das artes e um autor e magistrado consagrado que a despeito de sua vasta cultura jurídica e humanista não hesitou em colaborar diretamente com os ideais de Hitler, inclusive enviando milhares de inocentes para campos de concentração do Terceiro Reich.
O roteiro do filme é primoroso, mostrando essa enorme contradição em que intelectuais e homens da mais fina cultura se tornavam meros instrumentos de morte para a máquina de extermínio nazista. O argumento também ousa perguntar até onde teria ido a responsabilidade do povo alemão pelos terríveis crimes de guerra promovidos pelos homens de Hitler. Isso é bem exemplificado pelos próprios réus no processo. Embora ocupassem altos cargos dentro do Reich todos negaram de forma incisiva que jamais souberam do que se passava dentro dos muros dos campos de extermínio.
O juiz americano Dan Haywood, indicado para julgar esses criminosos de guerra, é magnificamente interpretado por Spencer Tracy. Seu personagem é um sujeito provinciano do interior dos EUA, que fica chocado com a extrema brutalidade que toma conhecimento durante os depoimentos de testemunhas. Não menos talentosos em cena estão Richard Widmark como o promotor, membro das forças armadas americanas e Maximilian Schell, interpretando o advogado de defesa. Elenco fabuloso que conta ainda com grandes atores dando vida às testemunhas do caso, com destaque para Montgomery Clift como uma das vítimas da política nazista de pureza racial. O filme exige um certo comprometimento do espectador uma vez que sua duração ultrapassa as três horas, mas quem se propor a assistir a “O Julgamento de Nuremberg” será muito bem recompensado pois certamente se trata de uma obra prima da história do cinema.
O Julgamento de Nuremberg (Judgment at Nuremberg, EUA, 1961) Direção: Stanley Kramer / Roteiro: Abby Mann / Elenco: Spencer Tracy, Burt Lancaster, Richard Widmark, Maximilian Schell, Montgomery Clift, Judy Garland, William Shatner, Marlene Dietrich / Sinopse: O filme narra os acontecimentos que ocorreram durante um dos mais famosos julgamentos realizados na cidade de Nuremberg após o fim da Segunda Guerra. No banco dos réus juízes e promotores alemães que colaboraram com a política nazista de extermínio e esterilização de raças consideradas inferiores.
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirO Julgamento de Nuremberg
Pablo Aluísio.
Pelo jeito a prática do Lula de nunca saber de nada apesar de ser o chefe de tudo é mais antiga do que eu pensava.
ResponderExcluirÉ um velho argumento...
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