Em terra de cego, caolho é rei. Esse ditado infame se aplica muito no que diz respeito a Robin Hood. Em um ano com tanto filme ruim, o filme de Ridley Scott se sobressai acima dos demais blockbusters. O roteiro é bem escrito, apesar de muitas situações absurdas do ponto de vista histórico e o filme em nenhum momento chega a ofender a inteligência do espectador, pelo contrário, é uma tentativa de revitalizar o velho jeito de fazer cinema, principalmente dos antigos filmes de aventura. Nesse aspecto os mais jovens podem até mesmo achar o filme chato em certos momentos (ele não tem tantas cenas de ação como se pensava), é relativamente parado, mas esse tipo de coisa vejo como algo positivo pois as cenas de intrigas palacianas são as melhores na minha opinião. A trama todo mundo já conhece: Robin Hood é o ladrão que rouba dos ricos para dar aos pobres. Tem um caso com sua amada Mariah (ou como aqui no filme Marion) e está em constante atrito com o xerife de Nottingham. Nada de novo.
Para falar a verdade as bases desse personagem são as mesmas desde a Idade Média quando sua vida era cantada em prosa e verso pelos trovadores e menestréis medievais. Robin existiu realmente ou é apenas um personagem de contos de fadas? Fato ou ficção? Até hoje se debate sobre isso sem uma conclusão definitiva. De qualquer forma, mesmo não tendo existido de fato a questão é que Robin Hood faz parte de um contexto histórico. Olhando sobre esse ponto de vista histórico o filme é quase um desastre completo, temos que admitir. A tentativa de colocar Robin Hood no centro da declaração de direitos do Rei João Sem Terra é um absurdo sem tamanho. Se existiu realmente, Robin era apenas um ladrão de bosque e não um arauto das liberdades individuais. Nesse aspecto a coisa ficou forçada, assim como o romance de Robin com Marion, aqui uma nobre empobrecida. De qualquer forma o filme só não é pior em termos de história porque a caracterização de Ricardo Coração de Leão foi muito boa, melhor do que todas as outras versões sobre Robin. Definitivamente o Rei não era o herói que aparece em tantos filmes mas um sujeito bem cruel e despótico. Além disso apesar de ser um símbolo da realeza inglesa Ricardo era quase que totalmente francês do ponto de vista cultural (falava francês na verdade e seguia muito mais os hábitos e costumes franceses do que ingleses) De qualquer forma deixando isso de lado até que o saldo geral não é ruim, pois o filme diverte, não aborrece e nos prende a atenção. Isso em um ano tão escasso de bons filmes faz toda a diferença do mundo.
Robin Hood (Robin Hood, Estados Unidos, 2010) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Brian Helgeland, Brian Helgeland / Elenco: Russell Crowe, Cate Blanchett, Matthew Macfadyen / Sinopse: Robin Hood (Russel Crowe) volta das cruzadas onde lutou ao lado do rei Ricardo Coração de Leão e encontra a Inglaterra em grande turbilhão político e social. Ao lado de sua amada Marion Loxley (Cate Blanchett) parte em busca de um país mais igualitário e justo para todos os cidadãos do reino.
Pablo Aluísio.
Robin Hood 2010
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