quarta-feira, 11 de maio de 2011

Paul McCartney - Egypt Station

Esse é o novo álbum de Paul McCartney. "Egypt Station" é o seu título. Como se pode perceber ele não está nem um pouco disposto a se aposentar. John Lennon sempre disse que Paul era viciado em trabalho. A mais pura verdade. Esse álbum me deixou bem satisfeito, mais do que os anteriores. Paul abraçou novamente as boas melodias, as sonoridades agradáveis ao ouvido, voltando para aquele tipo de música que sempre foi sua marca registrada. É um repertório que me fez lembrar dos melhores discos de Paul nos anos 80. Ele definitivamente não perdeu a mão em compor e produzir músicas nesse estilo. Isso você perceberá logo no começo do CD. "I Don't Know" tem um belo arranjo em piano e violão. Seus primeiros acordes me fizeram lembrar imediatamente de "Only Love Remains". A letra é simples, passando uma mensagem que não vai mudar o mundo, mas que agrada bastante. Aqui Paul acerta justamente por escolher o simples e eficiente. Nada de sons exagerados, tentando evocar uma modernidade que não agrega em nada no final das contas.

Como não poderia deixar de ser a faixa mais comentada entre os fãs brasileiros é justamente a música que Paul fez em homenagem ao nosso país. Os primeiros acordes já entregam que Paul foi em busca de inspiração na boa e velha Bossa Nova. Depois ele acrescenta uma sonoridade mais moderninha, mas sem nunca deixar o acompanhamento inicial. Essa canção que Paul batizou de "Back in Brazil" foi composta quando ele estava em turnê pela terra brasilis. Segundo o produtor Greg Kurstin essa foi uma das primeiras canções gravadas e uma das que mais deram trabalho a Paul em estúdio. Sim, o Brasil não é para iniciantes! Outro destaque desse disco é "Hand in Hand". Seu estilo me fez lembrar muito das canções do disco "London Town" de 1978. É a mesma simplicidade romântica, com poucos instrumentos ao fundo, quase como se Paul estivesse cantando uma canção de ninar. O arranjo de quarteto de cordas que vai surgindo aos poucos também acrescenta muito ao resultado final. Achei acima de tudo uma faixa cativante, principalmente para quem é fã de longa data do ex-Beatle.

Gostei de "Who Cares" desde a primeira vez que ouvi. Certo, a canção tem um começo meio esquisito, mas depois que Paul coloca para fora seu lado, digamos, experimental, a canção embala. É uma daquelas faixas que me lembram dos discos de Paul lá por volta de meados dos anos 80. Com um arranjo de guitarras bem à vontade, é um dos bons momentos do disco. Uma faixa crua que cumpre o que promete. Já "Fuh You" parece simplória em seus primeiros acordes. Porém é preciso reconhecer que ela tem uma das melhores melodias do álbum e um refrão que vai grudar na sua cabeça de forma definitiva. Com duas audições você já pegou a linha da canção, não a esquecendo mesmo. É aquele tipo de som descompromissado que fez a carreira solo de Paul. Não me admira que esse CD tenha vendido tanto. Sua sonoridade que nos remete ao bom e velho Paul dos anos 80 aqui prova que a antiga fórmula ainda funciona muito bem. Típico som para tocar na FM naquela viagem de carro que você vai ter que fazer no fim de semana.

Gosta de uma boa balada ao violão? Então a dica do álbum é a singela "Confidante". Paul disse que sempre compôs ao longo da vida com basicamente apenas dois instrumentos: violão ou piano. Suas músicas mais clássicas sempre foram feitas ao piano. As mais bucólicas sempre surgiram nas cordas do violão que ele sempre gosta de carregar para onde vai, até porque a inspiração pode pintar a qualquer momento, em qualquer lugar. Essa faixa foi composta ao violão, enquanto Paul tirava férias numa estação de verão nos Estados Unidos. Composta à beira do lago mantém bem esse clima. Mais um momento agradável do álbum. Gostei bastante. Devo dizer que não curti muito "People Want Peace". Não se trata de implicância com a letra pacifista onde Paul tenta apertar um botão para virar o ativista John Lennon dos anos 70. Nada disso. Certo que a música tem muitos clichês - alguns já mais do que saturados - porém o que derrapa aqui em minha opinião é a própria melodia, que considero fraca e sem direção. O finalzinho com todo mundo batendo palma, como se estivessem em um acampamento hippie, também não convence em nada. Esse tipo de música era com John Lennon, não tem jeito. Com Paul parece forçada e falsa. 

Enfim, essas são algumas músicas que mais me chamaram a atenção, mas há outros bons momentos certamente. Em termos de música todos acabam desenvolvendo seus próprios gostos pessoais, como é de praxe. Minha conclusão sobre esse álbum de Paul McCartney é que ele obviamente perde em comparação com outras obras musicais do passado desse grande artista, mas em relação a outros CDs mais recentes até que se sai muito bem. Talvez haja excesso de faixas (18 são um pouco demais em minha opinião) teriam deixado o disco mais enxuto, com mais qualidade. Entretanto esse é uma escolha pessoal do artista. Assim o que temos é um álbum acima de tudo agradável de se ouvir.

Paul McCartney - Egypt Station (2018)
Opening Station
I Don't Know
Come On to Me
Happy with You
Who Cares
Fuh You
Confidante
People Want Peace
Hand in Hand
Dominoes
Back in Brazil
Do It Now
Caesar Rock
Despite Repeated Warnings
Station II
Hunt You Down/Naked/C-Link

Pablo Aluísio.

8 comentários:

  1. Paul McCartney
    Egypt Station
    Pablo Aluísio.

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  2. Sua opiniao e temos de respeitar e o tema paz não era exclusivo do Lennon! Adoro o People want peace o começo com aquelas batidas intermitentes que espectáculo adoro o meio que ele foi retirar da sua Return to Pepperland e adoro o fim já a música Confidante e a pior do álbum bom a única que eu não gosto ,a melhor e sem dúvida Who Cares com a distorção de guitarra no princípio brilhante a segunda melhor e Nothing for free e a terceira Come on to me e por aí fora, grande álbum!

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  3. Carlos, obrigado pela visita ao blog e por ter deixado sua opinião sobre o álbum do Paul. Grande abraço.

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  4. Pablo:

    O Paul mudou para o Brasil? Ele não sai mais daqui. kkkkkk

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  5. Eu baixei esse disco no dia do show dele na estação que foi até transmitido pelo You Tube. Ao vivo a voz dele parece um pouco cansada, claro, quase 80 anos, alguns tons de algumas músicas abaixaram, mas ele tá bem pra caramba ainda. Esse CD ainda eu não ouvi com atenção todo ele, mas é um disco ótimo que gostei bastante.
    Abraço do Baratta.

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  6. A capa me lembrou um pouco o disco Gone Troppo de 1982 do George Harrison.

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  7. Serge,
    Paul achou um país bom para vender seu show. Negócios são negócios. Ele até fez uma música para o nosso país. No mais já se tornou da casa, da nossa grande casa brasileira.

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  8. Baratta,
    Assisti recentemente um show de Paul em St.Louis e te digo: a idade começou a pesar no Paul. Voz fraca, já sentindo os anos. Mas Paul é Paul, um ex-Beatle, que sempre merece nosso respeito. No tocante à capa e ao novo álbum, bom, da capa não gostei muito (apesar de ser arte do próprio Paul), mas das músicas curti. Acho um CD com sonoridade bem agradável.

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