Esse foi o último álbum da carreira de Michael Jackson. Na época de seu lançamento houve uma grande ansiedade por parte de fãs e imprensa pois já fazia quatro anos que o cantor não lançava material realmente inédito no mercado. Nem é preciso lembrar que a vida de Michael continua caótica, enfrentando problemas de toda ordem, inclusive complicados processos envolvendo acusações de pedofilia. Por isso Michael se considerava naquela altura de sua vida uma pessoa realmente invencível, uma vez que havia conseguido sobreviver a todos esses problemas. Jackson estava em uma nova gravadora, a Sony, e tinha grandes expectativas em relação ao disco mas logo se mostrou desapontado com os resultados comerciais. Três singles foram lançados, "You Rock My World", "Cry" e "Butterflies" mas nenhum deles conseguiu ser efetivamente um impacto nas paradas como os antigos sucessos de sua carreira. O álbum também se mostrou tímido em termos de vendagens, vendendo meras cinco milhões de cópias nos Estados Unidos, um número bom para qualquer artista mas não para Michael Jackson que conseguira vender estimadas 100 milhões de cópias por Thriller. Em vista disso o rótulo de "fracasso" comercial começou a rondar Invincible. Em represália Michael culpou a Sony pelos resultados fracos. Chegou ao ponto de acusar a gravadora de ser racista e ter boicotado seu material por ele ser um astro afro-americano. O rompimento depois de acusações tão pesadas logo se tornou inevitável.
Eu sempre digo que quando o artista perde o foco de sua arte se preocupando apenas com números ele acaba perdendo sempre o que tem de melhor. É isso é algo bem claro nesse "Invincible". De repente todos estavam falando das poucas cópias vendidas, esquecendo de analisar o CD apenas por seus méritos artísticos. Olhando sobre esse ângulo considero "Invincible" um bom trabalho de Jackson. Não é uma obra prima mas certamente é um trabalho acima da média. Talvez sua preocupação em flertar com artistas do estilo rap tenha ofuscado um pouco o conjunto das canções do álbum mas há outros estilos presentes no disco que o salvam da mediocridade. R&B, hip hop e dance-pop estão presentes na seleção musical para amenizar esse aspecto negativo. Curiosamente Jackson só volta a brilhar mesmo quando retoma seu bom e velho estilo em faixas como "You Are My Life", "Break of Dawn" ou até mesmo a ótima "Speechless" que tem uma linda melodia. Já quando tenta se auto imitar como em "Threatened" derrapa feio pois definitivamente os dias de Thriller estavam há muito superados. A participação de grandes músicos, como Slash, o mitológico guitarrista do Guns and Roses, em "Privacy" também ajudam a manter o interesse. Michael também não deixou o lado mais social de lado dedicando o disco para o garoto negro Benjamin "Benny" Hermansen, morto por grupos neonazistas na Noruega em 2001. Assim no final das contas não importa se o álbum foi ou não um estouro de vendas pois hoje em dia isso não tem qualquer importância. O que é relevante é a música de Jackson, que aqui ressurge não tão brilhante como um dia foi, mas mesmo assim mantendo um nível de qualidade digno de sua posição dentro da música mundial. Sem dúvida ele foi um artista que deixou uma lacuna que dificilmente será preenchida. Era um cantor e compositor realmente fora de série.
Michael Jackson - Invincible (2001)
Unbreakable / Heartbreaker / Invincible / Break of Dawn / Heaven Can Wait / You Rock My World / Butterflies / Speechless / 2000 Watts / You Are My Life / Privacy / Don't Walk Away / Cry / The Lost Children / Whatever Happens / Threatened.
Pablo Aluísio.
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