Em 1969 chegou nas lojas o álbum "John Lennon - Live Peace in
Toronto". Esse pode ser considerado o primeiro disco solo de John do
ponto de vista puramente musical. Seus outros trabalhos ao lado de Yoko
Ono traziam apenas sons experimentais e nada mais. Aqui sim havia
finalmente música. É um show ao vivo com a Plastic Ono Band, um arremedo
de grupo musical que John reuniu às pressas para fazer o concerto. O disco abre com um cover de Lennon para o clássico de Carl Perkins, "Blue Suede Shoes",
que como todos sabemos se tornaria imortal mesmo na voz de Elvis
Presley. Apesar da pressa de se ensaiar na véspera do show e tudo mais,
essa versão de John Lennon é bem executada, diria até muito boa. Há uma
pegada bem mais pesada do que as versões originais e os solos de
guitarra valorizam muito o resultado final. Com essa performance Lennon
quis deixar claro suas raízes, de onde tinha surgido sua vontade de ser
um roqueiro. Tudo podia ser encontrado nos primeiros discos da pioneira
geração do rock americano. O resto era bobagem.
Depois ele mais uma vez deixou o arranjo mais pesado e visceral nessa nova versão de "Money",
uma canção marcante dos primeiros discos dos Beatles. É impossível não
lembrar dos Beatles aqui. A melodia foi, digamos, modificada bastante
por John. Ficou com menos velocidade, mas também mais pesada. Uma
solução por parte de Lennon que me agradou completamente devo dizer. A
única ausência mais sentida vem da ausência justamente dos vocais de
apoio de Paul e George. A voz isolada de John deixa uma sensação de
vácuo, de que algo está faltando. E está mesmo, pois os Beatles eram
mesmo insubstituíveis.
Depois de dois covers - excelentes, é bom frisar - John se sai com uma versão envenenada de "Dizzy, Miss Lizzy".
Essa canção fechava o álbum "Help!" dos Beatles. Não era uma composição
de Lennon e McCartney, mas sim uma faixa composta por Larry Williams.
Na época de sua gravação original ao lado dos Beatles, John justificou
sua gravação como um lembrete aos demais membros do grupo de que os
Beatles era uma banda de rock ´n´ roll e isso jamais deveria ser
esquecido. Por isso ele optou por essa pauleira, com guitarras
estridentes e fortes. Talvez John estivesse incomodado com gravações
como "Yesterday" e todos aqueles violinos. Para John Lennon isso agredia
um pouco a imagem que ele gostava de ter de si mesmo, a de um jovem
roqueiro rebelde com casaco de couro.
Uma pena que John Lennon nunca tocou "Yer Blues" ao vivo com
os Beatles. Essa canção que foi lançada no Álbum Branco era de excelente
qualidade, um blues ao velho estilo. Tinha um ótimo arranjo, contando
com excelentes solos de Harrison. Infelizmente quando ela foi gravada os
Beatles já tinham desistido dos concertos e das turnês internacionais.
Assim acabou se tornando uma canção apenas de estúdio. Os Beatles jamais
a tocariam ao vivo.
Tinha grande potencial de palco,
algo que certamente Lennon sabia, tanto que a levou para seu show em
Toronto. A execução de John ao lado da Plastic Ono Band até que é muito
boa, mas certamente jamais poderia ser comparada à versão oficial dos
Beatles. Embora bem fiel ao disco, deixa em certos aspectos muito a
desejar, principalmente no duelo de guitarras no solo, em sua parte
final.
"Cold Turkey" também apresenta problemas.
Aceleram demais a velocidade da música, tão absurdamente que ficou
parecendo até mesmo outra canção! Absurdo! Essa canção ganhou uma bela
versão de estúdio, que inclusive foi lançada como single na época. Ao
vivo ela ficou estranha, principalmente por Lennon não demonstrar muita
fidelidade ao disco original.
Para falar a verdade percebe-se até mesmo
um certo desleixo por parte dele, o que não deixa de ser uma surpresa,
já que a música era já naquela época considerada uma de suas melhores
faixas na carreira solo. Os gritinhos de Yoko também não ajudam em nada.
O público fica até mesmo assustado com eles. Isso fica claro quando se
percebe as tímidas palmas depois que o grupo termina de tocar a canção.
Pelo visto não gostaram muito.
Depois de "Cold Turkey" Lennon resolve cantar um dos seus hinos de paz, a super conhecida "Give Peace a Chance".
Essa música pacifista foi escrita por Lennon para participar de sua
campanha pela paz "War is Over". Curiosamente a música trazia como
coautor Paul McCartney, embora ele não tivesse na verdade nada a ver com
a canção. Era a velha cláusula, ainda dos primeiros anos dos Beatles,
que afirmava que eles sempre assinariam Lennon / McCartney, mesmo quando
as canções fossem feitas por apenas um deles. Como os Beatles ainda
estavam na ativa em 1969 - eles só se separariam definitivamente em 1970
- Lennon cumpriu sua parte do acordo, colocando seu companheiro de
banda na coautoria da canção.
Pablo Aluísio.
John Lennon
ResponderExcluirToronto 1969
Pablo Aluísio.
Na hora em que o John Lennon está tocando "Blue Suede Shoes" neste show a tonta da Yoko, em uma das suas "performances", começa e mexer com um lençol branco e no fim da música termina em baixo desse lençol, parecendo um fantasma bobo. Vergonha alheia total. Oh mulher besta essa Yoko.
ResponderExcluirAqui vai uma dose de sinceridade: nunca gostei da Yoko, nem como artista, nem como pessoa. Acho ela bem intragável.
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