Esse fim de semana tive o prazer de assistir o interessante documentário "US vs John Lennon". O enfoque desse filme é a luta travada por John Lennon contra o governo de Richard Nixon que usou de todas as artimanhas (legais e ilegais) para expulsar o ex beatle dos EUA. A intenção oficial era simplesmente deportar um estrangeiro que não tinha o direito de permanecer no país após ter seu visto expirado. Isso pelo menos era o que foi divulgado ao público americano durante a crise. O fato porém é que na realidade o governo republicano queria se livrar de uma pessoa que incomodava a política americana, principalmente em relação à guerra do Vietnã, que Lennon criticava abertamente. É a velha história de abuso do poder que tanto conhecemos (principalmente no Brasil onde a máquina estatal muitas e muitas vezes simplesmente serve para os objetivos particulares de quem detém o poder naquele momento). Não tem jeito, a natureza humana certamente leva os "donos do poder" a abusar dele e o direcionar não para o interesse público, coletivo, mas seus próprios interesses, alguns bem mesquinhos.
O filme mostra de forma bastante didática o momento em que Lennon deixou de ser apenas um astro pop de uma banda comercial para se tornar um ativo ativista político, se envolvendo em passeatas, shows de protesto e movimentos pela paz. Como sempre acontece com pessoas que resolvem se insurgir contra a máquina, ele foi satirizado, ridicularizado e sua credibilidade foi atacada de todas as formas. Para muitos Lennon era apenas "um sonhador drogado, sem nada de concreto para oferecer". Após assistir ao documentário cheguei na conclusão que sua luta foi sincera, embora em muitas ocasiões não tenha utilizado dos meios que seriam mais eficazes. De certa forma Lennon seguiu a mesma linha de protesto que já havia sido utilizado com sucesso antes por líderes como Gandhi e Martin Luther King. Basicamente é a mensagem do uso da não violência como arma contra o sistema corrupto e corroído em suas próprias entranhas. Curiosamente Lennon acabou sendo morto da mesma maneira que os já citados, ou seja, um defensor da não violência acabou sendo assassinado justamente pela violência mais sem sentido e gratuita.
Algumas lições ficam desse filme. A primeira é que no mundo em que vivemos é muito perigoso simplesmente dizer a verdade. A sociedade tem suas bases fundadas em muitas hipocrisias e falsas boas intenções. Geralmente certos grupos ou famílias tomam o poder político e o utilizam de forma bem vil, agindo em certas ocasiões como verdadeiras cosas nostras. Segundo, queira ou não, somos todos ditados pelo poder econômico. A vida da sociedade humana é ditada pela economia, pelo poder financeiro. Muitos se perguntam porque os americanos entraram em uma guerra tão sem sentido com o pequeno Vietnã? Simples, pelo poder econômico da indústria de armas. Aliás o fato continua ainda nos dias de hoje, haja visto o envolvimento dos americanos em conflitos como o Iraque e Afeganistão. Pelo visto, apesar de todos esses anos pouco ou nada se aprendeu nessa questão. O mundo continua sendo apenas uma esfera de influência desses grupos. Em um terreno hostil assim pessoas como John Lennon, Gandhi e Luther King acabam pagando com suas próprias vidas.
Pablo Aluísio.
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