Esse pode ser considerado o primeiro disco solo da carreira de John Lennon. Embora ele tenha lançado alguns discos antes e após a dissolução dos Beatles, Plastic Ono Band é o seu primeiro trabalho de estúdio trazendo canções inéditas. O trabalho desenvolvido por Lennon aqui é bem autoral, sendo a maioria das músicas compostas em primeira pessoa, demonstrando que ele não tinha o menor problema em expor sua vida e seus problemas pessoais de forma aberta e sem artifícios. A própria canção que abre o disco demonstra isso de forma bem clara, pois Mother, composta em homenagem à sua mãe falecida, é uma declaração sem receios dos sentimentos que nutria em relação à Julia, morta de forma estúpida por um motorista embriagado.
Com produção de Phil Spector, o mesmo produtor designado por Lennon para dar um jeito nas gravações do último disco a ser lançado pelos Beatles, Let it Be, e contando com um equipe de feras no estúdio, John Lennon reuniu uma excelente coleção de músicas compostas na época em que era um Beatle, mas que não tinham encontrado espaço nos discos do grupo. Curioso notar a presença de Eric Clapton e Billy Preston no disco. Os dois foram cogitados pelo próprio Lennon para integrarem os Beatles em seus momentos finais. Aqui ele certamente desenvolveu o trabalho que queria fazer antes, mas que fora vedado por Paul McCartney e cia.
John Lennon / Plastic Ono Band na verdade é apenas um lado do projeto desenvolvido por Lennon ao lado de sua esposa. A continuidade do projeto se deu com outro disco, intitulado Yoko Ono / Plastic Ono Band. Tudo era baseado na terapia do grupo primal no qual ambos estavam intimamente envolvidos. O disco de Yoko Ono, completamente cantada por ela, é pouco conhecido nos dias de hoje, até porque sua voz e seu talento musical nunca foram unanimidade nem entre os fãs mais ardorosos do ex-beatle.
De qualquer forma o disco de John deve certamente ser conhecido pois apresenta grandes momentos, embora é bom reconhecer, no lado puramente musical o disco não tenha a riqueza dos trabalhos que foram feitos enquanto ele fazia parte dos Beatles. Ótimo letrista, John não era um grande arranjador, sendo essa parte coberta de forma riquíssima por seu colega, Paul McCartney. Esse disco demonstra bem isso. A voz de Lennon está lá, assim como suas letras inteligentes, engajadas e polêmicas, mas falta maior riqueza sonora, falta sonoridade e harmonia. Um exemplo claro disso é a faixa Remember, muito pobre em termos de acompanhamento e desenvolvimento. Em faixas como Love isso até soa a favor, pois a música é ternamente simples e direta, porém em outras como Working Class Hero fica sempre a sensação de que algo está faltando. De qualquer maneira o disco cumpriu sua função e mostrou a Lennon que havia vida após a morte dos Beatles. Nos anos que seguiriam ele iria melhorar e muito em certas deficiências de sua carreira solo e iria compor hinos eternos como Imagine, mas essa é uma outra história...
John Lennon / Plastic Ono Band (1970)
01. Mother
02. Hold On
03. I Found Out
04. Working Class Hero
05. Isolation
06. Remember
07. Love
08. Well Well Well
09. Look at Me
10. God
11. My Mummy's Dead
Pablo Aluísio.
Mas será que a intenção do John Lennon na época, não seria justamente essa? De fazer um album cru, um som mais rock and roll, mais direto, tocado de forma simples, sem aqueles arranjos todos, que muitas vezes o deixavam irritado?
ResponderExcluirEu discordo dessa afirmação do John Lennon, não ter sido bom arranjador em suas músicas, mas discordo muito. Nesse album mesmo, tem músicas com grandes arranjos, na música God, piano no estilo gospel,uma melodia bem intensa, com mudanças durante a música. Mother e Isolation, duas músicas muito famosas, melodias maravilhosas.
Isso sem falar em músicas como Imagine, Jealous Guy, Happy Xmas (War Is Over), Mind Games, Woman Is The Nigger Of The World, 9 Dream, Just Like Starting Over, Woman, Beautiful boy, etc. São músicas com arranjos maravilhosos, músicas que serão sucesso para sempre, minha opinião é claro.
Mas no Plastic Ono Band, acho que a intenção dele foi de não fazer um album muito produzido, sair daquela prisão de como o som dos albuns dos Beatles deveriam ser, etc. Mas mesmo assim esse album tem vários clássicos...
Obrigado pelos comentários Márcio. De fato, pode sim ter sido uma decisão consciente por parte de Lennon. O fato histórico porém indica que quase sempre Lennon procurava alguém mais experiente e com fama de grande arranjador para trabalhar com ele em estúdio em seus discos da carreira solo, como por exemplo Phil Spector. A impressão que essa atitude passa é a de que realmente ele não se sentia totalmente seguro nesse quesito.
ResponderExcluirPablo Aluísio.
Isso traduz bem o perfil dos Beatles.
ResponderExcluirO arranjador das músicas, não era nem John Lennon, nem Paul, era o produtor deles, George Martin. Mas as músicas, as melodias, eram compostas pelos dois, a produção servia como um complemento.
É assim que eu vejo a carreira solo do John Lennon, ele podia ter em seu estudio, um produtor muito bom, mas as músicas eram compostas por ele. Sendo que ele foi o produtor de dois albuns com arranjos muito bons, o Mind Games e o Walls And Bridges.
O Paul tb teve a ajuda de grandes arranjadores em sua carreira solo, o George Martin produziu o Tug Of War, foi produtor na música Live And Let Die, talvez o seu maior sucesso em toda a sua carreira solo.
um álbum sem grandes arranjos, se tratando de lennon, sempre soa a favor...
ResponderExcluirO disco tem arranjos simples. Se foi ou não a intenção de Lennon, aí já é outra história. O fato é que realmente o resultado é esse.
ResponderExcluirO que é simples não siginfica ser ruim.
ResponderExcluirAvaliação:
ResponderExcluirProdução: ★★
Arranjos: ★★
Letras: ★★
Direção de Arte: ★★
Cotação Geral: ★★
Nota Geral: 6.3
Cotações:
★★★★★ Excelente
★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
★★ Regular
★ Ruim