quarta-feira, 16 de novembro de 2011

John Lennon - John Lennon Live In New York City

Esse é o único disco póstumo ao vivo da carreira solo de John Lennon. Na verdade não é complicado entender o porquê. Lennon fez pouquíssimas apresentações depois do fim dos Beatles. A maioria de seus álbuns não foram divulgados em turnês e ao contrário de seu ex-colega de banda, Paul McCartney, John Lennon não sentia a menor necessidade de cair na estrada novamente. Em entrevistas Lennon explicava que achava os músicos de concertos ao vivo muito caros e complicados de se lidar, além disso ele próprio não estava seguro se estava disposto a enfrentar todo o desconforto da estrada, dos hotéis, dos concertos e do público, sempre pegando no pé, querendo autógrafos, etc. John preferia mesmo ficar na tranquilidade dos estúdios, gravando seus discos anuais sem muito esforço. No máximo aceitava filmar algum material promocional e era só. 

 Em 1972 porém resolveu que queria gravar um disco ao vivo, tal como aqueles que Elvis Presley vinha lançando ao público. O local escolhido foi o famoso e mitológico Madison Square Garden, o mesmo que Elvis se apresentaria nesse mesmo ano, dando origem a um de seus álbuns mais vendidos da década de 70. Lennon reuniu alguns bons músicos (todos com visual de bicho grilo da década anterior) e mandou ver. Ele não gostava muito de si mesmo nos shows ao vivo. Como bem esclareceu em uma entrevista achava seu ritmo muito estranho e descompassado. Com os Beatles isso ficava um pouco em segundo plano já que Paul e George sempre seguravam a onda mas será que daria certo agora em carreira solo?

Como estava em uma fase muito política John resolveu doar a arrecadação do concerto para uma instituição de apoio a crianças com problemas mentais. O repertório deixou seu legado Beatles de fora. Lennon tinha verdadeiro pavor de subir no palco sozinho para cantar as velhas canções do quarteto de Liverpool. Ela costumava satirizar Paul por fazer esse tipo de coisa. De qualquer maneira, fazendo uma pequena concessão, ele incluiu na lista a sua “Come Together”. De certa forma Lennon considerava essa música tão autoral de sua parte que nem a via como uma canção dos Beatles. E parou por aí. O resto das canções eram todas de sua fase solo. “Imagine”, “Cold Turkey” e “Give Peace a Change” não poderiam faltar. Também adicionou sua personalíssima “Mother” onde em uma letra triste relembrava a morte de sua mãe, atropelada por um veículo dirigido por um cara embriagado.  Canções menos conhecidas também entraram no repertório como a fraquinha “Well, Well, Well”. 

Para surpresa de todos também executou “Hound Dog” de Elvis, proclamando ao final que amava o cantor. Era uma forma de Lennon homenagear um de seus grandes ídolos. A apresentação foi boa mas Lennon odiou as gravações. Acho que sua voz havia ficado diferente e esquisita. Após ouvir as faixas decretou sem cerimônia que as fitas tinham ficado mesmo uma porcaria. Ele ficou tão desapontado que mandou arquivar o material. A decisão de lançar o disco ao vivo foi deixada de lado. De fato o disco só seria editado seis anos depois de sua morte, por decisão de sua viúva Yoko Ono. Realmente o álbum não é um primor técnico mas vale por sua importância histórica. Yoko agiu bem disponibilizando o material aos fãs. Além de ser um concerto importante por sua raridade ainda é uma verdadeira declaração de amor de Lennon para com Nova Iorque, a cidade que amava morar. É um daqueles itens obrigatórios para qualquer fã dos Beatles que se preze.  

John Lennon Live in New York City (1986)
New York City
It's So Hard
Woman Is the Nigger of the World
Well Well Well
Instant Karma!
Mother
Come Together
Imagine
Cold Turkey
Hound Dog
Give Peace a Chance

Pablo Aluísio.

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