"Steamroller Blues" de James Taylor também era novidade na discografia de Elvis na época de lançamento original desse álbum. Elvis nunca havia gravado a canção em estúdio antes e por isso quem colecionava seus discos não a conhecia ainda na voz do cantor. Foi colocada na lista de músicas do especial quase na hora final, pois Elvis não havia dito a ninguém da banda que estava disposto a cantá-la. A versão ao vivo ficou muito boa, porém ainda penso que um arranjo mais simples para esse blues contemporâneo iria melhorar ainda mais o que já era bom. Esse arranjo exagerado de metais sempre me incomodou.
"Love Me", por outro lado, era figurinha fácil para os fãs. Um dos destaques do segundo álbum do cantor na RCA Victor, era uma das preferidas de todos os tempos por parte de Elvis. O vocal bem country de Nashville parecia exercer uma fascinação em Elvis, pois o lembrava dos antigos cantores de country and western de sua infância e juventude em Memphis. O tempo foi saturando um pouco a música, mas sua beleza original conseguia resistir a tudo, até mesmo ao uso excessivo dela nas turnês do astro. Além disso qualquer composição da dupla Jerry Leiber e Mike Stoller era muito bem-vinda em seus LPs dos anos 70. Era um retorno nostálgico aos anos de ouro de Elvis.
Nas mesma linha mais country havia ainda "I Can't Stop Loving You", composição de Don Gibson. Elvis tinha encontrado essa canção por volta de 1969 quando decidiu que ela iria fazer parte de seus primeiros shows em Las Vegas. Depois disso nunca mais deixou de cantá-la ao vivo. Algumas vezes a música sumia de seus concertos, mas logo depois voltava com força total. É fácil entender porque Elvis de certa maneira se apegou a ela. Com uso excessivo de refrão, era uma boa oportunidade de sacudir o público, ainda mais no sul dos Estados Unidos. Além disso sua letra era de fácil memorização. Não é segredo para ninguém que em determinado momento Elvis começou a ter problemas de memorizar certas letras. Esse aqui porém era ideal para o palco. Quase à prova de falhas.
E para lembrar a todos que ali no palco estava um dos principais responsáveis pela popularização e surgimento do rock, ainda nos anos 50, Elvis e banda encaixavam um medley muito significativo nesse aspecto. "Long Tall Sally" / "Whole Lotta Shakin' Goin' On" unia dois clássicos do rock em sua primeira fase. A primeira música havia sido gravada por Elvis em seu segundo disco na RCA, mas tinha se tornado célebre mesmo na voz do estridente (no bom sentido) Little Richard. Ele havia abandonado a carreira de rockstar para se dedicar a uma vida religiosa, se tornando pastor, e tinha grande gratidão em relação a Elvis por ter gravado uma de suas mais populares criações. A segunda canção tinha sido sucesso na voz do "The Killer", também conhecido como Jerry Lee Lewis. Ele havia destruído sua carreira bem no começo quando casou com uma prima menor de idade, com apenas 14 anos. Isso causou escândalo, levando seu piano incendiário para o fundo do poço do esquecimento e do ostracismo.
Pablo Aluísio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário