sexta-feira, 14 de maio de 2010

Elvis Presley - Elvis (1973) - Parte 3

O tema desse álbum "Elvis" de 1973 é a melancolia que atravessa praticamente todas as faixas do disco. Uma das baladas onde isso se torna mais evidente é a canção chamada "Love Me, Love The Life I Lead". A letra é bem interessante, um desabafo emocional de um homem que vê sua amada indo embora por causa da vida que ele leva. O refrão é de uma sinceridade atroz, onde Elvis afirma que aquela que deseja ser feliz ao seu lado terá que não apenas amá-lo, mas também amar (ou pelo menos entender) seu estilo de vida! Impossível não perceber a dose de sinceridade de Elvis ao cantar essa letra. Claro, ele não a compôs, mas tudo soa como mais um recado em forma de pedido de desculpas a Priscilla. Fica claro que em algum momento de sua vida Elvis foi criticado pela ex-esposa, muito provavelmente por causa de seus excessos, pelas drogas que consumia, por tudo, por quem ele era e pela vida que levava.

Isso tudo fica claro em trechos como: "Não sou um sábio, tampouco um louco / Mas sou da forma que o bom Deus me fez / Embora eu precise muito de você / Mais do que você possa entender / Preciso também das coisas de que necessito / Não tente me mudar / Se vai me amar, me aceite do jeito que sou / Não posso ser outro homem e não posso deixar de ser livre / Se vai me amar, ame a vida que levo!". Fica óbvio o recado de Elvis para Priscilla nessa música. Infelizmente a canção, embora tenha uma beleza inegável, nunca foi trabalhada por Elvis. É outra que caiu rapidamente no esquecimento, não se destacando em nada dentro da sua discografia. Provavelmente a RCA Victor tenha achado que ela era pessoal demais, longe de ter potencial para fazer sucesso nas paradas.

"(That's What You Get) For Lovin' Me"  eram bem mais leve. Esse era um country simpático, agradável de se ouvir, sem dramas pessoais ou recados desesperados de desculpas. Claro, a letra novamente batia no mesmo tema: a separação de um amor que acabou, que se foi, porém em uma pegada bem mais substancialmente calcada na leveza. Nada de amarguras desnecessárias. Esse tipo de canção lembra um casal do interior dos Estados Unidos que se separa e que depois casualmente se encontra. Ele olha para ela e dispara: "Como pode ver, tudo o que tínhamos se foi. É o que você ganha por me amar!". Meio amargo, não é mesmo? Quase uma acusação! Porém também bem sincero. Essa canção poderia fazer bonito nos palcos, principalmente quando Elvis passava por todas aquelas cidadezinhas interioranas do sul dos Estados Unidos, porém ele também a deixou de lado, nunca chegando a trabalhar nela. Ao invés de revitalizar seu repertório com novas canções preferiu repetir as mesmas versões saturadas de "I Got a Woman" e "CC Rider"... vai entender o que se passava na mente do cantor.

Bom, esse disco como já escrevi antes, trazia algumas faixas com Elvis tocando sozinho ao piano, bem inspirado. Uma dessas faixas gravadas pela RCA Victor nesse momento de rara introspecção foi a bonita  "I Will Be True". É curioso porque quando você ouve o álbum inteiro, sem pular nenhuma faixa, fica com a impressão (puramente metal e inconsciente) de que essa música seria na verdade uma continuação da bela "I'll Take You Home Again, Kathleen", afinal de contas segue basicamente o mesmo esquema: Elvis ao piano, tocando para si mesmo, em momento de inspiração interior extrema. O tema da música? A mesma de sempre. Um homem abandonado, ferido, entristecido pela separação daquela que ele considera o amor de sua vida. Podemos até mesmo visualizar esse solitário ser com lágrimas nos olhos declamando versos como: "Eu serei verdadeiro / Não interessa o que eles possam lhe dizer / Embora você esteja tão distante / Todas as noites eu rezo / Para que um dia eu possa abrir minha porta e você esteja lá!" Pois é, Elvis realmente sonhava com o dia em que Priscilla voltaria para ele, um dia que nunca aconteceu.

Pablo Aluísio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário