"He Touched Me" foi o terceiro e último álbum gospel da carreira de Elvis. Também foi o menos vendido, o que menos causou repercussão. Em minha opinião pessoal também é o disco religioso menos inspirado de Elvis. As belas sonoridades que ouvimos em "His Hand in Mine" e "How Great Thou Art" não se repetiram aqui. Houve de certa maneira um certo desleixo nos arranjos e produção. Ao invés de procurar por um novo tipo de som, mais de acordo com o tema religioso do disco, o produtor Felton Jarvis apenas trouxe a banda de palco de Elvis para o estúdio, sem muito capricho ou inovação.
Claro que há no repertório algumas gravações bonitas e belas, mas no conjunto geral não consigo ouvir nada muito relevante, que fuja do tipo de sonoridade que Elvis já vinha utilizando em seus discos convencionais. Não há maiores cuidados nos arranjos, como já escrevi, nem a tentativa de criar algo novo, com novos instrumentos e linhas melódicas. O disco sempre me pareceu terrivelmente comum, sem inovações ou cuidados técnicos. Em termos de qualidade há também uma montanha russa, que vai do belo ao ordinário, sem pausas. Hoje em dia a audição do álbum soa até mesmo um pouco cansativa, um mal sinal para um trabalho de estúdio de qualquer artista.
Nem tudo porém foi perdido. Um dos destaques positivos desse disco vem justamente de "Amazing Grace", um dos maiores clássicos religiosos da cultura norte-americana. Penso até que o disco deveria ter sido nomeado de "Amazing Grace", não apenas porque essa faixa é muito superior a "He Touched Me" como também pela força comercial do nome da música. Provavelmente não foi escolhida para nomear o álbum por questões de direitos autorais, ou então porque os executivos da RCA Victor acreditavam que esse gospel já havia sido gravado tantas vezes antes, por tantos artistas diferentes ao longo dos anos, que estaria simplesmente saturado no mercado. De qualquer maneira esse gravação é uma das que justificam a existência do disco como um todo. Mesmo com problemas, etc, "Amazing Grace" na voz de Elvis é sem dúvida um belo momento de sua discografia. Algo muito inspirador e belo. Pena que seja uma exceção no meio convencional dominante que impera no disco.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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