Eu não considero "Where Do I Go From Here" uma das melhores faixas desse disco, porém aprecio muito seu arranjo que começa intimista, introspectivo, para logo após explodir em termos de grandiosidade no refrão da canção. Muitas pessoas ainda preferem as gravações mais cruas de Elvis, sem os exageros (principalmente de metais) que após as gravações sofriam, com a orquestração colocada pelo produtor Felton Jarvis. No caso dessa música há os dois lados da moeda. Em um primeiro momento tudo soa bem ameno, íntimo, apenas com Elvis e seu grupo de apoio. No momento do refrão podemos perceber bem a mão (pesada, para muitos) de seu produtor na RCA Victor. Faça sua escolha.
"It's Still Here" é a terceira e última música ao estilo "Elvis sozinho ao piano" desse álbum. Essa é uma velha canção composta por Ivory Joe Hunter, um dos preferidos de Elvis. O cantor adorava realmente sentar sozinho ao piano em Graceland para relembrar velhas músicas de Joe Hunter. Curioso que apesar dessa música ser bem triste, o seu autor era conhecido como o "Barão do Boogie" e não raro era apresentado nos programas de rádio da época como "O homem vivo mais feliz da América". Isso porque tinha uma personalidade alegre, extrovertida, contador de piadas, sempre com um sorriso acolhedor no rosto. Sua especialidade nem era esse tipo de balada romântica, melancólica, como essa gravada por Elvis, mas sim o bom e velho rhythm-and-blues. Elvis deveria ter gravado mais algumas das criações desse texano talentoso.
A faixa é bem simples, com Elvis tocando o piano em estúdio, pausando cada sílaba, tudo feito com uma forte carga emocional de sua parte. A letra era obviamente auto referente para Elvis. Conta a história de um homem que foi abandonado, que acreditou quando a mulher amada lhe disse que iria ficar com ele para sempre, mas que logo depois foi traído, com ela quebrando sua promessa da pior forma possível. Em minha visão a letra pegou Elvis de jeito porque havia até mesmo uma referência temporal nela, quando a letra dizia: "Faz um ano que você foi embora / E eu não me esqueci querida / O amor que eu tive por você há tanto tempo / Ainda está aqui". Ora havia exatamente um ano que Priscilla havia ido embora, acabando com seu casamento com Elvis. Coincidências não existem! Elvis não deixaria uma música com algo tão pessoal assim escapar. Foi uma necessidade para ele gravar essa música. Era mais um recado que ele dava para Priscilla através de seus discos. Recado bem direto, é bom salientar.
Por fim para completar o disco a RCA Victor resgatou uma gravação ao vivo de "It's Impossible" para colocar no álbum. Uma sábia decisão pois além da música ser ainda inédita nos discos oficiais de Elvis da época, ainda era brilhantemente interpretada pelo cantor em seu habitat natural, Las Vegas. A música foi gravada no dia 16 de fevereiro de 1972, durante uma de suas temporadas na cidade. Em termos de gravação ela não é tecnicamente perfeita, mas a performance de Elvis compensa qualquer deslize nos problemas de equalização que ocorreram durante seu registro. A versão original da música foi lançada em 1970 por um cantor mexicano chamado Armando Manzanero. Nessa ocasião ela foi lançada com o título de "Somos Novios". A versão em língua inglesa foi composta por Sid Wayne, velho conhecido de Elvis dos tempos das trilhas sonoras dos anos 60. Ele escreveu dezenas de canções para filmes do cantor em Hollywood. O resultado ficou muito bom, acima de média, merecia inclusive uma versão em estúdio por causa de sua beleza.
Pablo Aluísio.
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