Durante o lançamento desse disco falou-se muito da faixa "I'll Take You Home Again, Kathleen". A gravação trazia Elvis ao piano, sozinho, em belo momento de introspecção. Sem querer desmerecer o trabalho de Elvis, o fato é que essa música foi registrada quase por acaso, um ensaio, que aos poucos Elvis foi se empenhando. Era uma antiga canção que Elvis gostava de tocar ao piano desde os anos 50. Ele a tocou bastante inclusive nos tempos do exército, quando estava prestando serviço militar na Alemanha.
O produtor Felton Jarvis reconheceu os esforços de Elvis para soar diferente dentro do estúdio e resolveu intervir o mínimo possível, deixando de lado todos aqueles arranjos orquestrais, que para muitos, soava exagerados, tirando a atenção do ouvinte daquilo que era o mais importante ao se ouvir um disco do cantor, sua bela voz e a emoção que procurava transmitir em cada sílaba, em cada momento da canção. O curioso é que apesar de Elvis apreciar bastante essa música nunca a levou para os palcos, nem para dar uma canja ao piano, como fazia com "Unchained Melody". Qual era o problema? Será que tinha receios de falhar nas teclas? Não sabemos.
A faixa "Don't Think Twice, It's All Right" também foi uma espécie de ensaio que deu certo, que a RCA Victor decidiu aproveitar no álbum. Na verdade tudo se tratava de um momento ao melhor estilo Jam Session, com Elvis interagindo e brincando com a sua banda, a famosa TCB Band (a sigla TCB vinha do lema de Elvis, "Tomando conta dos negócios" que para os mais cínicos era uma auto ironia, pois Elvis nem sempre tomava mesmo conta de seus negócios). Mas enfim, na realidade só depois de muitos anos os fãs puderam ouvir a gravação inteira, com quase 8 minutos de duração. Aqui no disco oficial a RCA aproveitou apenas um pequeno trecho, quase como se fosse uma amostra grátis (ou não tão grátis) do que havia sido gravado mesmo dentro do estúdio.
"Padre" por sua vez era uma baladona ultra sentimental, com aquele tipo de sentimentalismo despudorado que Elvis algumas vezes gostava de trazer aos seus discos, principalmente nos anos 70, quando finalmente se sentiu mais livre para escolher as músicas que iria cantar. A letra, tremendo dramalhão, inicialmente contava a estorinha de um homem que relembrava seu casamento, os momentos felizes no altar e depois na primeira casa em que moravam. Tudo lindo e maravilhoso. Depois disso o drama, o desastre. Ele chorava o fim do casamento pois ela a trocara por um outro homem! Semelhanças demais com a própria vida pessoal de Elvis, não é mesmo? Era um desabafo de um homem traído para com o padre que o havia casado! Ora, ora, quem diria...
Pablo Aluísio e Erick Steve.
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