Na segunda edição de seu livro "Elvis" o escritor Albert Goldman defendeu a tese de que Elvis havia se matado em 16 de agosto de 1977. Para o autor essa teoria poderia ser confirmada não apenas pela depressão que acompanhou Elvis em seus últimos anos, como também por seus discos, sempre com faixas melancólicas e tristes. Pessoalmente eu jamais concordei com essa visão. A única coisa que Goldman tinha razão era sobre o repertório de muitos dos discos gravados por Elvis nos anos 70. Realmente há bastante música romântica neles, mas não do romantismo que vinha acompanhando Elvis desde seus primeiros trabalhos. As baladas de Elvis nos anos 50 e 60 eram ternas, com temas geralmente falando sobre o amor adolescente, o amor na juventude.
Já nos discos dos anos 70 a coisa muda de estilo. Aqui grande parte das baladas falam sobre a angústia, a tristeza e em muitos casos até mesmo o desespero do fim de um amor idealizado, perfeito. Ora, quando se perde o amor de sua vida a tendência é realmente entrar em um estado de desespero mesmo... Assim as letras com que Elvis se identificava nesse período de sua carreira eram bem soturnas, sem esperança, puro torpor. Era algo maravilhoso que havia ficado para trás para sempre. Não tinha mais volta. O amor chegara ao fim, tragicamente.
Havia também espaço para tentativas de reconciliação. Em "For Ol' Times Sake", a segunda música mais importante do disco, ele tentava convencer, em um último esforço, sua amada a voltar para seus braços após um rompimento doloroso. Tudo feito de alma aberta, de maneira sincera. Isso fica bem claro em versos como "Antes que você vá embora e me abandone / Dê uma olhada ao redor e me diga o que você vê / Aqui eu me encontro, como um livro aberto". Um trechos mais significativos dessa balada é a parte em que Elvis cantava: "Então, uma vez mais, em nome dos velhos tempos / Venha e deite sua cabeça sobre meu peito / Por favor, não jogue fora este momento / Nós podemos esquecer o lado ruim e considerar os melhores / Se você não tem nada mais a dizer / Me deixe pelo menos te abraçar uma vez mais, em nome dos velhos tempos".
Elvis tentou voltar para Priscilla inúmeras vezes, mas sempre encontrou resistência na ex-esposa. Em determinado momento ele se despiu de sua vaidade e suplicou para que Priscilla voltasse dizendo "Eu quero minha família de volta!". Para Albert Goldman tudo isso serviu para destruir ainda mais o ego de Elvis, sua própria auto imagem. Ele de certa maneira se humilhava por um recomeço, mas no final todos os seus esforços foram em vão. Em seus discos Elvis aproveitava para passar mensagens mais do que claras para Priscilla. Enquanto ele tentava de tudo, Priscilla só parecia mais interessada em colocar o divórcio pra frente. Nem pelos velhos tempos ela parecia disposta a voltar para Elvis.
Pablo Aluísio.
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