segunda-feira, 13 de maio de 2002

Breves Crônicas - Edição XXVI

A Cadela
A cadela está velha e imprestável. Nunca foi bonita, mas depois de idosa, perdeu todas as chances, todas as esperanças. Também nunca prestou. Tem uma personalidade de cadela, isso significa que homem nenhum, em nenhuma época de sua vida, a suportou. A mentalidade é racista. O modo de agir é repugnante. Uma mulher que poderíamos definir tranquilamente como asquerosa. Desdenha dos pobres, se acha superior, só que essa racista nada mais é do que lama de esgoto.

Em breve estará em um belo caixão que não vai conseguir esconder o grande fedor de sua putrefação. Tem a alma tão imunda que os demais defuntos do cemitério vão tapar o nariz. Cadelas racistas e imundas quando morrem são recusadas até mesmo pelos vermes decompositores. Mas a cadela um dia - e não está longe disso - vai se tornar logo um retrato esquecido no seu túmulo. As pessoas vão perguntar "quem foi essa?" Ao que vão responder: "era uma cadela fascista, marmita de PM, viveu como escrota, quando morreu virou latrina de fossas dos quintos do infernos". E tenho dito nesse pequeno texto maldito. Morte da cadela, eu verei! 

A Tartaruga
Não me refiro ao simpático animal marinho, do qual tenho grande simpatia. A Tartaruga aqui é um homem, um homem velho, um imbecil. Chamo ele assim porque seu corpo tem o formato de uma tartaruga. E assim como o bichinho verde que nada nos mares, também é careca. Só que o animal tem uma alma livre, lírica até. A Tartaruga de branco não, é uma alma presa, cheia de preconceitos. Odeia todo mundo. Ama ninguém. Destruiu o casamento da própria filha por preconceito social. O marido da filha era um homem de origens humildes. Assim age a Tartaruga. 

Já sua filha, a Tartaruga crente, não é melhor. Gente de alma podre que pensa que irá para o céu. Não irá não, lamento. Talvez se safe porque nessa altura do campeonato nem acredito mais no céu. Nem no céu e nem no inferno. Parece tudo apenas literatura que saiu do controle. A religião ao que tudo indica é apenas um meio cultural perverso criado pelo homem na antiguidade para amedrontar e controlar as massas pobres e famintas, os camponeses. E segue sendo assim até os dias de hoje. Uma vergonha! Espero que um dia a humanidade se livre desse troço horroroso!

Enzo
Aqui um conto, mas que poderia ser muito bem baseado numa história real. É a história de Enzo. Na juventude teve uma vida privilegiada, morando em um bom bairro de sua cidade, estudando em boas escolas. Conseguiu realizar o sonho de entrar no exército, mesmo que pelas portas dos fundos. Virou um tenentinho da reserva, desses que nunca vão ser chamados pra nada, nem pra pintar meio fio! O pai havia sido prefeito. Era ladrão, daqueles de sair com malas de dinheiro da prefeitura. Um dia perdeu a eleição. Virou garoto propaganda da ditadura militar. 

Mas voltemos a Enzo. Ele saiu do exército e teve um tórrido caso amoroso com o filho de um governador aí. Foi daqueles romances de dar beijo na boca em barzinho de bar. Só que a família era hipócrita, formada por ladrões conservadores, mas todos se dizendo homens de bem. Um dia teve que se casar e se casou com uma jovem negra. Enfim, a Hipocrisia... Mesmo sendo ela negra e todos os seus filhos mestiços, o trágico e burro Enzo resolveu virar um típico conservador de araque, desses que prega volta da ditadura militar. E não é que Enzo saiu vestido de soldadinho do exército no 7 de setembro, esperando o Bozo proclamar a volta da ditadura! Pois é, saiu mesmo. Eita presepada sem fim. Vergonha alheia em alturas olímpicas!

Enfim, vamos ao fim da história. Enzo continuou sendo o mesmo bosta de sempre, burro e admirador de bestão de Carvalho (aquele do slogam "O Bestão sempre tem razão"). Seu pai morreu e o mundo se tornou um lugar melhor. Pior do que o Enzo só o irmão idiota dele que não acredita que o homem um dia pisou na Lua. Mas essa é uma outra história...

Pablo Aluísio. 

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