segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

George Harrison: A Vida Depois dos Beatles

Após o fim dos Beatles o guitarrista George Harrison desenvolveu uma clara aversão ao tema relacionado ao seu antigo conjunto. Ele procurava evitar falar dos Beatles em entrevistas e pouco teve contato com os ex-companheiros de grupo. Assim que os Beatles se dissolveram Harrison gozou de uma excelente fase comercial em sua carreira solo. De fato nos primeiros anos da década de 1970 ele conseguiu, para surpresa de muitos, superar seus ex-parceiros John e Paul no quesito número de cópias vendidas no mercado.

Porém contrariando todas as expectativas sua carreira solo também teve pouco fôlego. Talvez por estar envolvido demais com os problemas legais da Apple ou por causa da linha religiosa hindu que havia decidido seguir, o fato é que os discos solos de George começaram a rarear no mercado, ele pouco compôs em relação aos outros ex-Beatles e não parecia mais ter tanto interesse no trabalho de fazer novos discos todos os anos.

Na verdade George aos poucos foi se tornando um recluso. Ele parou de fazer concertos ao vivo e de aparecer em público. Para muitos George foi ficando paranoico com sua segurança. A morte de John Lennon, covardemente assassinado na frente de seu prédio em Nova Iorque, piorou ainda mais a situação. George passou a ter pavor de encontrar fãs dos Beatles ao acaso, afinal poderia ser mais um lunático como aquele que assassinou Lennon. Tragicamente para ele isso não o deixou a salvo. Muitos anos depois um maluco conseguiu invadir sua mansão. George se viu face a face com um psicótico armado com uma faca. Segundo os laudos George levou várias facadas e sobreviveu milagrosamente. Sua esposa Olivia o salvou, jogando um abajur pesado na cabeça do agressor.

Em relação aos demais Beatles George praticamente não os viu mais. Ele passou a ter uma crescente ojeriza em relação a Paul e ficava incomodado até mesmo de estar na mesma sala do que ele. Para George seria um alívio nunca mais trabalhar ao lado de Paul, mas acabou tendo que engolir seu ponto de vista ao trabalhar ao lado dele no projeto Anthology. Foi um reencontro tenso, marcado por diferenças que jamais seriam superadas. George só voltou porque estava falido. Seu empresário anterior havia se apropriado de parte de sua fortuna e sua companhia cinematográfica estava destruída financeiramente após o lançamento de vários filmes que se tornaram fracassos de bilheteria. Precisando de dinheiro ele participou do Anthology, se comprometendo a participar de três novas faixas com os demais Beatles. Acabou só fazendo duas, por não aguentar mais ter que tocar ao lado de Paul em estúdio. Foi o último suspiro dos Beatles.

Pablo Aluísio.

Rolling Stones - Aftermath

Considerado o primeiro álbum dos Stones a realmente romper com a musicalidade dos primeiros discos do grupo, considerados ainda muito influenciados pelo estilo "Yeah, Yeah, Yeah" dos Beatles. Depois de tantas comparações como essa os Stones perderam a paciência e resolveram provar que não era apenas um conjunto genérico do quarteto de Liverpool. Assim Brian Jones resolveu enriquecer cada faixa do disco, acrescentando inúmeros instrumentos que não faziam parte do cotidiano de uma banda de rock da época. O grupo também decidiu dar um tempo nos covers do rock blues americano, optando por gravar um material 100% próprio com apenas canções compostas pela dupla Jagger / Richards. Nesse ponto queriam provar que poderiam ser tão criativos como a dupla Lennon e McCartney. Como se pode perceber os Beatles, por sua fama e sucesso, tinham se tornando uma sombra sempre presente. O grupo também passava por problemas internos. Brian Jones ainda se considerava o líder da banda, mas a cada dia ia ficando mais ofuscado pela parceria entre o vocalista Mick Jagger e o guitarrista Keith Richards. Foram eles inclusive que resolveram escalar o produtor Andrew Loog Oldham para trabalhar no álbum. Embora ainda fosse uma das mentes pensantes da banda, a verdade pura e simples era que Jones se afundava cada vez mais no abuso de drogas, algo que o levaria a uma morte precoce na piscina de sua casa alguns meses mais tarde.

"Aftermath" nasceu inicialmente como projeto para o cinema pois os Stones estavam interessados em compor trilhas sonoras para Hollywood mas conforme as semanas foram passando Mick Jagger mudou radicalmente de opinião e resolveu levar todo o grupo para os Estados Unidos com a intenção de gravar um álbum convencional. Os estúdios escolhidos pelos Stones foram os da RCA na costa oeste, onde havia a tecnologia necessária para dar a qualidade que eles desejavam para as canções - novamente absorvendo críticas de que seus três primeiros discos não tinham sido muito bem gravados. Além do núcleo central composto por Jagger, Richards e Jones, ainda tocaram com muito empenho no disco os músicos Charlie Watts e Bill Wyman (também eles próprios membros efetivos dos Stones), além dos convidados Jack Nitzsche e Ian Stewart (praticamente um gênio subestimado). O resultado desse esforço coletivo é muito bom pois "Aftermath" deixa bem claro a intenção dos Stones em melhorar seu som em todos os níveis, tanto do ponto de vista técnico como de poesia. Curiosamente a sonoridade providenciada por Brian Jones, que tanto elogios ganhou em seu lançamento, talvez seja o principal responsável pelo álbum ser considerado um pouco datado nos dias de hoje. Para muitos os experimentos de Jones deixaram o LP com baixo teor roqueiro, sendo por essa razão "Aftermath" uma mera relíquia curiosa dos anos 60 hoje em dia. Cabe a cada um tocar o disco para tirar suas próprias conclusões.

Rolling Stones - Aftermath (1966)
Mother's Little Helper
Stupid Girl
Lady Jane
Under My Thumb
Doncha Bother Me
Goin' Home
Flight 505
High and Dry
Out of Time
It's Not Easy
I Am Waiting
Take It or Leave It
Think / What to Do.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Melissa Etheridge - This Is M.E.

De tempos em tempos é bom mudar um pouquinho, caso contrário o artista fica saturado e parado no mesmo lugar, ano após ano. Visando sair dessa armadilha (que já pegou muita gente boa no passado) a cantora Melissa Etheridge resolveu testar seus limites. Ela, é claro, pode arriscar sempre que desejar, uma vez que já tem uma base de fãs tão leais quanto fiéis. O interessante é que ao mesmo tempo em que busca coisas novas, Melissa consegue manter sua sonoridade mais tradicional, deixando os mais conservadores e quadrados mais calmos.Take it easy! Afinal de contas mudar é uma coisa, enfiar o pé na jaca é outra completamente diferente. Ela passou longe de errar em suas novas escolhas.

E o que afinal há de novo nesse CD? Etheridge está visivelmente interessada em buscar fundo nas suas raízes R&B. Para isso ela não se intimidou e convidou alguns medalhões para dar dicas e somar com seu talento no resultado final. O que temos depois disso é um som forte, robusto e muito mais rico em termos de arranjos do que em seus últimos trabalhos. Algumas das canções são apenas medianas como, por exemplo, "Stranger Road" ou até mesmo "A Little Bit Of Me" (a mais criticada em resenhas internacionais), mas tudo é compensado em momentos maravilhosos como "A Little Hard Hearted" ou "All The Way Home", saudosista e nostálgica nas dosagens certas. Melissa Etheridge mostra assim que mudar é bom, saudável, mas desde que seja em direção ao caminho certo. Apostar em um som mais rico, pautado em grandes standards do passado, logo se revela uma escolha feliz. Afinal de contas quem fica parado é poste, minha querida!

Melissa Etheridge - This Is M.E. (2015)
1. I Won't Be Alone Tonight
2. Take My Number
3. A Little Hard Hearted    
4. Do It Again
5. Monster
6. Ain't That Bad
7. All The Way Home
8. Like A Preacher
9. Stranger Road
10. A Little Bit Of Me
11. Who Are You Waiting For

Pablo Aluísio.

Adele - 25

Bom, não é novidade para ninguém que Adele dominou o cenário musical nesse fim de ano. Esse seu novo álbum "25" conseguiu vender apenas em sua primeira semana mais de 3 milhões e 300 mil cópias apenas dentro no mercado americano! Números dessa magnitude em um tempo em que a indústria fonográfica está praticamente falida são realmente de se surpreender. E a cantora anunciou na semana passada que vai começar uma grande turnê mundial, ou seja, muito provavelmente esse CD consiga atingir a marca dos dez milhões de cópias vendidas em pouco tempo, sem esquecer que o álbum já é o mais vendido do ano. São números impressionantes e o melhor de tudo é que eles refletem um bom trabalho, digno de todo esse êxito comercial. Vejo em Adele várias coisas positivas.

O mundo da música de uma maneira em geral vem sofrendo muito nos últimos anos com fórmulas que se repetem e se desgastam muito rapidamente. Depois que o Rock entrou em decadência - de maneira até justa, devemos confessar - a indústria correu atrás de outros gêneros musicais para sobreviver. Tivemos o advento do rap e do hip hop (com resultados sofríveis) e depois a massificação de artistas da linha pop adolescente, algo que se você tiver mais de 16 anos dificilmente irá se interessar. De uma hora para outra as pessoas com um gosto musical mais refinado ficaram praticamente sem ter o que ouvir. Apenas cantoras geniais como Norah Jones, com seu jazz sofisticado e rico, conseguiram romper essa barreira que havia se criado.

Adele também se encontra nesse pequeno grupo de artistas talentosos que conseguem fazer sucesso. A receita dela, como todos sabem, é investir de forma bem sincera em um romantismo latente, que procura criar um vínculo diretamente com o coração de seu público. Aliás credito o sucesso de Adele a essa necessidade das pessoas em terem algum artista que represente esse lado mais sentimental da vida de cada um de nós. Em um mundo onde o cinismo e o desamor parecem imperar de forma absoluta, a cantora Adele consegue com coragem romper esse escudo de insensibilidade que se criou no meio social. Ela canta sobre amor e sentimento e não parece ter a menor vergonha disso, o que acaba deixando até mesmo embaraçados os cínicos de plantão. Até porque esses que transformaram o amor em piada e escárnio já morreram internamente.

Adele supera todos eles com apenas algumas notas musicais. É uma ótima intérprete e compositora, sempre muito sincera em expressar aquilo que sente. Também indiretamente traz uma bela mensagem subliminar para suas admiradoras, mostrando que uma mulher pode ser bonita e desejada sendo apenas uma pessoa comum. Ela certamente não se enquadra dentro dos padrões rígidos que são impostos pelo mundo da moda e da beleza, do marketing agressivo. Ao invés disso tem uma imagem de uma mulher normal, sem loucuras de tentar ser o que não é. Sua imagem me passa uma sinceridade tocante. Afinal apenas pessoas vazias e destituídas de profundidade julgam alguém apenas pela aparência. Uma cantora cheia de atitude e sentimentos sinceros. Algo que faltava muito no combalido mundo musical dos dias atuais. Assim não deixe de ouvir "25". Vai ser uma ótima audição.

Adele - 25
1. Hello
2. Send My Love (To Your New Lover)
3. I Miss You
4. When We Were Young
5. Remedy
6. Water Under the Bridge
7. River Lea
8. Love in the Dark
9. Million Years Ago
10. All I Ask
11. Sweetest Devotion

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ringo Starr

Há poucos dias Ringo Starr, o baterista dos Beatles, completou 76 anos de idade... quem diria! Ringo segue sendo um dos Beatles mais queridos pelos fãs, não apenas por causa de seu eterno complexo de vira-lata (ele sempre foi considerado um sortudo e o menos talentoso membro dos Beatles) como também por seu carisma. A imprensa internacional (em especial a inglesa) sempre dá destaque aos aniversários dos ex-beatles. Principalmente dos que ainda estão vivos. Ringo, apesar de ser um alcoólatra por anos e anos, conseguiu sobreviver e está aí para contar sua história. É um sobrevivente, vamos admitir

Entre as reportagens interessantes publicadas sobre Ringo Starr algumas me chamaram a atenção. Uma delas sobre uma nova biografia que está prestes a ser lançada na Inglaterra trazendo fatos inéditos de sua trajetória. A mais curiosa revela as razões do fim do primeiro casamento de Starr. Ele foi casado por dez anos com Maureen Cox. Juntos tiveram três filhos (Zek, Lee e Jason). Ela cuidava do cabelo de Ringo e o conhecia desde os tempos em que ele era baterista do grupo Rory Storm and the Hurricanes (o nome das bandas inglesas de Liverpool eram hilárias!).

Pois bem, certo dia a esposa de George Harrison pegou o marido Beatle na cama com Maureen, a esposa de Ringo! Sim, George traiu Ringo, dormindo com sua mulher! Imagine o escândalo! Nada nunca foi confirmado oficialmente, mas o fato é que Ringo a deixou logo após os boatos surgirem entre os amigos mais próximos do quarteto. Dizem que Brian Epstein, o empresário dos Beatles, abafou tudo para que a imprensa inglesa não explorasse as picantes histórias de alcova envolvendo os bastidores do grupo de Liverpool. Eu sabia que George havia sido traído pela esposa com Eric Clapton, mas não que ele havia traído o próprio colega de banda levando sua esposa para debaixo dos lençóis!

Outro fato divertido envolvendo o aniversário de Ringo veio de uma entrevista completamente nonsense que deu a uma publicação americana recentemente. Perguntado sobre o boato "Paul is Dead" (aquele mesmo que afirmava que Paul McCartney havia morrido em 1966, sendo substituído por um sósia chamado Billy Shears), Ringo confirmou tudo!!! Claro que foi um ato de puro besteirol, mas como os teóricos de conspiração adoram uma coisa desse tipo tudo acabou virando um tremendo carnaval, principalmente na internet. Pois é, mesmo perto dos 80 anos, Ringo ainda consegue inovar e mais do que tudo, divertir os fãs dos Beatles...

Pablo Aluísio. 

James Taylor - Before This World

Certa vez, conversando com um amigo sobre James Taylor, ele me perguntou se o cantor ainda estava vivo! Infelizmente Taylor passou por um ostracismo bem duradouro em sua carreira, fruto de anos de má administração de seu empresário e também pela gravação de discos que sinceramente falando não lhe ajudavam em nada a sair das sombras do esquecimento. Como desapareceu da grande mídia e sendo um artista veterano, muita gente pensou por ai que ele teria deixado essa para melhor, como aliás muitos outros de sua geração. Pois bem, agora temos esse novo álbum, "Before This World" que marca, após 13 longos anos de afastamento, sua volta aos estúdios para a gravação de faixas inéditas.

Para surpresa de muitos (e do próprio James Taylor) o disco emplacou nas paradas americanas chegando ao cobiçado primeiro lugar da Billboard após vender 96 mil cópias na semana de seu lançamento. Trocando em miúdos, sim, James Taylor ainda está vivo e faturando bem. Outro fato digno de nota sobre esse lançamento é que foi a primeira vez que ele chegou na posição 1, isso depois de 45 anos de carreira. Taylor nunca foi um popstar ou um astro de vendagens expressivas. Credito esse sucesso atual a um justo reconhecimento por parte do público em relação a ele, que sempre foi um batalhador e um guerreiro no mundo da música. Além do mais, em uma época tão ruim de belas baladas, nada mais justo do que o surgimento de um verdadeiro baladeiro romântico de mão cheia para trazer alguma harmonia e melodia nas rádios dos Estados Unidos e Europa.

Nove das dez canções foram escritas por ele mesmo. Uma prova de que embora estivesse longe dos estúdios por todos esses anos (seu último disco de inéditas havia sido "October Road" em 2002) ele seguia compondo e criando novas músicas. A única exceção vem com o duo "Before This World / Jolly Springtime" que foi escrita ao lado do amigo Sting. O conjunto da obra é muito bom de se ouvir. Predomina o estilo que todos conhecemos. Para quem não se recorda ou não sabe, James Taylor começou ao lado dos Beatles, lá nos distantes anos 1960. A gravadora do grupo inglês abriu as portas para que ele finalmente gravasse seu primeiro disco. Ele era talentoso, mas desconhecido até então. Com o sucesso Taylor resolveu deixar a Apple Records, o que lhe causou um pesado processo judicial, algo que anos depois Paul definiria como uma "vergonha". Afinal processar o colega de profissão não condizia muito com a imagem que os Beatles cultivavem na época. Os anos passaram e Taylor continuou seguindo em frente, nem sempre sendo honesto e fiel ao seu estilo. Agora ele tem finalmente a chance de se redimir. Não chegaria ao ponto de dizer que "Before This World" é uma obra prima, mas que é melhor do que 99% do que se ouve por aí atualmente isso certamente é.

James Taylor - Before This World (2015)
Today Today Today
You and I Again
Angels of Fenway
Stretch of The Highway
Montana
Watchin' Over Me
SnowTime
Before This World / Jolly Springtime
Far Afghanistan
Wild Mountain Thyme

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Paul McCartney - Silly Love Songs

Recentemente Paul disse em uma entrevista que o grupo Wings, que ele próprio formou após o fim dos Beatles, era "terrível". Sim, terrível no sentido de ser ruim. Já tinha imaginado Paul McCartney falando uma coisa dessas?! É de surpreender! O grupo teve vários grandes sucessos e emplacou discos de sucesso, alguns deles chegando ao ponto de liderar a parada americana. Mesmo assim Paul se justificou dizendo que Linda, sua esposa, por exemplo, nem sabia tocar para ficar em cima de um palco fingindo estar tocando teclados. Bom, cada um sabe de si. Em minha opinião duas coisas talvez expliquem a opinião devastadora de Paul sobre o Wings. A primeira foi uma série de críticas disparadas por John Lennon na década de 70. Parece que elas fincaram fundo na alma de Paul. A segunda vem do fato de que alguns álbuns do Wings eram realmente um pouco irregulares.

Veja o caso de "Wings at the Speed of Sound". Esse é aquele tipo de disco que fazia você se empolgar com uma canção maravilhosa (no caso "Silly Love Songs", um hit absoluto nas rádios da época). Assim você comprava o LP, mas ao chegar em casa descobria que havia mesmo apenas uma ou duas músicas realmente acima da média. Todo o restante era um pouco decepcionante. Em minha opinião esse disco se enquadra exatamente nisso. "Silly Love Songs" e "Let 'Em In" são obras primas no meio de várias canções bem descartáveis. A primeira inclusive foi composta em resposta a John Lennon que vinha destroçando os discos de Paul. Ele dizia que McCartney só sabia compor músicas melosas de amor. Então Paul respondeu na letra dessa faixa: O que há de errado nisso? E mandou ver em uma das mais belas e imortais músicas do Wings, esse grupo tão "terrível"!

Música: Silly Love Songs
Compositor: Paul McCartney
Álbum: Wings at the Speed of Sound
Data de Gravação: janeiro de 1976
Local de Gravação: Abbey Road Studios, Londres
Produtor: Paul McCartney
Músicos: Paul McCartney (vocais, guitarra, baixo), Linda McCartney (vocais, teclados), Denny Laine (vocais, violão, baixo, guitarra), Jimmy McCulloch (baixo), Joe English (bateria).

Pablo Aluísio.

Adele - Hello

Sendo o mais simplista dos homens eu poderia dizer que a Adele seria algo como a "Rainha dos Corações Partidos". Suas letras são bem emocionais e em geral falam sobre desilusão amorosa, sofrimento e dor de cotovelo. Não há nada de errado nisso, afinal quem nunca sofreu por amor? Cada um de nós, em algum momento de sua vida, já derramou lágrimas e mais lágrimas por causa de um grande amor que sentiu. Isso faz parte da natureza humana e nos define bem, o que somos, seres emocionais e sentimentais.

Afinal amar é viver. Apostando nisso a cantora tem conseguido números realmente impressionantes de vendas. Em uma época em que a música internacional anda tão vazia de sentimento e profundidade ela acabou acertando em cheio e no alvo. Esse single "Hello" foi um enorme sucesso de vendas. Em uma época em que a indústria fonográfica está praticamente falida, Adele conseguiu vender milhões de cópias de seu single ao redor do mundo. Não podemos deixar de parabenizá-la por esse feito e tanto. Afinal de contas ele chegou a números dignos de um Elvis Presley, Michael Jackson ou  Beatles. Pois é, a inglesinha Adele já é um nome poderoso a esse ponto no aspecto puramente comercial.

A letra da canção "Hello" é bem interessante. Basicamente é uma mulher reavaliando seu passado, relembrando um antigo amor que não consegue esquecer. Dizem que o tempo cura tudo, até mesmo um coração partido, porém em sua letra Adele confessa que nem sempre é isso o que acontece. Algumas paixões são tão marcantes, verdadeiras e devastadoras que se tornam simplesmente impossíveis de se esquecer, de deixar no passado. Um fato curioso é que segundo uma pesquisa realizada recentemente a canção acabou criando uma verdadeira "epidemia" entre as inglesas e americanas em busca de uma reaproximação com algum grande amor de seu passado! A letra, bem evocativa, vai justamente por esse caminho.

A letra fala de alguém tentando reatar laços com um amor sofrido que ela simplesmente não consegue superar. Entre arrependimentos e tristezas ela tenta superar tudo. Na letra há até mesmo aquela pergunta implícita que sempre fica dentro do coração de toda mulher que um dia esteve perdidamente apaixonada: o que realmente teria acontecido em sua vida se tivesse ficado com aquela pessoa de que tanto amava? Como seria sua vida hoje? Ouça Adele e tente responder essa pergunta que bate fundo em toda alma feminina apaixonada.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

John Lennon - Imagine

Certa vez Paul McCartney disse que John Lennon era um gênio, mas não um santo. Ele tinha toda a razão do mundo. John Lennon sabia como poucos escrever e compor grandes músicas, realmente maravilhosas, mas passava longe de ser uma alma pura, santificada. Em muitos momentos ele poderia soar completamente hipócrita. Veja o caso de "Imagine" considerada por muitos como a sua grande música na carreira após o fim dos Beatles. Em frases muito bem escritas John propõe um mundo sem fronteiras, sem propriedades e até mesmo sem religiões. Em determinado trecho John canta a frase "Imagine não existir posses, sem necessidade de ganância, Imagine todas as pessoas compartilhando...". Ok, nada de errado, tudo muito bonito a não ser pelo fato de que Lennon era proprietário de fazendas enormes nos Estados Unidos com centenas de milhares de cabeças de gado, onde o acesso de pessoas estranhas era completamente proibido. E o que dizer de seus vários apartamentos de luxo na parte mais cara de Nova Iorque? Não há nenhum sinal de que ele um dia os tenha compartilhado com ninguém, a não ser Yoko Ono e seu filho.

"Imagine não existir nenhuma religião", afirma a letra em outro trecho. Ora, John foi fiel seguidor do Hinduísmo, depois se aproximou bastante do Budismo a ponto de se auto declarar Zen Budista em uma de suas últimas entrevistas. Suas frases contra o cristianismo também lhe trouxe muitos problemas, demonstrando que o próprio John Lennon tinha alguns problemas com as religiões dos outros. Assim soa mais do que uma hipocrisia em falar algo nesse sentido e ao mesmo tempo usar do sentimento religioso das demais pessoas para atacá-las de alguma maneira. Além de contraditório é certamente uma grande hipocrisia. Mesmo assim a canção "Imagine" ainda é um belo momento de sua carreira. Embora em muitos aspectos ele fosse realmente um grande hipócrita o fato é que John continuava muito talentoso para compor letras e melodias maravilhosas. Como disse Paul ele poderia não ser um santo (e não era mesmo), mas pelo menos continuava a ser um gênio musical.

Imagine (John Lennon) Album: Imagine / Data de gravação: Fevereiro de 1971 / Local de gravação: Record Plant Studios, Nova Iorque / Produtores: John Lennon, Yoko Ono, Phil Spector / Músicos: John Lennon (vocal e piano), Phil Spector (Backing Vocals), Andy Davis (guitarra), Ted Turner (guitarra), Jim Keltner (bateria), George Harrison (guitarra), Klaus Voorman (baixo).

Pablo Aluísio.

Tony Sheridan - My Bonnie

Quando Tony Sheridan chamou os Beatles para tocarem na gravação de sua música "My Bonnie" ele não tinha a menor ideia do que o futuro reservaria para aqueles quatro jovens. Nessa época os Beatles não passavam de um grupinho de quase adolescentes que tocavam em inferninhos de Hamburgo. Eles corriam atrás do sonho de um dia, quem sabe, viver apenas de música e fazer algum sucesso. John Lennon achou o convite muito promissor. Eles iriam apenas tocar como grupo de fundo para Sheridan que mais parecia uma imitação barata de Elvis Presley. A grana não era significativa, porém só o simples fato de gravarem profissionalmente já era um avanço e tanto.

Ouvir "My Bonnie" hoje em dia é muito prazeroso. Os Beatles já soavam como os Beatles dos primeiros discos como "Please, Please Me" e "With The Beatles". Aquele ritmo e aquele som já era cem por cento Beatles que o mundo iria amar dentro de pouco tempo. Sheridan, como eu já frisei, procurava cantar como o maior ídolo do rock daquele tempo, o imortal Elvis Presley. O timbre, as notas vocais alcançadas e o jeito de interpretar não deixavam dúvidas sobre isso. Para os Beatles isso não era necessariamente um problema já que eles também eram fãs de Elvis. Claro que eles queriam seguir sua própria carreira, gravando e cantando suas composições próprias - que já eram muitas nesse período, todas já assinadas como sendo de autoria da dupla Lennon e McCartney. Aquilo porém era o que eles tinham à mão e tocaram muito bem, profissionalmente. Seria por causa dessa gravação que um bem sucedido empresário de Liverpool chamado Brian Epstein ouviria pela primeira vez o nome Beatles. Ele tinha uma loja de discos na cidade e se orgulhava de dizer que seu catálogo era o maior da Inglaterra. Não havia disco ou single que não fosse encontrada na loja de Brian. Isso foi verdade até um dia que um garoto chegou a ele e perguntou se ele tinha o disco dos Beatles! Brian ficou atônito! Quem eram os Beatles? O resto é história. Brian foi atrás do grupo para conhecer a banda e se apaixonou pelo seu som. Se aproximou dos rapazes e em pouco tempo assinou como seu empresário musical. E o mundo nunca mais seria o mesmo depois disso.

Pablo Aluísio.
 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Bill Haley and His Comets - Rock Around the Clock

Bill Haley é costumeiramente citado em enciclopédias e livros sobre história da música como o “pai do rock”, um músico que revolucionou o cenário cultural dos Estados Unidos ao emplacar o primeiro grande sucesso comercial do novo gênero que nascia, “Rock Around the Clock”, uma mistura de estilos que o radialista Alan Freed batizou de “Rock ´n´ Roll”. Bom, certamente Haley não foi o criador do rock, na realidade não existe “um pai do rock” propriamente dito pois essa nova música foi certamente uma inovação coletiva, difusa, mesclando novidades de vários artistas diferentes que se aproveitaram da nova sonoridade para cair nas graças do público consumidor. Bill surgiu no mundo country, ainda na década de 1940, pois era em essência um cantor de bailes – como aqueles que vemos em filmes nostálgicos que retratam os costumes daqueles “anos dourados”. Conforme o tempo foi passando ele descobriu que o R&B negro sempre tinha boa repercussão entre as plateias brancas. Como a primeira obrigação de Bill era entreter seu público acima de tudo, ele foi aos poucos incorporando o novo som em suas apresentações. Usando elementos do som negro ele acabou os fundindo com seu som mais country. Não é à toa que o rock sempre é identificado como a mistura de country, gospel e blues (ou mais especificadamente R&B).

Bill sabia disso e assim como muitos outros artistas de seu tempo ele se aproveitou dessa idéia em beneficio próprio. Em última instância ele apenas fez parte de uma tendência que vinha de todos os lados, seja de artistas negros ou brancos. O resultado dessa fusão de gêneros pode ser conferido muito bem nesse terceiro álbum da carreira do “Glenn Miller do Rock” (outro de seus títulos, uma clara referência ao seu passado de cantor de bailes e festas). Como era de se esperar Bill tem aqui reunidos alguns de seus maiores sucessos. O cantor passou quase toda a sua carreira na Decca Records, uma gravadora que se notabilizou por grandes erros cometidos em sua história (eles dispensaram, por exemplo, os Beatles em um teste afirmando que “bandas masculinas estavam com os dias contados!”). Mas voltemos ao Bill Haley. O repertório desse álbum capta aquele que seria o melhor momento de toda a carreira do cantor. Infelizmente sua verve mais criativa durou poucos anos – após seu sucesso inicial Halley pouco produziu de novidade preferindo viver de glórias passadas como um artista nitidamente revival, vintage. Não faz mal, aqueles poucos anos certamente valeram a eternidade para Bill Haley e seus Cometas!

Bill Haley and His Comets - Rock Around the Clock (1955)
Rock Around the Clock
Shake, Rattle and Roll
A.B.C. Boogie
Thirteen Women
Razzle-Dazzle
Two Hound Dogs
Dim, Dim the Lights
Happy Baby
Birth Of The Boogie
Mambo Rock
Burn That Candle
Rock-A-Beatin' Boogie.

Bill Haley and His Comets - Rock 'n' Roll Stage Show (1956)
Bill Haley começou sua carreira como artista tipicamente Country and Western, porém nos anos 1950 ele foi notando que o gosto dos jovens estava mudando. Havia um novo balanço, uma aceleração nas canções, tudo feito com o propósito de se soltar na pista de dança. Assim Haley incorporou essa nova sonoridade em seus discos. Um exemplo podemos ouvir aqui em "Rock 'n' Roll Stage Show", onde ele já adota abertamente a expressão da moda, "Rock 'n' Roll", para impulsionar a venda de seus álbuns. Lançado em agosto de 1956, um ano chave para a popularização do rock americano, o disco não abre mais margens à dúvida sobre que tipo de artista Bill Haley era naquele momento. É curioso porque por anos ele foi indicado como o "pai do rock", só que na verdade Haley apenas surfou na nova onda que vinha crescendo cada vez mais.

Como ele vivia da sua música ele tinha que seguir a corrente para sobreviver. Tanto isso é verdade que uma vez estabilizado na carreira, Haley voltou a gravar faixas country, do tipo que sempre fez parte de sua discografia antes do advento do rock. Esse disco aqui é considerado por alguns fãs de Haley como uma colcha de retalhos sem muita consistência. São apenas 4 faixas cantadas por ele, sendo as outras encaixadas quase como tapa-buracos. Há bastante música instrumental e ótimos arranjos, mas de Bill Haley mesmo, muito pouco. Mesmo assim vale por sua importância histórica para o surgimento do rock feito nos Estados Unidos naqueles tempos pioneiros.

Bill Haley and His Comets - Rock 'n' Roll Stage Show (1956)
1. Calling All Comets
2. Rockin' Thru the Rye
3. A Rockin' Little Tune
4. Hide and Seek
5. Hey Then, There Now
6. Goofin' Around
7. Hook, Line and Sinker
8. Rudy's Rock
9. Choo Choo Ch'Boogie
10. Blue Comet Blues
11. Hot Dog Buddy Buddy
12. Tonight's the Night

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

The Beatles - Twist and Shout

Durante a carreira dos Beatles a EMI Odeon, a gravadora do grupo na Inglaterra, não exercia qualquer controle sobre os lançamentos da banda nos Estados Unidos e no Canadá. Nesses países os direitos dos Beatles pertenciam à Capitol Records, poderosa companhia fonográfica da costa oeste. Assim os americanos resolveram criar seus próprios discos, misturando faixas da discografia oficial inglesa, dando origem a títulos próprios. O mesmo sucedia no braço canadense da Capitol. No Canadá os discos eram compostos aleatoriamente por executivos locais, de acordo com as músicas que faziam mais sucesso nas rádios de Toronto, Montreal e Ottawa.

Assim foi criado esse álbum, um dos primeiros a serem lançados no Canadá. Você pode até se perguntar qual seria a importância disso para um fã dos Beatles nos dias de hoje? Acontece que esse disco é um dos mais raros atualmente entre colecionadores. Seu lançamento restrito, lançado apenas dentro das fronteiras canadenses, faz com que um original da época, em bom estado, alcançasse boas cifras no mercado. O repertório é basicamente retirado do disco "Please Please Me" com a inserção de canções de sucessos que foram originalmente lançadas em singles ingleses e americanos (como o hit "She Loves You" que fecha o disco). Um bom retrato do que vinha fazendo sucesso na voz do quarteto em sua época de lançamento. A capa é das melhoras. Essa foto dos Beatles pulando virou ícone na Beatlemania e foi aproveitada em discos, singles e compactos ao redor do mundo. Por falar nisso é bom salientar que os Beatles possuem uma das discografias mais variadas da história da música, fruto dessa liberdade que a EMI Odeon dava às gravadores de outros países. Em razão disso praticamente nenhuma discografia nacional dos Beatles é igual a outra, fato que inclusive se repetiu na discografia brasileira. Um gostinho a mais para os colecionadores de álbuns do conjunto.

The Beatles - Twist and Shout (1964)
Anna (Go to Him)
Chains
Boys" 
Ask Me Why
Please Please Me
Love Me Do
From Me to You
P.S. I Love You
Baby It's You
Do You Want to Know a Secret
A Taste of Honey
There's a Place
Twist and Shout
She Loves You

Pablo Aluísio.

A-ha - East of the Sun, West of the Moon

Não cheguei a comprar na época de seu lançamento, só alguns anos depois. Claro que apesar disso foi impossível escapar de ouvir nas rádios o maior hit do grupo nesse disco, uma nova versão do clássico "Crying in the Rain", composição de Howard Greenfield e Carole King. Já achava essa canção extremamente linda, desde que a ouvira pela primeira vez na interpretação do grupo The Everly Brothers, um dos melhores da história nesse tipo de canção. A versão dos Brothers foi lançada em 1962 e até hoje é considerada a melhor, mesmo assim não vou tirar os méritos do A-ha. Eles fizeram uma bela gravação do standart. Aliás uma das maiores qualidades do A-ha vem justamente dessa sutileza. Eles jamais inventam em músicas que precisam ficar na sua simplicidade original para não perderem sua essência melódica. Nesse ponto acertaram em cheio.

Além dessa excelente faixa inicial o disco ainda traz outros atrativos, como por exemplo, a simpática "Early Morning". Ela foi lançada como single e seu clip foi gravado em pleno Rock in Rio II. A música fez sucesso nas rádios, o que acabou impulsionando suas vendas (no total o álbum conseguiu vender mais de três milhões de cópias ao redor do mundo desde seu lançamento original, um número digamos de respeito). Pois bem, depois dessas duas faixas mais conhecidas o álbum segue em frente com uma coleção de boas canções, todas agradáveis. O A-ha também sempre se mostrou muito bom em álbuns justamente por essa capacidade de os preencher com um bom repertório aos ouvidos. Certo, não existem obras primas, mas todas valem ao menos uma audição descompromissada e relaxante. Curiosamente no meio desse retalho sonoro bem ok, a única que nunca me agradou muito foi justamente a canção título do disco, "East of the Sun". Apesar do bom arranjo de voz e violão (e quarteto de cordas ao fundo) nunca consegui realmente gostar de seu refrão. Já "Cold River" se sobressai por causa de seu ritmo mais voltado a um jazz sofisticado. Só peca por ser curta demais. Então basicamente é isso. Não é o meu disco preferido do A-ha, mas certamente vale a pena ter em sua coleção.

A-ha - East of the Sun, West of the Moon (1990)
Crying in the Rain
Early Morning
I Call Your Name
Slender Frame
East of the Sun
Sycamore Leaves
Waiting for Her
Cold River
The Way We Talk
Rolling Thunder
(Seemingly) Non-stop July

Pablo Aluísio.

Discografia Comentada - A-ha

Discografia Comentada - A-ha
A-ha – Hunting High and Low (1985)
Disco de estreia do A-ha. Eles assinaram com a Warner Bros, uma grande gravadora e não decepcionaram nas paradas. Com o clip de "Take on Me" passando na MTV, numa bem feita mistura de animação e pessoas reais, o grupo conquistou o mercado americano. Inclusive um fato curioso é saber que esse álbum continua sendo até hoje o maior sucesso do A-ha nos Estados Unidos. Além da música já citada se tornaram hits as faixas "Hunting High and Low" e "The Sun Always Shines on T.V.". / A-ha – Hunting High and Low (1985): Take on Me / Train of Thought / Hunting High and Low / The Blue Sky / Living a Boy's Adventure Tale / The Sun Always Shines on T.V. / And You Tell Me / Love Is Reason / I Dream Myself Alive / Here I Stand and Face the Rain.

A-ha - Scoundrel Days (1986)

Um ano após o sucesso do primeiro disco o A-ha chegou no mercado com seu tão esperado segundo álbum de inéditas. O maior sucesso desse LP foi a faixa "Cry Wolf" que invadiu as rádios de todo o mundo. A balada tema do álbum, a introspectiva "Scoundrel Days" também fez sucesso. Esse disco se destacou também pela quantidade de hits nas rádios, com especial atenção para as faixas "Maybe, Maybe", "October", "he Swing of Things" e "I've Been Losing You". Se formos analisar bem quase todo o disco fez sucesso. Incrível!  / A-ha - Scoundrel Days (1986): Scoundrel Days / The Swing of Things / I've Been Losing You / October / Manhattan Skyline / Cry Wolf / We're Looking for the Whales / The Weight of the Wind / Maybe, Maybe / Soft Rains of April.

A-ha - Stay On These Roads (1987)

Terceiro álbum oficial do trio. Esse disco também foi farto em hits. A canção "The Living Daylights" entrou na trilha sonora de um filme de James Bond. "You Are the One" é até hoje lembrada como um dos maiores sucessos do A-ha. "The Blood That Moves the Body" é outro destaque e a balada tema "Stay On These Roads" cansou de tocar nas festas e bailes da época. Esse foi o último disco de grande sucesso mundial da discografia do A-ha. / A-ha - Stay On These Roads (1987): Stay on These Roads / The Blood That Moves the Body / Touchy! / This Alone Is Love / Hurry Home / The Living Daylights / There's Never a Forever Thing / Out of Blue Comes Green  / You Are the One / You'll End up Crying.

A-ha - East of the Sun, West of the Moon (1990)
Com o fim dos anos 80 o A-ha deu adeus ao seu período de maior sucesso musical. A pop music tomava outros rumos e o grupo procurou por novas musicalidades. Esse é um disco com sabor de fim de festa mesmo, onde apenas duas faixas se tornaram hits. "Crying in the Rain" era um cover de uma antiga música dos anos 50, da dupla The Everly Brothers. A versão do A-ha ficou muito bonita e caprichada. "Early Morning" também fez sucesso, mas em menor escala. Nenhuma das outras faixas do disco, por melhores que fossem, viraram sucesso. / A-ha - East of the Sun, West of the Moon (1990) Crying in the Rain / Early Morning / I Call Your Name / Slender frame / East of the sun / Sycamore leaves / Waiting for Her / Cold River / The Way We talk / Rolling Thunder / (Seemingly) Nonstop July.

A-ha - Memorial Beach (1993)
Pessoalmente considero um dos melhores discos do A-ha, só com músicas e melodias belas e bonitas, porém comercialmente o disco não fez sucesso. Nenhuma faixa se sobressaiu no mercado mundial, nas paradas de sucesso. A gravadora até se esforçou para divulgar "Dark Is the Night for All" (Linda faixa do disco) e "Move to Memphis", mas sem maiores resultados. Como o disco não fez o sucesso esperado o grupo resolveu dar um tempo. Eles não se separaram, mas ficaram anos sem gravar nada de novo nos estúdios.  / A-ha - Memorial Beach (1993): Dark Is the Night for All / Move to Memphis / Cold as Stone / Angel in the Snow / Locust / Lie Down in Darkness / How Sweet It Was / Lamb to the Slaughter / Between Your Mama and Yourself / Memorial Beach.

A-ha - Minor Earth Major Sky (2000)
Depois de sete anos sem lançar nada o A-ha retornou ao mercado. O vinil havia morrido e agora todos os seus lançamentos chegariam nas lojas no formato CD. Esse aqui foi seu álbum de retorno, que ficou conhecido pelos fãs como o álbum do avião no deserto do A-ha. A sonoridade musical mudou bastante e esse trabalho tem um estilo todo diferenciado. Pessoalmente gostei do resultado. Circulou apenas entre os fãs do grupo. Foi elogiado pela crítica, mas novamente não fez qualquer sucesso comercial. Foi um bom retorno apenas. / Minor Earth Major Sky (2000): Minor Earth Major Sky / Little Black Heart / Velvet / Summer Moved On / The Sun Never Shone That Day / To Let You Win / The Company Man / Thought That It Was You / I Wish I Cared / Barely Hanging On / You'll Never Get Over Me / I Won't Forget Her / Mary Ellen Makes the Moment Count / Summer Moved On (remix) / Minor Earth Major Sky (remix) / Velvet (Stockholm mix).

A-ha - Lifelines (2002)
Álbum forte, muito bem gravado, com músicas excelentes. Virou hit no norte da Europa, vendendo muito bem nos mercados da Alemanha, Holanda, países escandinavos e algumas ex-repúblicas soviéticas. Porém foi um sucesso, como se pode ver, bem local, não chegando ao resto do mundo, que aliás só fez perder um dos trabalhos mais consistentes dessa banda da Noruega. / A-ha - Lifelines (2002): 1. Lifelines / 2. You Wanted More / 3. Forever Not Yours / 4. There's a Reason for It / 5. Time & Again / 6. Did Anyone Approach You? / 7. Afternoon High / 8. Oranges on Appletrees / 9. A Little Bit / 10. Less Than Pure / 11. Turn the Lights Down / 12. Cannot Hide / 13. White Canvas / 14. Dragonfly / 15. Solace.

A-ha - Foot of The Mountain (2009)
Para o público em geral esse lançamento do A-ha passou em brancas nuvens. Eles já não eram os adolescentes bonitinhos dos anos 80, algo que os fez se tornarem famosos no mundo todo. Agora, músicos experientes, eles se voltaram mais para o lado artístico de seu trabalho. É outro belo CD do trio, com faixas muito bem compostas e gravadas. Um primor musical certamente. Se não fez o sucesso esperado, isso é realmente de menor importância.  / A-ha - Foot of The Mountain (2009): The Bandstand / Riding The Crest / What There Is / Foot Of The Mountain / Real Meaning / Shadowside / Nothing Is Keeping You Here / Mother Nature Goes To Heaven / Sunny Mystery / Start The Simulator.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de dezembro de 2011

A-ha - Foot of The Mountain

Muita gente associa o grupo norueguês a-ha ao seu grande sucesso nas paradas pop dos anos 80, com discos que marcaram a década como Hunting High and Low, Scoundrel Days e Stay On These Roads, três álbuns que entraram definitivamente no gosto popular durante aqueles anos. Depois disso o A-ha lançaria um álbum que apesar de excelente do ponto de vista musical não faria sucesso, Memorial Beach. Com o fracasso de vendas o grupo resolveu dar um tempo e parar as atividades por um longo tempo. Para muitas pessoas o A-ha teria desaparecido para sempre depois disso.

Nada mais longe da realidade. O a-ha voltaria em 2000 e lançaria o disco que iria definir sua segunda (e melhor fase). Minor Earth, Major Sky é um trabalho definitivamente muitos pontos acima das canções com aquele tipo de refrão pegajoso que é bem a cara dos dos anos 80 e seu álbum seguinte, Lifelines, que é simplesmente ótimo. Um CD com arranjos de primeira linha, produção de excelente bom gosto e nível técnico. Com esses dois trabalhos o a-ha parecia redefinir sua sonoridade, mostrando que havia muito talento escondido dentro do trio, em especial por parte de Pal Waaktaar, a verdadeira mente pensante do grupo. Embora não fizessem o sucesso esperado esses dois CDs fizeram a critica especializada mudar sua opinião e ver o grupo com novos olhos e sob uma nova perspectiva. Definitivamente eles não eram apenas um trio para adolescentes bobocas dos anos 80. Seu último trabalho, Analogue, veio para reafirmar essa nova fase do grupo, mas infelizmente foi outro grande fracasso de vendas.

Então chegamos em Foot of The Mountain, lançado esse ano. Embora tenham produzido um ótimo trabalho musical nos últimos anos parece que a falta de grandes sucessos começou a incomodar o a-ha que resolveu tentar ressuscitar sua sonoridade dos anos 80 com esse novo CD. Isso é facilmente entendido nos primeiros acordes de The Bandstand. A tentativa de reviver velhos hits fica mais do que evidente com essa faixa. O arranjo é completamente retrô, lembrando o que havia de pior nos sintetizadores oitentistas. No final da faixa temos que dar graças a Deus do grupo não ter colocado para valer aqueles sintetizadores antigos dos 80´s, embora o arranjo tenha chegado bem perto disso!

Foi com certo desapontamento que fui de faixa em faixa ouvindo essa tentativa frustrada do grupo em tentar reviver seus antigos sucessos. Não é por aí. Para quem vinha em uma escalada musical de ótimo nível o a-ha derrapou feio com a musicalidade desse CD. O mundo musical atual não tem absolutamente mais nada a ver com os anos 80, que diga-se de passagem, foi a década onde mais se produziu lixo musical na história. Não é tentando voltar quase trinta anos no tempo que a-ha vai se reencontrar com as paradas, o caminho que estava trilhando com seus últimos trabalhos era o ideal, aos poucos o velho sucesso nas rádios iria voltar com absoluta certeza, não era necessário apelar tanto.

Aliás é bom que se diga: o a-ha, mesmo com os trabalhos anteriores não emplacando sucessos mundiais, nunca deixou de ter um grande público fiel e seguidor da banda. De maneira geral era consenso entre os fãs que a fase Lifelines era extremamente bem-vinda. Embora o a-ha nunca mais tenha conseguido emplacar seu antigo sucesso mundial (como nos tempos de Take On Me, quando o grupo virou sinônimo da MTV americana), seu êxito comercial no norte da Europa (Alemanha e países escandinavos) jamais deixou de existir. Em suma, não era necessário ao a-ha tentar trazer de volta os anos 80. Sua fase naquela década tem seu valor mas deve ser deixado para trás definitivamente. Torço sim para que o a-ha volte, mas não para os anos 80, e sim para a qualidade de CDs como Lifelines e Minor Earth, Major Sky.

Pablo Aluísio.