sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Baby Boy - O Rei da Rua

O diretor John Singleton sempre foi um dos cineastas negros mais interessantes de sua geração. Assim como Spike Lee ele sempre procurou retratar em seus filmes a realidade dos bairros negros da América. Aqui ele foca sua câmera na vida de um jovem de 21 anos que tenta sair do ciclo destrutivo que atinge muitos como ele. O amigo está afundando numa gangue de rua. Sua mãe tem um novo relacionamento que quase nunca termina bem. Ele está desempregado e a mãe de seus filhos o pressiona para arranjar dinheiro. No meio de tudo ele tenta se manter na linha, sem ir para a criminalidade.

O filme de uma maneira em geral é muito bom, bem realizado, com roteiro realista, bem pé no chão. É um drama social, sem espaço para bobagens. Há até boas cenas envolvendo violência e até mesmo ação, mas no fundo o toque principal de sua temática nem passa muito por esse aspecto. O Singleton acabou realizando mais um bom filme, embora não seja nem dos seus melhores e nem dos mais lembrados. Vale a pena conhecer mais essa sua obra cinematográfica.

Baby Boy - O Rei da Rua (Baby Boy, Estados Unidos, 2001) Direção: John Singleton / Roteiro: John Singleton / Elenco: AlexSandra Wright, Tyrese Gibson, Taraji P. Henson / Sinopse: Jody (Tyrese), jovem negro morador de uma grande cidade americana, tenta endireitar a vida e resolver seus problemas pessoais. Algo que não será fácil para ele. Desempregado, com mulher e filhos e uma mãe cheia de problemas, ele tenta não cair na tentação de entrar para o mundo do crime.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Damsel

Esperava bem mais desse western moderno. Não apenas por ser um faroeste, gênero cada vez mais raro nos dias atuais, como também pelo fato de trazer a atriz Mia Wasikowska. Ela é uma das minhas preferidas. O enredo começa com um pastor surtando numa parada de diligências bem no meio do deserto. A carruagem não chega e ele vai perdendo a cabeça, até que enlouquece completamente e tira as roupas, para surpresa do outro passageiro que também está esperando por seu transporte.

A partir daí o filme volta em um longo flashback para contar parte de sua história. Uns trinta anos antes ele é contratado por um jovem pregador (interpretado pelo fraco Robert Pattinson). O objetivo é localizar sua noiva que foi raptada por um bandido do velho oeste. Pelas últimas notícias que ele teve, ela está em uma cabana bem distante da cidade mais próxima. Assim ele vai até lá, com o pastor e um pônei! (isso mesmo, um pônei que ele quer dar de presente para sua amada!).

O filme não se desenvolve muito bem. Há diversas perdas de ritmo e uma estranha pitada de humor negro, não muito em evidência, que também estraga um pouco as coisas. O maior destaque, já esperava por isso, vem da interpretação da Mia Wasikowska. Ela praticamente salva o filme do desastre total em sua parte final. No começo você fica pensando que ela vai ser mais uma personagem daquelas loirinhas bobinhas que sempre surgem nesse tipo de faroeste, mas não, numa reviravolta ficamos sabendo que ela está muito feliz e apaixonada por seu sequestrador e que mesmo sendo uma beldade sabe se defender muito bem, com arma em punho. Para terminar de destruir a imagem de mulher indefesa ela ainda fuma um nada sexy cachimbo de milho e bebe whisky na boca da garrafa! Pois é, a Mia acabou mesmo sendo a melhor coisa de um filme que no geral é bem fraco mesmo. Por ela vale o sacrifício.

Damsel (Estados Unidos, 2018) Direção: David Zellner, Nathan Zellner / Roteiro: David Zellner, Nathan Zellner / Elenco: Robert Pattinson, Mia Wasikowska, David Zellner / Sinopse: Jovem pregador vai até o oeste selvagem em busca de sua noiva, que foi sequestrada por um bandoleiro. Só que ao chegar na pequena cabana onde ela vive descobre que nada era do que ele pensava ser. Filme indicado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

Amor Louco

A atriz Drew Barrymore fez muitos filmes durante os anos 90. Não era difícil chegar na locadora e descobrir que havia um novo filme com ela na sessão de lançamentos. Como apareceu em inúmeras fitas, muitas delas acabaram caindo no esquecimento completo com o passar dos anos. Esse "Amor Louco" é um dos filmes mais interessantes dela nessa época, principalmente por causa de sua personagem, uma jovenzinha bonita, simpática, alegre, boa companhia, mas que sofre de problemas mentais. Não se trata apenas de crises depressivas, mas sim de um problema bem maior.

Seu namorado no filme é o próprio Robin, ou melhor dizendo, o ator Chris O'Donnell. Quando ela é internada em uma instituição psiquiátrica ele tenta resgatá-la a levando para longe, pegando a estrada, o que acaba tornando o filme um road movie. Não espere por grande coisa, mas é aquele tipo de filme que você não se arrepende de assistir, principalmente por causa do carisma do casal principal. Além disso a personagem da Drew tem mais a ver com ela na vida real do que qualquer outra coisa. Isso por si só, já desperta o interesse.

Amor Louco (Mad Love, Estados Unidos, 1995) Direção: Antonia Bird / Roteiro: Paula Milne / Elenco: Chris O'Donnell, Drew Barrymore, Matthew Lillard / Sinopse: Matt Leland (Chris O'Donnell) ama sua namoradinha Casey Roberts (Drew Barrymore), o problema é que a garota tem distúrbios mentais, o que a torna uma pessoa imprevísivel e cheia de manias. Quando ela é colocada dentro de uma instituição de tratamento, ele resolve raptá-la para juntos pegarem a estrada, rumo à liberdade.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Rua Cloverfield, 10

Gostei do roteiro desse filme. É um daqueles enredos que mexem com o espectador que fica na dúvida sobre o que de fato estaria acontecendo. O filme começa quando Michelle (Mary Elizabeth Winstead) recobra a consciência e descobre que está em lugar estranho que mais parece um porão de uma casa. É lá que vive o estranho Howard (John Goodman). Ele explica a ela que houve um acidente de carro. Após a batida ela foi levada até lá. O problema é que não poderá sair, pois aconteceu uma catástrofe do lado de fora, uma guerra nuclear ou um ataque químico. Impossível deixar a casa. Se tentar será morte certa.

Nesse ponto o espectador começa a se perguntar: seria verdade o que o personagem de John Goodman diz? Ou tudo não seria uma mera desculpa para ele manter aquela mulher ali, aprisionada. Com um quebra-cabeças desses sobre a mesa o espectador tem que sair pincelando pistas que vão surgindo aos poucos. É interessante saber também que a estória desse filme se passa em paralelo com o que se assistiu no primeiro Cloverfield, aquela ficção em que um monstro gigante começa a destruir toda uma cidade, enquanto as pessoas lá embaixo vão filmando tudo com seus celulares. Assim se curtiu o primeiro filme não deixe de ver esse aqui, que aliás é bem mais inteligente do que o anterior.

Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, Estados Unidos, 2016) Direção: Dan Trachtenberg / Roteiro: Josh Campbell, Matthew Stuecken / Elenco: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr / Sinopse: Jovem mulher, Michelle (Mary Elizabeth Winstead), se vê acorrentada em um tipo de abrigo anti-nuclear após sofrer um acidente na estrada. Lá vive o estranho Howard (John Goodman), um veterano de guerra que diz a ela que o mundo lá fora está destruído, pois provavelmente houve um ataque nuclear ou químico. Eles precisam ficar no abrigo para sobreviver. Estaria Howard falando a verdade ou escondendo tudo para aprisioná-la naquele lugar?

Pablo Aluísio.

Fora de Controle

O que achei muito fraco nesse filme foi sua trama. Basicamente temos dois personagens centrais. Gavin Banek (Ben Affleck) é um jovem advogado que precisa chegar urgentemente no tribunal para entregar uma procuração. Doyle Gibson (Samuel L. Jackson) também precisa chegar rapidamente em uma audiência judicial, caso contrário perderá a guarda dos filhos. No meio do caminho ocorre um acidente. Tanto Banek como Gibson saem prejudicados. Eles perdem a oportunidade de chegarem no tribunal. Um culpa o outro pelas consequências. Uma guerra então é declarada entre ambos.

E é isso. Complicado entender como um roteiro tão básico e também inverossímil contou com uma produção milionária como essa. As coisas simplesmente não funcionam, o filme não convence e nem diz a que veio. Ben Affleck continua o mesmo. Como ator ele é inegavelmente fraquíssimo. Parece ter apenas uma expressão facial no filme inteiro. Dramaticidade zero.  Samuel L. Jackson também não está bem. Ele não é um ator ruim, mas tem tendência a cair em um tipo de caricatura de homem nervoso, soltando palavrões em série, que depois de um tempo irrita. Então é isso. Um filme que foi prejudicado por não ter uma boa estória para contar.

Fora de Controle (Changing Lanes, Estados Unidos, 2002) Direção: Roger Michell / Roteiro: Chap Taylor / Elenco: Ben Affleck, Samuel L. Jackson, Kim Staunton / Sinopse: Após um acidente de trânsito banal, dois homens, o advogado Gavin Banek (Ben Affleck) e o pai de família Doyle Gibson (Samuel L. Jackson), chegam atrasados em compromissos importantes com a justiça. A partir daí eles começam uma guerra particular.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

O Agente da U.N.C.L.E.

Esse é mais um exemplo do que vem ocorrendo muito nos últimos tempos. Pega-se uma série antiga - de preferência dos anos 60 - se dá uma modelagem mais moderna e lança nos cinemas. Quem sabe se torna mais uma franquia milionária como "Missão Impossível". Não aconteceu nesse caso, mas até que valeu um pouco a tentativa. Quem é um pouco mais velho vai até se lembrar de "O Agente da U.N.C.L.E." passando nas emissoras brasileiras lá pelo final dos anos 60, comecinho dos anos 70. Fez um sucesso moderado, indo parar nas reprises vespertinas da Band.

Agora o diretor Guy Ritchie tentou revitalizar esse antigo produto televisivo. Ficou bom? Em termos. O novo filme tem excelente produção, ótima reconstituição de época, trilha sonora incidental saborosa (o que era de se esperar), mas ao mesmo tempo não empolga, não tem muito carisma. Henry Cavill, recentemente despedido do papel de Superman, é bem burocrático e sem graça. Como ele não funciona - sendo o protagonista - todo o resto acaba se perdendo numa sucessão de boas intenções que não resultou em um bom filme. Fica para a próxima.

O Agente da U.N.C.L.E.(The Man from U.N.C.L.E, Estados Unidos, Inglaterra, 2015) Estúdio: Warner Bros / Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Guy Ritchie, Lionel Wigram / Elenco: Henry Cavill, Hugh Grant, Armie Hammer, Alicia Vikander, Jared Harris / Sinopse: Napoleon Solo (Henry Cavill) é um ladrão de jóias que é recrutado por uma agência de espionagem inglesa para fazer um serviço do outro lado da cortina de ferro, durante a guerra fria.

Pablo Aluísio.

O Amor Custa Caro

Olhando para o passado chego na conclusão que o George Clooney nunca convenceu como bom ator. Ele é mais um tipo, uma personalidade carismática (para alguns) que caiu nas graças do público em geral. Seus maneirismos repetidos à exaustão, seja em séries, seja em filmes, depois de um tempo cansam. Nesse "O Amor Custa Caro" ele está mais canastrão do que nunca no papel de um advogado especializado em divórcios milionários que acaba tendo um caso com a ex-esposa de um de seus clientes.

O roteiro aposta no ácido, no cinismo, nos diálogos de duplo sentido. Nada muito inspirado. Porém se você estiver passando por um daqueles divórcios infernais pode ao menos rir um pouquinho das situações colocadas no filme. Ao contrário do espectador comum que logo vai se cansar das piadinhas do filme, talvez largando a sessão no meio do caminho. É o mais banal e dispensável filme dos irmãos Coen. .

O Amor Custa Caro (Intolerable Cruelty, Estados Unidos, 2003)  Direção: Joel Coen, Ethan Coen / Roteiro: Robert Ramsey, Matthew Stone / Elenco: George Clooney, Catherine Zeta-Jones, Billy Bob Thornton / Sinopse: Advogado especializado em divórcios milionários, sempre defendendo os maridos, acaba sendo seduzido pela bonita ex-esposa de um de seus clientes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Sicário: Dia do Soldado

Gostei bastante do primeiro filme. Nem sabia que o ator Benicio Del Toro tinha planos de criar e estrelar uma nova franquia de filmes de ação. Foi justamente isso que aconteceu. Nesse segundo filme temos a sequência dos acontecimentos do primeiro filme, só que com uma trama de fundo diferente. Tudo começa quando três terroristas islâmicos entram em um pequeno supermercado numa cidade de fronteira dos Estados Unidos. São homens bombas. Tudo vai pelos ares. A CIA entra na investigação e descobre que eles entraram no país justamente na fronteira com o México. Por trás de tudo estaria os grandes cartéis mexicanos de tráfico de drogas; A solução encontrada pelos agentes é criar uma guerra interna entre eles, para assim desmontar todo o crime organizado, tanto  do lado dos Estados Unidos, como do México. Bom roteiro, que apesar de não estar no mesmo patamar do primeiro filme, não deixa a desejar em nada.

Como destaque do filme temos algumas sequências extremamente bem realizadas. Numa delas três helicópteros militares das forças especiais americanas interceptam carros cheios de traficantes e sicários, onde uma jovem adolescente, chefe de um chefão de um cartel importante, era levada como refém. O estilo é cru e violento, com poucos diálogos (apenas os necessários). O resultado é bem expressivo.  Em outra cena o personagem de Benicio Del Toro é executado bem no meio do deserto, só que o tiro, dado por um garoto, atravessa sua boca, saindo pela lateral. Na hora você pensa que é o fim dele, afinal como alguém poderia sobreviver a algo assim... mas depois de alguns momentos ele se levanta e consegue escapar. Uma cena bem visceral. O roteiro obviamente deixa a porta aberta para novos filmes. Se eles continuarem nesse nível de qualidade serão muito bem-vindos.

Sicário: Dia do Soldado (Sicario: Day of the Soldado, Estados Unidos, México, 2018) Direção:  Stefano Sollima / Roteiro: Taylor Sheridan / Elenco: Benicio Del Toro, Josh Brolin, Isabela Moner, Matthew Modine / Sinopse: Alejandro (Benicio Del Toro) entra em uma nova operação da CIA, sob comando do agente Matt Graver (Josh Brolin). Após a entrada de terroristas pelas fronteiras, eles devem criar uma guerra entre os principais cárteis de drogas do México. Brigando entre si, ficariam mais fáceis de dominar e destruir.

Pablo Aluísio.