segunda-feira, 12 de março de 2007

Rock Hudson: A Luta contra a AIDS

Em busca de algum tipo de tratamento para a AIDS, Rock Hudson pegou o primeiro avião para Paris. Ele não gostava da cidade, achava o clima ruim e desde que estivera por lá pela última vez não guardou boas lembranças. Agora porém o ator tinha que deixar isso de lado para tentar sobreviver a essa nova doença incurável. Na capital francesa Rock deu entrada no Hospital Geral. Após os primeiros exames se constatou que sua carga viral estava muito alta e seu organismo bem debilitado. Rock havia perdido muito peso apenas nos últimos dias e seu hábito de fumar e beber não estava ajudando em nada.

Ainda em fase experimental o ator foi submetido a um coquetel químico (que anos depois seria aperfeiçoado, dando sobrevida a muitos pacientes com AIDS). Naquele tempo porém tudo ainda era incerto. As agulhas deixaram hematomas nos braços de Rock e ele passou mal em todas as sessões do tratamento. Antes de ser submetido a essa bateria de medicamentos ele precisou assinar um termo de responsabilidade, isentando o hospital de futuros processos judiciais caso algo desse errado. De certa maneira Rock, desesperado por algum tipo de cura, acabou se colocando na delicada posição de ser uma cobaia humana. Apesar do desconforto inicial Rock foi percebendo que estava bem melhor do que antes. As náuseas frequentes e os ataques de insônia - que o deixaram sem dormir por vários dias - desapareceram. Diante disso Rock foi orientado a retornar para os Estados Unidos e depois voltar, dentro de um mês, a Paris, para uma nova sessão de terapia intensiva.

De volta à Los Angeles Rock começou a perceber que sua viagem a Paris havia despertado a curiosidade de alguns meios e jornais sensacionalistas. Começou a circular por Hollywood o boato de que ele estaria morrendo de câncer. Alguns amigos da indústria cinematográfica, antigas estrelas do cinema clássico americano, como Elizabeth Taylor, telefonaram a Rock para saber se estava tudo bem! Rock desmentiu todos os boatos, mas ficou preocupado com a possibilidade de que algum jornalista viesse a descobrir que ele estava com AIDS. Seu assistente Mark relembraria a situação dizendo: "A AIDS naquele tempo era associada aos gays de San Francisco, pessoas promíscuas que não se cuidavam. Era uma doença de rua, que atingia homossexuais pobres, que faziam programa! Por isso muitos chamavam a AIDS de o câncer gay".

Havia muitas dúvidas no ar também. Poderia a AIDS ser transmitida por talheres, copos e pelo uso de instalações em comum, como banheiros etc? Ninguém sabia. Por isso Rock mandou separar todos os seus pratos e utensílios para que ninguém mais os usassem. Também passou a limpar seu próprio banheiro em sua suíte no castelo. Não queria que nenhum de seus empregados fosse exposto a qualquer risco de contágio. Rock nesse aspecto só errou gravemente em um ponto: não ter mandado embora Marc Christian, o homem com quem supostamente vivia. Marc não estava com AIDS e depois processou o espólio de Rock, exigindo milhões em indenizações, por não ter sido avisado que Rock estava com AIDS. Ele alegou na corte de justiça que Rock continuou a ter relações sexuais com ele mesmo após saber que tinha AIDS. Fato esse que foi negado por Mark e Geoge Nader, os amigos mais próximos de Rock. Mark disse: "Rock havia ficado com aversão a Marc Christian depois que soube que ele havia sido garoto de programa para gays endinheirados da Califórnia. Na verdade Rock só não o expulsou de sua mansão, o castelo, com medo de que Christian se tornasse morador de rua, pois ele não tinha emprego e nem onde morar. Sua bondade foi recompensada com uma facada pelas costas! O processo de Christian após a morte de Rock foi completamente injusto. Ele não tinha gratidão a ninguém!"

Pablo Aluísio.

Marilyn Monroe


Marilyn Monroe 
A famosa atriz, em uma foto clássica, mas com um acabamento moderno, mostrando que pelo menos no mundo da moda, ela continua tão atual como sempre foi. É um ícone do cinema e do mundo da moda, sem a menor sombra de dúvidas.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de março de 2007

Rock Hudson: Dinastia

Mesmo doente e diagnosticado com o vírus da AIDS, Rock Hudson se recusou a parar de trabalhar. O trabalho como ator era a base de sua vida e ele simplesmente não poderia deixar de atuar. Sua carreira no cinema havia entrado em um impasse e por essa razão Rock começou a trabalhar na TV, em séries de sucesso. Em 1984 ele recebeu o convite para aparecer na série de grande sucesso de audiência "Dinastia". Rock iria interpretar um personagem que aparecia em apenas cinco episódios, mas pelo sucesso do programa essa era uma ótima oportunidade.

Os roteiros eram entregues com poucos dias antes das filmagens, por isso Rock não sabia exatamente o que faria na série. Quando o estúdio enviou o roteiro do quinto episódio Rock se viu diante de uma situação delicada. Havia uma cena em que ele beijaria a atriz Linda Evans. Naquele momento ninguém sabia ao certo se a AIDS podia ser transmitida por um beijo, por isso Rock ficou apreensivo. Ao ligar para seu médico em Paris esse lhe esclareceu que o vírus da AIDS havia sido detectado na saliva humana, mas as pesquisas ainda não tinham chegado em uma conclusão definitiva se o beijo poderia transmitir a doença.

Rock ficou sem saber o que fazer. Se dissesse a verdade para a emissora certamente seria demitido. A imprensa com a notícia faria a festa em torno de seu nome e sua carreira estaria acabada. Se Rock pedisse que a cena fosse modificada ele despertaria suspeitas. O que fazer? Rock ficou uma semana em crise de consciência até que avisou ao seu secretário particular que faria a cena, beijaria a atriz, mas de boca fechada para evitar qualquer perigo de contágio. E assim a cena foi feita. Rock que sempre fora um ator conhecido por ter um ótimo beijo técnico acabou ficando completamente travado na hora de gravar. Apesar de tudo cumpriu sua promessa e beijou Linda Evans de boca fechada, dando um selinho inofensivo nela.

Isso porém não fez com que os boatos sobre sua saúde sumissem. Pelo contrário, eles só aumentaram. Durante as filmagens de "Dinastia" Rock deixou transparecer seus problemas de saúde. Ele começou a perder peso em um ritmo assustador. Também não conseguia fazer as refeições ao lado do resto do elenco pois tinha graves crises depois se comesse muito. Passou a parecer exausto em todas as situações. Pior do que isso, Rock começou perder sua capacidade de decorar seus textos, algo vital na profissão de qualquer ator. O diretor de "Dinastia" percebeu que algo estava errado e passou a distribuir pequenos cartões com os diálogos de Rock pelo cenário. Isso causava um embaraço para o ator que foi percebendo que sua capacidade de trabalhar estava chegando ao fim. Ao fim de nove episódios a emissora então resolveu encerrar o contrato com Rock. Esse seria seu último trabalho na carreira. Uma semana depois, muito mal, Rock resolveu voltar para Paris para uma nova rodada do tratamento experimental. Ao amigo Mark confidenciou: "Eu estou com a peste! É isso, estou com a peste! Eu vou morrer!"

Pablo Aluísio.

Rock Hudson


Rock Hudson 
Na primeira fase de sua carreira, ele se especializou em dramas emocionais e românticos, geralmente dirigidos pelo diretor. Douglas Sirk. Foi a fase em que Rock se tornou um grande astro em Hollywood.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de março de 2007

Frank Sinatra e Ava Gardner

Um cronista da época chegou a dizer que o casamento de Ava Gardner e Frank Sinatra era um casamento dos infernos, forjado mesmo nos porões do diabo. Isso pode soar bem forte ou vulgar, mas realmente olhando-se para a história não poderia haver definição melhor. O casamento deles teve tudo de ruim que um relacionamento pode ter: ofensas, brigas, agressões físicas, xingamentos públicos, traições, ameaças, todo o menu das desgraças que você possa imaginar.

E para se casar com ela Frank Sinatra colocou fim em seu próprio casamento com Nancy, uma mulher excepcional, que vinha lhe apoiando muito antes dele se tornar famoso. Parece que ao acabar com esse seu primeiro casamento o cantor estava também atraindo todos os tipos de maldições para seu novo casamento. O interessante é que Ava o tratava com um certo desprezo e desdenhava seu amor. Por outro lado Frank Sinatra era completamente apaixonado por ela. Esse desnível o levava muitas vezes a sofrer humilhações públicas. A um jornalista ela chegou a dizer a seguinte frase: "Frank Sinatra, um homem que não vale nada!"

Quando Ava estava na África filmando Mogambo, Sinatra lhe implorou que também queria estar no set de filmagens. Muito a contragosto ela lhe comprou uma passagem de avião. Quando Frank chegou foi humilhado na frente de todos. Ava olhou para ele e disse: "Ai está meu marido desempregado, que não consegue nem comprar uma passagem de avião!". Acontece que Sinatra estava numa das piores fases de sua carreira, se apresentando em pequenos bares para ter algum tostão. Era complicado a vida dele na época. Ava por outro lado não facilitou em nada, o desprezando sempre que podia.

As brigas eram tantas que Grace Kelly que estava em um quarto ao lado de Ava a chamou de "Doida" por causa dos gritos que ouvia do lado de lá. Era Ava brigando com Frank aos gritos. Mais complicado era saber que ela também o estava traindo sem muita cerimônia com um caçador profissional que prestava assistência técnica ao filme. A traição era óbvia para todo mundo. Ava engravidou e decidiu fazer uma viagem apressada para Londres para fazer um aborto. Ela sabia que o filho era do amante, porém de forma mordaz comentou que se o filho fosse de Frank Sinatra também não iria querer ter pois ele era um "fracassado". Claro que diante de um clima tão ruim o casamento acabou terminando. Não havia como continuar. Depois de algum tempo Ava disse que não suportava mais Frank e o dispensou sem problemas. Já ele pareceu ser apaixonado perdidamente por ela até o fim de seus dias. Vai entender a cabeça do velho Sinatra.

Pablo Aluísio.

Gary Cooper

Gary Cooper
Ainda jovem, fazendo o papel de Marco Polo no filme "As Aventuras de Marco Polo. Cooper iria ter uma longa carreira. Já maduro, longe dos papéis de mero galã, sua filmografia deu um salto de qualidade enorme, onde ele brilharia em alguns de seus maiores clássicos como o faroeste "Matar ou Morrer", uma verdadeira obra-prima.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Julie Christie

A atriz Julie Christie fez 54 filmes ao longo da carreira. Alguns são clássicos absolutos do cinema. Entre eles os mais lembrados são "Doutor Jivago" onde interpretou a linda russa Lara e "Fahrenheit 451", uma ficção sombria sobre um mundo do futuro onde o próprio Estado queimava livros para impedir a proliferação de ideias subversivas. Dois filmes completamente diferentes, mas que contavam com o carisma e a beleza da atriz.

Nunca venceu o Oscar, mas certamente merecia algum reconhecimento maior por parte da academia. Dizem as más línguas que sua beleza foi um fator que a prejudicou nesse aspecto. Ela sempre levou sua profissão muito à sério, porém algumas "colegas", incomodadas com seu sucesso, deliberadamente sabotaram uma premiação dessa magnitude.

Curiosamente nasceu na Índia, quando seus pais ingleses trabalhavam naquela região. De volta à Inglaterra ela regularizou sua cidadania, afinal a não ser o capricho do destino nada a ligava àquele país exótico que um dia havia sido colônia do outrora poderoso império britânico. Em Londres decidiu que queria estudar arte dramática e ser atriz. Também pensava em um dia se tornar diretora de cinema, algo que naquele tempo ainda era considerado algo fora dos padrões dentro da indústria do entretenimento.

Começou a trabalhar como atriz ainda muito jovem. Sua estreia se deu inicialmente na televisão onde atuou em papéis de típica adolescente jovem da época em "A for Andromeda" e "Call Oxbridge 2000"; Isso chamou a atenção dos produtores de cinema. Na tela grande surgiu pela primeira vez na comédia "Crooks Anonymous" em 1962. Esse filme nunca foi lançado no Brasil. Apenas seu filme seguinte "A Garota dos Meus Pecados" chegou em nossas salas de cinema. A comédia era estrelada pelo comediante Leslie Phillips. O enredo era bem descontraído mostrando um exótico inglês que comprava um carro antigo e com ele vivia suas aventuras. Christie interpretava a filha de um aristocrata. Com roupa colegial ela fotografou muito bem, na beleza de sua juventude.

Pablo Aluísio.

Peter Fonda (1940 - 2019)

Faleceu ontem o ator Peter Fonda. Ele foi o mais rebelde membro de uma família de grandes atores e atrizes. Um verdadeiro clã da sétima arte. Peter era filho do grande Henry Fonda, uma das lendas do cinema americano em sua fase de ouro. Também era irmão de Jane Fonda, que dispensa maiores apresentações para os cinéfilos. E como se isso não fosse o bastasse ainda foi o pai de Bridget Fonda, jovem atriz talentosa, hoje afastada do cinema.

Curiosamente Peter Fonda decidiu não seguir os passos do pai. Ao invés de ser um ator de grandes filmes, dos maiores estúdios de Hollywood, ele resolveu trilhar o caminho do cinema independente, com filmes de pequenos orçamentos, mas que tinham maior liberdade criativa. De fato o ator nunca atuou em um blockbuster típico da indústria cinematográfica americana. Ele rejeitou isso, preferindo trabalhar em pequenos e muitas vezes desconhecidos filmes.

Um deles chamado "Sem Destino" foi um grande sucesso. Foi um filme feito como Peter gostava, com pouco dinheiro, quase amador, contando com uma equipe técnica e elenco formados basicamente por amigos de longa data. Esse filme foi um marco porque foi considerado um dos melhores momentos da contracultura no cinema americano. O sucesso de bilheteria não era algo que Peter almejava, mas aconteceu. Com Jack Nicholson em começo de carreira e um maluco como Dennis Hooper como seu coadjuvante, os jovens adoraram a ideia de existir um filme como aquele, sobre dois motoqueiros que ganhavam a estrada sem rumo, sem destino, mas com muita liberdade.

Depois desse grande sucesso Peter Fonda seguiu seu próprio caminho. Foram 116 filmes no total, sendo que a grande maioria deles segue sendo inéditos no Brasil. São filmes bem pequenos, nada comerciais, beirando o amador. Tudo feito para ser exibido em pequenos cinemas de arte pela América. Peter Fonda não queria grandes responsabilidade e fazia cinema por amor apenas. Essa foi a principal característica de sua filmografia. É algo tão escondido e obscuro que muitos cinéfilos precisam vasculhar coleções perdidas para ter acesso aos filmes.

No convívio familiar ele colecionou desavenças. Brigou com o pai conservador, por causa de seu estilo de vida rebelde. O velho Henry Fonda não achava nada bom ter um filho como ele, um quase hippie. Com Jane Fonda, a irmã, as coisas também não eram mais amenas. Houve muitas brigas ao longo dos anos, inclusive por questões políticas. Fumante inveterado (inclusive de maconha), o ator apgou o preço por anos de tabagismo. Ele morreu de um câncer de pulmão fulminante. Uma pena, ele foi um dos grandes outsiders do cinema americano. Um ator que nunca se curvou comercialmente ao sistema. Descanse em paz, Capitão América.

Pablo Aluísio.