sexta-feira, 9 de março de 2007

Peter Fonda (1940 - 2019)

Faleceu ontem o ator Peter Fonda. Ele foi o mais rebelde membro de uma família de grandes atores e atrizes. Um verdadeiro clã da sétima arte. Peter era filho do grande Henry Fonda, uma das lendas do cinema americano em sua fase de ouro. Também era irmão de Jane Fonda, que dispensa maiores apresentações para os cinéfilos. E como se isso não fosse o bastasse ainda foi o pai de Bridget Fonda, jovem atriz talentosa, hoje afastada do cinema.

Curiosamente Peter Fonda decidiu não seguir os passos do pai. Ao invés de ser um ator de grandes filmes, dos maiores estúdios de Hollywood, ele resolveu trilhar o caminho do cinema independente, com filmes de pequenos orçamentos, mas que tinham maior liberdade criativa. De fato o ator nunca atuou em um blockbuster típico da indústria cinematográfica americana. Ele rejeitou isso, preferindo trabalhar em pequenos e muitas vezes desconhecidos filmes.

Um deles chamado "Sem Destino" foi um grande sucesso. Foi um filme feito como Peter gostava, com pouco dinheiro, quase amador, contando com uma equipe técnica e elenco formados basicamente por amigos de longa data. Esse filme foi um marco porque foi considerado um dos melhores momentos da contracultura no cinema americano. O sucesso de bilheteria não era algo que Peter almejava, mas aconteceu. Com Jack Nicholson em começo de carreira e um maluco como Dennis Hooper como seu coadjuvante, os jovens adoraram a ideia de existir um filme como aquele, sobre dois motoqueiros que ganhavam a estrada sem rumo, sem destino, mas com muita liberdade.

Depois desse grande sucesso Peter Fonda seguiu seu próprio caminho. Foram 116 filmes no total, sendo que a grande maioria deles segue sendo inéditos no Brasil. São filmes bem pequenos, nada comerciais, beirando o amador. Tudo feito para ser exibido em pequenos cinemas de arte pela América. Peter Fonda não queria grandes responsabilidade e fazia cinema por amor apenas. Essa foi a principal característica de sua filmografia. É algo tão escondido e obscuro que muitos cinéfilos precisam vasculhar coleções perdidas para ter acesso aos filmes.

No convívio familiar ele colecionou desavenças. Brigou com o pai conservador, por causa de seu estilo de vida rebelde. O velho Henry Fonda não achava nada bom ter um filho como ele, um quase hippie. Com Jane Fonda, a irmã, as coisas também não eram mais amenas. Houve muitas brigas ao longo dos anos, inclusive por questões políticas. Fumante inveterado (inclusive de maconha), o ator apgou o preço por anos de tabagismo. Ele morreu de um câncer de pulmão fulminante. Uma pena, ele foi um dos grandes outsiders do cinema americano. Um ator que nunca se curvou comercialmente ao sistema. Descanse em paz, Capitão América.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Muito bom e esclarecedor o seu texto, Pablo. Fonda se beneficiou de um sobrenome lendário para brincar de cinema alternativo. Rebelde e avesso às orientações do velho (e genial) Fonda. Peter sempre correu dos holofotes e das grandes produções. Era um crítico feroz de como os grandes estúdios mutilavam a criatividade do cineasta ou diretor. Resolveu, quase que literalmente, viver sem destino.

    ResponderExcluir
  2. Exatamente Telmo.
    O Peter Fonda escolheu seu próprio caminho Sua filmografia é uma extensa lista de filmes independentes, muitos deles desconhecidos, que só foram exibidos em pequenos cinemas de arte nos anos 60 e 70. Ele apreciava esse meio, do cinema alternativo, das pequenas produções. Nada mais longe do legado de seu grande pai Henry Fonda.

    ResponderExcluir