quarta-feira, 19 de março de 2008

Os Cavaleiros Templários

Embora já se tenha passado mais de sete séculos de sua extinção a chamada Ordem dos pobres cavaleiros de Cristo e do templo de Salomão, mais conhecidos como Cavaleiros Templários, ainda desperta curiosidade entre os pesquisadores. Certamente os Templários formaram a mais famosa ordem guerreira da história da Igreja Católica. Eles reuniram sob uma mesma bandeira a coragem das ordens medievais da idade média com a fé em algo maior, a fé em Jesus e sua mensagem. Seus membros eram monges católicos de linha guerreira, ou seja, embora fossem membros da hierarquia da Igreja Católica, suas funções eram exercidas em campo de batalha. Sua função inicial foi a de proteger os peregrinos católicos que queriam conhecer a terra Santa, Jerusalém. Naqueles tempos distantes uma viagem como essa poderia ser extremamente perigosa, ainda mais com a proliferação do islã, que punia com a morte todo aquele que fosse considerado infiel (ou seja, não islâmico). Para que os cristãos não fossem mortos eles eram protegidos pelos Templários durante sua jornada de fé.

A ordem surgiu em 1118, com apenas nove cavaleiros franceses liderados por Hugo de Payens. Essa primeira e modesta linha da ordem participou da primeira cruzada. A coragem e a fibra demonstrada por esses primeiros cavaleiros fizeram com que o patriarca de Jerusalém Garmond de Picquigny escrevesse ao Papa para elogiar e reconhecer o mérito desses combatentes. O papa ficou impressionado com os relatos e resolveu dar mais meios e dinheiro para que a ordem crescesse, recrutando novos membros. Em 1129 a Ordem foi reconhecida oficialmente por Roma, se tornando parte central dentro da Igreja Católica. Com a simpatia e o apoio dos papas da época, a ordem rapidamente cresceu em tamanho e poder.

Durante dois séculos os cavaleiros templários defenderam a fé católica no oriente médio e também na Europa, onde fundaram inúmeras igrejas e castelos militares que serviam à própria ordem. No campo de batalha foram extremamente bem sucedidos, a tal ponto que Jerusalém passou a ser controlada por eles, que expulsaram os muçulmanos de seus domínios. Pela primeira vez na história o cristão que desejasse visitar a terra onde viveu Jesus o poderia fazer, de forma segura e protegida. Os islâmicos porém nunca desistiram de reconquistar a cidade santa, o que fez com que a ordem estivesse permanentemente em guerra.

Em 1312 o Papa Clemente V, impressionado com o poder da ordem dos templários, que naquele momento rivalizava até mesmo com o poder papal, resolveu dissolver os templários. Segundo alguns historiadores essa porém não foi a única razão. O rei Felipe IV da França estava endividado com a ordem, e por essa razão resolveu pressionar o Papa para colocar um fim aos templários. A verdade sobre o fim dos templários porém ainda se mantém encoberto sob uma sombra de mistérios.

Fazer parte da Ordem do Templo, dos cavaleiros templários, era uma grande honra para o homem medieval. Eles eram monges católicos que serviam a uma ordem militar de proteção aos cristãos e também de luta contra as hordas muçulmanas que investiam contra os países católicos da Europa. Essa ordem, a dos cavaleiros templários, foi certamente a maior, a mais bem organizada e a mais famosa dos tempos medievais.

Não era fácil ser um cavaleiro templário. A ordem tinha regras rígidas, tanto de comportamento na vida pessoal como também de treinamento e disciplina. Qualquer quebra nessas regras - chamadas de normas da ordem dos cavaleiros templários - traziam para o infrator várias punições. A mais grave delas era a expulsão, muitas vezes seguida da excomungação. Durante muitos séculos historiadores procuraram e pesquisaram em antigos documentos se havia punição de morte dentro da ordem, mas nada até hoje foi encontrado. Com isso a hierarquia e a disciplina dos templários não chegavam ao ponto de dar direito aos superiores de tirarem a vida dos cavaleiros.

Os homens recrutados faziam juramentos quando eram nomeados cavaleiros e a partir dai ficavam sob as ordens dos reis e superiores a quem era submetidos. Isso porém não suplantava as ordens do Papa. O Papa em Roma era o superior hierárquico máximo da ordem, seu comandante em chefe. Assim que entravam na ordem os cavaleiros eram submetidos a um juramento em latim. Desse juramento constava que eles iriam inicialmente servir como monges militares durante cinco anos, defendendo a Igreja e a mensagem de Jesus Cristo, o Senhor, em toda a Terra.

Seus únicos bens pessoais eram suas armas, seu escudo, sua armadura, seu cavalo e a roupa do corpo. Eles deveriam ser preparados para lutar em terras distantes, sob o sol escaldante ou sob frio intenso, nos alpes e montanhas geladas ou nos desertos do Oriente Médio. Para muitos historiadores os templários representaram o que havia de melhor entre guerreiros da Idade Média. Eram disciplinados, bem treinados, extremamente empenhados e com a moral do campo de batalha apoiada em uma fé inabalável.  Certamente era o lutador perfeito para uma época especialmente brutal e violenta na história da humanidade.

A Queda dos Templários 
A Ordem Católica dos Cavaleiros Templários foi uma das mais poderosas e influentes da Idade Média. Seus membros eram respeitados e admirados por toda a Europa e Oriente Médio. Cabia aos cavaleiros proporcionar segurança e proteção a todos os cristãos que desejassem viajar até a Terra Santa, uma região dominada até então pelos islâmicos. Com o tempo os Templários se tornaram extremamente ricos e poderosos, a ponto de seu poder rivalizar até mesmo com o Papa e a Nobreza da Europa. Isso explica em grande parte porque caíram em desgraça.

Havia um jovem herdeiro ao reino francês chamado Felipe, o Belo. Embora ele fosse o futuro rei de uma das monarquias mais poderosas da Europa Medieval ele tinha um sonho desde que era criança: se tornar ele próprio um cavaleiro templário. Isso era até fácil de entender já que os membros da ordem eram vistos como verdadeiros heróis pelos mais jovens. A chegada de um regimento templário numa cidade era motivo de grande excitação e festa. Além de serem guerreiros eles eram também monges católicos. Poucos naquela época tinham a primazia de aliar a força da espada com a religiosidade cristã. Eram verdadeiros super heróis dos tempos medievais.

Felipe então se empenhou muito por anos para ser aceito na ordem. Ele treinou táticas de guerra e sobrevivência. Se tornou muito hábil no manejo de armas de guerra, ao mesmo tempo em que estudou afinco as escrituras sagradas. No dia de seu teste para entrar na ordem porém tudo deu errado. Os Templários eram extremamente éticos e honestos e o rejeitaram. Não importava que fosse um Rei. Ele simplesmente não passou nos testes e por isso foi reprovado nos testes físicos e de combate. Isso devastou o jovem monarca. Um sentimento de raiva tomou conta de sua alma e ele prometeu se vingar da humilhação que havia passado.

Alguns anos depois o agora Rei Felipe IV encontrou a chance de se vingar. Ele percebeu que o quadro político se mostrava cada vez mais desfavorável aos cavaleiros templários. Eles tinha um código de ética próprio, secreto e isso atiçou Felipe a usar uma intensa campanha contra a Ordem. Ele ficou extremamente irritado quando sua sugestão de que os Templários fossem unidos a outra ordem foi rejeitado pelo grupo. Assim começou uma campanha de difamação e calúnia contra todos os cavaleiros. Espalhou mentiras que afirmavam que os membros da Ordem faziam estranhos rituais, cuspindo na cruz e em objetos sagrados. O depoimento comprado de uma testemunha que havia sido expulsa da Ordem piorou ainda mais o quadro. Felipe espalhou aos quatro cantos do Reino da França que eles eram hereges e amaldiçoados. Aconselhado por seu Grão-Vizir, Felipe via nas acusações a oportunidade de também colocar as mãos na imensa riqueza da Ordem Templária. O Estado francês estava quebrado e ele precisava de dinheiro. Por isso se tornou devedor da ordem. Como não conseguia pagar a melhor solução era destrui-los. Ele já havia promovido uma perseguição brutal contra judeus, ficando com suas fortunas e agora repetia a tática contra os Templários.

Numa Sexta-feira 13 de outubro, Felipe IV mandou prender todos os cavaleiros templários que estivessem em solo francês. Eles foram imediatamente presos, cercados, torturados e mortos. A principal acusação (falsa) era a de bruxaria. Sob torturas alguns confessaram crimes que jamais tinham cometidos. Espancados, foram soltos para fugirem imediatamente. Os que se recusaram a admitir culpa, mesmo sob forte tortura, foram queimados vivos em praça pública sob ordens diretas de Felipe. O Papa Clemente V nada pode fazer. Ele devia favores ao Rei, estava encurralado politicamente e por isso resolveu lavar as mãos para tudo o que estava acontecendo. Em 22 de março de 1312 o Papa declarou oficialmente extinta a Ordem dos Cavaleiros Templários, encerrando um dos capítulos mais interessantes da história da Igreja Católica.

10 Curiosidades Sobre os Cavaleiros Templários:
1. Os Templários formavam uma ordem de cavalheiros guerreiros sob ordens diretas do Papa no Vaticano. Sua função inicial foi garantir a segurança dos peregrinos que desejavam conhecer Jerusalém e a terra santa.

2. Dentro da hierarquia católica os Templários eram tecnicamente monges e tinham que fazer voto de pobreza e castidade como os demais membros da Igreja Católica.

3. Usavam uma túnica branca com cruzes vermelhas em seus escudos.

4. Era uma honra ser aceito dentro da Ordem que gozava de grande prestígio na Europa medieval.

5. A principal atuação da Ordem dos Templários durante a história ocorreu durante as cruzadas quando se tornaram peça chave na reconquista de Jerusalém dos muçulmanos.

6. Criaram as primeiras organizações bancárias do mundo. Inventaram o chamado de título de crédito, onde o peregrino depositava um certo valor na sede da Ordem em Roma e depois o recebia de volta em Jerusalém, poupando-o do risco de levar grandes quantias de dinheiro durante a longa viagem em direção à terra santa.

7. Em pouco tempo se tornaram poderosos e extremamente ricos, emprestando dinheiro para Reis, Rainhas e Nobres europeus. Criaram um código de ética próprio e começaram a rivalizar em poder e influência com o próprio Papa.

8. Segundo alguns historiadores os Templários foram longe em pesquisas históricas e arqueológicas na Terra Santa sobre o Cristo da história e descobriram segredos que até hoje nunca foram revelados. Dizia-se que eles tinham encontrado o cálice da santa ceia, além da cruz original de Jesus. 

9. A ordem foi dissolvida em 1307 pelo Papa Clemente V. O Papa temia o imenso poder que a Ordem havia acumulado com suas atividades. Além disso estava muito pressionado pelo Rei da França.

10. Muitos de seus antigos membros foram embora para regiões distantes e inóspitas como a atual Suíça. Lá deram origem ao sistema bancário do país (considerado um dos mais avançados do mundo). Para vários pesquisadores a própria bandeira da Suíça é uma alusão à ordem dos Templários pois é caracterizada por ter uma cruz branca sob um fundo vermelho, o que é o exato oposto do símbolo templário que era formado por uma cruz vermelha sob um fundo branco.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 18 de março de 2008

Os Melhores Aviões da Segunda Guerra Mundial


1. Spitfire
Mais do que um caça eficiente, o Spitfire foi um verdadeiro símbolo de resistência da Inglaterra contra os avanços e ataques da Força Aérea do Reich alemão. A Royal Air Force produziu mais de 20 mil unidades durante a guerra, com várias modificações nos sucessivos modelos que foram fabricados. O famoso caça só deixou de ser produzido durante os anos 50, quando se tornou obsoleto em termos tecnológicos.


2. Mustang
Esse foi o principal caça americano durante a II Guerra Mundial. Tinha o apelido de "Cadillac do céu" pois na época o carro mais vendido e desejado pelos americanos era justamente o Cadillac, símbolo de poder e status. Curiosamente muitos especialistas dizem que o Mustang não era assim um avião tão avançado. Em certos aspectos ele era bem inferior do que o Spitfire, porém foi produzido em larga escala (mais de 15 mil unidades) fazendo com que a quantidade falasse mais alto do que a qualidade propriamente dita.


3. Thunderbolt 
Outro símbolo americano na guerra o caça P-47 Thunderbolt se notabilizava pelo poder de fogo pois era armado com uma metralhadora de alto poder de destruição. Por essa razão era o caça preferido para ser usado em missões de combate contra aviões inimigos nos céus da Europa. Sua metralhadora Ponto 50 era fatal contra os aviões da Alemanha Nazista. Também se destacava pela grande autonomia de voo. Um avião realmente acima da média.


4. Messerschmitt Bf 109
Esse foi o avião alemão mais produzido durante a guerra. O próprio Hitler gostava bastante do fato dele ser bem eclético, funcionando para diversos usos diferentes. No total foram produzidos mais de 30 mil unidades desde quando surgiu nos céus pela primeira vez, ainda durante a guerra civil espanhola. Com a supremacia dos americanos e ingleses nos ares a Deutsche Luftwaffe (a força aérea da Alemanha) acabou sendo destruída e praticamente nenhum exemplar desse famoso avião sobreviveu à guerra. Hoje em dia encontrar um exemplar original é uma verdadeira raridade.



5. Zero
Também foi um dos caças mais famosos da II Guerra Mundial. O Mitsubishi A6M Zero-Sen foi o caça mais usado pelo Japão imperial durante o conflito, tendo participado intensamente da chamada Guerra do Pacífico. Foi com esse caça que os japoneses fizeram o ataque ao porto americano de Pearl Harbor, fato que fez com que os americanos entrassem definitivamente na Guerra, selando definitivamente o destino do Japão, derrotado alguns anos depois com um ataque nuclear devastador sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Henrique II e Thomas Becket

O Rei Henrique II da Inglaterra reinou de 1154 a 1189. Sua história é interessante porque esse foi um dos primeiros monarcas ingleses a entrarem em confronto direto com a Igreja Católica. Henrique II acreditava que o poder do clero católico era um empecilho ao seu próprio poder real. Assim resolveu cobrar impostos das igrejas e mosteiros. Sua atitude obviamente criou vários descontentamentos no reino. Em represália o Rei nomeou um de seus chanceleres, Thomas Becket, como Arcebispo da Cantuária, o mais alto cargo clerical da Inglaterra.

O curioso é que Becket começou a levar muito à sério seu trabalho como arcebispo e em pouco tempo começou a defender os interesses da igreja e não do Rei Henrique II. Isso obviamente enfureceu o monarca. O ponto de rompimento aconteceu quando um nobre mandou matar um padre. Becket exigiu sua punição como homicida, mas o Rei fraquejou com medo de causar uma revolta entre seus próprios nobres. Assim Becket como arcebispo decidiu excomungar o nobre. O choque entre a nobreza e o clero foi ficando cada vez mais deteriorado.

O Rei Henrique II considerava Thomas Becket seu grande amigo pessoal, por isso sentiu-se muito traído quando o Arcebispo começou a contrariar seus interesses. Dizem que em determinado dia o Rei teria dito aos seus cavalheiros: "Esse Arcebispo Becket me virou as costas. Me traiu. Será que não existe nenhum homem na Inglaterra que me livre desse padre?". O comentário casual foi mal interpretado por seus homens que depois foram até a catedral e mataram o arcebispo Thomas Becket em pleno altar, causando grande comoção na Inglaterra da época.

Historiadores afirmam que Henrique II não mandou matar Thomas Becket diretamente. De qualquer forma o religioso foi assassinado e considerado mártir. Três anos após sua morte o Papa Alexandre III reconheceu a santidade de Thomas Becket e o canonizou. Curiosamente esse santo inglês segue sendo venerado não apenas entre os católicos, mas também entre os anglicanos que o consideram até hoje um homem santo que lutou e morreu por sua fé inabalável. Essa história foi recriada no cinema através do clássico da sétima arte "Becket, o Favorito do Rei" (1964) onde Peter O'Toole interpretava o Rei Henrique II e Richard Burton dava vida ao mártir Thomas Becket. Com ótimo roteiro e uma direção precisa de Peter Glenville o filme ainda trazia em seu maravilhoso elenco o talentoso John Gielgud como o perigoso Rei Luís VII da França. Enfim uma aula de cinema revivendo uma história mais do que marcante.

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de março de 2008

O Primeiro Rei da Inglaterra

Quem foi o primeiro Rei da Inglaterra? Embora a monarquia seja duas vezes milenar nas ilhas britânicas, algo que remonta desde a retirada dos romanos da ilha, os historiadores concordam que o primeiro Rei da Inglaterra teria que ser o primeiro monarca que realmente unificou politicamente sobre seu comando o território que hoje os ingleses conhecem como sua nação.

Assim o título de primeiro Rei da Inglaterra vai para o monarca Anglo-Saxão Etelstano. Por centenas de anos a ilha foi disputada por Anglo-Saxões e Normandos, além de outros grupos bárbaros de menor expressão. De guerra em guerra subiram ao trono Reis anglo-Saxões e Reis normandos. O chamado Rei Etelstano, Anglo-Saxão, foi aquele que expulsou os últimos grupos invasores da Grã-Bretanha, consolidando o seu poder sob uma extensa área territorial que nos dias de hoje é conhecida como Inglaterra.

Além de expulsar os últimos bárbaros de seu Reino, ele também dominou o País de Gales (o que hoje recebe essa denominação), além de invadir a Escócia, consolidando seu poder real de forma absoluta. Esse Rei é considerado o fundador da Dinastia de Wessex que é considerada a primeira casa real da história da Inglaterra. Ele reinou até 939 e morreu sem deixar descendência. O resgate histórico desse Rei inglês é complicado porque ele reinou há mais de mil anos, cujos registros em sua maioria não sobreviveram ao tempo.

Sua dinastia foi breve, durando até 1016. No total foram Sete Reis (Edmundo I, Edredo, Eduíno, Edgar, Eduardo, o Mártir e Etelredo), que conseguiram pelo menos manter a Inglaterra unida sob uma mesma autoridade. Por fim como curiosidade alguns historiadores afirmam que é provável que o Rei Etelstano da Inglaterra tenha sido homossexual. Ao falecer com 44 anos de idade não havia se casado e nem deixado herdeiros diretos. Além disso ainda se discute bastante como teria sido sua morte. Segundo a versão mais conhecida o Rei teria sido morto no campo de batalha. Ao cair de seu cavalo durante o calor do combate um soldado das tropas inimigas teria lhe cravado uma grande espada em suas costas, colocando fim em sua vida e em seu reinado.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de março de 2008

Jack, o Estripador

Ele foi certamente o mais infame serial killer da história, notabilizado não apenas pelos crimes bárbaros que cometeu, mas também pelo fato de que sua identidade ficou submersa por uma nuvem de mistérios. Ao longo da história mais de 20 suspeitos foram apontados como Jack, indo desde nobres com ligações à realeza, pintores, escritores e até médicos famosos. Apenas a ciência conseguiu responder a uma pergunta que já durava séculos. Usando os mais modernos métodos forenses de investigação conseguiu-se finalmente revelar a verdadeira face de Jack. Para tanto se utilizou de um xale de uma das prostitutas que foram mortas por ele naqueles distantes dias de puro terror.

A mulher identificada como Catherine Eddowes foi brutalizada por Jack, morta a punhaladas e golpes de faca, sendo que depois o assassino, seguindo seu modus operandi ou ritual, retirou seus órgãos internos. Uma pesquisa de DNA no xale conseguiu localizar traços de sêmen do matador. A partir daí vários parentes de suspeitos do crime doaram voluntariamente suas amostras genéticas para comparação. O DNA bateu com familiares de Aaron Kosminski, um velho conhecido da polícia de Londres que inclusive foi detido e ouvido na época dos crimes. Como não havia provas ele foi liberado. Hoje sabe-se que ele foi o real Jack.

Aaron Kosminski tinha um passado de traumas. Imigrante judeu, presenciou cenas chocantes de perseguição, violência e morte contra pessoas de sua família. Essa teve que fugir das perseguições, indo morar em Londres. Aaron não conseguiu ter boa sorte na grande cidade. Miserável, sem emprego e vivendo de bicos, presume-se que tenha contraído sífilis com prostitutas baratas, as mesmas que mataria depois nos crimes violentos e selvagens de Jack, o Estripador. Ao que tudo indica Aaron estava em sua mente se vingando daquelas mulheres que haviam lhe passado uma doença incurável na época. A loucura dos crimes também condiz com esse quadro já que a sífilis acaba destruindo a mente da pessoa infectada, a levando gradualmente à loucura.

Kosminski escapou da polícia, porém não teve um final feliz. Ele foi enlouquecendo com o passar do tempo e virou praticamente um mendigo de rua com problemas mentais. Os últimos registros dão conta que ele foi recolhido pelo departamento de saúde mental da capital inglesa e internado numa instituição para doentes mentais onde veio a falecer com a idade provável de 53 anos. Os crimes de Jack foram cometidos quando ele tinha entre 25 a 30 anos de idade, não se sabe ao certo. A sífilis destruiu sua mente, porém antes disso ele supostamente matou entre 11 a 25 mulheres, prostitutas que viviam pelas ruas. O mais infame serial killer da história morreu livre, porém de uma forma ou outra acabou pagando pelos seus crimes assustadores.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Urbano II e a Primeira Cruzada

Em 1070 a cidade santa de Jerusalém caiu nas mãos dos muçulmanos. O império Turco imediatamente proibiu o cristianismo na região, punindo com a morte quem não seguisse a religião do Islã. O fato chocou os cristãos da Europa. Não haveria mais como ir para a Terra Santa em peregrinação. Os seguidores de Maomé não iriam mais admitir essa heresia sob o ponto de vista de sua religião. A crise entre cristãos e muçulmanos não parou por aí. O Império Bizantino (que era cristão, também conhecido como Império Romano do Oriente) também sofria com a expectativa de uma grande invasão dos turcos. O desastre era iminente.

Diante de toda essa situação o Papa Urbano II resolveu agir. Ele pensou que todos os cristãos da Europa precisavam se unir para lutar contra a ameaça militar que vinha do Oriente. A solução em sua opinião era a organização de uma grande cruzada de cristãos para irem em direção à Terra Santa, para libertar Jerusalém das mãos do califado islâmico. Havia uma grande massa de pessoas pobres e sem perspectivas dentro do continente europeu. Muitos deles eram criminosos e tinham desperdiçado sua existência em crime e pecado. Para o Papa a violência entre cristãos deveria acabar definitivamente. A luta deveria ser travada contra o mundo muçulmano que colocava em perigo a existência do cristianismo.

Assim o Papa Urbano II proclamou em discurso: "Ricos e pobres devem igualmente partir, devem parar de se matar uns aos outros e, em vez disso, lutar uma guerra justa, realizando a obra de Deus; Deus os guiará. Quem morrer em combate receberá a absolvição e a remissão dos pecados. Aqui, a vida é miserável e malvada com homens que se entregam até destruir o próprio corpo e a própria alma; aqui, eles são pobres e infelizes, lá, serão felizes, ricos e verdadeiros amigos de Deus."

O Papa pensava que seu pronunciamento iria despertar a honradez de senhores feudais, reis e nobres, mas isso não aconteceu. Apenas as camadas mais populares responderam ao apelo papal. Assim as massas mais pobres das cidades da Europa começaram a se organizar. O problema é que não havia liderança entre eles e em pouco tempo a anarquia tomou conta da Primeira Cruzada que seria conhecida pela história como A Cruzada dos "Mendigos"!

Essa massa de pessoas, sem treinamento militar, sem hierarquia e sem disciplina começou a marchar indo em direção a Jerusalém. Sem recursos muitos começaram a pilhar as cidades por onde passavam. O pânico tomou conta as populações. Havia anarquia e crime entre seus participantes. Nem mesmo a suposta liderança de um homem chamado Pedro, o Eremita, conseguiu evitar o desastre completo. Por três anos esses cruzados - na verdade uma massa de pessoas pobres e desesperadas - destruíram tudo por onde passavam. Para o Papa Urbano II a convicção inicial havia sido esquecida. Os efeitos foram bem piores do que ele pensava e não havia qualquer controle sobre o que acontecia. A igreja assim retirou seu apoio. 

Por fim, o que era previsível aconteceu. Ao encontrar o exército turco aqueles pessoas que se diziam cruzados foram facilmente trucidados pelos islâmicos. Os homens foram mortos, as crianças e mulheres se tornaram escravos. Antes de matar todos os cruzados os muçulmanos lhes davam uma ótima chance de viver: eles poderiam se converter ao Islã, caso contrário teriam suas cabeças cortadas! E assim foi com milhares de pessoas. O Papa percebeu que apenas a boa fé não era suficiente. Era necessária a participação dos nobres, dos reis e de seus exércitos profissionais, não uma multidão de pessoas sem qualquer preparo. Em sua forma de pensar a ideia da cruzada não era ruim, mas teria que acontecer com planejamento e disciplina, caso contrário a matança seria inevitável.

Pablo Aluísio.

II Guerra Mundial - A Guerra nas Ardenas

A Segunda Guerra Mundial já caminhava para seu fim quando Hitler resolveu jogar sua última e desesperada cartada final. Ele ordenou que o exército alemão começasse uma grande ofensiva em direção ao inimigo que desde a invasão à Normandia no Dia D só avançava cada vez mais em direção à Alemanha. Para Hitler era necessário sair da posição defensiva para partir para o ataque, assumindo assim a posição de iniciativa que tantos frutos deram ao exército alemão no começo da guerra. O campo onde essa ofensiva iria começar seria localizado nas florestas frias e montanhosas das Ardenas.

O interessante é que o alto comando aliado, nas pessoas dos generais Dwight D. Eisenhower e Thomas W. Bradley, não acreditavam nessa invasão. Era o inverno, as tropas alemãs estavam com problemas decorrentes das várias derrotas sofridas nas frentes ocidental e oriental e não havia recursos suficientes para uma grande ofensiva. Apenas Patton desconfiou que Hitler iria agir contra todas as previsões, mandando que suas forças nazistas avançassem para surpreender ingleses e americanos. Ele tinha razão. Hitler não era um comandante que agia sempre com a razão. Muitas vezes a emoção falava mais alto e isso significava que ele iria levar em frente algo que militarmente não tinha muitas chances de sucesso. Afinal em última análise Hitler era praticamente um louco.

Assim começaram os ataques, mas como era de se prever tudo se revelou desastroso no campo de batalha. A Alemanha já havia perdido seus melhores homens, seja na Rússia, seja na tentativa de conter o avanço aliado. As tropas que estavam lutando nas Ardenas eram mal equipadas, mal treinadas e sem experiência. Havia também problemas de logística. A força aérea da Alemanha, a Luftwaffe, não tinha mais caças suficientes para fazer frente aos aviões americanos e ingleses. Em solo as coisas iam de mal a pior. Geralmente os tanques alemães ficavam sem combustível, consequência das precárias condições econômicas da indústria do próprio país que estava em frangalhos.

O frio e a fome também eram companheiras constantes dos soldados da Wehrmacht. As comunicações eram ruins também. Para se ter uma ideia vários aviões de combate da Alemanha foram abatidos pela própria artilharia nazista. Havia um hiato de quatro horas entre o pedido de apoio aéreo e a chegada dos caças, o que invariavelmente deixava os soldados do Reich desorientados, sem saber se eram aviões inimigos ou nazistas. O resultado foi desastroso. Apesar de algumas vitórias iniciais e ocasionais o exército de Hitler não teve outra saída a não ser se render após algumas semanas. Afinal, como todos já sabiam, a guerra já estava praticamente perdida para os nazistas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de março de 2008

As Sangrentas Guerras Napoleônicas

As guerras promovidas por Napoleão Bonaparte foram extremamente sangrentas, alguns historiadores afirmam que nunca havia antes se morrido tanto nos campos de batalhas da Europa continental. Os números falam por si. Estima-se que três milhões morreram nas diversas batalhas envolvendo Napoleão. Só na campanha da invasão da Rússia o exército francês perdeu meio milhão de soldados. Um desastre monumental. A explicação para a extensão de tantas mortes, além de soldados feridos, aleijados e lesionados, se deu em razão da grande extensão territorial da própria guerra sem fim promovida por Napoleão. Ele representava os ideais da revolução francesa, que eram um perigo para todas as monarquias da Europa. Por isso Napoleão entrou em conflito com praticamente todas as nações europeias, levando seu grito de guerra para os mais distantes rincões do continente. Foi uma guerra em larga escala e como se poderia prever também foi elevado o número de mortes, tanto em relação aos civis como também aos militares.

Napoleão Bonaparte também incentivou as leis de recrutamento obrigatório, aumentando em muito o número de soldados em seus exércitos. Napoleão igualmente determinou o recrutamento forçado de homens das regiões conquistadas. Ampliou a idade de serviço militar e com isso tudo se tornou inevitável. Mais homens no campo de batalha, mais mortes. Muitos desses soldados também não tinham o devido preparo, por causa do número insuficiente de oficiais para treiná-los adequadamente. Muitos só aprendiam a puxar o gatilho, mas não técnicas de sobrevivência ou de luta no campo de batalha. Napoleão também não era o tão brilhante general que muitos pensavam. Ele tomou decisões equivocadas, mal pensadas, incentivado apenas por seu ego monumental. Por isso Napoleão colocou muitas de suas tropas em operações que eram verdadeiras missões suicidas, sem chance de êxito. O número de baixas só poderia ser muito elevado. Some-se a isso o despreparo das tropas, a falta de provisões e retaguarda e você entenderá porque em certos aspectos muitas das campanhas de Napoleão foram enormes desastres militares e humanos.

Napoleão Bonaparte não tinha muito respeito pela vida humana. Basta estudar suas guerras para bem entender isso. Também era um sujeito contraditório. Fruto da revolução francesa queria no fundo se tornar um monarca, um imperador, como os do passado, do velho regime. Por isso tinha uma certa atração doentia pelos representantes do absolutismo do passado, como o Czar da Rússia Alexandre I. Após literalmente levar uma surra no campo de batalha, Alexandre entrou em contato diplomático com Napoleão. Queria encontrá-lo pessoalmente. Bonaparte prontamente aceitou e eles se encontraram em território neutro. O mais estranho dessa reunião é que Napoleão ficou encantando com o jovem imperador russo. Chegou a dizer que se ele fosse uma mulher teria se tornado seu amante!

Alexrandre era alto, jovem e muito inteligente. O encontro entre os dois resultou em uma aliança contra a Inglaterra, mas o Czar russo sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar o imperador francês no campo de batalha, algo que efetivamente aconteceu porque Napoleão decidiu invadir a Rússia, o que causou sua ruína, já que a campanha foi um desastre. Corroídos pela fome e frio muitos soldados franceses (milhares deles na verdade) morreram na longa e penosa marcha de retirada durante o rigoroso inverno russo. Pois é, o jovem (e para Napoleão) inexperiente Czar destruiu os exércitos do general francês que era considerado imbatível no campo de batalha. Um feito histórico único! Depois de perder nos campos congelados sem fim da Mãe Rússia, Napoleão perdeu a fama de ser imbatível, de ser perfeito no caminho de suas conquistas. Ele não era fenomenal, era apenas um homem e como tal poderia ser mesmo derrotado, como bem provou Alexandre I e seu forte e armado exército. O fim das guerras napoleônicas teve um marco bem preciso. O povo francês já sabia que Napoleão havia sido feito prisioneiro, enviado para um exílio numa ilha distante, porém apenas quando Alexandre I desfilou em seu cavalo pelas ruas de Paris é que os franceses finalmente entenderam que seu amado general havia sido derrotado para sempre.

Pablo Aluísio.