segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A Pata do Macaco

Título no Brasil: A Pata do Macaco
Título Original: The Monkey's Paw
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Chiller Films
Direção: Brett Simmons
Roteiro: Macon Blair, W.W. Jacobs
Elenco: C.J. Thomason, Stephen Lang, Michelle Pierce

Sinopse:
Um artefato misterioso e de origem desconhecida, uma pata de macaco empalhada, vai parar nas mãos de Jake Tilton (C.J. Thomason). Afirma a lenda que o estranho objeto dá direito a realização de três desejos de seu dono. Assim Jake, ainda não acreditando, pede um carro novinho em folha, o que acaba dando certo! Depois deseja que seu amigo, que sofreu um sério acidente de carro, não morra. Pedido feito e aceito. O que Jake não desconfia é que todos os desejos possuem um alto preço a se pagar! E agora, fará o terceiro e último desejo?

Comentários:
Há uma crise no cinema de terror. A falta de originalidade se mescla com a ausência de qualidade cinematográfica e tudo o que resta são filme intragáveis. Esse "A Pata do Macaco" é um exemplo dessa mistura indigesta. O enredo é tão batido que nem vale a pena comentar (aliás curiosamente essa coisa de pata de macaco já tinha visto há muitos anos em um programa de suspense - isso mesmo, suspense - produzido pela Rede Globo!). Pois bem, em um argumento desprezível que copia a velha ladainha dos três desejos, um grupo de atores desconhecidos e fracos tentam trazer alguma qualidade a essa fitinha B. Não deu muito certo. É aquele tipo de produção que você faz uma baita força para chegar ao seu final de tão ruim que é! Melhor esquecer a pata, o macaco e todo o resto. Faça algo melhor com o seu tempo. 

Pablo Aluísio.

O Abutre

Título no Brasil: O Abutre
Título Original: Nightcrawler
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Dan Gilroy
Roteiro: Dan Gilroy
Elenco: Jake Gyllenhaal, Rene Russo, Bill Paxton

Sinopse:
Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) é um ladrãozinho pé de chinelo que vive de roubar cobre pelas ruas de Los Angeles. Casualmente descobre que existe uma forma relativamente mais fácil de ganhar a vida: filmando tragédias, chegando aos locais assim que os sinistros acontecem. Depois de filmar tudo, o material passa a ser negociado com redes de TV que estão dispostas a pagar bem pelas imagens exclusivas dos acontecimentos mais chocantes. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Jake Gyllenhaal).

Comentários:
O roteiro de "O Abutre" enfoca a vida de um tipo de sujeito que anda cada vez mais comum nos Estados Unidos: a do cinegrafista freelancer que está sempre em busca das imagens do próximo furo de reportagem dos noticiários televisivos. O título de abutre é bem adequado uma vez que ele literalmente vive da desgraça alheia, aparecendo em momentos trágicos, apenas para captar imagens desses eventos. O personagem interpretado por Jake Gyllenhaal é um ser moralmente repulsivo que não está atrás de posturas éticas ou nada do tipo, pois para ele o importante é filmar tudo in loco, o mais rapidamente possível. Assim seu serviço consiste em capturar o momento exato da morte de alguém, a cena do crime em seus mais sórdidos detalhes. Curiosamente ele é apenas reflexo da avidez por audiência das emissoras de TV, pois para essas o que mais importa é a divulgação da cena mais sangrenta, da mais chocante, tudo para elevar o número de telespectadores. A ética jornalística é jogada para debaixo do tapete em prol de uma concorrência feroz com outros canais de TV. Outro aspecto curioso no personagem principal é que ele passa de um ladrão ordinário a uma fonte importante para uma emissora local, afinal de contas as cenas que filma acabam sendo o grande atrativo para o público. Em determinado momento porém ele chega na conclusão que precisa ir além, não apenas captando a tragédia no momento em que ela ocorre, mas também influindo diretamente sobre ela. Um excelente argumento que levanta muitas questões pertinentes sobre o circo da mídia atual, mostrando que a decadência moral da TV não é fruto ou culpa apenas de um setor envolvido, mas vários, onde Bloom representa apenas o elo mais sórdido e grotesco.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Blade: Trinity

O que poderia ser melhor em um filme de vampiro do que ter o próprio Drácula como um dos personagens? Nada, não é mesmo? Considerado o primeiro vampiro, a criatura da noite perfeita, essa mitológica criação de Bram Stoker é um peso e tanto em qualquer filme de terror, só que... essa regra não se aplicou nesse terceiro filme da franquia Blade. Logo na primeira cena, em uma tumba na Síria, o Drácula é resgatado por um grupo de vampiros. Nesse momento o espectador pode vir a pensar que isso será ótimo para o filme, só que isso infelizmente não acontece. O Drácula de Blade III é muito ruim, mal desenvolvido e fraco. O ator Dominic Purcell que interpreta esse novo Drácula do cinema, é provavelmente uma das piores escolhas de elenco do cinema americano. Bombado, cheio de músculos, ele não tem nada a ver com a figura do Conde que todos estamos familiarizados.

Com isso o filme perde muito. Claro, a fórmula dos filmes de Blade continuam, com muitos efeitos especiais, cenas com lutas de artes marciais e aquele mesmo plot dos filmes anteriores. Esse personagem da Marvel, um dos primeiros negros dos quadrinhos americanos, é na verdade um híbrido, meio ser humano e meio vampiro, uma espécie de caçador de vampiros que dedica sua existência a eliminar seus primos de dentes pontudos. A única novidade desse roteiro que é digna de nota é que Blade cai em uma armadilha e acaba matando um ser humano. Mais em frente ele também descobre que há uma verdadeira instalação onde seres humanos são mantidos em coma induzido, enquanto máquinas vão drenando seu estoque de sangue, tudo para alimentar os vampiros. Enfim, tudo praticamente na mesma. Ah e antes que em esqueça o Ryan Reynolds também está no filme, servindo como alívio cômico.

Blade: Trinity (Blade: Trinity, Estados Unidos, 2004) Direção: David S. Goyer / Roteiro: David S. Goyer, Marv Wolfman / Elenco: Wesley Snipes, Kris Kristofferson, Ryan Reynolds, Jessica Biel, Dominic Purcell / Sinopse: O primeiro dos vampiros, Drácula, é resgatado de sua tumba milenar e trazido de volta ao mundo atual. Ele será mais um formidável inimigo a ser superado pelo caçador de vampiros Blade, que também precisa se preocupar em escapar das autoridades, após ser acusado de ter matado um homem, numa armadilha criada por vampiros. 

Pablo Aluísio. 

Um Verão Para Toda Vida

Título no Brasil: Um Verão Para Toda Vida
Título Original: December Boys
Ano de Produção: 2007
País: Austrália
Estúdio: Australian Film Finance Corporation (AFFC)
Direção: Rod Hardy
Roteiro: Ronald Kinnoch
Elenco: Daniel Radcliffe, Teresa Palmer, Lee Cormie

Sinopse:
O filme é baseado no romance de Michael Noonan e mostra a vida de quatro órfãos que deixam o seu orfanato para desfrutar férias à beira-mar. Um boato sobre dois dos residentes da região, que possivelmente gostariam de adotar um dos órfãos provoca tensão e ansiedade entre eles. Filme vencedor do prêmio Australian Writers' Guild na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Também vencedor do Giffoni Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Comentários:
Uma das situações mais complicadas na vida de um ator marcado por um personagem muito famoso é um dia se livrar dele. Que o diga Christopher Reeve que, apesar de ser extremamente talentoso, jamais se livrou do estigma de ter interpretado o Superman em quatro filmes no cinema. Desafio semelhante passa Daniel Radcliffe que vai sofrer ainda por muitos anos para se desvencilhar do personagem Harry Potter. Uma tentativa aconteceu com essa pequena produção australiana. Entre os filmes "Harry Potter e a Ordem da Fênix" e "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" o ator aceitou o convite de dar vida a um rapaz comum, vivendo e passando por experiências de amizade e amor em sua adolescência. É um filme despretensioso mesmo, sem qualquer objetivo além de contar uma boa estória que se tornará familiar para muita gente, pois é baseado em eventos simples, cotidianos, que podem acontecer (ou aconteceram) na vida de qualquer jovem daquela idade. A produção foi rodada nas belas praias e paisagens de Adelaide, então não é nenhum esforço assistir ao filme. Provavelmente você esquecerá dele poucas semanas após ter assistido, mas mesmo assim vale a diversão de ver Radcliffe tentando se desgarrar um pouquinho de seu mais marcante personagem, o bruxinho Harry Potter.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Harry Potter e a Ordem da Fênix

Título no Brasil: Harry Potter e a Ordem da Fênix
Título Original: Harry Potter and the Order of the Phoenix
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: David Yates
Roteiro: Michael Goldenberg, baseado na obra de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Gary Oldman, Maggie Smith, Emma Thompson, Alan Rickman, Imelda Staunton, Helena Bonham Carter, Robert Pattinson
  
Sinopse:
A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts tem uma nova professora, a senhorita Dolores Umbridge (Imelda Staunton). Por fora ela aparenta ser um doce de pessoa, muito amável e agradável, porém sua chegada em Hogwarts tem um objetivo obscuro e sinistro que fica devidamente escondido nas sombras. Assim que começa a ter cada vez mais poderes dados pelo ministério da Magia, ela começa a apertar o cerco contra os alunos e professores, promovendo uma série de medidas impopulares e sem muito sentido. Teria ela alguma ligação com o temido Lord Voldemort (Ralph Fiennes)? Filme indicado ao BAFTA Awards na categorias de Melhor Direção de Arte e Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Eu considero um dos melhores filmes da franquia de Harry Potter no cinema. Isso em razão do bom roteiro, que procura apostar no suspense ao invés de focar apenas na mera aventura. Há um clima de tensão na escola, afinal as coisas andam bem esquisitas por lá. Obviamente que Harry, Hermione e Ron logo descobrem que se trata de um plano maquiavélico para deixar os alunos indefesos no caso de um ataque contra Hogwarts. Eles então decidem aprender as técnicas de magia e bruxaria por si mesmos. Arranjam um salão na escola e vão para lá todos os dias treinar feitiços e magias de combate pois ao que tudo indica há um perigo concreto de que haverá em breve um ataque de Lord Voldemort (Ralph Fiennes) contra Hogwarts. E para surpresa de todos não parece haver ninguém capaz de parar os desmandos de  Dolores Umbridge (Staunton) que começa a perseguir professores e alunos que não concordam com seu modo de agir. Até mesmo Dumbledore parece se omitir na série de absurdos que vão sendo cometidos sob a direção de Umbridge. Harry Potter (Radcliffe) acaba descobrindo na própria pele que há mesmo algo muito soturno no ar. Esse foi o primeiro filme de "Harry Potter" dirigido pelo cineasta inglês David Yates que agradaria tanto aos executivos da Warner que voltaria dois anos depois para dirigir "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", encerrando com chave de ouro a passagem de Potter nas telas com os dois filmes da saga "Harry Potter e as Relíquias da Morte". Com estilo sóbrio, sem procurar impor sua própria marca autoral em cima de uma obra amada por muitos, o diretor acabou agradando tanto a crítica como ao público, se revelando o profissional ideal para encerrar uma das franquias de maior sucesso comercial da história do cinema. 

Pablo Aluísio.

Antes de Dormir

Título no Brasil: Antes de Dormir
Título Original: Before I Go to Sleep
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Scott Free Productions, Millennium Films
Direção: Rowan Joffe
Roteiro: Rowan Joffe, baseado na novela de S.J. Watson
Elenco: Nicole Kidman, Colin Firth, Mark Strong, Anne-Marie Duff

Sinopse:
Após sofrer um sério acidente, Christine (Nicole Kidman) perde a capacidade de reter memórias recentes. Isso faz com que ela toda manhã acorde sem saber nada sobre o que aconteceu em sua vida nos últimos vinte anos. Seu marido Ben (Colin Firth) precisa todas as manhãs lhe dizer que está casado com ela há 14 anos e que ele tem esse problema sério causado pelas sequelas do acidente. O Dr. Nasch (Mark Strong), um neurologista que cuida de seu caso, aconselha que Christine use uma câmera todos os dias para gravar suas impressões e memórias, para serem assistidas dia após dia. Em pouco tempo ela descobre que há algo muito errado em sua vida.

Comentários:
Temos aqui um thriller de suspense muito enxuto (com apenas 70 minutos de duração) que tenta contar uma estória muito interessante e curiosa sobre uma mulher que perdeu a capacidade de lembrar do que aconteceu recentemente em sua vida. Tudo o que ela consegue relembrar são flashes de momentos marcantes de sua vida passada. Esse é aquele tipo de roteiro que você deve falar o mínimo possível com receios de estragar as surpresas para quem ainda não conferiu o filme. A grande força do enredo vem justamente de uma grande reviravolta que acontece na terça parte final do filme. Alguns matarão a charada logo, outros porém vão ser surpreendidos. O fato porém é que mesmo com a boa trama e talvez pela curta duração do filme, o espectador acaba ficando com uma sensação de que faltou algo. Nicole Kidman continua linda, mas esperava-se mais de seu encontro com o talentoso e oscarizado Colin Firth. O filme basicamente só tem cinco personagens, por isso cada cena com os dois acaba trazendo uma expectativa que nunca se cumpre completamente. Esse é apenas o quarto filme assinado pelo roteirista Rowan Joffe (de "Um Homem Misterioso") e essa falta de experiência em dirigir atores explica o fato dele, apesar de ter um excelente elenco em mãos, não conseguir arrancar grandes interpretações nem de Kidman e nem de Firth. A sensação fria que fica deixa uma incômoda percepção que tudo poderia ser melhor trabalhado e desenvolvido, resultando talvez em um grande filme. Do jeito que está, temos apenas uma película ok, mediana, que se tornará bastante esquecível após sua exibição. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O Amante da Rainha

Título no Brasil: O Amante da Rainha
Título Original: En Kongelig Affære
Ano de Produção: 2012
País: Dinamarca, Suécia, República Tcheca
Estúdio: Zentropa Entertainments, Danmarks Radio
Direção: Nikolaj Arcel
Roteiro: Bodil Steensen-Leth, Rasmus Heisterberg
Elenco: Alicia Vikander, Mads Mikkelsen, Mikkel Boe Følsgaard, Trine Dyrholm

Sinopse:
Caroline Mathilde (Alicia Vikander) é uma jovem nobre inglesa que é prometida em casamento ao Rei da Dinamarca. Inicialmente ela teme por seu futuro, pois não acredita em casamentos arranjados. Por pressão da família e da sociedade porém acaba aceitando seu destino. Uma vez na nova nação ela é finalmente apresentada ao monarca, um rapaz imaturo e inconsequente, que demonstra um comportamento estranho e fora do comum. Não demora muito e ela toma conhecimento dos boatos que envolvem Christian VIII (Mikkel Boe Følsgaard), pois correm rumores na corte e entre o povo que ele está na verdade ficando louco. Infeliz em seu relacionamento fracassado, ela então decide arranjar um amante, o próprio médico particular do monarca, o Dr. Johann Friedrich Struensee (Mads Mikkelsen).

Comentários:
"O Amante da Rainha" é uma produção dinamarquesa que concorreu ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Uma película requintada e muito bem realizada que conta a história real de um monarca jovem e despreparado, apresentando sinais de loucura, que assumiu o trono daquele país após a morte de seu pai. A sua rainha, uma garota inglesa que o desprezava por causa de suas atitudes infantis e constrangedoras, não demora muito ao se apaixonar pelo médico Johann Struensee (Mikkelsen), um homem culto com ideias iluministas que inicialmente cai nas graças do Rei, para depois dividir o leito da Rainha em seu próprio palácio. O contexto histórico é dos mais interessantes pois naquele momento a Europa via suas monarquias absolutistas perderem o controle, surgindo então as monarquias constitucionais e os regimes liberais, frutos de uma visão iluminista da política, onde se destacavam os pensamentos racionais em torno do poder de cada Estado, em que autores e filósofos importantes como Rousseau e Voltaire mostravam as contradições dos sistemas políticos reinantes. O Dr. Struensee era um ávido leitor dessas obras e a Rainha, bem mais culta e instruída que seu tolo marido, logo criou um vínculo emocional e intelectual com ele. 

Com um Rei fraco e dominado, mais interessado em frequentar bórdeis e se embriagar, não foi complicado para que, aos poucos, o verdadeiro poder fosse passado para as mãos de Struensee, que passou a reinar de fato, ao mesmo tempo em que desfrutava dos favores sexuais da Rainha. Claro que uma situação tão escandalosa como essa logo caiu na boca do povo, da nobreza e do clero, surgindo desse sentimento de indignação um grupo de oposição decidido a acabar com essa situação vergonhosa do ponto de vista moral. Em termos de produção em si não há o que criticar. O filme foi rodado nos mesmos palácios onde tudo aconteceu, o figurino é rico e elegante e os atores estão perfeitos em seus personagens. Entre eles destaco Mads Mikkelsen como o Dr. Struensee. Um homem com boas intenções, porém ambicioso e maquiavélico ao extremo. Para o grande público será logo reconhecido por seu trabalho na série "Hannibal" onde interpreta com classe o famoso serial killer Dr. Hannibal Lecter. Ambos os personagens possuem aspectos em comum e Mikkelsen mantém o mesmo modo de ser, com muita elegância e charme em cada cena. Assim esse filme servirá como incentivo para o cinéfilo conhecer melhor o cinema que está sendo feito nos chamados países nórdicos europeus. Não é de hoje que temos uma qualidade cinematográfica excepcional vindo dessas distantes e frias nações. É certamente muito enriquecedor do ponto de vista cultural conhecer obras como essa.

Pablo Aluísio.

Ruas de Violência

Título no Brasil: Ruas de Violência
Título Original: Thief
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Michael Mann
Roteiro: Frank Hohimer, Michael Mann
Elenco: James Caan, Tuesday Weld, Willie Nelson

Sinopse:
Ladrão profissional, especializado em roubos de diamantes, pretende realizar o grande assalto de sua vida, tudo com o objetivo de deixar sua família numa posição tranquila caso algo lhe aconteça. Seus planos porém passarão por uma reviravolta inesperada após ele decidir se aliar a um gângster de Nova Iorque. Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Comentários:
Belo filme policial que anda pouco lembrado nos dias de hoje. O roteiro se apóia na ótima presença do ator James Caan, aqui ainda colhendo os frutos da popularidade alcançada por seu personagem Sonny Corleone na saga "O Poderoso Chefão". Interessante salientar que a produção também é conhecida no Brasil como "Profissão: Ladrão", sendo que o título "Ruas de Violência" veio depois, em sua exibição na TV brasileira. A produção é um pouco modesta, fruto da época, mas conta com um roteiro bem orquestrado, que dá preferência para os momentos de tensão em detrimento da pura ação. Isso levou alguns críticos a reclamarem, afirmando que faltava maior ritmo dentro do desenvolvimento da trama. Bobagem, penso completamente o oposto, pois o desenrolar mais gradual abre margens para um melhor desenvolvimento dos personagens. Michael Mann ainda estava dando seus primeiros passos como diretor quando realizou esse filme. Anos depois faria seus melhores trabalhos, como por exemplo "O Último dos Moicanos", "Fogo Contra Fogo" e "O Informante". Assim esse filme serve sobretudo para conhecer seu trabalho no começo da carreira. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Ender's Game - O Jogo do Exterminador

Título no Brasil: Ender's Game - O Jogo do Exterminador
Título Original: Ender's Game
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Gavin Hood
Roteiro: Gavin Hood, Orson Scott Card
Elenco: Harrison Ford, Asa Butterfield, Ben Kingsley, Viola Davis, Hailee Steinfeld

Sinopse:
Cinquenta anos após uma devastadora invasão alienígena o planeta Terra se prepara para uma nova guerra. Ender Wiggin (Asa Butterfield) é um jovem enviado para uma das centenas de escolas de combate existentes ao redor do mundo. O Coronel Graff (Harrison Ford) acredita que ele se tornará um dos novos heróis do conflito que está prestes a explodir. Inteligente e dotado de um senso de estratégia fora do comum, o rapaz parece realmente possuir todos os dons que fazem um grande guerreiro espacial. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Ficção, Melhor Ator Coadjuvante (Harrison Ford) e Melhor Revelação (Asa Butterfield).

Comentários:
Já não se fazem mais bons filmes de ficção como antigamente. Essa é a primeira coisa que vem a mente após uma sessão assistindo a essa fita. "Ender's Game" tem um público alvo bem específico: os adolescentes entre 13 a 15 anos. O próprio protagonista é um efebo mal saído da puberdade. Claro que para contrabalancear sua falta de experiência o estúdio resolveu escalar dois veteranos, Harrison Ford e Ben Kingsley, mas nem eles conseguem manter o interesse nesse enredo por muito tempo. Por falar na estória temos aqui uma mistura não muito original de vários filmes que você já viu antes. De "Tropas Estelares" temos a mesma situação básica: o planeta Terra sendo invadido por aliens que mais se parecem com insetos gigantes. Sim, eles também estão atrás de nossos recursos naturais. De "Jogos Vorazes" você verá um grupo de jovens lutando entre si jogos mortais de guerra, para enfrentar o maior desafio de suas vidas. Por fim o roteiro tem também um pouco de "Harry Potter" pois o protagonista vai para uma escola de combatentes e lá acaba se afeiçoando por uma outra aluna. 

E claro, há os bonzinhos e malvados entre os estudantes. Não consegui ver nada de muito original nessa produção. O único ponto a realmente elogiar são os bem realizados efeitos especiais, em especial as sequências em um grande centro de treinamento no espaço. Agora, complicado mesmo é engolir o fato de que um mero adolescente, recém saído da academia de guerra, será o verdadeiro salvador de nossa civilização. O roteiro não consegue explicar direito isso, dando explicações bem vazias e sem sentido. O que fica óbvio desde o começo é que os roteiristas forçaram completamente a barra para existir uma identificação direta entre o público adolescente que vai ao cinema e o protagonista do filme. O desfecho da estória também é de um pieguismo sem igual, uma coisa completamente politicamente correta que vai deixar muita gente de estômago virado, tamanha a tolice de sua supostamente importante mensagem! No final das contas é apenas uma diversão ligeira, cheia de efeitos especiais e aborrescentes desconhecidos do grande público. Nada original e com muita pieguice ecológica! Passa longe de ser um grande filme de ficção e muito provavelmente será esquecido em pouco tempo.

Pablo Aluísio.

Sete Dias Sem Fim

Título no Brasil: Sete Dias Sem Fim
Título Original: This Is Where I Leave You
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Shawn Levy
Roteiro: Jonathan Tropper
Elenco: Jason Bateman, Tina Fey, Jane Fonda, Rose Byrne, Timothy Olyphant, Connie Britton

Sinopse:
Judd Altman (Jason Bateman) acredita estar vivendo um dos momentos mais felizes de sua vida. Ele trabalha no que gosta, numa estação de rádio de sucesso, e tem um casamento feliz e duradouro. E é justamente no dia de aniversário de seu matrimônio que ele decide chegar mais cedo em seu apartamento para fazer uma surpresa para sua querida esposa. O que ele encontra porém é sua própria mulher transando com seu chefe do trabalho! De repente tudo o que ele considerava perfeito em sua vida desmorona em questão de segundos. Como se isso não fosse horrível o suficiente, seu pai morre e ele tem que lidar novamente com sua família formada por pessoas bem complicadas de se conviver. 

Comentários:
O roteiro de "Sete Dias Sem Fim" se baseia em grande parte numa antiga tradição da religião judaica em que a família de um ente querido recentemente falecido precisa guardar sete dias de luto, onde todos os seus familiares devem conviver sob um mesmo teto durante esse período de tempo. Na teoria seria uma forma de relembrar os bons momentos do passado e entrar em reflexão sobre a própria existência e sua aproximação com Deus em uma hora triste, de perda. Nem precisa dizer que a família Altman do filme é bem disfuncional e que essa convivência por uma semana irá despertar não um sentimento religioso e reflexivo, mas velhas histórias e traumas entre todos os familiares, como aliás acontece com todas as famílias do mundo, diga-se de passagem. O roteiro é muito bom, desenvolvendo todos os personagens da melhor maneira possível. Assim temos a matriarca interpretada por Jane Fonda. Ela é uma mulher bem resolvida que inclusive se revela mais liberal do que seus próprios filhos. Depois da morte do marido resolve assumir um aspecto escondido de sua vida pessoal que vai causar imensa surpresa em todos. Tina Fey também se destaca como a irmã que não consegue ser muito feliz em seu casamento pois o tempo deixou marcas de indiferença em seu relacionamento com o marido. 

De uma forma ou outra o roteiro se concentra mesmo na vida conturbada de Judd Altman (Jason Bateman). Ele é aquele típico cara que nunca teve coragem de assumir algum risco maior em sua vida, andando sempre na linha, pensando que agindo assim teria controle absoluto sobre ela. Quando seu casamento desmorona e ele fica desempregado da noite para o dia, acaba reencontrado por acaso com Penny Moore (Rose Byrne) que ele conhece desde a juventude. Ela sempre foi apaixonada perdidamente por ele, dando razão ao velho ditado que afirma ser inesquecível o primeiro amor de nossas vidas. Agora que Judd está à beira do divórcio ela pensa ter chegado finalmente sua grande chance de realizar aquele romance que ela idealizou por tantos anos. A trilha sonora da aproximação de ambos acaba sendo, imagine você, um velho sucesso da cantora Cyndi Lauper! (os saudosistas dos anos 80 vão sentir um aperto no peito!). Enfim, um bom drama, com pequenas nuances de humor negro que vai levar muita gente a pensar sobre a vida. Até porque o Maine não é tão distante como muitos pensam! (Quem assistir entenderá do que estamos escrevendo).

Pablo Aluísio.