quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Girl Happy (1965)

1964. Em fevereiro deste ano os Beatles aportavam nos USA, mudando para sempre a música e instaurando a maior revolução musical desde 1956, revolução esta que daria origem, junto com uma série de outros fatores, à psicodelia e à revolução sexual e social que os USA iriam vivenciar anos mais tarde: a famosa era de aquário. 64 também foi o ano em que o número de soldados americanos no Vietnã aumentou consideravelmente. Protestos e lutas raciais encabeçadas por Martin Luther King começavam a levar a nação a verdadeiros espasmos sociais. A década de 60 efetivamente chegava para fazer barulho e sacudir o American Way of Life. E Elvis? Bom, 64 para Elvis foi, de um modo geral, só mais um ano de trabalho. E um não muito bom. 
Ele continuou fazendo três filmes por ano de qualidade duvidosa e a lançar trilhas, em sua maioria medíocres. Se bem que discos como Rostabout, se comparados com trilhas de 65 e 66 são verdadeiros clássicos. Ou seja, a coisa iria piorar. E muito. Também foi o ano em que Elvis entrou em um longo cochilo musical, do qual daria sinais de querer acordar em 66 e 67, mas que só viria a efetivamente fazê-lo nos estúdios da NBC em junho de 68. Foi o 1º ano em que ele não emplacou nenhum top 10. Foi o ano em que ele conseguiu seu último disco em 1º lugar na década. Foi o ano em que o maior número de singles foi lançado, nenhum com grande repercussão.. Foi o ano do início de suas buscas espirituais, que o fizeram se afastar de sua música e de suas origens. Mas também foi o ano de um dos mais divertidos filmes de Elvis: Girl Happy.

O roteiro é decente, a trilha razoável. Elvis conta com uma de suas melhores e favoritas Lead Ladies: Shelley Fabares (que viria a atuar com ele em mais dois filmes). Possui diálogos e situações engraçadas e é um retrato da América do início da década de 60, ainda inocente. Além disso, Elvis está bonitão e com um figurino impecável. Possui algumas falhas tipo Elvis tocando violão em Do The Clam e dele saindo um som de guitarra elétrica ou o fato de Elvis tentar, em uma cena, pegar bronze de camisa de manga longa e sapato e calça social! Mas a gente perdoa. O roteiro é simples. Elvis é Rusty Wells, líder de uma banda que se apresenta em um hotel chique que pertence a um poderoso mafioso e vê suas férias em Fort Lauderdale frustadas quando este lhe pede para ficar mais algumas semanas. Para resolver o problema Elvis junta o útil ao agradável e descobre que o mafioso está preocupado com sua filha Val, interpretada por Shelley Fabares, que vai ficar em um hotel com suas amigas em..... Fort Lauderdale. Então Rusty se oferece para tomar conta de sua filha, sem Val saber. É claro que tomar conta de um avião como Fabares vai dar mais trabalho do que se imaginava. Biquínis, mulheres bonitas, uma trilha dançante, um trio de apoio engraçadíssimo e paisagens belíssimas fazem de Girl Happy um prazer sem culpas. Tudo o que você tem que fazer é desligar o cérebro e sentir a " Spring Fever". A trilha de Girl Happy é razoável, não possuindo nenhuma porcaria como Barefoot Ballad, mas também nenhum clássico como Return to Sender. Tem a vantagem de conter pouquíssimas baladas e ser bem para cima. Apesar disso, Elvis soa como se estivesse entediado e as sessões de gravação, feitas em junho de 64, foram no mínimo frustrantes. Ele só voltaria a gravar alguma coisa em fevereiro de 65. Eis as músicas:

Girl Happy (Pomus / Meade) - O filme abre com essa música que passa longe de ser classificada entre as melhores de Elvis, mas que possui um excelente ritmo. E por falar em ritmo, o curioso é que, não estranhe se a voz de Elvis parecer muito aguda, pois a velocidade da música foi aumentada para 8% mais rápida de seu original, fato único em sua carreira. A letra é bem interessante, podendo ser comparada com "Eu gosto é de mulher" do nosso Ultraje a Rigor. Uma das poucas músicas de Doc Pomus que Elvis gravou sem a parceria de Mort Shuman. É inevitável se deixar contagiar por sua intensa alegria.

Spring Fever (Giant / Baum / Kaye) - Outro caso em que ritmo dá de dez na letra. Elvis a canta em uma cena dentro de um carro, quando está indo em direção a Fort Lauderdale. A canção é executada em dueto com seus membros de banda no filme. Animadinha, mas com uma letra boba.

Fort Lauderdale Chamber of Commerce (Tepper / Bennett)- Definitivamente a pior música do filme, com um ritmo que enche o saco e uma letra no mínimo estúpida e sem sentido, essa música entra fácil para a lista das piores de Elvis. No filme Elvis a canta para convencer Val a ir ver o show de sua banda. Com uma música dessa, entendemos por que ela recusou.

Startin' Tonight * (Rosenblat / Milrose) - Outra música leve e divertida da trilha. Este filme de Elvis seguiu uma linha que tinha como maior ícone na época o dublê de ator Frankie Avalon e sua famosa turma da praia. Colocar Elvis para imitar Frankie Avalon realmente é um absurdo sem tamanho. Isso demonstra como os produtores de Hollywood estavam equivocados em relação a Elvis, que não era Frankie, que sempre foi considerado um cantor sem consistência ou profundidade musical, além de ator vazio dos esquecíveis filmes de verão dos anos 60. Elvis era muito mais do que isso e talvez por essa razão sua carreira não tenha dado bons frutos em Hollywood, pois sem dúvida sempre foi subestimado, participando de projetos aquém de seu verdadeiro potencial. Em resumo: desperdício de talento mesmo!

Wolf Call (Giant / Baum / Kaye) - Novamente bom ritmo só que aqui com PÉSSIMA letra, aliada a um vocal horrível de um dos membros dos Jordanaires. No filme misture tudo isso a um membro da platéia imitando um lobo e você terá um show de mau gosto. Só se salva mesmo a presença no palco da belíssima Mary Ann Mobley, que também "atuou" com Elvis em Harum Scarum.

Cross My Heart And Hope Die (Wayne / Weisman) - Elvis canta essa música para uma garota.... em uma floresta! A música em si não é das piores e o ritmo conta com um ótimo baixo, cortesia de Bob Moore, que dá um tom meio jazz à música. A letra é toda Elvis se desculpando, de uma forma bem legal, temos que dizer, por ter pisado na bola com uma garota. Interessante é o verso que diz: " Eu não tenho que prestar muita atenção para perceber o que eu tenho no meu próprio quintal." Bem sugestivo, mas também criativo, uma ótima metáfora. Essa é uma daquelas músicas que você deve escutar para relaxar.

The Meanest Girl In Town (J. Byers) - Uma das melhores da trilha, essa música não foi feita originalmente para o filme e é de autoria do produtor da Columbia Records, Bob Johnston, que escreveu ótimos rocks para as trilhas de Elvis como C´mon Everybody, Hard Knocks, Let Yourself Go, entre outras, sob o nome de sua esposa Joy Byers. Esse rock agitado conta com um excelente solo de sax de Boots Randolph e um bom trabalho de guitarra. Adoro essa música por seu ritmo acelerado. Elvis cantando essa música em 68 com aquele vozeirão rouco iria ficar perfeito. A letra fala daquele tipo de garota que é a dor de cabeça de todo homem: bonita, esperta, que sabe jogar, mas que no fim só quer te usar. Quem não teve uma dessa? Pena que em seus shows na década seguinte Elvis não desse chance a verdadeiras pérolas como essa em seu repertório de shows.

Do Not Disturb (Giant / Baum / Kaye) - É impressionante como Elvis levou 36 takes para gravar essa música... e não conseguiu um master adequado, abandonando frustrado a sessão de gravação. Aqui nota-se que mesmo recebendo material de qualidade inferior Elvis continuava levando seu trabalho a sério. Na sessão tem uma hora que o engenheiro de som diz "OK", como se o resultado fosse satisfatório e Elvis diz: "Eu não gosto de OK". Antes ele tomasse as rédeas assim na escolha do material.

Puppet On A String (Tepper / Bennet) - Uma das músicas lançadas em single, essa belíssima e tenra balada ocupou o 14º lugar na Billboard em 1965, fazendo sucesso na época, mas logo caindo no esquecimento. Uma pena, pois é uma das melhores músicas de Elvis no período e a cena em que Elvis a canta para Val no filme é sutil, mas sincera. Com uma melodia bonita e uma letra simples, "Puppet on a String" tem versos como: "Tudo que você tem que fazer é tocar minha mão e o seu desejo é uma ordem. Aí eu me torno uma marionete de cordas e você pode fazer o quiser comigo. Se você realmente me ama, querida seja boa comigo. Eu te ofereço o amor mais verdadeiro que você encontrará." Muito linda.

Do The Clam (Wayne / Weisman / Fuller) - Lançada como single, alcançou 21º lugar nos USA e 19º lugar na Inglaterra. Para acompanhar essa música o coreógrafo David Winter, que já havia trabalhado em "Viva Las Vegas", criou uma dança chamada "The Clam". Isso se deve ao fato de na época danças como "The Twist", "The Bird", "The Mashed Potato", serem criadas a rodo e fazerem muito sucesso. A dança nunca pegou. A letra dessa música às vezes é taxada como péssima, o que não é verdade quando se percebe que o Clam (marisco) a que ela se refere é a dança e não mariscos propriamente dito. Bem animadinha e com um solo de sax bem legal, por incrível que pareça é um dos pontos altos da trilha.

I've Got To Find My Baby (J. Byers) - Essa música foi brutalmente editada, por motivos incertos, o que a fez ter a duração de pouco mais de 1 minuto e meio. O master completo não foi encontrado e por incompetência do pessoal da RCA é possível que nunca escutemos a versão completa dessa música, também escrita por "Joy Byers", sendo um excelente momento da trilha. Esse rock, ao estilo de The Meanest Girl in Town, conta também com um solo de Boots Randolph, que aliás é o músico destaque nessa trilha.. Lançado em Abril de 1965 o filme "Girl Happy" (Louco por Garotas, no Brasil) ficou em 25º lugar entre os mais assistidos do ano e a trilha foi mais um Top Ten para Elvis alcançando 8º lugar tanto nos USA quanto na Inglaterra, além de ter tido a curiosidade de ser o único filme de Elvis a ter duas músicas lançadas em dois singles diferentes e ser livre de músicas ruins (com exceção de "Fort Lauderdale Chamber of Commerce"). Em suma: Por essa época os filmes e trilhas, apesar de em termos de qualidade estarem em ritmo decrescente, ainda faziam sucesso, mas sinais de desgaste já começavam de leve a aparecer na carreira de Elvis Presley.

Ficha Técnica: Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Hilmer J. "Tiny" Timbrell / Guitarra: Tommy Tedesco / Baixo: Bob Moore / Bateria: Murrey "Buddy" Harman / Bateria:D.J. Fontana / Bateria: Frank Carlson / Piano: Floyd Cramer / Saxophone: Homer "Boots" Randolph / Backup Vocals: The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Backup Vocals: The Jubilee Four (Bill Johnson, George McFadden, Jimmy Adams e Ted Brooks) em Do the Clam e Wolf Call / Backup Vocals: The Carol Lombard Trio (Carol Lombard, Gwen Johnson, Jackie Ward e B.J. Baker) em Do the Clam / Produzido por George Stoll / Gravado no Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 10 a 12 e 15 de junho de 1964 / Data de Lançamento: Março de 1965 / Melhor posição nas charts: # 8 (EUA) e # 8 (UK)

Texto Escrito por Victor Alves, exceto * de autoria de Pablo Aluísio. Abril de 2005.

Louco Por Garotas

Mais um musical típico de Elvis Presley nos anos 60. Aqui ele banca a "vela" de uma garota filha de um chefão de Chicago (interpretada pela bela e simpática Shelley Fabares, que inclusiva faria outros filmes ao lado do cantor). O roteiro tem cenas engraçadas mas no geral "Louco Por Garotas" é tipicamente um "filme de verão", ou seja, muita praia, muito biquíni e todo mundo em férias em algum local turístico (curiosamente não escolheram o Havaí e nem Acapulco aqui mas sim Fort Lauderdale, um point de verão para universitários americanos em férias). Elvis canta as canções da trilha sonora sem muito esforço, dá uns amassos em alguns brotos e se envolve em confusões com o chefão da máfia de Chicago, mas claro tudo muito suave e sem stress, como convinha aos seus filmes dessa época. A verdade é que depois do sucesso de fitas como "Feitiço Havaiano" e "O Seresteiro de Acapulco", Elvis Presley se viu preso a esse tipo de produção.

Os filmes davam ótima bilheteria, tinham produção barata e as trilhas sonoras vendiam horrores. Dentro dessa fórmula imposta por Hollywood Elvis Presley foi ficando cada vez mais rico, com cachês milionários mas pessoalmente se sentia frustrado por ter que fazer praticamente o mesmo filme ano após ano. De qualquer forma "Girl Happy" tem seus atrativos. As músicas que Elvis canta no filme são divertidas, agradáveis e animadas (deram uma folga nas baladas românticas aqui). O humor também é bem bolado, com diversas situações que envolvem o personagem de Elvis (numa delas o Rei do Rock acaba se travestindo de mulher, fato único na sua carreira no cinema!). Shelley Fabares, a estrelinha ao lado de Elvis, era uma moça simpática, bonita e elegante que ajudava muito no resultado final do filme. Para o público masculino o filme também traz farto material de garotas em todas as cenas e de todos os tipos. Enfim, "Louco Por Garotas" vale a sessão. Não é dos melhores momentos de Elvis no cinema mas diverte de forma descompromissada.

Louco Por Garotas (Girl Happy, EUA,1965) Direção: Boris Sagal / Roteiro: Harvey Bullock, R.S. Allen / Elenco: Elvis Presley, Shelley Fabares, Harold J. Stone / Sinopse: Cantor garotão é enviado a uma estação de verão para tomar conta da filha de um chefão da máfia de Chicago. Musical de verão estrelado pelo cantor Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Viva Las Vegas (1964)

 "Viva Las Vegas" é o filme de Elvis em que tudo deu certo, desde a trilha sonora que é maravilhosa, da escolha de elenco que contou com a ótima Ann Margret, ao diretor George Sidney que deu um show de direção. Além disso foi um prato cheio para os jornais da época por tudo que rolou durante as filmagens, com o namoro de Elvis e Margret, indo muito além das telas de cinema. O rei do rock ficou perdidamente apaixonado pela atriz, bem debaixo do nariz de Priscilla. O clima de paixão passou para o filme, tudo é feito, encenado e coreografado com o maior bom gosto. Elvis estava em seus melhores dias. A atriz sueca Ann-Margret era chamada pela imprensa americana como "Elvis de saias". Realmente foi a melhor parceira de Elvis em toda a sua carreira cinematográfica. O clima entre os dois esquentou ao ponto de Margret falar em um jornal de Los Angeles que sua cama cor de rosa foi um presente de Elvis. Os membros da máfia de Memphis também afirmam que, pela primeira vez em sua vida, o rei do rock confessou a eles estar realmente apaixonado por um mulher. Além disso Elvis passava longas temporadas com ela em sua casa em Beverly Hills. Isto sim foi uma paixão avassaladora. O filme foi filmado, claro, em Las Vegas, tendo como pano de fundo a corrida anual de Nevada. Claro que Elvis faria o papel de um piloto tentando a sorte na capital do jogo e do pecado. Para muitos esse é disparado o melhor trabalho de Elvis no cinema nos anos 60. Até os mais ferozes críticos se renderam ao seu charme. Estas são as canções do filme "Amor a toda velocidade":

VIVA LAS VEGAS (Pomus / Schuman) - Uma das últimas composições da dupla Pomus / Schuman, pois em pouco tempo eles iriam se separar definitivamente. Um tema muito bom, que tenta capturar o clima da cidade, com seus cassinos, hotéis e casas de show luxuosos. Bem executada com ótimo arranjo. O filme teve vários títulos provisórios, que iam mudando conforme as filmagens avançavam, eis alguns: "The Only Game in Town", "The Lady Loves me", "The Magic Touch" e finalmente "Mr, will you Marry Me?". Então, após ouvir toda a trilha sonora, o diretor George Sidney resolveu mudar de forma definitiva o nome do filme para "Viva Las Vegas" por causa da canção.

IF YOU THINK I DON'T NEED YOU (West / Cooper) - Composição do amigo de Elvis, Red West. Aparece numa cena divertida em que Elvis tenta atrapalhar os avanços do conde italiano Elmo Marcini, interpretado pelo bom ator Cesare Danova, sobre a personagem de Ann-Margret A música é usada para quebrar o clima romântico entre ambos. Em pouco tempo de filmagem estourou nos jornais a notícia que Elvis e Margret estavam tendo um caso amoroso. Priscila Presley então resolveu enfrentar a situação e confrontou o cantor, que saiu com esta resposta: "Não tenho nada com Ann-Margret, ela é um típica starlet de hollywood, só preocupada com sua carreira". Sonso o rapaz.

I NEED SOMEBODY TO LEAN ON (Pomus / Schuman) - Outra romântica do filme. O diretor George Sidney já havia trabalhado antes com Ann-Margret em "Bye, Bye, Birdie". Este filme é uma sátira ao próprio Elvis, pois retrata os sonhos de uma adolescente fã de um ídolo da música. Além deste, George Sidney dirigiu grandes filmes como "O barco das ilusões", "Pepe" e "melodia imortal". Sobre George Sidney, Elvis afirmaria anos depois: "Ele estava perdidamente apaixonado por Ann-Margret, o que o levou a direcionar o filme para ela, a privilegiando em todas as tomadas".

YOU'RE THE BOSS (Leiber / Stoller) - Elvis reencontra Leiber e Stoller. Aqui temos um dueto entre Elvis e Ann-Margret. A música infelizmente foi arquivada, ficando anos fora de catálogo, sendo disputado e caçada pelos colecionadores. O fato desta trilha sonora nunca ter sido junta em um LP acabou deixando muitas destas canções perdidas no limbo musical. Um fato interessante sobre as gravações deste disco: Elvis, pela primeira vez em sua carreira gravou as canções sobre um playback anteriormente gravado por sua banda. Esse sistema de gravação foi utilizado justamente nos duetos entre Elvis e Ann-Margret. O fato de ficar sozinho em estúdio, sem a presença de seus músicos, desagradou profundamente o cantor, que reprovou esta forma de gravação.

WHAT'D I SAY (Ray Charles) - Clássico de Ray Charles, gravada por um grande número de artistas ao longo da história. Aqui Elvis contou não somente com sua banda, mas também por um grupo de apoio da MGM, contando inclusive com uma segunda turma de vocalização, os grupos The Jubilee Four e Carole Lombard Quartet. Este primeiro inclusive teve direito a apresentar uma canção solo no filme, chamada "The Climb". Ann-Margret também apresentou duas canções solos: "Appreciation" e "The Rival".

DO THE VEGA (Giant / Baum / Kaye) - Canção que foi arquivada na época de sua gravação. Só foi lançada em CD através da série "Double Features". Um aspecto curioso sobre "Viva Las Vegas": James Burton sustenta até os dias de hoje que participou destas sessões, mas o guitarrista Scotty Moore contesta e afirma que ele nunca participou das gravações desta trilha sonora. Ficou aí a dúvida, sendo colocados em dois lados opostos as palavras dos dois guitarristas oficiais da carreira de Elvis.

C'MON EVERYBODY (J. Byers) - Sem sombra de dúvida uma das melhores canções da carreira de Elvis. A cena em que ele dança com Ann-Margret no ginásio da universidade de Nevada é insuperável. A banda de Elvis está super afinada, tudo resultando em um ótimo momento artístico. Elvis era um grande dançarino que precisava de uma partner à altura, sendo que ele a encontra aqui. A coreografia apresentada é bem diferente da que ele usava nos anos 50, o que demonstra sua versatilidade.

THE LADY LOVES ME (Tepper / Bennett) - Deliciosa parceria entre Elvis e Ann-Margret, que cantava otimamente bem. Como sempre a cena do filme é deliciosa. Seria o tema principal do filme, mas acontece que não houve um acordo satisfatório com os empresários de Ann-Margret para o lançamento desta canção em disco. Assim surgiu um problema incrível, pois a RCA não pôde lançar a trilha sonora em um LP, pois não haveria canções suficientes depois de retirar aquelas em que a atriz sueca fazia dueto com Elvis. E assim acabou acontecendo, o projeto do LP foi arquivado definitivamente. Desta forma as músicas acabaram sendo lançadas em um EP (compacto duplo) chamado "Viva Las Vegas" com 4 canções, e em um single com "What'd I Say / Viva Las Vegas" que chegou às lojas em abril de 1964 nos Estados Unidos. Isto causou uma grande insatisfação entre os fãs de Elvis, pois todos esperavam o lançamento de um LP, com todas as canções juntas, o que efetivamente não ocorreu.

NIGHT LIFE (Giant / Baum / Kaye) - Este trio de compositores era contratado pela Metro para escrever canções para seus filmes. Às vezes eles acertavam, mas em outras ocasiões eles erravam a mão feio, como na trilha sonora de "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, 1964). Esta trilha é considerada uma das piores de Elvis e curiosamente é intercalada por dois bons momentos do cantor, que são "Roustabout" e "Viva Las Vegas".

TODAY, TOMORROW AND FOREVER (Giant / Baum / Kaye) - Adaptação do clássico "sonho de amor" de Liszt. Foram gravadas duas versões, uma solo e uma em dueto com Ann-Margret. Em uma palavra: linda. O arranjo piano, violão, coro e orquestra é fabuloso. Um dos melhores momentos de Elvis na música romântica. Em 2002 se comemorou os 25 anos da morte de Elvis, a RCA - BMG para celebrar e lembrar a data lançou uma coleção com mais de cem versões inéditas com o nome de "Today, tomorrow and Forever". O carro chefe foi justamente a versão nunca lançada em que Elvis dividiu o microfone com Margret. Momento raro.

THE YELLOW ROSE OF TEXAS / THE EYES OF TEXAS (Wise / Starr / Lance Sinclair) - Medley que reúne duas canções populares do Estado americano do Texas. E o que isto tem a ver com "Viva Las Vegas", já que Vegas fica em Nevada? Acontece o seguinte: logo após Elvis conhecer a personagem de Ann Margret em uma oficina mecânica ele passa a procurá-la em cassinos e shows de Las Vegas, pensando seriamente que ela é uma dançarina. Bem, em um destes lugares Elvis se depara com um bando de texanos bêbados. A única forma de controlar a turma é cantando um canção do Estado da rose amarela. Assim Elvis coloca os rapazes para fora do estabelecimento chamando todos a acompanhá-lo neste hino alternativo do Texas. Mas não encontra Ann-Margret, pois ela na verdade não é dançarina e sim professora de natação para crianças, para surpresa de todos.

SANTA LUCIA (arranjado por Elvis Presley) - Música italiana arranjada por Elvis. "Viva Las Vegas" foi lançado na Inglaterra com o título de "Love in Las Vegas". O compacto duplo com quatro canções deste filme foi lançado em maio de 1964 e contava com as seguintes músicas: IF YOU THINK I DON'T NEED YOU / I NEED SOMEBODY TO LEAN ON / C'MON EVERYBODY / TODAY, TOMORROW AND FOREVER.

Ficha Técnica: Elvis Presley (vocal) / Ann-Margret (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Billy Strange (guitarra) / Alton Hendrickson (guitarra) / James Burton (guitarra) / D.J Fontana (bateria) / Buddy Harmon (bateria) / Frank Carlson (bateria / Roy Hart (percussão) / Floyd Cramer (piano) / Artie Cane (piano) / Calvin Jackson (piano) / Oliver Mitchel (trumpete) / James Zito (trumpete) / Randall Miller (trombone) / Herb Taylor (trombone) / Ray Siegel (baixo) / Bob Moore (baixo) / Boots Randolph (Sax) / William Green (Sax) / Steve Douglas (Sax) / The Jordanaires (vocais) / The Jubilee Four (vocais) / Carole Lombard Quartet (vocais) / Direção musical de George Stoll / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 09 a 12 de julho de 1963 e 30 de agosto de 1963 / Data de lançamento: abril de 1964 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #2 (UK).

Texto escrito por PABLO ALUÍSIO - abril e maio de 2002 / revisado e atualizado em novembro de 2002.

Elvis Presley - Roustabout (1964)

Empolgado por Viva Las Vegas o público correu às lojas para comprar a nova trilha sonora de Elvis, Roustabout. Em pouco tempo o disco conseguiu chegar ao primeiro lugar nas paradas, um feito e tanto, que só se repetiria quase dez anos depois com Aloha From Hawaii. Esse dado aliás deixam perplexos muitos que estudam a biografia de Elvis Presley. Como um dos cantores mais populares do mundo conseguiu ficar praticamente uma década sem conseguir chegar ao primeiro lugar na parada de álbuns dos Estados Unidos? Não existe apenas uma resposta a essa pergunta mas muitas. O fato de Elvis só gravar trilhas sonoras nos anos 60 abalou sua credibilidade como artista. Claro que muitos desses discos conseguiram obter êxito comercial, porém ao mesmo tempo em que vendiam bem iam minando o legado musical de Elvis. 
 
Quando voltou do exército no começo dos anos 60 Elvis estava no auge da popularidade e tinha literalmente muito filme para queimar, como se dizia na gíria da época, pois qualquer coisa que lançasse seria sucesso com certeza. Porém a má qualidade do material apresentado foi gradativamente queimando seu filme, cansando o público e seus fãs e a queda das vendas foi um passo natural. Outro problema foi a concorrência feroz que Elvis enfrentaria a partir desse ano. Os Beatles chegariam triunfantes aos Estados Unidos, causando uma verdadeira revolução musical sem precedentes. Além deles Elvis teria cada vez mais de dividir a atenção do público com outros grupos e cantores em um dos períodos mais ricos da música de todos os tempos.

Roustabout passa longe da ruindade de Kissin Cousins, lançado nesse mesmo ano, mas também não consegue chegar ao nível de qualidade de Viva Las Vegas. Fica no meio termo. Sendo bem otimista podemos até mesmo considerar essa uma de suas melhores trilhas sonoras no período. Claro que ela não foge à regra das demais trilhas de Elvis nos anos 60, claro que há músicas bobinhas e tal, mas neste caso elas estão em menor número, felizmente. Todas as dez músicas do filme podem ser consideradas boas, algumas até mesmo são de excelente qualidade. O filme em si também é bem interessante para os fãs do cantor pois ver Elvis em um casaco de couro negro, andando por aí de moto e interpretando um "Easy Rider" é sempre um prazer sem culpas. O próprio Elvis aliás deve ter gostado muito de fazer esse papel de "Brando Soft". Obviamente se você tem mais de trinta anos certamente o assistiu alguma vez na TV, principalmente porque ele se tornou um dos maiores clássicos "Sessão da Tarde" da carreira de Elvis ao lado de "Feitiço Havaiano" (esse campeão absoluto na categoria). Algumas canções dessa trilha merecem destaque:

Roustabout (Giant / Baum / Kaye) - Canção título do filme. Essa é na realidade a versão "B", pois a primeira versão tema foi rejeitada por Hal Wallis que considerou sua letra ofensiva. Essa versão "A" chamada de "I'm Roustabout" só foi lançada em 2003 no disco "Elvis 2nd to none". Ela foi redescoberta por acaso por seu autor pegando poeira em seus arquivos. Então ele entrou em contato com Ernst Jorgensen e perguntou se ele estaria interessado em lançar uma gravação inédita de Elvis no mercado (Isso é lá pergunta que se faça?!). O produtor atual dos discos de Elvis ficou encantando com a versão descoberta e tratou logo de a colocar no CD. O resultado todos conhecem: primeiro lugar nos EUA e Inglaterra e milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Pois é, mais vale um Elvis empoeirado do que milhares de artistas atuais tinindo de novo.

Little Egypt (Leiber / Stoller) - Esta canção acabou se tornando uma dor de cabeça para os produtores do filme. Tudo porque uma bailarina chamada "Little Egypt" resolveu processar todo mundo, afirmando que seu nome havia sido utilizado sem permissão no filme. E para completar ela pedia 3 milhões de dólares de indenização. Os advogados da Paramount conseguiram provar no tribunal que o filme se baseava em uma outra bailarina que usava o mesmo nome artístico, chamada Catherine Devine, que fez carreira em 1893 nos EUA. No fundo quem estava imitando e usando o nome de forma inadequada era a dançarina que processou o estúdio.

Big Love Big Heartache (Fuller / Morris / Hendrix) - Uma das melhores músicas do disco, com ótima vocalização de Elvis, além de um arranjo primoroso. Ela seria lançada em single para tentar repetir o sucesso estrondoso de "Can't Help Falling in Love", mas como o LP vendeu muito bem e alcançou rapidamente o topo nos EUA (em pleno auge da Beatlemania) os produtores se contentaram com as vendas e cancelaram o lançamento do single. Momento de alto nível da trilha e do filme, pois a cena em que Elvis a canta foi muito bem fotografada.

There's a Brand New Day on the Horizon (J. Byers) - Eu particularmente gosto muito dessa música porque ela é antes de tudo uma canção alto astral que traz uma mensagem positiva (afinal de contas todos nós precisamos de um pouco disso, principalmente nos dias atuais). Ela fecha a seqüência final do filme. Um dado curioso: Além de "I'm Roustabout", duas outras gravações dessas sessões estão desaparecidas há anos: "I Never Had It So Good" e uma outra versão de "Poison Ivy League" com letra mudada. Em recente entrevista Ernst Jorgensen afirmou que não perdeu as esperanças de achá-las, vamos torcer para que algum dia ele consiga atingir esse objetivo. Milhões de fãs de Elvis ao redor do mundo torcem por ele.

Roustabout (1964)
01. Roustabout
02. Little Egypt
03. Poison Ivy League
04. Hard Knocks
05. It´s a Wonderfull World
06. Big Love, Big Heartache
07. One Track Heart
08. It´s Carnival Time
09. Carny Town
10. There´s a Brand New Day On The Horizon
11. Wheels On My Heels

Elvis Presley - Roustabout (1964): Elvis Presley (vocais) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Billy Strange (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Buddy Harmon (bateria) / DJ Fontana (bateria) / Hal Blaine (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (Sax) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Joseph Lilley / Engenheiro de som: Dave Weichman / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data da gravação: 02 e 03 de março de 1964 / Data de lançamento: outubro de 1964 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #12 (UK).

Pablo Aluísio - março de 2004 / agosto de 2009.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Kissin Cousins (1964)

Kissin Cousins sempre foi considerado um dos piores filmes estrelados por Elvis e representou como poucos tudo o que estava errado com a carreira do cantor no cinema. Produção fraca, direção inexistente e roteiro absurdo, Kissin Cousins, só serviu para demonstrar que os filmes de Elvis estavam indo por um caminho totalmente equivocado. O Filme foi produzido por Sam Katzman conhecido em Hollywood como o "Rei dos Rápidos", por causa de suas fitas filmadas rapidamente e lançadas às pressas, visando única e exclusivamente ganhar alguns trocados nas bilheterias. O Coronel havia entrado em contato com esse produtor ao saber que ele fazia filmes com orçamentos mínimos e sem grandes custos. 
Com isso a possibilidade de aumentar os lucros era bem mais promissor, ou seja, tudo o que o Tom Parker sempre quis almejar na carreira de seu artista: ganhar muito gastando pouco, ou quase nada. Claro que o resultado dessa equação só poderia resultar em desastre completo. Para piorar a situação Elvis fez dois papéis, usando uma peruca loira em um dos personagens, situação completamente humilhante para quem desejava um dia ser levado à sério como ator em Hollywood. Como se não bastasse o Coronel começou ainda a fazer exigências absurdas, como por exemplo o pagamento do cachê de Elvis em dobro, já que ele se alternava em dois personagens, pretensão que foi qualificada como ridícula pela MGM. A produção, que já havia nascida equivocada e obtusa via a cada dia piorar ainda mais a situação.

A negligência e precariedade imperaram em Kissin Cousins. Numa das cenas de dança um casal caiu por cima do outro, mas o diretor não cortou a cena e a incluiu no filme para evitar os gastos com a regravação desse número. Até nos piores filmes o erro teria sido corrigido. Quando chegou aos cinemas a crítica americana não deixou por menos e malhou impiedosamente Elvis, os produtores e todos os envolvidos, de forma merecida aliás. Nem a presença de Gene Nelson na equipe, que sempre teve grande prestigio em Hollywood ajudou a melhorar a situação precária do filme. A trilha sonora foi gravada em duas ocasiões diferentes, a primeira em setembro de 1963 em Nashville nos estúdios da RCA sob o comando do produtor Fred Karger e a segunda em Hollywood um mês depois sob a direção musical do próprio Gene Nelson. Apesar do uso de dois produtores pouca coisa se salvou em termos de qualidade. O repertório era muito fraco, Hollywoodiano em demasia (Leia-se plastificado e falso) e nem mesmo nas canções country (como Barefoot Ballad) a boa música se fez presente. Mesmo com todos os problemas a RCA apostou no novo disco e o lançou sem muito alarde no mesmo mês em que o filme chegou nas salas de cinema. Para surpresa de muitos a trilha sonora de Kissin Cousins conseguiu a proeza de atingir o sexto lugar entre os mais vendidos da revista Billboard, algo absolutamente inesperado diante da mediocridade do material como um todo. Apesar de seu relativo sucesso temos que admitir nos dias de hoje que Kissin Cousins é um projeto completamente ridículo e constrangedor. Considerado por muitos o pior trabalho da carreira do ator e cantor. É um momento de Elvis que deve ser esquecido por todos.

Kissin Cousins (1964)
01. "Kissin' Cousins (Nº 2)" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
02. "Smokey Mountain Boy" (L. Rosenblatt, Victor Millrose)
03. "There's Gold in the Mountains" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
04. "One Boy Two Little Girls" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
05. "Catchin' on Fast" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
06. "Tender Feeling" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
07. "Anyone (Could Fall in Love with You)" (Bennie Benjamin, Luchi de Jesus, Sol Marcus)
08. "Barefoot Ballad" (Dolores Fuller, Larry Morris)
09. "Once Is Enough" (Roy C. Bennett, Sid Tepper)
10. "Kissin' Cousins (Nº 1)" (Fred Wise, Randy Starr)
11. "Echoes of Love" (Bob Roberts, Ruth Bachelor)
12. "Long Lonely Highway" (Doc Pomus, Mort Shuman)

Ficha Técnica: Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Grady Martin / Guitarra: Jerry Kennedy / Guitarra: Harold Bradley / Baixo: Bob Moore / Bateria: Murrey "Buddy" Harman / Bateria: D.J. Fontana / Piano: Floyd Cramer / Saxophone: Homer "Boots" Randolph / Saxophone: Bill Justis / Banjo: Jerry Kennedy (em Smokey Mountain Boy) / Banjo: Harold Bradley (em Barefoot Ballad) / Backup Vocals: The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Backup Vocals: Winnifred Brest, Millie Kirkham e Dolores Edgin / Produzido por Gene Nelson e Fred Karger / Gravado no RCA Studio B, Nashville (29 e 30 de setembro de 1963) e Estúdios da MGM em Hollywood (10 de outubro de 1963) / Data de lançamento: Março de 1964 / Melhor posição nas charts: # 3 (Billboard) e #5 (UK).

Escrito por Pablo Aluísio - maio de 2004 e agosto de 2009.

Elvis Presley - Elvis Golden Records Vol. 03 (1963)

Este disco reúne os principais sucessos de Elvis Presley lançados em singles na primeira metade dos anos 60. Aqui são reunidas as principais músicas de Presley no período logo após sua saída do exército norte americano. O que se nota é uma mudança no estilo musical de Presley que substituiu o Rock'n'Roll puro dos anos 50 por um som mais Pop com arranjos glamorizados e de influências europeias, vide as italianas "It's Now or Never" e "Surrender". Apesar desta mudança de rumo o que se pode notar é que Elvis continuava a ditar e comandar os arranjos de suas músicas. Presley foi criticado por esta mudança, porém seus singles se tornaram novamente os líderes do "Hit Parade" Mundial o que de certa forma avalizou este novo rumo artístico. Este novo caminho seguido por Elvis foi consolidado com o crescente número de filmes estrelados por ele nos anos 60. De qualquer forma este LP traçou o estilo adotado por Presley durante os anos seguintes. Estas são as canções do LP "Elvis Golden Records vol.3" (LSP 2765) :

IT'S NOW OR NEVER (Schroder / Gold) - Versão em língua inglesa para a conhecida canção italiana "O Sole Mio" (que fez parte da trilha da novela "Terra Nostra"). "O Sole Mio" foi gravada por inúmeros artistas ao longo da história, sendo que em 1899 ela ganhou o festival Napolitano Piedigrota, considerado um dos mais importantes da Europa. A Primeira versão em língua inglesa foi gravada por Tony Martin em 1949 com o título de "There's no Tomorrow". Em 1960 Elvis Presley gravou sua versão que se tornou um de seus maiores sucessos alcançando o primeiro lugar em Agosto de 1960.

STUCK ON YOU (Schroder / McFarland) - Canção título do primeiro single lançado por Elvis após seu retorno aos Estados Unidos em 1960. Elvis a apresentou no especial de TV "welcome Home Elvis" apresentado por Frank Sinatra, mais conhecido como "the voice". Na ocasião Presley fez um dueto com Mr.Sinatra no medley "Witchcraft / Love Me Tender". Interessante salientar que nos anos 50 Sinatra afirmara "O Rock'n'Roll é um ritmo cantado e escutado por cretinos". Bem, Sinatra nunca foi conhecido por sua eloqüência mesmo, mas pelo talento dele a gente perdoa

FAME AND FORTUNE (Wise / Weisman) - Música que foi apresentado na TV norte americana no especial apresentado por Frank Sinatra chamado "Welcome Home Elvis" em homenagem ao retorno de Presley aos Estados Unidos depois dele servir o exército na Alemanha Ocidental. Nesta ocasião Elvis exibiu seu famoso Topete de 15 centímetros com muita brilhantina numa imagem que ficou consagrada como símbolo dos anos 50 e 60. "Fame and Fortune" foi lançada como lado B do single "Stuck on You" em 1960.

I GOTTA KNOW (Evans / Williams) - Canção que fez parte do lado B do single "Are you Lonesome Tonight?". É o que se pode chamar de "pop de Elvis dos anos 60". Foi feita uma versão por Roberto Carlos nos tempos da Jovem guarda quando a carreira do Rei da música Brasileira era voltada mais para o público jovem. Elvis Presley gravou "I Gotta Know" no dia 4 de Abril de 1960 nos estúdios B da RCA em Nashville.

SURRENDER (Pomus / Schuman) - Outra versão de uma canção italiana vencedora do Festival Napolitano de Piedigrotta no ano de 1909. "Torna a Sorriento", seu título original, foi gravada pelo cantor Mario Lanza em 1951 pela RCA. Presley era grande Fã de Lanza o que justifica a gravação desta música. Assim como aconteceu com "It's Now or Never" esta canção se tornou líder das paradas quando foi lançada em Fevereiro de 1962. Elvis aqui esbanja seu poderio vocal numa interpretação que deixaria o velho Lanza orgulhoso.

I FEEL SO BAD (Chuck Willis) - Elvis Presley em ritmo Blues. Aqui ele conta com a importante contribuição de seu saxofonista titular Boots Randolph. "Blues" é um ritmo inventado pelos escravos negros americanos nas grandes plantações de algodão do sul dos EEUU. Elvis era um garoto do Mississippi o que explica sua intimidade com este ritmo que ele ouvia no rádio desde criança.

ARE YOU LONESOME TONIGHT ? (Turk / Handman) - Outra versão de Presley para uma música do início do século XX. "Are you Lonesome Tonight ?" foi grande sucesso na era do cinema mudo com o cantor Al Jolson (Que iria estrelar o primeiro filme falado da história "O Cantor de Jazz") em 1926. Em 1959 surgiria outra versão com Jaye P. Morgan pela própria RCA. Finalmente a versão de Presley foi gravada no dia 4 de Abril de 1960 e lançada em Novembro do mesmo ano se tornando mais uma música de "the pelvis" a atingir o Primeiro lugar entre os mais vendidos.

(MARIE'S THE NAME) HIS LATEST FLAME (Pomus / Schuman) - Priscilla Presley relata em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto reflete bem o pensamento juvenil da garota de 14 anos que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Priscilla, que era filha de um oficial da Força Aérea, conheceu Elvis quando ele servia o exército Americano na Alemanha. Foi uma paixão avassaladora entre ambos, tanto que Elvis nunca iria se recuperar de seu divórcio em 1973 quando Priscilla o abandonou.

LITTLE SISTER (Pomus / Schuman) - Música lançada como lado B do single "His Latest Flame" em agosto de 1961. A letra é bem fraquinha, porém o ritmo é ótimo principalmente pela aula de guitarra de Scotty Moore. Elvis no filme de 1970 "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970) apresenta esta música em um ensaio com sua banda, nada levado à sério mas que serve para animar o ambiente durante as gravações.

GOOD LUCK CHARM (Schroder / Gold) - Esta canção foi a última de Elvis até "Suspicious Minds" a alcançar o primeiro lugar entre os singles mais vendidos da parada americana. Isto reflete de certa forma a dificuldade no qual Elvis iria passar até 1969 quando ele voltaria de novo ao topo. Entre as causas desta "maré baixa" enfrentada por Elvis estavam a má qualidade de suas trilhas de filmes aliados à crescente concorrência da invasão britânica (Beatles e Rolling Stones).

ANYTHING THAT'S PART OF YOU (Robertson) - Uma das mais belas músicas de Don Robertson interpretadas por Presley nos anos 60. Robertson era mesmo um craque em músicas românticas, pena que esta foi de certa forma desperdiçada como Lado B do single "Good Luck Charm" em fevereiro de 1962. De certa forma este LP a coloca no lugar que merece, ou seja, entre as "gravações douradas de Elvis".

SHE'S NOT YOU (Pomus / Stoller / Leiber) - Uma rara parceria entre Leiber & Stoller e o compositor Pomus. O Resultado infelizmente não fez jus ao talento das partes envolvidas. Esta é uma canção de Presley que envelheceu o que de certa forma não aconteceu com a maioria das canções de Elvis. Ela foi lançada em Agosto de 1962 com "Just tell Her Jim Said Hello" no lado B.

Ficha Técnica: Elvis Presley (voz, violão e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Hank Garland (baixo elétrico) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / Charlie Hodge (vocais) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 20 e 21 de março e 3 e 4 de abril de 1960, 25 e 26 de junho de 1961, 15 e 16 de outubro de 1961, 18 e 19 de março de 1962 e 26 e 28 de maio de 1963 / Data de Lançamento: agosto de 1963 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #6 (UK).

Pablo Aluísio - Maio de 2000 / revisado e atualizado em novembro de 2001.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Fun In Acapulco (1963)

Trilha Sonora do filme "O Seresteiro de Acapulco" dirigido por Richard Thorpe, diretor de "Jailhouse Rock" (o prisioneiro do rock, 1957) e produzido por Hall Wallis pela Paramount Pictures. É um dos filmes mais conhecidos de Presley e um de seus grandes sucessos. Aqui Elvis interpreta um ex-trapezista, que após um acidente, vai trabalhar num Hotel na cidade mexicana de Acapulco. Elvis ainda contracena com Ursulla Andress, que estava no auge do estrelado, após o sucesso do primeiro filme de James Bond, "Dr No" (007 contra o satânico Dr.No, 1962). É mais uma comédia romântica de Elvis, no mesmo estilo de outros filmes do cantor nos anos 60. Assim Elvis é colocado em um cenário maravilhoso, com lindas garotas ao redor, tudo embalado com algumas canções escritas sob medida para o filme. 
 
O outro filme de Elvis lançado em 1963 foi "It Happened at the World's Fair" (loiras, ruivas e morenas, 1963), filme dirigido por Norman Taurog, filmado na feira mundial em Seattle. Todas as duas produções foram comédias românticas musicais de relativo sucesso de público, mas não de crítica. Todos foram impiedosamente malhados pelos jornais americanos. Realmente Elvis precisava mudar, estes filmes estavam de certa forma arruinando a carreira musical do cantor. A crítica especializada afirmava que Elvis estava se acomodando, com os milhares de dólares vindo de Hollywood, ou seja, estava deixando sua carreira musical de lado, para se dedicar inutilmente ao cinema. Estas são as canções do filme "Fun in Acapulco" (o seresteiro de Acapulco, 1963)

FUN IN ACAPULCO (Ben Weisman / Sid Wayne) - Canção título do filme. Sem nenhum exagero esta é uma das melodias mais bonitas interpretadas por Elvis. A Música não é apresentada por Presley durante o filme, só sendo apresentada nos letreiros iniciais com o cenário exuberante das praias e paisagens mexicanas ao fundo. Esta linda canção foi gravada nos estúdios Radio Recorders em Hollywood no dia 23 de janeiro de 1963.

VIÑO, DIÑERO Y AMOR (Tepper / Bennett) - Mike Windgreen (O Personagem de Elvis no filme) está trabalhando em um barco no começo do filme quando seus amigos, um bando de mexicanos com seus sombreros, chegam cantando esta música. Elvis a canta num esfumaçado bar logo após. Aqui começa a história de "O Seresteiro de Acapulco" que foi um dos filmes mais vistos do ano de 1963 nos Estados Unidos e na Europa

MEXICO (Tepper / Bennett) - Esta sempre é uma das mais lembradas do filme. Elvis ou melhor "Mike" faz um dueto com o garoto Larry Domasin no filme, porém no disco a versão só conta com Presley. Aqui Elvis a interpreta em cima de uma bicicleta com o garoto no banco. Vida difícil esta de super astro mundial que tem de cantar mais de uma dezena de canções em um filme de uma hora e meia.

EL TORO (Giant / Baum / Kaye) - Elvis canta esta música vestido com uma roupa do folclore mexicano. A letra, como não poderia deixar de ser, fala sobre as touradas e seus matadores. Aqui entra todos os instrumentos nativos do México, com o arranjo seguindo todos os clichês que os americanos imaginam dos latinos e hispânicos. Ela foi gravada no dia 22 de janeiro em Hollywood.

MARGUERITA (Don Robertson) - "Marguerita" é o nome de uma conhecida bebida mexicana e também o nome da personagem de Ursula Andress no filme, mais exatamente Margarida. Fácil chegar a conclusão que uma canção com este nome era indispensável para a trilha sonora. Ursula Andress (Margarida) era a filha do cozinheiro do Hotel e tinha que disputar o amor de "Mike" com uma mulher mais velha (Dolores Gomez) interpretada por Elsa Gardenas. Quer saber quem conquista o coração do Rei? assista ao filme...

THE BULLFIGHTER WAS A LADY (Tepper / Bennett) - Outra que trata em sua letra do mítico esporte mexicano e espanhol das Touradas. Elvis Teve algumas dificuldades na gravação desta música, pois a produção a achou insatisfatória. Então Presley e seus músicos tiveram que retornar aos estúdios para tentar fazer uma gravação melhor. A Nova versão ficou pior e a produção resolveu lançar a primeira versão mesmo.

(THERE'S) NO ROOM FOR A RHUMBA IN A SPORTS CAR (Wise / Manning) - Puxa, esta é péssima. Ela faz parte da vexatória lista "As piores músicas cantadas por Elvis Presley". A Letra é uma piada e é engraçado perceber que nem Elvis a levou à sério pois a gravação apresenta diversos erros. Sem Dúvida é muito difícil manter a qualidade de tantas canções em um filme novo lançado a cada quatro meses. A conseqüência disto tudo foi que Elvis seria uma das primeiras vítimas da "super exposição" que acaba cansando o público e esgotando o artista.

I THINK I'M GONNA LIKE IT HERE (Don Robertson / Hal Blair) - Don Robertson era um dos melhores compositores românticos de Presley. Aqui ele fez uma canção gostosa de ouvir com um ritmo bem relaxante. Elvis não deixa por menos e apresenta uma ótima interpretação. Fica claro que quando Presley contava com um bom material ele demonstrava toda a extensão de seu talento.

BOSSA NOVA BABY (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Não pense que é uma música do ritmo que imortalizou Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes. É uma canção pop escrita por Leiber e Stoller que já havia sido lançada em 1962 pelo grupo Tippie & The Glovers. Foi lançada em um single em outubro de 1963 com "Witchcraft" no lado B. O single foi lançado antes da trilha e chegou ao oitavo lugar nas paradas do Tio Sam. A única canção realmente "Bossa Nova" interpretada por Presley foi "Almost in Love" do compositor brasileiro Luís Bonfá, que aliás foi lançada junto com o sucesso "A Little Less Conversation" em um single no final dos anos 60.

YOU CAN'T SAY NO IN ACAPULCO (Feller / Fuller / Morris) - Elvis canta esta canção à beira da piscina no Hotel do filme onde "Mike" trabalhava. Um fato digno de nota foi a polêmica causada por um boato que envolveu o cantor durante as filmagens. Elvis nunca foi ao México sendo as suas cenas gravadas em estúdio em Hollywood. A Imprensa marrom então acusou Elvis de ser "Racista" com os mexicanos. Presley não foi ao México porque era mais barato para o estúdio usar o método de "Back Projection" em que as paisagens do México eram projetadas em uma tela atrás do astro. Sem dúvida isto acabou sendo muito desagradável para Elvis e os membros da equipe de filmagem. Porém com o tempo isto tudo foi superado.

GUADALAJARA (Guizar) - A Última canção do filme "O Seresteiro de Acapulco". As sessões de gravação da trilha ocorreram nos dias 22 e 23 de janeiro de 1963 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. A Trilha sonora "Fun in Acapulco" chegou ao terceiro lugar entre os LPs mais vendidos de 1963, sem dúvida um ótimo resultado comercial. A crítica especializada, por outro lado assim definiu o filme: "Outra comédia musical de rotina de Presley, só que agora para mudar um pouco rodada no México..."

LOVE ME TONIGHT (Don Robertson) - "Bonus Song" ou "canção brinde" que não fazia parte da trilha do filme mas era incluído no LP para completar cronologicamente o disco. Esta sem dúvida é uma das mais belas músicas feitas por Don Robertson. Ela foi gravada no dia 27 de maio de 1963 em Nashville.

SLOWLY BUT SURELY (Weisman / Wayne) - Outra "Bonus Song" que foi gravada em maio de 1963 em Nashville. Esta sessão de gravação foi reunida anos depois no CD "The Lost Album" que reuniu pela primeira vez estas canções que foram dispersadas ao longo da carreira de Elvis em vários discos e singles. Em 1965 esta música fez parte da trilha do filme "Tickle Me" (o cavaleiro romântico, 1965). 

Elvis Presley Fun In Acapulco (1963): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / D.J Fontana (bateria) / Berney Kessel (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Hal Blaine (bateria) / Emil Radochia (bateria) / Antony Terran (trompete) / Rudolph Loera (trompete) / Dudley Brooks (piano) / Ray Siegel (contrabaixo) / The Jordanaires (vocais) / The Amigos (vocais) / Joey Lilley e sua Orquestra / Produzido por Joseph Lilley / Arranjado por Joseph Lilley / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 22 e 23 de janeiro de 1963 / Data de lançamento: novembro de 1963 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #9 (UK).

PABLO ALUÍSIO - Janeiro de 2000 / revisado e atualizado em novembro de 2001

O Seresteiro de Acapulco

Depois que Elvis Presley retornou do serviço militar e "Feitiço Havaiano" se tornou sua maior bilheteria nos cinemas até então, sua carreira cinematográfica ficou presa a um determinado estilo de filme. A fórmula parecia certeira, colocar Elvis para cantar músicas românticas em lugares paradisíacos ao lado de lindas garotas. "O Seresteiro de Acapulco" (do original "Diversão em Acapulco") é uma dessas produções de Elvis que seguiam à risca essa fórmula de vender o cantor nas telas. Funcionava? Certamente e para certos públicos funcionava ainda melhor, tanto que "Fun in Acapulco" logo se tornou um dos mais populares filmes de Elvis Presley para o público latino, fenômeno que se repetiu aqui no Brasil também. 

A trilha sonora, o figurino, as belas locações, tudo contribuiu para que "Fun in Acapulco" caísse no gosto do público brasileiro. De tanto passar na "Sessão da Tarde" da Globo a gravadora do cantor no Brasil resolveu relançar no mercado sua trilha sonora em plenos anos 70 (com direito a novo relançamento na década de 80, fato único na discografia nacional de Presley). Não havia dúvidas que as reprises televisivas tinham se tornado um excelente meio de promoção da obra do artista em nosso país. O público que comprou o disco acabou levando um bom produto para casa pois a trilha sonora era realmente boa, com várias músicas de melodias belíssimas e agradáveis como a canção título, "You Can Say No In Acapulco", " I Think I'm Gonna Like It Here" e "Love Me Tonight" além de hits como a conhecida "Bossa Nova Baby".

No filme Elvis contracenou com uma de suas parceiras mais famosas, a bonita e classuda Ursula Andress. Ela havia acabado de sair do sucesso "O Satânico Dr No" (o primeiro filme de James Bond nas telas) e havia se tornado na mais nova aposta de Hollywood com seu visual exótico e glamouroso. Ela tinha tido um caso amoroso com o falecido James Dean e viu em Elvis um tipo parecido. O problema é que Presley já havia encontrado sua cara metade, a sua futura esposa Priscilla que tinha acabado de se mudar para sua mansão Graceland em Memphis e por isso não resolveu colocar a loira em sua lista de conquistas. Eu particularmente acho "O Seresteiro de Acapulco" um dos filmes mais simpáticos do cantor. A paisagem do balneário mexicano é linda o que deixa tudo muito agradável aos olhos. Enfim, "O Seresteiro de Acapulco" é um filme leve, divertido e indicado para quem quer conhecer como eram os chamados "filmes de verão" nos anos 60. Além de tudo isso ainda tem Elvis Presley cantando várias canções com saboroso sabor latino o que convenhamos já vale a fita inteira.

O Seresteiro de Acapulco (Fun in Acapulco, EUA, 1963) Direção de Richard Thorpe / Com Elvis Presley, Ursula Andress e Elsa Cárdenas./ Sinopse: Mike Windgren (Elvis Presley) um cantor americano em Acapulco procura ganhar alguns trocados cantando e dançando em bares e boates locais até que conhece uma linda garota, filha do chef de cozinha do hotel local.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Elvis Presley - It Happened At The World´s Fair (1963)

No outono de 1962 Elvis começou as filmagens de It Happened At The World's Fair (loiras, ruivas e morenas, 1963). Mas esta não seria uma produção isenta de problemas. Logo no começo dos trabalhos Elvis reclamou a seu empresário da qualidade do material da trilha sonora, depois de ouvir as músicas que iria gravar, Elvis chegou a conclusão de que todo o repertório era muito fraco. Depois Elvis teve que se deslocar para Seattle, para as tomadas externas e novos aborrecimentos surgiram. Como as gravações eram feitas ao ar livre e durante a feira mundial, as cenas sofreram várias interrupções em decorrência do assédio dos fãs, tornando tudo mais longo e demorado. 

Além disso o cantor não gostou nada do roteiro e muito menos do script, ele queria papéis mais sérios e estava insatisfeito com os que Hollywood lhes dava. Elvis queria fazer personagens com mais profundidade e não apenas comédias musicais românticas. Ele nunca entendeu que grandes astros não esperam e nem pedem bons papéis, eles exigem. Para piorar ainda mais, as filmagens ocorreram durante a crise dos mísseis de Cuba, um dos momentos mais tensos entre EUA e URSS, quando o mundo chegou bem perto de uma guerra nuclear entre as duas potências. Enfim, desde o começo estava previsto que esse não seria um projeto fácil para o cantor e a equipe técnica. Apesar de tudo o filme foi completado dentro do cronograma. A história tratava do romance entre um piloto de avião e uma enfermeira do hospital, durante a feira mundial de Seattle. Como resultado final o filme fez sucesso e apesar de todas as críticas o público prestigiou.


BEYOND THE BEND (Weisman / Wise / Fuller) – A primeira música do disco dá bem o tom da trilha sonora de Loiras Ruivas e Morenas. Tudo muito leve e soft, beirando o infantil, com Elvis deixando de uma vez por todas sua imagem de rebelde dos anos 50. Aqui está Elvis, vestindo um terno e gravata impecáveis, devidamente embrulhado para a família americana. Os dias de roqueiro rebelde ficariam para trás de uma vez por todas, sob os aplausos do Coronel Parker e dos produtores da MGM.

RELAX (S. Tepper / Roy C. Bennett) – Tentativa mal sucedida de reviver Fever do disco "Elvis Is Back!". Faltou entrosamento e produção nessa música muito fraquinha do filme. Elvis está até mesmo transparecendo um certo desinteresse pelo conjunto e harmonia musical. Não o culpo. Faltou mesmo talento aos escritores dessa canção. Nem quando muda para uma contagem de tempo mais rápida gera interesse. Perda de tempo.

TAKE ME TO THE FAIR (S.Tepper / Roy C. Bennett) – Esse seria o tema principal do filme, mas os produtores mudaram de idéia e elegeram "One Broken Heart for Sale" como tema central da trilha sonora. Novamente a tentativa de produzir um material pasteurizado demais, que satisfizessem a todos, prejudicou o resultado final. Mal executada, a canção não desperta maior atenção. A banda de Elvis também não colabora muito e está no piloto automático. Desnecessária e burocrática.

THEY REMIND ME TOO MUCH OF YOU (Don Robertson) – O sempre correto Robertson escorrega um pouco com essa canção. Não que ela seja ruim, mas que fica abaixo do esperado fica, principalmente por fazer parte de um single de Elvis. Era de se esperar por isso que ela fosse mais bem produzida e cuidada. Mas no fim das contas é apenas mais uma canção romântica pop de rotina. O Single foi lançado em janeiro de 1963. Elvis a canta corretamente e imprime um toque mais sofisticado à harmonia original. Realmente mostra que o cantor conseguia, mesmo em material de baixa qualidade, imprimir sofisticação e classe. Não é a melhor música do filme, mas imprime um mínimo de qualidade ao material de forma geral. Um dos momentos mais interessantes da trilha, o que não quer dizer grande coisa.

ONE BROKEN HEART FOR SALE (Otis Blackwell / W. Scott) - Elvis tinha razão, as músicas deste filme deixavam muito a desejar. A trilha de "It Happened At The World's Fair" é considerada uma das piores de toda a carreira de Elvis. Além de ser muito ruim é muito curta (menos de 30 minutos). A reclamação dos fãs foi geral e a crítica caiu em cima do disco. Como fato preocupante foi o primeiro single de Elvis a não atingir o Top Ten da Billboard, conseguindo apenas a décima primeira posição. O álbum saiu-se melhor e vendeu de forma razoável, conseguindo a quarta posição entre os mais vendidos. Mas mesmo atingindo esses índices de vendas, a RCA e o Coronel ficaram descontentes com as posições, pois eles esperavam um primeiro lugar, o que efetivamente não ocorreu. O fato demonstrava que algo não estava nos eixos, pois o público já estava demonstrando sinais claros de insatisfação.

I'M FALLING IN LOVE TONIGHT (Don Robertson) – Aqui o maior problema é do arranjo musical ultrapassado. Mesmo sabendo que o uso de órgãos estavam em moda por essa época, não deixamos de nos sentir incomodados com o estranho instrumento (mais apropriado para hinos de Igreja) pautando toda a música. Aliás o órgão foi tocado pessoalmente pelo autor Don Robertson, que fez questão de participar das sessões. Apesar da boa vontade não ajudou muito no resultado final. Por ser fruto de apenas uma moda típica da primeira metade dos anos 60 a música envelheceu e mal.

COTTON CANDY LAND (B. Batchelor / B. Roberts) – Outra fraquíssima música da trilha sonora. A letra não empolga, o ritmo deixa a desejar e toda a estrutura rítmica é muito fraca. Apenas a voz de Elvis se salva, mas isso é muito pouco para manter o interesse, passe direto para a próxima faixa e não olhe para trás.

A WORLD OF OUR OWN (Giant / Baum / Kaye) – Se destaca e tem ritmo agradável. No meio do pântano de músicas ruins, essa consegue agradar e manter o interesse do começo ao fim. Mostra que Elvis ainda podia ser muito relevante, quando contava com material com um mínimo de qualidade. A guitarra de Scotty também se faz presente dando um bom embalo à canção de uma forma geral. Bom entrosamento entre Elvis e os Jordanaires salvam essa canção do esquecimento geral que se abateu sobre quase todo o material dessa trilha. Só escorrega no final com o famigerado órgão, mas aí o jogo já está ganho. Enfim, esse é um ponto positivo do disco.

HOW WOULD LIKE TO BE (B. Raleight / M. Barkan) – Depois que Elvis cantou "Wooden Heart" em "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha, no Brasil) com as marionetes, os produtores chegaram a brilhante conclusão de que todos os seus filmes seguintes teriam que Ter pelo menos uma música mais voltada para o seu público infantil. Péssima ideia. E essa foi feita exatamente para atender aos desejos deles em Hollywood. Então lá foi Elvis cantar durante mais de 3 minutos (uma eternidade para o padrão geral de duração de sua músicas) uma musiquinha muito maçante e boba, que não chega a lugar nenhum. O pior é acompanhar um irritante arranjo de percussão que dura toda a canção, ficando no mínimo chato e no máximo constrangedor. Fico imaginando Elvis no estúdio ao lado de seu grupo, que outrora revolucionou a música mundial, ensaiando tamanha bobagem. Não me admira que Elvis muitas vezes perdia a paciência durante algumas sessões desses filmes dos anos 60. E você também vai perder a paciência ao ouvir esse equívoco musical, tenha certeza. Esse é sem dúvida um dos pontos mais baixos da carreira do "Rei Do Rock".

HAPPY ENDING (B. Weisman / S. Wayne) – Para fechar a trilha e tentar salvar alguma coisa que preste, finalmente conseguiram produzir um material de melhor qualidade. Não falo da letra, que também é boba, mas do ritmo, que é muito bom. Pelo menos aqui Elvis demonstra empolgação e a canta com vontade, o que não acontece no restante da trilha. Pena que essa é a última música e não dá mais para salvar o disco, que aliás é muito curto, com 28 minutos, provando que nem tudo que é bom dura pouco. Quando você pensa que não, a trilha já acabou. Para alguns isso seria uma pena, mas para os demais é um alívio, pois ninguém quer ouvir Elvis desperdiçando seu talento em um material tão sem consistência e profundidade. "It Happened At The World's Fair" é séria candidata para levar o prêmio de pior trilha sonora da carreira de Elvis, ao lado de "Kissin Cousins", que também é uma forte candidata ao título, sem dúvida. No final, perdeu Elvis e perdemos todos nós. Saldo negativo.

Ficha Técnica: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Billy Strange (guitarra) / Ray Siegel (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Frank Carlson (bateria) / Don Robertson (piano e órgão) / Dudley Brooks (piano) / Clifford Scott (sax) / The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / The Mello Men (Thurl Ravenscroft, Bill Lee, Bill Cole e Max Smith) / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: setembro de 1962 / Produzido e arranjado por Leith Stevens / Data de lançamento: abril de 1963 / Melhor posição nas charts: #4 (USA) e #4 (UK).

PABLO ALUÍSIO - fevereiro de 2003 / revisado e atualizado em março de 2005.

Elvis Presley - Girls, Girls, Girls (1962)

"Girls, Girls, Girls" é um típico filme de Elvis Presley dos anos 60. Rodado no Hawaii, com direção de Norman Taurog e produzido por Hal B. Wallis, a película foi o maior sucesso do cantor nas telas no ano de 1962. Começou a ser filmado com os títulos provisórios de "Cumbo Ya-Ya", "Welcome Aboard", "Jambalaya" e "A girl in Every Port" e finalmente mudado para "Girls, Girls, Girls" por causa da música dos Drifters. O grande problema de filmes como este é que acabaram levando Elvis a se distanciar de seu público, pois nesta época ele parou de fazer shows ao vivo. Assim quem queria ver Elvis, só pagando uma entrada de cinema. Esta era a visão equivocada do empresário do cantor, Tom Parker. Sem shows, gravando as músicas que os estúdios lhe colocavam a disposição, Elvis começou a se isolar cada vez mais. As trilhas ainda faziam sucesso nesta época, mas a partir de 1963, os fãs clubes iriam promover uma campanha para ele voltar à estrada. Infelizmente isso só iria ocorrer seis anos depois. Isolado e distante da realidade das pessoas, que eram sempre a grande fonte de inspiração do estilo Presley, ele iria amargar nos anos seguintes uma grave crise artística. Mas essa é uma outra história... As músicas da trilha "Girls, Girls, Girls" são:

GIRLS! GIRLS! GIRLS! (Leiber / Stoller) - Dois minutos e trinta segundos de prazer. Um dos melhores temas principais de filmes do cantor. A dupla Leiber e Stoller escreveu esta canção para o grupo The Drifters em 1961. Foi lançada no mesmo ano pelo selo Atlantic, alcançando um grande sucesso. Elvis gravou duas versões diferentes: uma na tarde do dia 27 e outra na madrugada do dia 28. Esta última versão foi utilizada na cena final do filme. Destaque para o saxofonista Boots Randolph e o grupo The Jordanaires.

I DON'T WANNA BE TIED (Giant / Baum / Kaye) - Belo embalo. Bem ao estilo do Pop dos anos 60. Aqui Scotty Moore se faz mais presente comandando a banda de apoio de Elvis. O arranjo aliás é bem elaborado com introdução de novos instrumentos de percussão. O final é característico das canções de Blues.

WHERE DO YOU COME FROM (Batchelor / Roberts) - Lado B do único single extraído deste disco. A introdução é puro romantismo, com Elvis acompanhado sozinho pelo piano. Logo após entra o apoio vocal do grupo The jordanaires de forma soberba. Em resumo: Elvis, o pianista Dudley Brooks e os Jordanaires em grande momento.

I DON'T WANT TO (Tarre / Spielman) - A introdução de guitarra afinada no estilo havaiano é de Scotty Moore. Canção romântica de verão, típica do Hawaii. Há o uso de harpas e sinos de forma discreta. O solo final é de Scotty, que estava inspirado nesta sessão de gravação. Primeira canção desta trilha a ser gravada.

WE'LL BE TOGETHER (O'Curran / Brooks) - Começa com um belo dedilhado em uma guitarra espanhola, tocada pelo músico Berney Kessel. Em uma segunda guitarra Scotty Moore passa a solar durante toda a canção. Elvis aqui canta um trecho em espanhol, o que não deixa de ser um pouco engraçado por causa de seu sotaque do Sul dos Estados Unidos. Para caracterizar ainda mais o som ao estilo ibérico foram acrescentadas maracas. No final o resultado é muito bonito.

A BOY LIKE ME, A GIRL LIKE YOU (Tepper / Bennett) - Música romântica executada corretamente. No filme Elvis a canta em um barco pois o personagem do Rei do rock é um pescador. A voz de Elvis está em um bom momento. Há no arranjo o uso de bongôs e harpas o que lhe enriquece musicalmente. Gravada na manhã do dia 27 de março de 1962.

EARTH BOY (Tepper / Bennett) - Bobinha e infantil. É a parte "gracinha" da trilha. Elvis a canta para duas chinesinhas no filme, por isso o arranjo segue o estilo oriental. A letra é bonitinha mas é só. Sempre faz parte daquelas coletâneas da RCA "Elvis para Kids". O Rei do Rock poderia passar sem essa. Em suma: chatinha.

RETURN TO SENDER (Blackwell / Scotty) - O grande sucesso do filme. Foi lançado como lado principal de um single de grande sucesso. Chegou ao segundo lugar nas paradas. Aqui Elvis homenageia o estilo do cantor de soul Jackie Wilson. Inclusive na cena em que ele canta esta música ele faz questão de usar os mesmos movimentos de Wilson. Um fato curioso e engraçado: Uma vez em Las Vegas um sujeito jogou um sapato no palco, Elvis que não perdia uma piada, pegou o sapato e jogou de volta cantando "Return to Sender" (de volta ao remetente). A platéia foi ao delírio.

BECAUSE OF LOVE (Batchelor / Roberts) - Romântica, linda, voz perfeita de Elvis, um verdadeiro prazer sem culpas. Foram gravadas 16 canções para este filme, mas só utilizaram 13, deixando de fora: "Mama", "Dainty Little Moonbeams" e "Plantation Rock", esta última aliás uma injustiça, pois é muito boa. Não perde em nada para outras canções deste disco, mas, o pessoal da Paramount resolveu fazer alguns cortes e a música foi arquivada. Uma pena.

THANKS TO THE ROLLING SEA (Batchelor / Roberts) - Música para pescadores, pelo menos para pescadores americanos. O filme foi rodado no Hawaii, em Kona Coast. O projeto original era filmar tudo no golfo de New Orleans, mas com o sucesso do filme "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961), a produtora resolveu levar todo mundo para as ilhas do pacífico. Era uma maneira de tentar repetir o sucesso anterior, além disso a fotografia ficaria mais bonita. Esta canção é cantada por Elvis em uma cena externa, aproveitando todo o cenário natural.

SONG OF THE SHRIMP (Bennett / Tepper) - A canção começa com um solo vocal de Elvis acompanhada por uma guitarra espanhola chorosa. Belo arranjo, principalmente pelas presenças marcantes de instrumentos de percussão. O solo vocal final é de um dos membros do grupo vocal The Jordanaires. Outra que foi gravada na noite do dia 27 de março de 62.

THE WALLS HAVE EARS (Bennett / Tepper) - Bobagem. Outra com arranjo de música latina. Foi o mais próximo que Elvis chegou de cantar um tango em sua carreira. Tudo arranjado para um cena cômica no filme. A cena como a música é bem fraquinha. Passe direto. Gravada no dia 27 de março.

WE'RE COMING IN LOADED (Blackwell / Scotty) - Fechando o disco temos mais esta composição de do grande compositor Otis Blackwell. Infelizmente o resultado fica abaixo do esperado, principalmente pelos talentos envolvidos. A canção começa com um instrumento esquisito (não sei especificar qual), depois ela prossegue com um ritmo bem forte e lá pelo meio vira um roquinho. Razoável. Não aborrece, mas também não vai mudar sua vida.

Elvis Presley - Girls, Gilrs, Girls (1962): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / D.J Fontana (bateria) / Berney Kessel (guitarra) / Harold Bradley (percussão) / Robt Bain (guitarra) / Al Hendridcson (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Dudley Brooks (piano) / Ray Siegel (baixo) / Boots Randolph (Sax) / The Jordanaires (vocais) / The Amigos (vocais) / Joey Lilley e sua Orquestra / Produzido por Joseph Lilley / Arranjado por Steve Sholes e Joey Lilley / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 26, 27 e 28 de março de 1962 / Data de lançamento: novembro de 1962 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #2 (UK).

PABLO ALUÍSIO - fevereiro e março de 2002 / revisado e atualizado em novembro de 2001.