Gostei bastante do filme. A Michelle Williams está sobrenatural na pele de Marilyn Monroe. Sabe eu tinha receios que sua interpretação fosse cair no exagero ou no clichê mas isso não acontece. Ela captou muito bem a verdadeira Norma Jean. Complexa, de convivência turbulenta, fora de controle, terna e ao mesmo tempo irresponsável, dada a impulsos fora de hora. O ator Kenneth Branagh defende seu Sir Laurence Olivier com dignidade mas achei fraca sua interpretação. O Laurence era um sujeito de presença até mesmo intimidadora mas firme - no filme Branagh se limita a dar chiliques em cena, gritando com todos ao redor, algo impensável para o classudo ator original. Dois personagens centrais foram negligenciados no roteiro ao meu ver: Arthur Miller e Vivien Leigh. Miller é uma sombra, mal aparece, mal fala. Vivien Leigh também está quase sumida, me recordo agora de apenas duas cenas com ela - certamente os fãs de "E O Vento Levou" vão reclamar.
Mas nada disso tira os grandes méritos do filme. No fundo é a reconstituição totalmente curiosa do que aconteceu com aquele rapaz, Collin Clark (Eddie Redmayne), um mero terceiro assistente de direção, que acabou tirando a sorte grande ao se tornar próximo da estrela no set de filmagens. Michelle Williams captou perfeitamente a persona do mito: um quê de delicada, doce mas ao mesmo tempo totalmente imprevisível e incontrolável. Eu me senti recordando do que vi da atriz real em "Os últimos dias de Marilyn Monroe". Ela era assim na vida real, quase uma garotinha, sem muita noção das coisas que aconteciam ao redor ou do que ela representava na época (considerada a mulher mais famosa do mundo). Enfim, eu mais do que recomendo. A Michelle Williams na minha opinião foi mais sutil do que a Meryl Streep e merece levar o Oscar; A delicadeza de sua interpretação faz toda a diferença do mundo! Happy Birthday Mr President!
Sete Dias Com Marilyn (My Week With Marilyn, Estados Unidos, 2012) Direção: Simon Curtis / Roteiro: Adrian Hodges baseado no livro de Colin Clark / Elenco: Michelle Williams, Kenneth Branagh, Eddie Redmayne, Julia Ormond / Sinopse: Marilyn Monroe (Michelle Williams) chega à Inglaterra para filmar seu novo filme, "O Principe Encantado" com Laurence Olivier (Kenneth Branagh). As filmagens logo se tornam tensas por causa dos constantes atrasos e problemas da famosa atriz americana.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 11 de abril de 2024
Half Nelson
Professor do chamado High School (equivalente ao ensino médio no Brasil) dá aula numa escola pública de Nova Iorque cuja maioria dos alunos é negra. Além dos problemas com uma antiga namorada que está prestes a se casar ele tem que lidar com seu vício em drogas. Quando descobre o crack começa a ter problemas até para se concentrar nas aulas. A partir daí sua vida entra em parafuso. Assisti esse Half Nelson sem maiores expectativas, para falar a verdade pensei que fosse apenas mais um filme clichê do tipo "Ao Mestre com Carinho" mas estava completamente enganado. Half Nelson é um soco no estômago, um tapa na cara da sociedade que ainda não conseguiu entender o tamanho do problema das drogas em todos os setores sociais. O filme bem demonstra isso. Na sala de aula o problema já começa com o mestre, que adora cocaína e quase sempre chega em classe chapado. Os jovens alunos estão com a criminalidade em suas portas, muitos deles inclusive sendo aliciados de forma ostensiva por traficantes locais. Caberia a escola mostrar o caminho correto para essa juventude mas como fazer isso se até o professor usa crack no banheiro feminino do colégio?!
Ryan Gosling está se firmando rapidamente como um dos melhores talentos jovens do cinema americano. Seu papel aqui lhe cai como uma luva. Seu olhar perdido, meio abestalhado, noiado, é totalmente adequado ao personagem do professor chapadão. Além disso ele está perfeito nas cenas de abuso de drogas. A mais marcante acontece no final quando ele encontra sua aluna numa festa de junkies. Seu olhar de fracasso completo é um dos grandes momentos do filme. Enfim, "Half Nelson" é excelente, atual e lida de forma muito consciente com o avanço das drogas pesadas como o crack dentro da sociedade. Pelo andar da carruagem caminhamos rapidamente para isso - quebra total das regras sociais, dos valores morais e avanço indiscriminado da nova e poderosa droga! Será que um dia resolveremos esse problema?!
Half Nelson (Idem, Estados Unidos, 2006) / Direção: Ryan Fleck / Roteiro: Ryan Fleck, Anna Boden / Trilha Sonora: Broken Social Scene / Elenco: Ryan Gosling, Anthony Mackie, Karen Chilton, Nathan Corbett, Nicole Vicius, Tristan Wilds, Christopher Williamson / Sinopse: Professor do chamado High School (equivalente ao ensino médio no Brasil) dá aula numa escola pública de Nova Iorque cuja maioria dos alunos é negra. Além dos problemas com uma antiga namorada que está prestes a se casar ele tem que lidar com seu vício em drogas. Quando descobre o crack começa a ter problemas até para se concentrar nas aulas. A partir daí sua vida entra em parafuso
Pablo Aluísio.
Ryan Gosling está se firmando rapidamente como um dos melhores talentos jovens do cinema americano. Seu papel aqui lhe cai como uma luva. Seu olhar perdido, meio abestalhado, noiado, é totalmente adequado ao personagem do professor chapadão. Além disso ele está perfeito nas cenas de abuso de drogas. A mais marcante acontece no final quando ele encontra sua aluna numa festa de junkies. Seu olhar de fracasso completo é um dos grandes momentos do filme. Enfim, "Half Nelson" é excelente, atual e lida de forma muito consciente com o avanço das drogas pesadas como o crack dentro da sociedade. Pelo andar da carruagem caminhamos rapidamente para isso - quebra total das regras sociais, dos valores morais e avanço indiscriminado da nova e poderosa droga! Será que um dia resolveremos esse problema?!
Half Nelson (Idem, Estados Unidos, 2006) / Direção: Ryan Fleck / Roteiro: Ryan Fleck, Anna Boden / Trilha Sonora: Broken Social Scene / Elenco: Ryan Gosling, Anthony Mackie, Karen Chilton, Nathan Corbett, Nicole Vicius, Tristan Wilds, Christopher Williamson / Sinopse: Professor do chamado High School (equivalente ao ensino médio no Brasil) dá aula numa escola pública de Nova Iorque cuja maioria dos alunos é negra. Além dos problemas com uma antiga namorada que está prestes a se casar ele tem que lidar com seu vício em drogas. Quando descobre o crack começa a ter problemas até para se concentrar nas aulas. A partir daí sua vida entra em parafuso
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 10 de abril de 2024
Maratona da Morte
Título Original: Marathon Man
Ano de Lançamento: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Schlesinger
Roteiro: William Goldman
Elenco: Dustin Hoffman, Laurence Olivier, Roy Scheider, William Devane, Marthe Keller, Fritz Weaver
Sinopse:
Thomas 'Babe' Levy (Dustin Hoffman) é um jovem universitário comum do curso de história que adora esportes e se prepara para disputar uma maratona. Sua vida vira ao avesso depois que ele descobre que está envolvido, de forma completamente involuntária, em uma grande conspiração internacional de espionagem envolvendo inclusive nazistas, criminosos de guerra. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Laurence Olivier).
Comentários:
Quando fez esse filme o ator Dustin Hoffman estava no auge de sua carreira do cinema. Ao lado de Al Pacino e Robert De Niro ele era considerado um dos grandes nomes da nova geração de atores em Hollywood. O interessante é que todos eles pareciam homens comuns, nada semelhantes aos grandes galãs do passado. Um claro sinal do realismo que o cinema norte-americano abraçou na década de 1970. E isso definitivamente era muito bom. Esse filme assim tenta mostrar o lado da espionagem internacional que abalava a vida das pessoas normais, que não estavam envolvidas diretamente nesse meio de espiões, segredos de Estado, etc. E nesse aspecto o filme realmente funcionava muito bem. O tema iria seguir em frente, mas esse pode ser considerado um dos filmes pioneiros nessa temática. Tem bom ritmo e o roteiro lida muito bem com o suspense envolvido em toda a situação. Também vale destacar o trabalho do veterano Laurence Olivier, naquele que pode ser considerado o seu último grande papel no cinema. Enfim, está mais do que recomendada essa pequena obra-prima dos anos 70.
Pablo Aluísio.
Robin e Marian
Título no Brasil: Robin e Marian
Título Original: Robin and Marian
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Richard Lester
Roteiro: James Goldman
Elenco: Sean Connery, Audrey Hepburn, Robert Shaw, Richard Harris, Nicol Williamson, Denholm Elliott
Sinopse:
Na velhice, o famoso Robin Hood (Sean Connery) tenta levar uma vida comum ao lado de sua mulher, Marian (Audrey Hepburn), só que o seu passado de aventuras e luta contra a tirania sempre voltam para cobrar seu preço.
Comentários:
Foi uma das primeiras tentativas de buscar uma certa realidade na lenda de Robin Hood. Como se sabe o personagem ficou marcado na memória do cinema como o aventureiro de roupa verde no famoso filme de Errol Flynn. Aqui você não encontrará nada parecido. O Robin é um homem já velho, tentando apenas viver um dia de cada vez, tentando ser feliz ao lado do amor de sua vida. a doce e bondosa Marian. Curiosamente por ter essa temática tão inovadora, o filme acabou sendo criticado na época de seu lançamento original. Uma falta de visão maior dos críticos. Já que nos anos seguintes o filme faria escola e sempre que Robin Hood era levado novamente ao cinema havia uma dose de realismo envolvido. Nada de apostar apenas em aventuras sem desenvolver todos os personagens dessa lenda medieval. Assim temos que reconhecer a importância dessa produção, por causa de seu roteiro que ousou fazer diferente. Outro ponto forte, bem óbvio, é o excelente elenco, contando não apenas com Sean Connery no papel de Robin Hood, mas também com a grande dama do cinema americano em sua era de ouro, Audrey Hepburn. E o que dizer de Richard Harris no papel do Rei Ricardo Coração de Leão? Simplesmente maravilhoso!
Pablo Aluísio.
Título Original: Robin and Marian
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Richard Lester
Roteiro: James Goldman
Elenco: Sean Connery, Audrey Hepburn, Robert Shaw, Richard Harris, Nicol Williamson, Denholm Elliott
Sinopse:
Na velhice, o famoso Robin Hood (Sean Connery) tenta levar uma vida comum ao lado de sua mulher, Marian (Audrey Hepburn), só que o seu passado de aventuras e luta contra a tirania sempre voltam para cobrar seu preço.
Comentários:
Foi uma das primeiras tentativas de buscar uma certa realidade na lenda de Robin Hood. Como se sabe o personagem ficou marcado na memória do cinema como o aventureiro de roupa verde no famoso filme de Errol Flynn. Aqui você não encontrará nada parecido. O Robin é um homem já velho, tentando apenas viver um dia de cada vez, tentando ser feliz ao lado do amor de sua vida. a doce e bondosa Marian. Curiosamente por ter essa temática tão inovadora, o filme acabou sendo criticado na época de seu lançamento original. Uma falta de visão maior dos críticos. Já que nos anos seguintes o filme faria escola e sempre que Robin Hood era levado novamente ao cinema havia uma dose de realismo envolvido. Nada de apostar apenas em aventuras sem desenvolver todos os personagens dessa lenda medieval. Assim temos que reconhecer a importância dessa produção, por causa de seu roteiro que ousou fazer diferente. Outro ponto forte, bem óbvio, é o excelente elenco, contando não apenas com Sean Connery no papel de Robin Hood, mas também com a grande dama do cinema americano em sua era de ouro, Audrey Hepburn. E o que dizer de Richard Harris no papel do Rei Ricardo Coração de Leão? Simplesmente maravilhoso!
Pablo Aluísio.
terça-feira, 9 de abril de 2024
Dias de Ira
Título no Brasil: Dias de Ira
Título Original: I Giorni Dell'ira
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Corona Filmproduktion, Divina-Film
Direção: Tonino Valerii
Roteiro: Ron Barker, Ernesto Gastaldi
Elenco: Lee Van Cleef, Giuliano Gemma, Walter Rilla
Sinopse:
Quando garoto, Scott (Gemma) foi abandonado por sua mãe. Agora para sobreviver ele faz uma série de trabalhos que ninguém quer na pequena cidade de Clifton. Ele recolhe e esvazia latrinas, varre casas e saloons e cuida dos cavalos em um estábulo próximo. Sua sorte começa a mudar quando chega na cidade o temido pistoleiro e fora-da-lei Frank Talby (Lee Van Cleef) que simpatiza com o jovem. Depois de o conhecer melhor resolve tornar o humilde Scott seu aprendiz na arte de sobreviver no velho oeste. Ao lado dele sai em busca de um antigo carregamento de ouro no valor de 50 mil dólares que desapareceu antes dele ser preso anos atrás.
Comentários:
Gostei bastante desse bom western Spaguetti chamado "Dias de Ira". Obviamente todos os ingredientes que fizeram a fórmula dos filmes italianos de faroeste darem certo estão lá. O roteiro baseado em vingança, os tiroteios criativos, a violência estilizada e a trilha sonora evocativa, sempre repetida à exaustão, para criar aquele clima que todos conhecemos. O atrativo maior dessa produção vem do fato de trazer dois ídolos do spaguetti em apenas um filme, Lee Van Cleef e Giuliano Gemma. Cleef repete seu tipo habitual, a do pistoleiro durão que não abre concessões e nem aceita ser passado para trás. Ele tem uma ótima cena quando aceita o desafio de participar de um duelo sobre o cavalo contra um assassino profissional que foi contratado justamente para matá-lo. Em outra é arrastado por três cavalos no meio do deserto. São cenas que certamente fazem a alegria dos admiradores desse tipo de fita. Já Giuliano Gemma também está muito bem no papel de pobre coitado que resolve ir à desforra contra todos aqueles que o humilhavam no passado (ele tinha uma certa predileção por esse tipo de personagem). Em suma, um faroeste acima da média feito na bota que vai agradar em cheio aos que curtem um bom e velho western spaguetti.
Pablo Aluísio.
Título Original: I Giorni Dell'ira
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Corona Filmproduktion, Divina-Film
Direção: Tonino Valerii
Roteiro: Ron Barker, Ernesto Gastaldi
Elenco: Lee Van Cleef, Giuliano Gemma, Walter Rilla
Sinopse:
Quando garoto, Scott (Gemma) foi abandonado por sua mãe. Agora para sobreviver ele faz uma série de trabalhos que ninguém quer na pequena cidade de Clifton. Ele recolhe e esvazia latrinas, varre casas e saloons e cuida dos cavalos em um estábulo próximo. Sua sorte começa a mudar quando chega na cidade o temido pistoleiro e fora-da-lei Frank Talby (Lee Van Cleef) que simpatiza com o jovem. Depois de o conhecer melhor resolve tornar o humilde Scott seu aprendiz na arte de sobreviver no velho oeste. Ao lado dele sai em busca de um antigo carregamento de ouro no valor de 50 mil dólares que desapareceu antes dele ser preso anos atrás.
Comentários:
Gostei bastante desse bom western Spaguetti chamado "Dias de Ira". Obviamente todos os ingredientes que fizeram a fórmula dos filmes italianos de faroeste darem certo estão lá. O roteiro baseado em vingança, os tiroteios criativos, a violência estilizada e a trilha sonora evocativa, sempre repetida à exaustão, para criar aquele clima que todos conhecemos. O atrativo maior dessa produção vem do fato de trazer dois ídolos do spaguetti em apenas um filme, Lee Van Cleef e Giuliano Gemma. Cleef repete seu tipo habitual, a do pistoleiro durão que não abre concessões e nem aceita ser passado para trás. Ele tem uma ótima cena quando aceita o desafio de participar de um duelo sobre o cavalo contra um assassino profissional que foi contratado justamente para matá-lo. Em outra é arrastado por três cavalos no meio do deserto. São cenas que certamente fazem a alegria dos admiradores desse tipo de fita. Já Giuliano Gemma também está muito bem no papel de pobre coitado que resolve ir à desforra contra todos aqueles que o humilhavam no passado (ele tinha uma certa predileção por esse tipo de personagem). Em suma, um faroeste acima da média feito na bota que vai agradar em cheio aos que curtem um bom e velho western spaguetti.
Pablo Aluísio.
Cavaleiro Misterioso
Título no Brasil: Cavaleiro Misterioso
Título Original: Stranger on Horseback
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Robert Goldstein Productions
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Herb Meadow, Don Martin
Elenco: Joel McCrea, Miroslava, Kevin McCarthy
Sinopse:
O juiz Richard 'Rick' Thorne (Joel McCrea) se considera um homem íntegro e honesto. Para isso ele captura um jovem acusado de assassinato e pretende levar o rapaz até o tribunal na capital do estado. Sua viagem porém não será nada fácil pois o acusado é filho de um rico barão do gado da região que fará de tudo para que ele seja solto das mãos do homem da lei.
Comentários:
Um filme de faroeste americano dirigido por um parisiense? No mínimo estranho! Certamente western não era o forte do francês Jacques Tourneur que tinha mais intimidade com filmes de capa e espada ao estilo "O Gavião e a Flecha" e "A Vingança dos Piratas", produções dirigidas por ele que alcançaram belas bilheterias na época. O produtor Robert Goldstein por sua vez não pensava assim e queria há muitos anos que Tourneur trouxesse sua sofisticação europeia para o velho oeste americano e o resultado foi justamente esse "Stranger on Horseback", um western que se mostra bem diferente do que era realizado nos anos 50 nos Estados Unidos. Como todo europeu o diretor também quis explorar mais seus personagens, trazendo conflitos internos e profundidade psicológica a todos eles. Claro que havia um limite para se aprofundar nisso, por causa do mercado, e Tourneur se mostrou sensato no resultado final. Considero uma pequena obra prima que anda bem esquecida. De qualquer maneira nunca é tarde para se redescobrir esse faroeste com sabor de croissant.
Pablo Aluísio.
Título Original: Stranger on Horseback
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Robert Goldstein Productions
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Herb Meadow, Don Martin
Elenco: Joel McCrea, Miroslava, Kevin McCarthy
Sinopse:
O juiz Richard 'Rick' Thorne (Joel McCrea) se considera um homem íntegro e honesto. Para isso ele captura um jovem acusado de assassinato e pretende levar o rapaz até o tribunal na capital do estado. Sua viagem porém não será nada fácil pois o acusado é filho de um rico barão do gado da região que fará de tudo para que ele seja solto das mãos do homem da lei.
Comentários:
Um filme de faroeste americano dirigido por um parisiense? No mínimo estranho! Certamente western não era o forte do francês Jacques Tourneur que tinha mais intimidade com filmes de capa e espada ao estilo "O Gavião e a Flecha" e "A Vingança dos Piratas", produções dirigidas por ele que alcançaram belas bilheterias na época. O produtor Robert Goldstein por sua vez não pensava assim e queria há muitos anos que Tourneur trouxesse sua sofisticação europeia para o velho oeste americano e o resultado foi justamente esse "Stranger on Horseback", um western que se mostra bem diferente do que era realizado nos anos 50 nos Estados Unidos. Como todo europeu o diretor também quis explorar mais seus personagens, trazendo conflitos internos e profundidade psicológica a todos eles. Claro que havia um limite para se aprofundar nisso, por causa do mercado, e Tourneur se mostrou sensato no resultado final. Considero uma pequena obra prima que anda bem esquecida. De qualquer maneira nunca é tarde para se redescobrir esse faroeste com sabor de croissant.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 8 de abril de 2024
Le Mans / 24 Horas de Le Mans
Esse é um curioso filme da filmografia do Steve McQueen. O fato é que ele era louco por corridas e carros velozes, assim quando estava no auge de seu sucesso resolveu bancar um projeto pessoal: realizar um filme durante as 24 horas de Le Mans (uma das corridas mais famosas da Europa). Embora tenha sido aconselhado a não estrelar o filme, Steve bateu o pé e levou uma enorme equipe de Hollywood para filmar o grande evento esportivo. O problema é que em sua ansiedade de fazer o filme McQueen esqueceu de que todo filme tem que ter um roteiro e não basta apenas filmar carros à toda velocidade.
Aí é que está todo o problema de Le Mans... O filme praticamente não tem um roteiro! Tampouco você vai encontrar uma história, um enredo, mais bem elaborado para acompanhar... De fato o resultado final está mais próximo de um documentário, com tomadas e mais tomadas dos carros de corrida do que propriamente um filme convencional, com personagens, script, falas, interpretação dos atores, etc. É tudo fruto da paixão do ator por velocidade e nada muito além disso. Ele queria registrar em película os carros coloridos, a emoção do público, o clima em torno da corrida. Não estava preocupado em atuar e nem nada do tipo.
O que ficou de mais importante dessa produção dos anos 70 foi o registro histórico dos carros, dos pilotos e das equipes da época em que o filme foi feito. Por isso os fãs do esporte vão gostar mais do que os fãs de cinema. Esses terão pouco a apreciar. Tudo se passa nas próprias 24 horas de Le Mans. Tudo o que se vê durante o filme inteiro é a própria corrida e nada mais. É praticamente um documentário da corrida. Para não dizer que McQueen não interpreta nada, ele tem duas cenas onde troca diálogos rápidos com outros personagens (que nem mesmo possuem nomes!). Porém tecnicamente, do ponto de vista das filmagens, temos que admitir que o filme é muito bem editado e tem ótimas sequências de pista... mas também só tem isso. Enfim, o resultado de tudo é que o filme não agradou ao público em geral, foi um tremendo fracasso de bilheteria e o McQueen perdeu uma verdadeira fortuna com essa ideia. Foi um resultado esperado, já que os produtores o advertiram. Ele porém pagou para ver e deu no que deu.
Le Mans / 24 Horas de Le Mans (Le Mans, Estados Unidos, 1971) Direção: Lee H. Katzin / Roteiro: Harry Kleiner / Elenco: Steve McQueen, Siegfried Rauch, Elga Andersen / Sinopse: O filme mostra em tom quase documental um piloto participando da corrida denominada 24 Horas de Le Mans. Tudo filmado com cenas reais capturadas no Circuit des 24 Heures du Mans, Le Mans, Sarthe, na França. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Incidental (Michel Legrand),
Pablo Aluísio.
Aí é que está todo o problema de Le Mans... O filme praticamente não tem um roteiro! Tampouco você vai encontrar uma história, um enredo, mais bem elaborado para acompanhar... De fato o resultado final está mais próximo de um documentário, com tomadas e mais tomadas dos carros de corrida do que propriamente um filme convencional, com personagens, script, falas, interpretação dos atores, etc. É tudo fruto da paixão do ator por velocidade e nada muito além disso. Ele queria registrar em película os carros coloridos, a emoção do público, o clima em torno da corrida. Não estava preocupado em atuar e nem nada do tipo.
O que ficou de mais importante dessa produção dos anos 70 foi o registro histórico dos carros, dos pilotos e das equipes da época em que o filme foi feito. Por isso os fãs do esporte vão gostar mais do que os fãs de cinema. Esses terão pouco a apreciar. Tudo se passa nas próprias 24 horas de Le Mans. Tudo o que se vê durante o filme inteiro é a própria corrida e nada mais. É praticamente um documentário da corrida. Para não dizer que McQueen não interpreta nada, ele tem duas cenas onde troca diálogos rápidos com outros personagens (que nem mesmo possuem nomes!). Porém tecnicamente, do ponto de vista das filmagens, temos que admitir que o filme é muito bem editado e tem ótimas sequências de pista... mas também só tem isso. Enfim, o resultado de tudo é que o filme não agradou ao público em geral, foi um tremendo fracasso de bilheteria e o McQueen perdeu uma verdadeira fortuna com essa ideia. Foi um resultado esperado, já que os produtores o advertiram. Ele porém pagou para ver e deu no que deu.
Le Mans / 24 Horas de Le Mans (Le Mans, Estados Unidos, 1971) Direção: Lee H. Katzin / Roteiro: Harry Kleiner / Elenco: Steve McQueen, Siegfried Rauch, Elga Andersen / Sinopse: O filme mostra em tom quase documental um piloto participando da corrida denominada 24 Horas de Le Mans. Tudo filmado com cenas reais capturadas no Circuit des 24 Heures du Mans, Le Mans, Sarthe, na França. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Incidental (Michel Legrand),
Pablo Aluísio.
Torrentes de Ódio
Título no Brasil: Torrentes de Ódio
Título Original: Scudda Hoo! Scudda Hay!
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: F. Hugh Herbert
Roteiro: F. Hugh Herbert
Elenco: June Haver, Lon McCallister, Walter Brennan, Marilyn Monroe
Sinopse:
Um peão decide se organizar na vida, pois está apaixonado pela filha de seu patrão. Para mostrar que tem futuro resolve comprar um par de mulas para transporte, algo que lhe dará muita dor de cabeça depois, mas ele está decidido a dar certo para conquistar o amor de sua vida.
Comentários:
Outro filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe em que você terá que prestar muita atenção para encontrar a atriz em cena. Infelizmente a maior parte de sua participação foi parar no chão da sala de edição do estúdio mas ainda podemos ver a loira descendo as escadas de uma igreja no domingo pela manhã, acenando e dizendo sua única linha de diálogo no filme inteiro: "Oi Rad!" Por essa razão não é raro muitos jornalistas cometerem a burrice de dizer que essa foi a primeira aparição de Marilyn Monroe no cinema (como já comentamos em resenhas de filmes anteriores de Marilyn, esse tipo de afirmação simplesmente não procede). O elenco também traz outra curiosidade, a presença da também aspirante à fama Natalie Wood, que interpreta Eufraznee 'Bean' McGill (que nome hein?). Hoje em dia sua presença e a de Marilyn se tornaram os grandes atrativos do filme. No geral o filme não é lá grande coisa (como Marilyn ou sem ela). Se trata mesmo de uma diversão ligeira, um filme de rotina dentro da indústria de cinema dos anos 40. Não há qualquer sinal de que aquela garota quase figurante das escadas da capela um dia iria se tornar um mito da sétima arte. Vale como curiosidade histórica e apenas isso.
Pablo Aluísio.
Título Original: Scudda Hoo! Scudda Hay!
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: F. Hugh Herbert
Roteiro: F. Hugh Herbert
Elenco: June Haver, Lon McCallister, Walter Brennan, Marilyn Monroe
Sinopse:
Um peão decide se organizar na vida, pois está apaixonado pela filha de seu patrão. Para mostrar que tem futuro resolve comprar um par de mulas para transporte, algo que lhe dará muita dor de cabeça depois, mas ele está decidido a dar certo para conquistar o amor de sua vida.
Comentários:
Outro filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe em que você terá que prestar muita atenção para encontrar a atriz em cena. Infelizmente a maior parte de sua participação foi parar no chão da sala de edição do estúdio mas ainda podemos ver a loira descendo as escadas de uma igreja no domingo pela manhã, acenando e dizendo sua única linha de diálogo no filme inteiro: "Oi Rad!" Por essa razão não é raro muitos jornalistas cometerem a burrice de dizer que essa foi a primeira aparição de Marilyn Monroe no cinema (como já comentamos em resenhas de filmes anteriores de Marilyn, esse tipo de afirmação simplesmente não procede). O elenco também traz outra curiosidade, a presença da também aspirante à fama Natalie Wood, que interpreta Eufraznee 'Bean' McGill (que nome hein?). Hoje em dia sua presença e a de Marilyn se tornaram os grandes atrativos do filme. No geral o filme não é lá grande coisa (como Marilyn ou sem ela). Se trata mesmo de uma diversão ligeira, um filme de rotina dentro da indústria de cinema dos anos 40. Não há qualquer sinal de que aquela garota quase figurante das escadas da capela um dia iria se tornar um mito da sétima arte. Vale como curiosidade histórica e apenas isso.
Pablo Aluísio.
domingo, 7 de abril de 2024
Henrique VIII e o rompimento com a Igreja
Porém Henrique também tinha um outro lado. Ao mesmo tempo em que aparecia como monarca conservador e tradicional, ele mantinha uma vida persoal devassa, com muitas concubinas e mulheres. Ele era casado com a católica fervorosa Catarina de Aragão. O problema é que ela não lhe dava o tão aguardado herdeiro masculino ao trono. E ele não poderia se separar dela por causa do dogma católico da impossibilidade da dissolução matrimonial do casamento. Baseado no texto do novo evangelho em que Jesus dizia que não cabia aos homens separar aquilo que Deus uniu, o divórcio era inaceitável para a Igreja Católica.
Henrique então partiu para uma ofensiva diplomática feroz para que seu casamento fosse anulado. O Papa Clemente VII avaliou os argumentos do rei inglês e depois de algum tempo negou seu pedido. Henrique VIII ficou furioso. Afinal ele era um monarca absolutista, que tudo podia. Ninguém, nem o Papa, poderia lhe dizer não! Foi então dentro dessa crise pessoal que ele decidiu romper completamente com a Igreja. O Papa contra atacou, declarando que ele era a partir daquele momento um excomungado. A crise se espalhou por toda a Inglaterra. Como um rei que havia defendido a fé católica iria voltar atrás de seus próprios escritos? Na época havia um ditado muito popular que afirmava que "palavra de rei não volta atrás".
Só que nesse caso ela voltou. Henrique confiscou todos os bens e propriedades da Igreja Católica na Inglaterra. Ele mandou prender e matar padres e bispos que se recusavam a seguir sua autoridade. Na crise religiosa sem precedentes decidiu que iria formar uma nova igreja, não baseada nas ideias de Lutero, mas sim nas suas próprias ideias. Deu o nome dessa nova igreja de Anglicana. Os bens e igrejas que tinham sido confiscadas seriam agora dessa nova religião. Ele também proclamou que a partir daquele momento ele seria a autoridade máxima da igreja que estava criando, situação que até hoje prevalece. Ordenou que membros do clero recém nomeados iriam criar a doutrina da nova religião. E depois de todo esse caos se auto proclamou como Líder máximo de sua própria fé. Ele seria o seu próprio Papa. Seu primeiro ato como tal foi declarar nulo seu primeiro casamento. O interessante de tudo é que apesar de todo o rompimento, de todos os casamentos que viriam (seis no total) ele jamais conseguiria seu tão sonhado herdeiro masculino. A coroa iria ser passada para sua filha Elizabeth I, filha de Ana Bolena, que inclusive seria executada por ordens do Rei. Enfim, Henrique VIII rompeu com tudo e com todos, mas jamais conseguiu aquilo que mais queria.
Pablo Aluísio.
A Torre de Londres
A Torre de Londres é um castelo situado bem no coração de Londres. Foi construído pelo Rei Normando Guilherme, o Conquistador. Ele era considerado um estrangeiro invasor daquelas terras, um viking cruel e sanguinário e para mostrar que seu poder havido chegado para ficar, mandou erguer esse castelo. Com o tempo o lugar iria se notabilizar pelas pessoas que ali foram presas e mortas ao longo dos séculos. Também se tornou uma masmorra de torturas na era medieval e um lugar de muito sofrimento para seus prisioneiros.
Entre os mais famosos encarcerados da Torre de Londres podemos citar dois príncipes herdeiros que seriam os legítimos sucessores do trono, mas que foram mortos dentro da Torre de Londres pelo perverso monarca Ricardo III. Ele era o tio dos dois garotos e estava exercendo a regência enquanto eles não atingiam a maioridade. Depois mudou de ideia e resolveu matar os meninos. Sem eles, era seria o rei até a sua morte. Ricardo III iria passar para a posteridade tal como retratado por William Shakespeare, ou seja, corcunda, malvado e sem alma, um verdadeiro vilão.
Ana Bolena também foi executada na Torre de Londres a mando de Henrique VIII, seu marido. Ela não conseguia dar o tão cobiçado filho homem para o Rei. Indignado e envenenado por intrigas e boatos de que Bolena seria infiel, Henrique mandou que sua cabeça fosse cortada na Torre. Outros morreram no mesmo lugar, mortos pelo mesmo Henrique VIII, entre eles Thomas More que não aceitou o rompimento da coroa inglesa com a Igreja Católica. Como não voltou atrás, o Rei mandou cortar sua cabeça!
Depois de séculos de torturas e execuções dos inimigos da coroa, a Torre de Londres acabou virando Zoo nos tempos em que foi administrado pelo herói de guerra Duque de Welllington, o mesmo que havia enfrentado bravamente Napoleão Bonaparte. Ele queria revitalizar o castelo e por essa razão mandou retirar todos os animais que ali viviam. Hoje a Torre de Londres é um ponto de turismo na capital inglesa. Muitos dos turistas sequer sabem das terríveis histórias que aconteceram atrás daquelas grandes torres de pedra branca.
Pablo Aluísio.
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