sábado, 16 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 2

 Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 2
"Twenty days and Twenty Nights" é mais uma bela balada romântica gravada por Elvis. Curiosamente essa canção nunca teve um espaço maior dentro da discografia oficial de Elvis. Ao que me consta ela nunca foi devidamente trabalhada ao vivo por Elvis e banda e nem tampouco ganhou maior cuidado por parte da RCA Victor. Em 2010 um CD foi lançado com o mesmo título da canção, trazendo uma rara versão ao vivo cantada por Elvis em agosto de 1970. Era um bootleg do selo Audionics com excelente qualidade sonora. Mesmo assim continuou sendo uma música coadjuvante dentro da vasta obra musical do cantor. De qualquer forma, como foi dito, embora Elvis tenha cantado a canção em raras ocasiões em Las Vegas a RCA Victor no álbum original "That´s The Way It Is" resolveu usar a versão de estúdio, bem mais conhecida entre os fãs. Sua linha melódica mais triste (e diria até mesmo melancólica) realmente combinava melhor com o cuidado e o clima mais intimista de um estúdio de gravação do que um palco, onde ela muitas vezes a canção caia em um clima de tédio e falta de empolgação por parte do público, afinal de contas em concertos ao vivo nem sempre a música funcionava muito bem (e talvez por isso tenha sido deixada de lado por Elvis muito rapidamente). 

Uma das coisas mais interessantes sobre essa música, que fala sobre solidão e arrependimento, é o salto de qualidade do compositor Ben Weisman. Autor de algumas das mais bobas, maçantes e infantis canções da fase de Elvis em Hollywood, Ben se superou de forma surpreendente nessa composição, escrevendo finalmente um tema de relevância, adulto, falando de dramas reais, de pessoas reais, tudo com muita sobriedade e maturidade. Nada mais longe das bobagens que ele costumava escrever para Elvis em suas piores trilhas sonoras. Talvez a má qualidade desse material nem tenha sido sua culpa, talvez os próprios argumentos ridículos de alguns filmes de Elvis o tenha levado a escrever tantas bobagens, mas o que é importante destacar mesmo é que dessa vez ele finalmente apresentou um material digno e à altura de um astro como Elvis gravar. Em resumo: ótima canção, belíssimo arranjo e o mais importante de tudo, uma letra relevante com uma mensagem realmente importante a se passar adiante.

"How The Web Was Woven" é outra canção desse disco que considero apenas mediana. A letra até tem um refrão e um verso que considero bem escritos, fazendo uma analogia entre o ato de se apaixonar e a prisão em uma teia de aranha da qual não se consegue mais se desvencilhar. Mesmo assim, tirando isso, considero uma canção marcada por uma melodia que não avança, não vai para lugar nenhum. O acompanhamento de cordas ajuda a passar o tempo, mas o saldo final é de tédio. O próprio Elvis também não parecia levar muita fé na canção, tanto que nunca a trabalhou muito ao vivo, nunca ajudou em sua promoção e tampouco mostrou ter algum apreço especial por ela. Costumo rotular esse tipo de estilo de country melancólico de Nashville. 

Por essa época Elvis estava muito mergulhado no universo country da capital mundial desse gênero musical. A RCA Victor também enviou um grande leque de opções de músicas como essa para Elvis gravar durante a chamada Maratona de Nashville. Assim não me soa como surpresa a presença de faixas como essa durante essas produtivas sessões de gravação. Curiosamente muitos dizem perceber um certo cansaço físico por parte de Elvis na música. Sua performance seria quase no controle remoto. Não concordo muito com essa visão. No meu ponto de vista a própria canção demanda esse tipo de performance mais intimista, quase depressiva. Nesse aspecto Elvis apenas foi fiel ao que seu compositor queria passar em sua letra. O que ouvimos é uma voz de melancolia, não de cansaço.

Pablo Aluísio.

The Beatles - With The Beatles - Parte 2

The Beatles - With The Beatles - Parte 2
Desde o primeiro álbum os Beatles sempre deixavam uma música, geralmente a mais simples, para o baterista Ringo Starr cantar. Virou uma tradição que foi sendo seguida até o último disco. Embora Ringo não tivesse um grande talento vocal, seu timbre de voz era interessante, ideal para rocks mais agitados ou então músicas com sabor country and western. No caso do "With The Beatles" Paul e John reservaram para ele a agitada "I Wanna Be Your Man" que inclusive acabou virando um ponto alto também nos concertos ao vivo do grupo. Ringo sempre muito animado criava um verdadeiro frisson entre as fãs quando mandava ver na apresentação dessa canção. O interessante é que os Beatles não foram os primeiros a gravarem a canção. John Lennon havia dado de presente aos Rolling Stones a música. Eles a gravaram e a lançaram em fins de 1963.

O single com "Not Fade Away" no Lado A foi um dos primeiros sucessos do grupo de Mick Jagger. Talvez esse sucesso todo tenha incomodado um pouco John que resolveu que os Beatles iriam colocá-la em seu novo álbum, algo que os Stones não esperavam. Em entrevistas feitas anos depois John Lennon deixou escapar um certo ressentimento pelo fato dos Rolling Stones terem feito sucesso com uma canção escrita por ele. Chegou até mesmo a desmerecer a música, dizendo que nunca daria algo realmente bom para os Stones gravarem. Foi algo meio rude de sua parte.

"Roll Over Beethoven" era um cover dos Beatles para um velho sucesso de Chuck Berry. Não era surpresa para ninguém que os Beatles adoravam a primeira geração do rock americano, com destaque para Elvis Presley, Little Richard, Buddy Holly e claro o próprio Chuck Berry. A letra era uma gozação de Berry para com os críticos da época que diziam que o Rock ´n´ Roll era um tipo de música muito simples, com letras fracas e melodias primárias. Tudo isso era compensado com a vibração da canção. 

O interessante é que os Beatles poderiam ter incluído nas faixas do disco dois dos maiores sucessos da banda na época como "She Loves You" e "I Want To Hold Your Hand". O problema é que as gravadoras não incluíam músicas lançadas em singles nos álbuns, nos LPs. Um erro que atingiu a discografia não apenas dos Beatles, mas de outros grandes artistas do rock também. Uma forma de pensar equivocada. Sem ter músicas originais inéditas para tantos lançamentos o jeito foi mesmo gravar esse cover, que aliás ficou excelente, recebendo elogios do próprio Chuck Berry.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de março de 2024

Contos Macabros Para Quem Ama O Dia Das Bruxas

Título no Brasil: Contos Macabros Para Quem Ama O Dia Das Bruxas 
Título Original: Tales from the Other Side
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: JCB Pictures
Direção: Scotty Baker, Jamaal Burden
Roteiro: Scotty Baker, Gordon Bressack
Elenco: Roslyn Gentle, James Duval, Vernon Wells

Sinopse:
Uma senhora idosa, moradora solitária de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, é vista pela população como um bruxa. E no Dia das Bruxas, três crianças decidem bater na sua porta atrás de doces. A velha senhora os recebe, parece ser muito gentil e bondosa. E as convida para entrar em sua casa, onde vai contar diversas histórias de terror para elas. 

Comentários:
Eu sempre gostei, desde os anos 80, desse tipo de filme onde diversas pequenas histórias de terror (verdadeiros contos cinematográficos) são contados enquanto o filme se desenrola. Esse filme atual tenta seguir nessa linha, mas sinceramente falando, naufraga completamente em suas pretensões. A produção é fraca, mas esse não é o maior problema dessa fita. As histórias são ruins, mal escritas, muitas delas terminando de forma bem fraca. As que ainda conseguem funcionar um pouco mostram sempre o mesmo problema. Até começam interessantes, mas logo desabam em finais extremamente mal escritos, sem criatividade, sem imaginação. Assim não dá para gostar mesmo do filme. Meu veredito é um só: Filme fraco mesmo, não vá estragar seu Dia das Bruxas assistindo a algo tão ruinzão como essa fita B de terror. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de março de 2024

Mergulho Noturno

Título no Brasil: Mergulho Noturno
Título Original: Night Swim
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Atomic Monster
Direção: Bryce McGuire
Roteiro: Bryce McGuire
Elenco: Wyatt Russell, Kerry Condon, Amélie Hoeferle

Sinopse:
Ex-jogador de beisebol, agora aposentado e sofrendo de uma doença grave, se muda com esposa e filhos para uma nova casa, muito bonita, com uma bela piscina. Aos poucos eventos sobrenaturais começam a acontecer, o que pode levar ao retorno de um passado trágico ocorrido naquele mesmo lugar. 

Comentários:
Ao longo de todos esses anos eu já assisti a todo tipo de filme de terror, inclusive com as premissas mais esquisitas. Só que até agora nunca tinha assistido a um filme sobre uma piscina assombrada! Pois é, pode parecer bizarro, mas é disso do que se trata o roteiro desse filme. O foco principal do enredo gira em torno dessa piscina de fontes termais. No passado aquele mesmo lugar tinha sido usado por um grupo de pioneiros que acreditavam que aquelas águas atendiam pedidos. Algo no estilo poço dos desejos. Só que os pedidos eram concedidos, mas um sacrifício tinha que ser realizado em troca. Os séculos passaram, construíram uma piscina ali, mas o sobrenatural resistiu. Pois é, o mais estranho de tudo é que apesar de ser um filme de terror sobre uma piscina, o roteiro funciona! Isso é o que mais me deixou realmente surpreso. Uma premissa absurda dando origem a um bom filme. Complicado entender como isso se deu, mas conseguiram mesmo alcançar essa proeza! 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de março de 2024

A Noite Que Mudou o Pop

Título no Brasil: A Noite Que Mudou o Pop 
Título Original:  The Greatest Night in Pop
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Bao Nguyen
Roteiro: Bao Nguyen
Elenco: Michael Jackson, Lionel Ritchie, Quincy Jones, Stevie Wonder, Harry Belafonte, Bruce Springsteen, Cyndi Lauper, Kenny Loggins, Huey Lewis, Smokey Robinson, Dionne Warwick, Dan Aykroyd, Kim Carnes, Ray Charles, Bob Dylan, Bob Geldof, Al Jarreau, Billy Joel, Willie Nelson, Bette Midler, Diana Ross, Paul Simon, Tina Turner, Van Halen, Sarah Vaughan

Sinopse:
Esse documentário que está disponível na Netflix conta a história de gravação da música "We Are The World" do projeto USA For Africa que tinha como objetivo mandar apoio financeiro para o continente africano. Essa canção reuniu os melhores artistas do mundo da música nos anos 1980.  No filme acompanhamos os bastidores do planejamento, execução e finalmente gravação da música "We Are The World" que iria se tornar um grande sucesso em todo o mundo. 

Comentários: 
Assistir a esse bom documentário me trouxe muitas lembranças. Isso porque eu vivi aquela época, comprei o disco, acreditei mesmo nas boas intenções envolvidas em todo o projeto. Bom, conhecia bem o resultado final dos esforços de todos aqueles artistas, mas desconhecia completamente os bastidores de tudo. E isso me deixou bem surpreso. Foi uma iniciativa que começou meio desacreditada, que precisou mesmo contar com uma série de fatores, inclusive muita sorte, para dar certo. E não podemos também deixar de reconhecer os trabalhos decisivos de Harry Belafonte (que teve a ideia inicial), Michael Jackson, Lionel Ritchie e Quincy Jones (que abraçaram a ideia de forma decisiva). Sem eles realmente nada teria ido em frente. De certa maneira esse foi o primeiro de muitos outros projetos semelhantes, o que de certa forma engrandeceu ainda mais essa reunião de grandes astros e estrelas da música norte-americano. Enfim, se você gosta de música, esse documentário é mais do que recomendado. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de março de 2024

Caçada Humana

Caçada Humana
Existe críticos que classificam esse filme como um western. Bom, eu não concordaria com esse tipo de visão. Não é um filme passado nos séculos XVIII e XIX e nem conta uma história sobre a colonização do Oeste Selvagem. Na realidade é um filme passado nos anos 60, mostrando a ebulição social que ocorria dentro da sociedade norte-americana naquele período histórico. Marlon Brando está excelente como um xerife de uma pequena cidade do sul. O ator que sempre foi um liberal e um progressista de carteirinha, usou esse papel para de certa forma denunciar o racismo, a corrupção e até mesmo a mentalidade fascista de homens da lei que imperavam naquele momento. Brando usa seu papel para mostrar o tipo mais asqueroso possível. E nesse processo certamente sentiu um grande prazer em denunciar no cinema esse tipo de facínora fardado. 

Jane Fonda era jovem e linda quando realizou esse filme. Realmente ela estava na sua melhor forma, ainda colhendo os frutos de sua juventude. Já era, mesmo naquela idade, uma boa atriz, mas vamos convir que não conseguia fazer frente ao talento de Brando. Quando eles contracenam no filme isso fica bem claro. Brando parece uma força da natureza em sua atuação, já ela parece estar meio assustada e isso não era bem uma característica de sua personagem. Há claramente um desnível de atuação entre eles dois. O resto do elenco é excelente, contando inclusive com jovens atores que iriam virar astros em Hollywood como o próprio Robert Redford! Enfim, esse pode ser considerado um dos bons filmes de Brando naquela fase em que sua carreira estava em baixa em termos de bilheteria. Não fez o sucesso esperado e nem conseguiu dar um alívio para Brando no aspecto puramente comercial, mas é sem dúvida um grande filme de sua carreira. 

Caçada Humana (The Chase, Estados Unidos, 1966) Direção: Arthur Penn / Roteiro: Arthur Penn, Horton Foote / Elenco: Marlon Brando, Jane Fonda, Robert Redford, Angie Dickinson, Robert Duvall, James Fox, Jocelyn Brando / Sinopse: Numa pequena cidade sulista dos Estados Unidos, um xerife violento e brutal caça um fugitivo da justiça. E essa caçada se torna a maior de suas obsessões pessoais. 

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 11 de março de 2024

Sede de Viver

Esse é outro filme que considero essencial para se conhecer melhor o talento do ator Kirk Douglas. Ele deixou os filmes de faroeste, os grandes épicos, as aventuras submarinas de lado, para atuar em um projeto bem artístico, com um roteiro muito humano. O tema do filme era a vida do pintor Vincent van Gogh (1853 - 1890). Filho de um austero pastor protestante, ele sonhava seguir os passos do pai, mas acabava sendo rejeitado por sua congregação. O motivo? Ele não tinha aptidão para a oratória e a pregação nos cultos. Com isso seus sonhos acabaram ficando pelo meio do caminho. Porém o que lhe faltava como orador certamente lhe sobrava como pintor de quadros. Depois da rejeição, ele decidiu então se dedicar ao mundo da pintura. Era um velho sonho esse de se tornar artista, de viver de sua arte. Trabalhando freneticamente, almejava se tornar um sucesso no mundo das artes, mas só conseguiu em vida ser completamente ignorado. Seu irmão Theo, um comerciante de quadros em Paris, até se esforçou para vender suas pinturas, mas o sucesso definitivamente não parecia sorrir na vida de Van Gogh. Alguns grandes nomes da arte só conseguem mesmo o reconhecimento após a morte. Infelizmente para Van Gogh foi esse o caso.

Considerei um filme bem comovente. É bastante louvável que Hollywood tenha produzido algo assim, mostrando um dos maiores gênios da pintura de todos os tempos de uma forma respeitosa, mas também realista. O Vincent van Gogh que surge na tela é um homem que não consegue acertar na vida. Tenta ser pastor protestante, mas sua visão de mundo, de abraçar os mais pobres e humildes, o faz fracassar dentro de sua missão luterana. Seus superiores não querem esse tipo de atitude de abnegação. Depois sonha em se tornar um pintor, trabalha incansavelmente, mas novamente não consegue grande êxito (comercial, é bom frisar). Seus quadros não vendem nada e ele acaba sendo sustentado pelo irmão, um grande sujeito. A falta de um caminho de sucesso acaba destruindo a alma do grande artista. Atacado por uma crise nervosa, vai parar em um manicômio onde dá continuidade às suas crises existenciais. É um grande trabalho da carreira de Kirk Douglas que se entregou de corpo e alma ao papel. Poucas vezes vi o ator em uma interpretação tão intensa como essa. Kirk incorpora Van Gogh de uma forma sobrenatural. Podemos perceber facilmente seu apego ao papel. Foi uma atuação de coração mesmo, do fundo de sua alma. Ele foi indicado ao Oscar de melhor ator, mas por uma dessas injustiças da Academia não foi premiado. 

Anthony Quinn foi mais feliz e levantou a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante. Ele interpretou o pintor Paul Gauguin, que era um dos únicos amigos que Van Gogh tinha no mundo das artes. Sua atuação quebrou um estigma na época, pois Quinn era visto como um grandalhão, um gigante amigo, mas não um excepcional ator de cinema. Depois que ganhou o Oscar ganhou o respeito dos críticos em geral. O personagem que interpretou era muito rico, um verdadeiro presente para qualquer ator. Sua amizade mercurial com Van Gogh arranca faíscas em cena. Outro ponto digno de elogios foi a preocupação dos produtores em mostrar os mais famosos quadros do pintor em momentos cruciais da trama, fundindo vida e arte de forma muito adequada e conveniente. Por uma ironia do destino Van Gogh morreu pobre e esquecido, mas hoje em dia seus quadros estão entre os mais valiosos do mundo das artes. Valem milhões! Um artista que mal conseguiu vender um quadro em vida, hoje é considerado um gênio absoluto dos pincéis. Sua arte foi valorizada, tardiamente, temos que reconhecer, mas pelo menos seu talento foi devidamente reconhecido. Esse filme mostra sua história, tudo realizado com grande qualidade. É um grande clássico sem final feliz, pelo menos sob o ponto de vista da existência desse ser humano que foi um artista genial.

Sede de Viver (Lust for Life,  Estados Unidos, 1956) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Vincente Minnelli, George Cukor (não creditado) / Roteiro: Norman Corwin, baseado no livro de Irving Stone / Elenco: Kirk Douglas, Anthony Quinn, James Donald, Pamela Brown / Sinopse: O filme conta a história real e trágica da vida do pintor Vincent Van Gogh. Suas lutas, seus fracassos e suas desilusões. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor ator coadjuvante (Anthony Quinn). Também indicado nas categorias de Melhor Ator (Kirk Douglas), Melhor Roteiro Adaptado (Norman Corwin) e Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons e Hans Peters). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas). Também indicado na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio.

As Três Faces de Eva

Joanne Woodward foi uma excelente atriz. Ela, em determinado momento da carreira, deixou um pouco seus filmes de lado para cuidar da família. Ela foi esposa de Paul Newman. Isso porém em nada atrapalhou seu talento, que era muito natural e espontâneo. Esse filme aqui deu a ela a consagração final que desejava. Ela foi premiada com o Oscar de melhor atriz, um prêmio que ninguém contestou na época. Seu trabalho em cena foi realmente excepcional, mostrando que ela tinha muito mais do que apenas três faces para mostrar na tela. De certa forma esse foi o filme da vida dela, aquele que a definiu como uma grande atriz até o fim de seus dias. 

O filme conta a história de uma jovem chamada Eve White (Joanne Woodward). Ela sofre de um distúrbio psiquiátrico desconcertante. Ela assume múltiplas personalidades, cada uma delas bem distinta da outra. Há uma Eve mais ousada, que logo recebe o codinome de Eve Black por ser muito extrovertida, sensual e sem amarras sociais. Uma outra personalidade apelidada de Jane surge mais como uma verdadeira dama da sociedade. O desafio passa a ser controlar todas essas personalidades e se possível encontrar uma cura para o transtorno. Assim os psiquiatras Curtis Luther (Lee J. Cobb) e Francis Day (Edwin Jerome) assumem seu tratamento.

Claro que um filme como esse exigiria uma grande atriz em cena. Joanne Woodward não apenas deu conta do recado, como também encantou o espectador. Ela estava simplesmente maravilhosa em cena, fazendo com que todos acreditassem que suas personalidades e faces eram realmente de pessoas diversas. Os diversos prêmios que recebeu pelo seu trabalho foram mais do que merecidos. Por fim um detalhe interessante: esse filme também é conhecido como "As Três Máscaras de Eva". No Brasil, nessa época, não era incomum um filme receber mais de um título nacional. Geralmente o filme recebia um nome quando era exibido nos cinemas e outro quando era exibido na televisão pela primeira vez.

As Três Faces de Eva (The Three Faces of Eve, Estados Unidos, 1957) Direção: Nunnaly Johnson / Roteiro: Nunnally Johnson baseado no livro de Corbett Thigpen / Elenco: Joanne Woodward, Lee J. Cobb, David Wayne, Vince Edwards, Nancy Kulp, Ken Scott, Edwin Jerome, Alena Murray / Sinopse: Eve (Joanne Woodward) é uma jovem que passsa a sofrer um estranho distúrbio mental que a faz desenvolver personalidades diferentes. Ela surge não apenas como Eve, mas também como uma outra mulher muito sedutora e uma dama da sociedade, bem racional. Filme vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Joanne Woodward). Também indicado ao BAFTA Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de março de 2024

Batman: A Perdição Chegou a Gotham

Título no Brasil: Batman: A Perdição Chegou a Gotham
Título Original: Batman: The Doom That Came to Gotham
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Christopher Berkeley, Sam Liu
Roteiro: Jase Ricci, Mike Mignola
Elenco: David Giuntoli, Tati Gabrielle, Gideon Adlon

Sinopse:
Na década de 1920 o jovem milionário Bruce Wayne precisa enfrentar uma aterrorizante ameaça contra Gotham City, um portal ligado a um universo paralelo é aberto e de lá começam a chegar estranhas criaturas que parecem ter saído da mente do escritor H. P. Lovecraft.

Comentários:
Achei muito surreal essa animação do Batman. Não é a primeira vez que vejo esse super-herói lidando com o mundo sobrenatural, embora isso nao seja muito comum em suas histórias. A questão é que o roteiro desse filme não se contenta apenas em colocar o Batman enfrentando demônios e outros seres do além, mas o próprio desenvolvimento do enredo é completamente fora dos padrões. Basta dizer que ao enfrentar esses monstros o próprio Batman também vai se transformando em um ser estranho, híbrido, entre o nosso mundo e o bizarro universo que ele enfrenta. Nesse aspecto achei tudo muito fora da rota mesmo do que se esperaria de uma animação como essa. É a tal coisa, se tivessem feito um filme live action com essa história teríamos realmente o filme mais corajoso do Batman jamais feito em todos esses anos. 

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 1

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 1
Esse foi o disco lançado pela RCA Victor trazendo a trilha sonora do filme "Elvis é Assim". O curioso é que as faixas, em sua maioria, não eram as mesmas mostradas no filme. Esse material foi gravado em Nashville, em estúdio, e não em Las Vegas, durante as apresentações do cantor na sua nova temporada na cidade. E nem todas as músicas apresentadas nesse álbum foram mostradas no filme. Assim o fã de certo modo se surpreendeu quando comprou o disco original na época. Tempos depois várias edições especiais tentariam compensar esse aspecto, colocando todas as músicas dos shows, mais vasto material extra. 

Sem dúvida esses CDs especiais eram bem mais completos, porém do ponto de vista histórico, dentro da discografia oficial de Elvis Presley, o disco que conta foi justamente essa primeira edição do ano de 1970. É um bom álbum, trazendo canções que iriam marcar a carreira de Elvis pelo resto de sua vida. Além disso era mais um a seguir nesse novo caminho de sua carreira, o mostrando como um artista diferente, cantando músicas mais maduras, falando de relacionamentos adultos. Os anos de juventude, da adolescência dos filmes dos anos 60, havia ficado definitivamente no passado. A seguir comento faixa a faixa desse disco importante dentro da discografia do cantor.  

A primeira faixa do álbum era a bela "I Just Can't Help Believin". Esse álbum "That's the Way It Is" sempre foi um dos mais queridos dos fãs de Elvis em sua fase anos 70. O disco original era basicamente a trilha sonora do novo filme de Elvis pelo estúdio MGM. Ao contrário das inúmeras trilhas do passado essa aqui não era a de uma comédia romântica musical, mas sim a de um documentário musical que trazia para as telas de cinema parte das apresentações de Elvis em Las Vegas durante o ano de 1970 (em sua terceira temporada na cidade). A canção que abriu o LP foi essa bela balada "I Just Can't Help Believing", sucesso na voz do cantor B.J. Thomas na época. É interessante notarmos que Elvis começava a flertar com uma outra geração de interpretes americanos. Cantores como B.J. Thomas e Neil Diamond nunca foram roqueiros em suas carreiras. Eram vocalistas que apostavam tudo em repertórios bem românticos - para alguns tangenciando até mesmo para o sentimentalismo mais meloso. Elvis porém não parecia se importar muito com isso. Ele estava certo nesse ponto de vista. O importante era interpretar boas músicas e sempre que encontrava uma bela composição no repertório dos colegas cantores não demorava muito para fazer a sua versão. 

Pois bem, quando "That's the Way It Is" foi anunciado pela RCA Victor muitos pensaram na época que o álbum seria mais um no estilo "Ao Vivo" em Las Vegas. O produtor Felton Jarvis porém não queria saturar o mercado com três discos consecutivos de Elvis gravados ao vivo em Vegas. Assim o cantor foi até Nashville para participar de uma verdadeira maratona de gravações, gravando dezenas de novas canções em estúdio. A intenção era gravar bastante material para ser lançado aos poucos, nos meses e anos seguintes. A primeira leva de canções dessa maratona surgiu justamente nesse álbum. Curiosamente a RCA acabou utilizando quase nenhuma gravação ao vivo da temporada que aparecia no filme. Uma exceção acabou sendo exatamente essa versão "Live" de "I Just Can't Help Believing". A letra é um dos pontos altos da música, retratando o sentimento de ternura e paixão que existe nos pequenos detalhes de um relacionamento amoroso, como as mãos dadas, os sorrisos e os aromas da amada. Praticamente apenas três estrofes, mas tudo muito bem escrito. A melodia também é excelente, calma, ponderada, completamente adequada para a mensagem de sua letra. Enfim, uma grande performance de Elvis que esteve bem à altura desse verdadeiro clássico da discografia do cantor. Simplesmente essencial.

Pablo Aluísio.