Mostrando postagens com marcador Elvis Presley - That's the Way It Is. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Elvis Presley - That's the Way It Is. Mostrar todas as postagens

sábado, 20 de abril de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 5

"I've Lost You" é uma das boas músicas do disco "That´s The Way It Is". Essa famosa dupla britânica de compositores, Ken Howard e Alain Blaikley, foi uma das mais populares durante os anos 60 e 70, tendo escrito temas para grandes astros da época como The Honeycomb e Peter Frampton. Quando escreveram "I've Lost You" eles jamais pensariam que Elvis gravaria uma versão dessa canção muitos anos depois. Aliás a música chegou nas mãos de Elvis meio por acaso, quando um engenheiro de som a tocou de forma acidental durante as gravações em Nashville. Elvis se interessou e pediu que ele a tocasse novamente. O que aconteceu depois não é nenhuma novidade. A música virou título do primeiro single de Elvis composto com músicas desta trilha. A versão do disco foi gravada ao vivo e a que saiu em compacto é gravada em estúdio. A melhor sem dúvida é a do disco pois conta com a energia da plateia, o que dá um sabor especial à canção. A versão de estúdio foi gravada no dia 4 de Junho de 1970 em Nashville a a versão ao vivo foi gravada em Las Vegas no dia 11 de Agosto. 

Por essa época Elvis havia decidido deixar de lado as canções românticas mais voltadas para o público juvenil, afinal de contas ele próprio já não era mais um adolescente e nem um ídolo jovem. Ele estava amadurecido, assim como seus fãs. Os tempos eram outros. Quando gravou essa música Elvis já tinha seus próprios problemas em seu casamento. Foi justamente nessa segunda temporada de 1970 que surgiram os primeiros conflitos sérios com sua esposa Priscilla. Elvis havia se firmado em Las Vegas e essa cidade, como todos sabemos, é conhecida como a "cidade do pecado" nos Estados Unidos. Elvis proibiu Priscilla e as demais esposas de ficarem em Vegas durante as temporadas. Elas poderiam comparecer apenas nas noites de abertura e de encerramento. Fora isso, durante os concertos, deveriam ir embora. "Nada de esposas em Vegas" - decretou o cantor. Obviamente Priscilla soube depois que Elvis a estava traindo sistematicamente com várias mulheres enquanto realizava seus shows na cidade. O casamento começou a ruir justamente por isso e Elvis certamente foi percebendo que começava a perder sua esposa. O tema assim da letra se ajustava perfeitamente com o que ele estava passando em sua vida privada. Elvis só não sabia ainda que seu rompimento conjugal seria tão devastador e traumatizante como foi. O destino de seu casamento porém já estava traçado.

Algumas baladas cantadas por Elvis Presley em sua carreira foram bem injustiçadas. "Just Pretend" está nessa lista, talvez em primeiro lugar. São gravações belíssimas, mas igualmente ignoradas pelo grande público. Não fizeram o devido sucesso na época de seu lançamento e tampouco foram trabalhadas da forma que mereciam por Elvis. Um dos maiores exemplos vem de "Just Pretend". A canção nunca ganhou maior espaço dentro da carreira do cantor. Gravada durante a Nashville Marathon, em junho de 1970, em uma noite particularmente muito produtiva por parte de Elvis, a bela composição foi desaparecendo com os anos, sendo injustamente esquecida. Como bem sabemos Elvis era um artista extremamente produtivo. Basta apenas darmos uma olhada na grande quantidade de canções que ele gravou em sua longa carreira. Com tanto material novo invadindo o mercado de uma só vez não haveria como evitar que certas injustiças fossem cometidas. Uma delas foi, como escrevi, "Just Pretend". 

Essa música é uma das mais bonitas gravadas por Elvis. Com vocalização sóbria e pleno domínio durante as gravações, Elvis legou para a posteridade uma de suas melhores baladas românticas, daquelas que ainda merecem ser redescobertas. Usada timidamente tanto no filme como na trilha sonora, "Just Pretend" merece novas e atentas audições! Com melodia e letra acima da média, a canção que fala sobre reconciliação e reencontro, encontrou eco nos corações mais sensíveis. Ela guarda várias semelhanças de arranjo com outro momento precioso desse disco, "Bridge Over Troubled Water". Não poderia ser diferente pois ambas foram gravadas quase no mesmo dia e local, uma no dia 05 de junho de 1970 a outra um dia depois no mesmo estúdio, em Nashville. Nessa semana realmente Elvis estava extremamente inspirado para cantar belas e ternas canções de amor acompanhadas de belíssimos arranjos de teclados. O veredito final não poderia ser diferente pois essa é uma balada romântica sensível que foi injustamente subestimada na época, não tendo alcançado a devida repercussão que merecia. De qualquer forma nunca é tarde para se reparar uma injustiça.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de abril de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 4

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 4
E a surrada agulha segue deslizante no velho disco de vinil original da época... Então ouvimos os primeiros acordes da faixa "You Don't Have To Say You Love Me". Em relação a essa canção eu sempre tive a mesma opinião, mesmo após tantos anos passados desde a primeira vez que a ouvi. A primeira convicção é que se trata de uma bela balada romântica, despudoradamente apaixonada com aquele sabor latino que todos conhecemos tão bem. Percebe-se desde os primeiros acordes que seu compositor não teve qualquer vergonha de se atirar nesse tipo de sentimento. Seus versos são bem claros sobre isso. A outra certeza que tenho é que a versão oficial que saiu no álbum "That´s The Way It Is" é mal gravada mesmo. Até lamento dizer isso, mas é a pura verdade. Inclusive expressei exatamente essa opinião quando escrevi pela primeira vez sobre a faixa alguns anos atrás. 

Na ocasião eu coloquei minhas impressões no texto e afirmei: "A versão de Presley é mais uma representante da feliz fusão de Elvis com a música da Itália como It's Now or Never, No More e Surrender. O astro era fã do cantor Mario Lanza, o que talvez explique esta aproximação com este tipo de canção. De qualquer forma, apesar de toda essa importância histórica, não consigo deixar de ficar decepcionado com a má qualidade da gravação original de 1970. A master mais parece um ensaio descompromissado de tão mal gravada. Certamente Elvis não está em um bom momento, na realidade é fácil perceber que ele na realidade está se comportando como se estivesse em um ensaio, nada mais do que isso. Porém o produtor Felton Jarvis resolveu escolher esse Take como o master oficial o que deixou todos surpresos mesmo. Repare como até a vocalização de Elvis está ruim pois ele está com a boca excessivamente salivada, coisa que nenhum artista de seu nível deixaria passar em uma gravação oficial. Alguns autores até mesmo chegam a afirmar que ele estaria com um chiclete na boca na hora da gravação! Particularmente não acredito nisso, não vamos chegar a tanto. Apenas é uma versão abaixo da média. Se alguém errou aqui não foi Elvis, mas sim Felton Jarvis que a escolheu para compor o disco oficial. Foi uma péssima escolha." Historicamente a faixa tem uma trajetória interessante. Ela foi originalmente lançada com grande sucesso pelo cantor italiano Pino Donaggio com o título original de "Io Che Non Vivo Senza Te" em 1964 pelo selo Odeon. O cantor inglês Dusty Springfield em 1966 fez a primeira versão em língua inglesa, versão esta lançada pelo selo Philips. Certamente foi essa segunda versão a grande fonte de inspiração para Elvis fazer sua versão. Pena que não saiu tão boa.

"You've Lost That Lovin' Feelin'" é uma criação do casal Barry Mann e Cynthia Weil. Sem dúvida uma das músicas mais populares e bem sucedidas comercialmente da história. O curioso é que sua criação demonstrava de certa forma como funcionava a indústria fonográfica da época. O produtor Phil Spector conheceu por acaso a dupla vocal branca The Righteous Brothers durante um festival de música. Spector estava em busca de novos talentos para seu selo musical recém fundado chamado Philles Records. Até aquele momento Spector tinha gravado uma série de bons compactos (singles) de artistas negros em seu selo, porém nenhum deles tinha realmente estourado nas paradas. Assim o produtor foi atrás de artistas brancos e encontrou o que queria ao ver o Righteous Brothers. Assim ele os contratou, depois ligou para a dupla de compositores Mann e Well para que eles escrevessem um novo tema para seus novos contratados. Assim nasceu "You've Lost That Lovin' Feelin'", uma canção feita para fazer sucesso. Lançada inicialmente em outubro de 1965 o plano de Spector deu mais do que certo. A música se tornou um hit absoluto, chegando ao primeiro lugar entre os mais vendidos em todas as paradas musicais, tanto dos Estados Unidos como na Europa. Para muitos críticos o produtor havia chegado na perfeição da técnica que ele próprio havia criado, conhecida como "Wall of Sound". O interessante é que anos depois o próprio Phil Spector declarou que adoraria ouvir Elvis cantando a música que havia produzido. 

O problema é que em 1965 Elvis estava preso a contratos com companhias cinematográficas que muito certamente não autorizariam ele a gravar uma canção que não fosse das suas próprias editoras musicais. Assim, ao invés de gravar obras primas como "You've Lost That Lovin' Feelin'" Elvis passou aquele ano gravando trilhas sonoras bem fracas como "Harum Scarum" e "Girl Happy". A oportunidade porém pintou novamente em 1970 quando Elvis foi a Las Vegas para gravar um novo filme. O conteúdo era simples: mostrar Elvis ao vivo nos palcos da cidade. Para isso Elvis precisava de um repertório cheio de grandes canções e assim "You've Lost That Lovin' Feelin'" entrou na trilha do documentário "That´s The Way It Is". Uma ótima decisão. A versão de Elvis, mesmo gravada ao vivo, tem um sentimento e uma alma fora do comum. Elvis sabia que estava sendo imortalizado em película naquele momento e resolveu caprichar. O resultado ficou ótimo, excepcional. A canção retornaria à discografia de Elvis alguns anos depois no álbum "Elvis as Recorded at Madison Square Garden", mas devemos ser sinceros, a primeira versão é bem melhor. No Madison Elvis e banda aceleram muito o ritmo da música, a prejudicando um pouco.

Pablo Aluísio. 

domingo, 31 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 3

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 3
E então o velho disco de vinil toca "Patch It Up". Essa faixa só se justificava mesmo no palco. Em termos gerais é uma canção bem fraca, principalmente se formos levar em conta que Elvis gravou alguns dos maiores rocks da história. Claro, não estou dizendo com isso que a canção seja um rock genuíno, nada disso. Na verdade era um pop pegajoso ao estilo Las Vegas que soava desconfortável na discografia de Elvis. Esses autores praticamente nunca tinham sido gravados por Elvis antes. A sugestão partiu de Felton Jarvis que convenceu Elvis que a música tinha potencial, principalmente durante os concertos ao vivo. Elvis não se mostrou em um primeiro momento muito convencido, mas depois resolveu gravar a canção - mais do que isso decidiu que iria interpretá-la para as câmeras da MGM que estavam prestes a filmar suas performances em Las Vegas para um filme documentário que seria lançado em breve nos cinemas. Para o fã da época deve ter sido chato perceber que a RCA Victor chegou a acreditar que a gravação seria mesmo um sucesso, a ponto inclusive de lançar duas versões diferentes da música (algo que raramente acontecia na discografia oficial), uma gravada ao vivo e outra em estúdio. 

A primeira fez parte da trilha sonora, do álbum "That´s The Way It Is". É a versão que todos conhecemos muito bem. A outra chegou no mercado em compacto, como lado B da canção "You Don't Have To Say You Love Me". Nenhuma das versões se tornou sucesso. Também pudera, não tinha qualidade para tanto. A letra, que se repetia em demasia, rodando e rodando sem ir para lugar nenhum, se resumia a usar a expressão "Patch It Up" (algo como "vamos consertar" no caso o relacionamento amoroso) para grudar na mente do ouvinte e de lá não sair nunca mais. Não deu certo. O curioso é que pelo menos a faixa serviu para proporcionar uma boa cena coreografada para o filme. O próprio Elvis porém não levava muita fé, tanto que a descartou para nunca mais usar. Um fato curioso é que em países de língua alemã (Alemanha e Áustria) o single saiu com as versões trocadas, com "Patch It Up" no lado A. A capa também foi modificada - para melhor, com uma ótima foto de Elvis no palco. Esse mesmo compacto foi lançado na Holanda e Suécia dois meses depois e também conseguiu ótimas vendas. Pelo visto os germânicos estavam mais afinados com o marketing certo de vendas. Coisas de mercado.

A versão original de "Mary In The Morning" se tornou conhecida em 1967 na voz do cantor e ator ítalo-americano Al Martino. Para quem gosta de cinema é interessante lembrar que foi Martino quem interpretou uma paródia de Frank Sinatra no filme "O Poderoso Chefão". Ele interpretava um cantor em decadência que pedia ajuda ao chefão Corleone (Marlon Brando) para levantar sua carreira, chantageando e ameaçando o dono de um poderoso estúdio de cinema em Hollywood para lhe dar o papel em um importante filme que iria ser realizado. Dizem que foi assim que Sinatra ganhou o personagem do sargento americano no clássico "A Um Passo da Eternidade" que acabou lhe valendo o Oscar, dando um novo pulso para sua carreira, que naquele momento andava em baixa. Mario Puzo aproveitou esse fato e o usou em seu livro. Verdade ou mito? As conexões de Sinatra com a máfia sempre foram alvos de boatos. A verdade porém nunca saberemos... 

Deixando um pouco isso de lado o fato é que Elvis sempre parecia ter uma grande ligação com a música italiana. Basta lembrar de "It´s Now Or Never" e "Surrender". É interessante notar também que em seu lançamento original "Mary in The Morning" não foi um grande sucesso, um hit absoluto. Lançada discretamente por Martino em single pouco chamou atenção, mas Elvis a conhecia muito bem pois tinha comprado o compacto. Havia um lirismo em sua letra que lhe chamava a atenção. Esse tipo de romantismo sempre tocava o cantor. Pena que após ter gravado a canção em estúdio Elvis não a tenha trabalhado mais, inclusive no palco. No filme "That´s The Way It Is" o cantor surge em um ensaio tentando cantar a música, porém mais interessado nas brincadeiras com a Máfia de Memphis não chegava a se concentrar no que estava ensaiando. A cena diverte, mas também decepciona para quem gostaria de vê-lo cantando essa bela canção romântica. Na temporada em Las Vegas não chegou a usar a canção. Afinal havia tantas outras do álbum que acabou esquecendo de Mary, da manhã e do arco-íris... Coisas da vida!

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 2

 Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 2
"Twenty days and Twenty Nights" é mais uma bela balada romântica gravada por Elvis. Curiosamente essa canção nunca teve um espaço maior dentro da discografia oficial de Elvis. Ao que me consta ela nunca foi devidamente trabalhada ao vivo por Elvis e banda e nem tampouco ganhou maior cuidado por parte da RCA Victor. Em 2010 um CD foi lançado com o mesmo título da canção, trazendo uma rara versão ao vivo cantada por Elvis em agosto de 1970. Era um bootleg do selo Audionics com excelente qualidade sonora. Mesmo assim continuou sendo uma música coadjuvante dentro da vasta obra musical do cantor. De qualquer forma, como foi dito, embora Elvis tenha cantado a canção em raras ocasiões em Las Vegas a RCA Victor no álbum original "That´s The Way It Is" resolveu usar a versão de estúdio, bem mais conhecida entre os fãs. Sua linha melódica mais triste (e diria até mesmo melancólica) realmente combinava melhor com o cuidado e o clima mais intimista de um estúdio de gravação do que um palco, onde ela muitas vezes a canção caia em um clima de tédio e falta de empolgação por parte do público, afinal de contas em concertos ao vivo nem sempre a música funcionava muito bem (e talvez por isso tenha sido deixada de lado por Elvis muito rapidamente). 

Uma das coisas mais interessantes sobre essa música, que fala sobre solidão e arrependimento, é o salto de qualidade do compositor Ben Weisman. Autor de algumas das mais bobas, maçantes e infantis canções da fase de Elvis em Hollywood, Ben se superou de forma surpreendente nessa composição, escrevendo finalmente um tema de relevância, adulto, falando de dramas reais, de pessoas reais, tudo com muita sobriedade e maturidade. Nada mais longe das bobagens que ele costumava escrever para Elvis em suas piores trilhas sonoras. Talvez a má qualidade desse material nem tenha sido sua culpa, talvez os próprios argumentos ridículos de alguns filmes de Elvis o tenha levado a escrever tantas bobagens, mas o que é importante destacar mesmo é que dessa vez ele finalmente apresentou um material digno e à altura de um astro como Elvis gravar. Em resumo: ótima canção, belíssimo arranjo e o mais importante de tudo, uma letra relevante com uma mensagem realmente importante a se passar adiante.

"How The Web Was Woven" é outra canção desse disco que considero apenas mediana. A letra até tem um refrão e um verso que considero bem escritos, fazendo uma analogia entre o ato de se apaixonar e a prisão em uma teia de aranha da qual não se consegue mais se desvencilhar. Mesmo assim, tirando isso, considero uma canção marcada por uma melodia que não avança, não vai para lugar nenhum. O acompanhamento de cordas ajuda a passar o tempo, mas o saldo final é de tédio. O próprio Elvis também não parecia levar muita fé na canção, tanto que nunca a trabalhou muito ao vivo, nunca ajudou em sua promoção e tampouco mostrou ter algum apreço especial por ela. Costumo rotular esse tipo de estilo de country melancólico de Nashville. 

Por essa época Elvis estava muito mergulhado no universo country da capital mundial desse gênero musical. A RCA Victor também enviou um grande leque de opções de músicas como essa para Elvis gravar durante a chamada Maratona de Nashville. Assim não me soa como surpresa a presença de faixas como essa durante essas produtivas sessões de gravação. Curiosamente muitos dizem perceber um certo cansaço físico por parte de Elvis na música. Sua performance seria quase no controle remoto. Não concordo muito com essa visão. No meu ponto de vista a própria canção demanda esse tipo de performance mais intimista, quase depressiva. Nesse aspecto Elvis apenas foi fiel ao que seu compositor queria passar em sua letra. O que ouvimos é uma voz de melancolia, não de cansaço.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 1

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 1
Esse foi o disco lançado pela RCA Victor trazendo a trilha sonora do filme "Elvis é Assim". O curioso é que as faixas, em sua maioria, não eram as mesmas mostradas no filme. Esse material foi gravado em Nashville, em estúdio, e não em Las Vegas, durante as apresentações do cantor na sua nova temporada na cidade. E nem todas as músicas apresentadas nesse álbum foram mostradas no filme. Assim o fã de certo modo se surpreendeu quando comprou o disco original na época. Tempos depois várias edições especiais tentariam compensar esse aspecto, colocando todas as músicas dos shows, mais vasto material extra. 

Sem dúvida esses CDs especiais eram bem mais completos, porém do ponto de vista histórico, dentro da discografia oficial de Elvis Presley, o disco que conta foi justamente essa primeira edição do ano de 1970. É um bom álbum, trazendo canções que iriam marcar a carreira de Elvis pelo resto de sua vida. Além disso era mais um a seguir nesse novo caminho de sua carreira, o mostrando como um artista diferente, cantando músicas mais maduras, falando de relacionamentos adultos. Os anos de juventude, da adolescência dos filmes dos anos 60, havia ficado definitivamente no passado. A seguir comento faixa a faixa desse disco importante dentro da discografia do cantor.  

A primeira faixa do álbum era a bela "I Just Can't Help Believin". Esse álbum "That's the Way It Is" sempre foi um dos mais queridos dos fãs de Elvis em sua fase anos 70. O disco original era basicamente a trilha sonora do novo filme de Elvis pelo estúdio MGM. Ao contrário das inúmeras trilhas do passado essa aqui não era a de uma comédia romântica musical, mas sim a de um documentário musical que trazia para as telas de cinema parte das apresentações de Elvis em Las Vegas durante o ano de 1970 (em sua terceira temporada na cidade). A canção que abriu o LP foi essa bela balada "I Just Can't Help Believing", sucesso na voz do cantor B.J. Thomas na época. É interessante notarmos que Elvis começava a flertar com uma outra geração de interpretes americanos. Cantores como B.J. Thomas e Neil Diamond nunca foram roqueiros em suas carreiras. Eram vocalistas que apostavam tudo em repertórios bem românticos - para alguns tangenciando até mesmo para o sentimentalismo mais meloso. Elvis porém não parecia se importar muito com isso. Ele estava certo nesse ponto de vista. O importante era interpretar boas músicas e sempre que encontrava uma bela composição no repertório dos colegas cantores não demorava muito para fazer a sua versão. 

Pois bem, quando "That's the Way It Is" foi anunciado pela RCA Victor muitos pensaram na época que o álbum seria mais um no estilo "Ao Vivo" em Las Vegas. O produtor Felton Jarvis porém não queria saturar o mercado com três discos consecutivos de Elvis gravados ao vivo em Vegas. Assim o cantor foi até Nashville para participar de uma verdadeira maratona de gravações, gravando dezenas de novas canções em estúdio. A intenção era gravar bastante material para ser lançado aos poucos, nos meses e anos seguintes. A primeira leva de canções dessa maratona surgiu justamente nesse álbum. Curiosamente a RCA acabou utilizando quase nenhuma gravação ao vivo da temporada que aparecia no filme. Uma exceção acabou sendo exatamente essa versão "Live" de "I Just Can't Help Believing". A letra é um dos pontos altos da música, retratando o sentimento de ternura e paixão que existe nos pequenos detalhes de um relacionamento amoroso, como as mãos dadas, os sorrisos e os aromas da amada. Praticamente apenas três estrofes, mas tudo muito bem escrito. A melodia também é excelente, calma, ponderada, completamente adequada para a mensagem de sua letra. Enfim, uma grande performance de Elvis que esteve bem à altura desse verdadeiro clássico da discografia do cantor. Simplesmente essencial.

Pablo Aluísio.