sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O Rebanho

Filme muito interessante, que mostra como se desenvolve uma mentalidade de seita. Aliás, o foco do filme é justamente essa estranha seita formada por um guru "iluminado" seguido por várias mulheres. Apenas mulheres o seguem. É bom deixar claro isso. Ele chama as mulheres mais novas de filhas e as mais velhas de esposas. Só que isso não o impede de praticar abuso sexual, não apenas contra as maduras, como também contra as jovens. E o roteiro deixa a entender que essas garotas jovens são suas filhas. Então imagine o estrago da situação. Sim, incesto!  Em seitas as coisas funcionam assim mesmo. É tudo verdade absoluta o que o líder diz e faz, é tudo obedecido e absorvido por seus seguidores. Não existe espaço para contestação nenhuma. O seguidor fanático segue tudo o que o guru diz, ou então está fora da seita, caindo em desgraça perante as demais pessoas fanatizadas que fazem parte dessa comunidade. 

Toda seita é a mesma coisa. Um lugar ideal para abusos físicos, emocionais e sexuais de todas as formas. Vemos muito disso acontecer ao longo da história e vemos isso acontecer inclusive agora no Brasil, em termos políticos. Criou-se um suposto líder nesses últimos anos. Veja bem como se se comporta as pessoas desse filme e faça a comparação com o que se vê nas frentes dos quartéis da vida aqui no Brasil hoje em dia. A mesma loucura, a mesma lavagem cerebral, a mesma insanidade. As pessoas que entram em uma lavagem cerebral de seita só saem com muito, muito tratamento psicológico. E os resultados do fanatismo são sempre horríveis, como se deixa claro no roteiro desse filme. Aliás, esse filme é recomendado especialmente para quem está delirando por aí. Tem tudo a ver com o que vemos atualmente pelas ruas no Brasil. Não seja do rebanho, não seja gado de seitas.

O Rebanho (The Other Lamb, Estados Unidos, Irlanda, Bélgica, 2020) Direção: Malgorzata Szumowska / Roteiro: Catherine Smyth-McMullen / Elenco: Raffey Cassidy, Michiel Huisman, Denise Gough / Sinopse: Líder de uma seita explora sexualmente e psicologicamente de suas seguidoras fanatizadas. História baseada em fatos reais.

Pablo Aluísio.

O Forasteiro - Violência sem limites

Um gringo atravessa a fronteira entre Estados Unidos e México. Ele carrega uma mochila cheia de dólares, uma pequena Fortuna. A Verdade é que se trata de um policial americano que roubou dinheiro de bandidos que matou. Ao se deparar com aqueles criminosos, esse policial da fronteira acabou cedendo a sua própria ganância. Liquidou os bandidos, pegou a grana e fugiu para o México. Um roteiro manjado desse tipo de situação. Ele é um policial corrupto, ou como os americanos gostam de usar a expressão, um Dirty Cop. As coisas não vão ficar assim. Ele passa a ser perseguido não apenas pelos membros do cartel do dinheiro que roubou, como também por outros policiais americanos. E esses tiras são tão corruptos quanto ele. No final, estão juntos dos bandidos mexicanos e querem a sua parte dessa grana. Não tem mocinho nesse filme, só bandido. 

Uma fita de ação até que bem legal. A história pode ser até bem batida, mas eu destaco a forma como o diretor Eduardo Rodriguez trabalhou em seu filme. Tudo é muito bem filmado, com ótimas tomadas de cena. E a fotografia chapada mantém tudo ainda mais interessante. Esse diretor mostrou realmente talento na arte de filmar violência estilizada. Uma boa notícia para o ator Scott Adkins, que vem há muito tempo se dedicando nesse tipo de fita de ação. Como os brutamontes dos anos 80 estão velhos, já na casa de 70 anos, isso sempre abre espaço para novos astros nesse estilo. 

O Forasteiro - Violência sem limites (El Gringo, Estados Unidos, 2012) Direção: Eduardo Rodriguez / Roteiro: Jonathan W. Stokes / Elenco: Scott Adkins, Petar Bachvarov, Zachary Baharov / Sinopse: Policial americano corrupto foge para o México com o dinheiro que roubou de traficantes mexicanos na Fronteira entre Estados Unidos e México. Ele quer fugir para Acapulco, mas antes disso, vai ter que enfrentar muitos problemas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Monstros

Apesar do título ser Monstros, não há muitos monstros nesse filme. Na realidade, esse roteiro contra outro tipo de história. A história de duas pessoas que se conhecem e que conforme vão viajando acabam descobrindo que estão realmente interessadas uma na outra. Pois é, quando chega na última cena do filme, você vai descobrir que isso aqui é uma produção que valoriza mais os sentimentos muito humanos do que monstros gigantes destruindo cidades. O mundo pós apocalíptico que surge depois de uma invasão alienígena é apenas um pano de fundo para se ver esse romance improvável. Há dois personagens centrais. O sujeito que vai até o México para trazer a filha de seu patrão. E a própria garota em si, que acaba desenvolvendo um sentimento de paixão por ele. E talvez essa guinada do roteiro tenha trazido muita má vontade em relação ao filme, principalmente para quem gosta do gênero Sci-fi. 

Acredito que o projeto tenha nascido como um romance on the road. Só que nos dias de hoje, para se aprovar um filme desse tipo, é complicado. Parece que apenas filmes com algum teor de Super-heróis ou quadrinhos vão em frente. Então a impressão que eu tive foi que eles queriam contar essa história de amor, mas não havia como. Então colocaram tudo nesse cenário de mundo invadido por ETs. Onde alienígenas gigantes estão destruindo as grandes cidades. É boboca? Certamente sim. Só que sendo bem pragmático, o filme provavelmente nunca seria feito se não tivesse os tais aliens. Os fins justificam os meios. Sinal dos novos tempos cinematográficos.

Monstros (Monsters, Reino Unido, 2010) Direção: Gareth Edwards / Roteiro: Gareth Edwards / Elenco: Scoot McNairy, Whitney Able, Mario Zuniga Benavides / Sinopse: O filme conta a história de um amor que nasce entre um casal bem no meio de uma invasão alienígena no planeta Terra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Você Pertence a Mim

Esse filme me lembrou muito aquele tipo de thriller de suspense que era tão comum nos anos 90. Na realidade, eu poderia definir como um filme atual, feito com a antiga fórmula dos filmes daquela década. O roteiro conta a história de um psiquiatra que perde uma de suas pacientes. A garota, que tinha saúde mental frágil e sofria de forte depressão, supostamente se mata, pulando de um prédio. A situação fica delicada. Todo psiquiatra perde muito quando uma de suas pacientes morre, porque de certa forma, é uma batalha profissional que se perde. Depois de um certo tempo, bate a porta de sua casa um homem que ele não conhece. Esse sujeito se diz irmão da garota que cometeu suicídio. E que está ali para lhe devolver um livro que estava com sua irmã. Ele se mostra muito simpático e empático e logo ganha a confiança da família do psiquiatra. Vai mais além, seduzindo sua filha adolescente. Acha pouco e também seduz a esposa dele. No fundo, ele quer destruir a vida do doutor, mas a que preço e de que forma? 

Foi curioso ver o ator Casey Affleck interpretando um homem sério, inteligente, um psiquiatra renomado. Quando o filme começou, eu pensei que ele iria interpretar justamente o papel do sujeito desequilibrado que quer vingança. De qualquer forma, o filme funciona bem, apresentando um bom elenco. As situações de suspense vão se perpetuando e mantendo o interesse do espectador. A única coisa que eu poderia dizer que me incomodou um pouco foi a extrema fragilidade emocional daquela família que se entrega ao desconhecido sem nem ao menos racionalizar sobre a questão. A filha e a mulher do psiquiatra caem nas mãos desse sujeito de uma forma muito rápida. Que pessoas mais vulneráveis! De qualquer forma, apesar disso, ainda é um bom filme. Vale a recomendação.

Você Pertence a Mim (Every Breath You Take, Estados Unidos, 2021) Direção: Vaughn Stein / Roteiro: David Murray / Elenco: Casey Affleck, Michelle Monaghan, Sam Claflin / Sinopse: Um psiquiatra vê sua família entrar em perigo após a chegada do suposto irmão de uma das suas pacientes, que se suicidou. O sujeito parece disposto a destruir a vida familiar e emocional do médico.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Lansky

O filme conta a história do mafioso Meyer Lansky. O enredo começa quando ele envelhecido e já idoso, decide contar sua história para um jovem jornalista. Uma situação perigosa, pois a vida de Lansky foi dedicada ao mundo do crime organizado.  O FBI acompanha com bastante atenção o desenrolar dos fatos. E tenta trazer o jornalista para seu lado, como informante, para revelar tudo o que o velho mafioso está contando. Esse mafioso foi uma figura importante dentro da hierarquia do crime organizado nos Estados Unidos. De certa forma, ele era a mente pensante por trás de muitos crimes que foram cometidos. Era um sujeito racional, que procurava organizar tudo de uma forma que lembrasse a mentalidade das grandes corporações americanas. 

Usava os gangsters brutais e a violência apenas como ferramentas e meio para atingir seus objetivos. Ele mesmo raramente colocava a mão na massa ou fazia o serviço sujo. Ao invés disso, montou um esquema de lavagem de dinheiro Internacional, que fez com que a máfia investisse em grandes negócios pelo mundo afora. Foi um dos responsáveis, inclusive, pela construção de Las Vegas e seus cassinos. Era muito próximo de Bugsy Siegel, um sujeito violento e brutal que acabou sendo eliminado pela própria quadrilha. Ele estava roubando dinheiro dos mafiosos ao comandar e administrar os cassinos de Las Vegas. O filme é muito interessante, que conta a história desse velho criminoso que tinha ligações com pessoas poderosas dentro do governo americano. Talvez isso explique porque ele conseguiu sair relativamente impune de tudo o que fez ao longo de sua vida criminosa. Um mafioso diferente, que nem italiano era. Um judeu inteligente que mudou os métodos da máfia em seu tempo.

Lansky (Lansky, Estados Unidos, 2021) Direção: Eytan Rockaway / Roteiro: Eytan Rockaway / Elenco: Harvey Keitel, Sam Worthington, Minka Kelly, AnnaSophia Robb, John Magaro, David Cade / Estúdio: Vertical Entertainment / Sinopse: O filme conta a história do mafioso judeu Meyer Lansky e seu envolvimento com o crime organizado nos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Adão Negro

Esse filme foi a grande aposta da Warner e da DC nesta temporada no cinema. Como estamos em uma época de retomada das bilheterias das salas de cinema pelo mundo, as empresas apostavam alto na bilheteria desse Adão Negro. Estimativas otimistas esperavam que o filme irrompesse a marca do bilhão de dólares arrecadados. Não aconteceu. O filme não chegou a necessariamente dar prejuízo, mas tampouco chegou a lucrar aquilo do que era esperado. Com isso, os planos das novas adaptações dos personagens da DC ficaram agora em um momento de replanejamento geral. Talvez isso indique também que os filmes de super-heróis estão saturando. Penso assim, porque esse filme tem todos os ingredientes que foram usados de forma exaustiva por outras adaptações de quadrinhos. Dentro desse tipo de filme, ele definitivamente não é ruim. É apenas, de certa forma, repetitivo. 

Esse personagem, que eu pouco conhecia, pois não sou leitor de quadrinhos, vem do universo do Capitão Marvel. Assim como o conhecido herói, ele também se transforma em um ser com muitos poderes, ao gritar a palavra "Shazam!". E seus poderes também vem de um tipo de conselho de magos da antiguidade. A diferença básica é que ele, tecnicamente, não é um herói como o Capitão Marvel. Ele tem uma tonalidade de personalidade que poderia estar mais ligada aos vilões das histórias em quadrinhos. Curiosamente, há um encontro dele com Superman, na última cena. Pelo visto, a Warner e a DC decidiram deixar o Capitão Marvel em um lugar próprio e isolado dentro das adaptações de cinema. Seu humor não iria cair bem aqui.

O filme é inegavelmente bem realizado e bem produzido. Eu até gostei desse roteiro que explora esse personagem, que teria 5 mil anos de existência. E quando você investe na antiguidade e na tradição, esse tipo de fantasia funciona melhor. O grupo de super-heróis reunido na chamada Sociedade da Justiça também funciona bem. De forma em geral o que temos durante o filme é uma grande pancadaria entre todos os personagens das comics. Não há nada de errado nisso, pois geralmente as histórias em quadrinhos muitas vezes se resumem apenas a isso mesmo. Fica complicado entender porque o filme não caiu no gosto do público. Talvez o personagem não seja tão conhecido fora do mundo dos leitores de gibis. Ou talvez os cinéfilos já estejam mesmo cansados desses filmes de super-heróis.

Adão Negro (Black Adam, Estados Unidos, 2022) Direção: Jaume Collet-Serra / Roteiro: Adam Sztykiel, Rory Haines / Elenco: Dwayne Johnson, Pierce Brosnan, Aldis Hodge, Noah Centineo / Sinopse: Um ser com 5 mil anos de existência retorna ao nosso mundo para recuperar uma antiga coroa, que dará poderes especiais para quem a ostentar. Essa peça milenar não pode cair nas mãos erradas.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de dezembro de 2022

Além das Profundezas

Título no Brasil: Além das Profundezas
Título Original: Breaking Surface
Ano de Lançamento: 2020
País: Suécia, Noruega, Bélgica
Estúdio: Way Feature Films
Direção: Joachim Hedén
Roteiro: Joachim Hedén
Elenco: Moa Gammel, Madeleine Martin, Trine Wiggen, Jitse Jonathan Buitink, Lena Hope, Remi Alashkar

Sinopse:
Duas irmãs, mergulhadoras profissionais, decidem fazer um mergulho em águas profundas na Costa da Suécia. Um lugar de águas geladíssimas, quase abaixo de zero. O problema é que, durante o mergulho, uma delas fica presa por uma grande rocha que caiu de um penhasco no litoral. Resta a outra irmã tentar salvar a sua vida, subindo rapidamente em busca de socorro, algo que vai ser difícil, pois a região é desabitada e está sob nevasca.

Comentários:
Gosto de afirmar que para um bom filme, basta apenas uma boa história. Some-se a isso um elenco afinado e pronto. Basta apenas ter esses elementos básicos. É o caso justamente desse filme sueco, de que gostei bastante. A história em si é simples e temos basicamente apenas uma situação limite. Uma das irmãs fica presa no fundo do oceano após uma enorme rocha cair em cima dela. A outra não tem forças para levantar aquela grande pedra. Ela sobe em busca de ajuda, mas isso não vai ser possível. Então ela decide mergulhar novamente com tanques de oxigênio para que a irmã não morra afogada no fundo do mar. E a coisa só vai piorando ao longo do tempo. O suspense é muito bem trabalhado e a história tem lances que grudam o espectador na tela. Além disso, as cenas de mergulho são muito bem realizadas. Tudo bem filmado, inclusive na cena mostrando as duas mergulhadoras em um ambiente de caverna. Quem conhece mergulho sabe que esse tipo de operação em cavernas submarinas é uma das coisas mais perigosas que existem. O filme também trabalha razoavelmente bem com a personalidade das duas irmãs. Uma delas é mais decidida e firme, enquanto a outra tem problemas emocionais, inclusive em relação à mãe. Enfim, é um filme que vale muito a pena. Eu deixo minha recomendação para mais um bom filme do cinema europeu.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de dezembro de 2022

Star Wars - Andor

A Disney segue com sua linha de produção de séries baseadas no universo criado por George Lucas. E olha que essa série até foi bem recebida nos Estados Unidos. A crítica especializada gostou e os fãs de Star Wars bateram palmas! O que, convenhamos, baseado nas últimas séries, não é algo muito corriqueiro de acontecer. Muitas dessas séries novas da Disney levaram pauladas por todos os lados. Mas essa aqui foi poupada. A história se passa no mesmo contexto do filme "Rogue One: Uma História Star Wars". Produção que também foi muito elogiada, sendo considerada excelente pelos fãs. Isso talvez explique a sua boa receptividade. Ainda é cedo para que eu expresse minha opinião definitiva sobre o que achei da série, pois só assisti a um episódio até o momento, mas vou deixar abaixo minhas impressões iniciais. 

O primeiro episódio não é particularmente empolgante. O protagonista vai até um planeta distante em busca de informações sobre sua irmã desaparecida. Ao que tudo indica, ela esteve envolvida com forças rebeldes e isso atrai a atenção do Império. Ele tenta escapar, mas a verdade é que a morte de dois operários que trabalhavam para as forças imperiais despertam muita atenção e levam um xerife local a ir atrás e investigar a morte desses homens. Mesmo tendo sido aconselhado a não fazer. Se há uma coisa para se elogiar neste primeiro episódio, é a sobriedade. Não tem nada de infantil, parece que a série vai adotar um tom mais realista e adulto. Vamos aguardar.

Star Wars - Andor (Andor, Estados Unidos, 2022) Direção: Toby Haynes,Benjamin Caron / Roteiro: Tony Gilroy / Elenco: Diego Luna, Kyle Soller, Stellan Skarsgård / Sinopse: Em um universo dominado pelas forças do Império, grupos de rebeldes se organizam por todos os planetas para deter essa invasão violenta e sem sentido.


Star Wars Andor 1.02 - That Would Be Me
Eu estou sinceramente meio decepcionado com essa série. Muito badalada, com muita gente boa elogiando a série, dizendo que era melhor que foi produzido pela Disney com a marca Star Wars. Minha opinião difere principalmente se eu for tomar como parâmetro justamente esse episódio. Nada, absolutamente nada, de importante acontece aqui. É uma das coisas mais entediantes que já vi na minha vida. Prefiro muito mais ver o mandaloriano viajando pelo espaço com baby Yoda. Tem muito mais graça e magia. Por outro lado, isso aqui só me soou como algo muito entediante. / Star Wars Andor 1.02 - That Would Be Me (Estados Unidos, 2022) Direção: Toby Haynes.

Pablo Aluísio.

O Gabinete de Curiosidades

Nova série de terror assinada pelo cineasta Guillermo Del Toro. E aqui temos o primeiro diferencial em relação a outras séries do gênero. Como todos sabemos, esse diretor prioriza muito a direção de arte. E capricha nesse aspecto em suas produções. Então espere por figurinos bem elaborados, criaturas bem estranhas e tudo o mais que os fãs já conhecem bem. A série não terá uma história que siga de episódio em episódio. Na realidade, os episódios trazem histórias independentes entre si. Então você pode assistir um episódio e depois de um tempo, assistir outro, sem maiores problemas. Não há continuidade narrativa. Um aspecto curioso é que a série traz de volta um estilo que foi muito popular no passado, tanto na televisão e até mesmo no cinema. Eu cheguei até mesmo a assistir um filme com Vincent Price que seguia esse modelo. Eram 3 histórias independentes. 

No primeiro episódio, temos um daqueles depósitos onde as pessoas guardam objetos e coisas pessoais. Na lei americana, se esses depósitos ficarem abandonados por um certo período de tempo, o dono do local onde as coisas são depositadas pode vender tudo em leilões. E um homem endividado, acaba arrematando um lote desses. Para seu azar, acaba comprando objetos amaldiçoados. Coisas que eram usadas em rituais de magia negra. É Claro que aí está o mote para esse episódio em si. Com uma mesa usada em magia negra e livros antigos que evocavam demônios, a coisa toda só poderia dar muito errado. O caos impera e o espectador se diverte.

O Gabinete de Curiosidades de Guillermo Del Toro (Guillermo del Toro's Cabinet of Curiosities, Estados Unidos, 2022) Direção: Ana Lily Amirpour, Panos Cosmatos / Roteiro: Guillermo del Toro / Elenco: Lize Johnston, Kevin Keppy, F. Murray Abraham / Sinopse: Série de terror e suspense produzida e roteirizada pelo diretor Guillermo Del Toro. A zérie traz episódios com histórias macabras.

Pablo Aluísio.


O Gabinete de Curiosidades - Episódios Comentados:

O Gabinete de Curiosidades 1.02 - Graveyard Rats
Excelente e repelente episódio sobre um sujeito asqueroso dado a roubar os cadáveres e os caixões do cemitério onde ele mesmo trabalha. Um verdadeiro rato de cemitério. As coisas se complicam quando um militar, cheio de medalhas e uma espada valiosa é enterrado. E ele, obviamente, fica de olho, pensando em roubar os objetos. Mas durante a madrugada, ao tentar roubar o caixão, descobre que ratos enormes levaram o corpo para um buraco que parece não ter fim. E esse sujeito é tão absurdamente canalha que ele vai atrás, entrando no buraco com tudo. Episódio, que mistura surrealismo com muito humor negro. O resultado é excelente, tanto para quem gosta de horror como para quem quer dar algumas risadas nervosas. Claro, feito com muita coisa horrorosa. Em cenas realmente grotescamente divertidas. / O Gabinete de Curiosidades 1.02 - Graveyard Rats (Estados Unidos, 2022) Direção: Vincenzo Natali / Elenco: David Hewlett, Alexander Eling, Ish Morris.

O Gabinete de Curiosidades 1.03 - The Autopsy
Esse episódio é um dos mais bizarros da série. Pense em uma raça de extraterrestres que tenta dominar o planeta Terra. Que possuem corpos como os nossos, e são parasitas obrigatórios de outros seres. E assim tentam se espalhar dentro da sua sociedade. E isso tudo ocorre depois da queda de um meteoro. O excelente ator F. Murray Abraham interpreta o legista que vai lidar com um desses corpos que tem um dos extraterrestres parasitando o seu organismo. E tudo isso acaba desandando em um banho de sangue e gosma. Como não se via desde os clássicos filmes trash dos anos 50. O saldo final é um misto de nostalgia e riso incontido de um humor negro peculiar. / O Gabinete de Curiosidades 1.03 - The Autopsy (Estados Unidos, 2022) Direção: David Prior.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

James Stewart e o Western - Parte 1

James Stewart foi a prova que o homem comum também poderia se tornar um astro em Hollywood. Ele não tinha a altura e a beleza de um Rock Hudson, nem a coragem de um John Wayne, mesmo assim brilhou nas telas e teve uma filmografia tão ou mais rica do que esses dois mitos da era de ouro do cinema americano. Na verdade Stewart era um sujeito bem simples, comum, interiorano, que teve a rara sorte de trabalhar com alguns dos melhores cineastas de todos os tempos em filmes clássicos que jamais serão esquecidos. Provavelmente o diretor que o tornou imortal foi Frank Capra. Quando Stewart chegou em Hollywood, vindo do interior, sendo filho de um dono de lojas de ferragens, ele não encontrou as portas dos estúdios abertas para ele.

Na verdade Stewart amargou um bom tempo como figurante e depois como coadjuvante em filmes de pouca expressão. Sua sorte mudou quando Capra viu nele justamente aquela que era sua maior marca registrada: o jeito e a imagem do homem comum, do trabalhador operário de bom coração. Eram os tempos da grande depressão, a economia americana estava arruinada, com muito desemprego e pobreza. Para o otimista Capra a única forma de levantar a nação era levantando sua autoestima, sua moral. Por isso ele resolveu filmar uma série de roteiros que traziam mensagens positivas ao povo americano, sempre levando seu ânimo, trazendo uma carga única de esperança. Para interpretar seus protagonistas Capra não poderia ter encontrado ator mais ideal. Assim James Stewart começou a virar um astro com "Do Mundo Nada se Leva", uma verdadeira ode ao pensamento positivo. Depois vieram mais clássicos absolutos como "A Felicidade Não Se Compra" e "A Mulher Faz o Homem". Todos esses filmes são verdadeiras obras primas do cinema.

Em busca da mesma empatia outros mestres do cinema resolveram escalar James Stewart em seus filmes, especialmente o mestre do suspense Alfred Hitchcock. Sempre que surgia o personagem do cidadão comum, honesto e trabalhador, que se via numa situação excepcional, o velho Hitch telefonava ao ator sabendo se ele estava disponível. "Festim Diabólico", "Janela Indiscreta" (talvez a grande obra prima ao lado de Hitchcock), "O Homem que Sabia Demais" e "Um Corpo que Cai" são obras primas que por si só já valeriam a imortalidade de Stewart na sétima arte. Isso porém foi apenas uma parte de sua carreira, quando interpretava tipos urbanos em tramas de suspense que até hoje seguem insuperáveis.

Por fim, como se já não bastasse realizar tantos clássicos ao lado de Capra e Hitchcock, James Stewart também brilhou no mais americano de todos os gêneros cinematográficos: o Western. Ele foi um dos mais regulares atores do estilo, participando de inúmeras produções com destaque para os filmes que rodou ao lado de John Ford e Anthony Mann. Com esse último tinha uma relação de amizade e ódio. De todos os diretores com quem trabalhou foi o que mais gostou de atuar, segundo suas próprias palavras. Certamente ao lado de Mann ele não chegou ao ponto de estrelar filmes tão importantes como "O Homem que Matou o Facínora" (considerado um dos dez melhores faroestes de todos os tempos), mas rodou produções que ficaram na memória como "Winchester 73" e "Um Certo Capitão Lockhart". Foi realmente uma dupla inesquecível. Embora tenha concorrido por cinco vezes ao Oscar só foi premiado uma única vez, por "Núpcias do Escândalo". James Stewart faleceu em 1997 deixando uma filmografia realmente inigualável. Provavelmente tenha sido o ator que mais participou de obras primas do cinema ao longo da história. Nesse quesito ele realmente foi único. Nada mal para alguém que se dizia ser apenas um homem comum, com bons sentimentos.

Pablo Aluísio.