Rock Hudson não fez muitos filmes de western ao longo de sua carreira. Se formos analisar bem sua filmografia logo perceberemos que ele sempre foi um ator de dramas e depois de comédias românticas, como os grandes sucessos de bilheteria que filmou ao lado da atriz e cantora Doris Day. Isso porém não significa que não foi para o velho oeste nas telas. Claro que fez filmes no estilo, ainda mais na época em que os filmes de faroeste eram extremamente populares. Aqui ele volta à boa forma. Na trama um tenente do exército americano chamado Lance Caldwelll (Rock Hudson) chega em distante forte militar situado nos pântanos da Flórida. Sua guarnição tem a missão de pacificar o local, destruindo e capturando um bando de índios renegados da tribo Seminole liderados pelo rebelde chefe conhecido como Osceola (Anthony Quinn).
O argumento do filme é baseado em fatos reais. A tribo Seminole realmente lutou contra o exército americano na Flórida. O grande chefe Osceola também é um personagem real. Já o tenente Lance Cadwell (Rock Hudson) é totalmente fictício. O desfecho do filme também não condiz com a realidade dos fatos. O chefe Osceola não morreu conforme vemos na tela. Apesar disso e do fato de existir outros erros históricos no roteiro, não há como negar que "Seminole" é um western muito bom. Seus méritos surgem logo no começo do filme com uma curiosa inversão de valores - algo realmente raro na década de 1950. Aqui os índios não são vilões carniceiros e nem os soldados americanos são heróis virtuosos. Pelo contrário, o que vemos no roteiro é uma civilização tentando manter seus hábitos e costumes, seu estilo de vida, em vista da invasão do homem branco. Já era um sinal de mudança dos filmes retratando esse período histórico dos Estados Unidos. A mentalidade começava a mudar, mesmo que aos poucos.
Outra questão importante: o mais alto oficial americano na estória é simplesmente um sujeito antipático, que toma as decisões erradas. Em um grande trabalho de caracterização, o ator Richard Carlson compõe um major totalmente fora de controle, megalomaníaco e até mesmo psicótico em certos momentos. Assistindo ao filme, vendo as tropas atoladas no pântano da Flórida, me lembrei daquela frase que diz: "Não existe situação mais grave do que a de ser comandado por um idiota". É isso o que vemos aqui - uma tropa liderada por um completo inepto. Outro aspecto curioso do filme é o fato dele se passar na Flórida, no meio pantanoso, bem diferente dos faroestes que estamos acostumados a assistir, em longas planícies do deserto no oeste selvagem. Enfim, gostei bastante de "Seminole", um filme com pequenos erros históricos certamente, mas socialmente muito consciente. Um parente distante de produções como "Dança com Lobos" onde a questão do nativo americano foi tratada com respeito e seriedade.
Seminole (Seminole, Estados Unidos, 1953) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles K. Peck Jr. / Elenco: Rock Hudson, Anthony Quinn, Richard Carlson, Barbara Hale / Sinopse: Um tenente do exército americano é enviado para um forte localizado na Flórida. A região é constantemente fonte de tensão pois os nativos americanos não aceitam a presença do homem branco em suas terras ancestrais.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 8 de novembro de 2022
O Justiceiro Mascarado
Na fronteira entre um reserva indígena e o território do homem branco, se instala um clima de tensão, com acusações de ambas as partes de violação do tratado que foi assinado entre os Apaches e o governo americano. Os índios acusam os brancos de invadirem suas terras sagradas e os brancos acusam os indígenas de roubo de gado e cavalos. No centro da briga se encontra uma montanha sagrada para a nação Apache. O que poucos sabem é que na realidade a região é um grande depósito de prata, o que obviamente desperta cobiça e inveja nos bandidos da região. Para evitar o iminente conflito entre as partes e manter a paz, surge um desconhecido cavaleiro errante mascarado, cavalgando nas montanhas conhecido apenas como “Lone Ranger”. Ele tentará de todas as formas desmascarar os interesses daqueles que desejam a guerra entre brancos e índios, com o claro propósito de se apoderar da prata pertencente às terras da reserva indígena. Ao lado de seu cavalo Silver e seu assistente nativo conhecido como Tonto, o Lone Ranger vem para trazer justiça e paz ao velho oeste.
Ótimo western que trouxe para as telas de cinema as aventuras desse personagem tão carismático do faroeste em sua era de ouro. Originalmente conhecido como Lone Ranger, ele no Brasil também recebeu o nome de Zorro ou "Zorro Americano", para não ser confundido com o "Zorro Espanhol", de capa e espada, que aliás era o verdadeiro Zorro. Esse Zorro Made in USA também tinha suas características pessoais como as balas de prata, o figurino azul e branco e o famoso grito “Hi-Yo Silver” – que marcou muito o Lone Ranger, ou Cavaleiro Solitário. Esse foi seu primeiro grande filme de sucesso, fruto da imensa popularidade da série de TV que ficou no ar praticamente uma década, com imenso sucesso de audiência. Para se ter uma idéia da popularidade desse personagem basta dizer que ao total foram realizados 23 filmes com ele ao longo de todos aqueles anos. Ele também virou revistas em quadrinhos e deu origem a uma bem sucedida linha de brinquedos, roupas, etc. A garotada realmente amava esse personagem, que era de certa forma um "super-herói" que atuava no velho oeste americano.
Nesse western de 1956 é interessante destacar seu roteiro bem trabalhado. Principalmente se formos levar em conta que esse filme era uma produção direcionada para o público infanto-juvenil. Outro ponto de destaque era a excelente presença do astro Clayton Moore que além de galã e herói, se revelava também bom ator, como bem prova quando interpreta “o mineiro”, um dos disfarces que o Lone Ranger usa para se infiltrar e obter informações com o inimigo. Enfim, não deixe de assistir pois é um dos filmes mais deliciosamente nostálgicos já feitos.
O Justiceiro Mascarado / Zorro e o Ouro do Cacique (The Lone Ranger, Estados Unidos, 1956) Direção: Stuart Heisler / Roteiro: Herb Meadow / Elenco: Clayton Moore, Jay Silverheels, Lyle Bettger / Sinopse: O misterioso cowboy Lone Ranger (Clayton Moore) ao lado do parceiro e amigo Tonto, tentam evitar uma guerra entre brancos e índios na fronteira de uma reserva indígena da nação Apache.
Pablo Aluísio.
Ótimo western que trouxe para as telas de cinema as aventuras desse personagem tão carismático do faroeste em sua era de ouro. Originalmente conhecido como Lone Ranger, ele no Brasil também recebeu o nome de Zorro ou "Zorro Americano", para não ser confundido com o "Zorro Espanhol", de capa e espada, que aliás era o verdadeiro Zorro. Esse Zorro Made in USA também tinha suas características pessoais como as balas de prata, o figurino azul e branco e o famoso grito “Hi-Yo Silver” – que marcou muito o Lone Ranger, ou Cavaleiro Solitário. Esse foi seu primeiro grande filme de sucesso, fruto da imensa popularidade da série de TV que ficou no ar praticamente uma década, com imenso sucesso de audiência. Para se ter uma idéia da popularidade desse personagem basta dizer que ao total foram realizados 23 filmes com ele ao longo de todos aqueles anos. Ele também virou revistas em quadrinhos e deu origem a uma bem sucedida linha de brinquedos, roupas, etc. A garotada realmente amava esse personagem, que era de certa forma um "super-herói" que atuava no velho oeste americano.
Nesse western de 1956 é interessante destacar seu roteiro bem trabalhado. Principalmente se formos levar em conta que esse filme era uma produção direcionada para o público infanto-juvenil. Outro ponto de destaque era a excelente presença do astro Clayton Moore que além de galã e herói, se revelava também bom ator, como bem prova quando interpreta “o mineiro”, um dos disfarces que o Lone Ranger usa para se infiltrar e obter informações com o inimigo. Enfim, não deixe de assistir pois é um dos filmes mais deliciosamente nostálgicos já feitos.
O Justiceiro Mascarado / Zorro e o Ouro do Cacique (The Lone Ranger, Estados Unidos, 1956) Direção: Stuart Heisler / Roteiro: Herb Meadow / Elenco: Clayton Moore, Jay Silverheels, Lyle Bettger / Sinopse: O misterioso cowboy Lone Ranger (Clayton Moore) ao lado do parceiro e amigo Tonto, tentam evitar uma guerra entre brancos e índios na fronteira de uma reserva indígena da nação Apache.
Pablo Aluísio.
Caçada Brutal
Título Original: Children of the Dust
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: The Königsberg Company
Direção: David Greene
Roteiro: Clancy Carlile
Elenco: Sidney Poitier, Michael Moriarty, Joanna Going, Hart Bochner, Regina Taylor, Shirley Knight
Sinopse:
Gypsy Smith (Sidney Poitier) é um pistoleiro e um caçador de recompensas. Ele se alia ao Exército dos Estados Unidos em um acampamento Cheyenne para capturar um suspeito renegado, um homem violento e perigoso, procurado vivo ou morto pela lei, dando origem a muitos problemas naquela região de fronteira.
Comentários:
Originalmente esse faroeste foi lançado como minissérie na TV dos Estados Unidos. Depois de um sucesso relativo de público e crítica, acabou sendo lançado em VHS no Brasil. Em termos gerais é bem convencional. Porém, não podemos desmerecer e nem diminuir a importância de se ter um ator como Sidney Poitier no elenco. Esse foi um dos grandes nomes da cultura e das artes de seu tempo. Principalmente da arte cinematográfica. Ele é a principal razão para se conhecer esse filme. Entretanto procure pela versão original, ignore a editada que foi lançada no Brasil. Essa edição feita para o Brasil prejudicou o desenvolvimento da história, deixando tudo meio truncado. A história não flui adequadamente, por isso, a versão que foi lançada em nosso país deve ser deixado de lado. De qualquer maneira deixarei a recomendação, muito em razão da presença de Sidney Poitier.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 7 de novembro de 2022
A História de Rock Hudson - Parte 13
Por volta da segunda metade da década de 60 o cinema americano começou a mudar. A contracultura, a geração hippie e os novos valores mudaram completamente os paradigmas que tinham sido a base da indústria do cinema por décadas. De repente o público passou a exigir uma nova postura dos roteiros e dos próprios atores em si. Galãs como Rock Hudson, que mais pareciam príncipes encantados montados em cavalos brancos, começaram a sair de moda.
O público agora estava começando a prestar a atenção em uma nova geração de atores que representavam homens comuns, com todos os problemas inerentes ao dia a dia, ao cotidiano. Novos astros surgiam como Al Pacino, Robert De Niro e Dustin Hoffman. Nenhum deles era exemplo de beleza masculina e nem lembravam em nada os antigos galãs ao velho estilo como Rock Hudson. O ator percebeu o que estava acontecendo ao seu redor. Aos mais próximos comentava estar surpreso ao ver o sucesso dessa nova geração que surgia chegando ao ponto de chamar todos eles de "monstrinhos" pois não eram nenhum exemplo de boa imagem - Pacino, por exemplo, mais parecia um pasteleiro de Nova Iorque.
De uma forma ou outra o cinema havia mudado e Rock não fazia mais parte dessa nova revolução no modo de atuar e interpretar. Suas últimas comédias românticas não faziam mais sucesso e seu contrato com a Universal chegou ao fim. Rock nasceu dentro do estúdio, foi lapidado e criado dentro dos corredores da grande empresa mas agora a Universal ja não tinha mais interesse nele como profissional. De repente Rock se viu na condição de free lancer, algo que lhe apavorava pois sempre contou com a infraestrutura de seu estúdio para resolver tudo. Com as malas na mão o antigo astro de repente se viu sem ter para onde ir. Nesse momento crucial de sua carreira ele finalmente resolveu mudar de agente. Despediu Henry Wilson, seu empresário desde os primeiros filmes, e partiu para outra.
Outro problema é que apesar de toda a discrição em sua vida pessoal os boatos de que era gay começavam a ficar mais fortes. Um dos mais persistentes afirmava que ele havia se casado com um apresentador de TV famoso. No meio de tantos problemas Rock acabou sendo salvo pela televisão. Sem espaço no cinema ele acabou indo para a série "McMillian e Esposa" que logo se tornou um grande sucesso de audiência. Rock aproveitou o que tinha ao alcance da mão mas odiava com todas as forças o novo meio onde trabalhava. De fato apenas depois quando começou a ir para o teatro é que readquiriu o gosto por seu trabalho. O mundo havia mudado e para sobreviver é preciso mudar, evoluir, uma lição que Rock Hudson aprendeu do jeito mais duro.
Pablo Aluísio.
O público agora estava começando a prestar a atenção em uma nova geração de atores que representavam homens comuns, com todos os problemas inerentes ao dia a dia, ao cotidiano. Novos astros surgiam como Al Pacino, Robert De Niro e Dustin Hoffman. Nenhum deles era exemplo de beleza masculina e nem lembravam em nada os antigos galãs ao velho estilo como Rock Hudson. O ator percebeu o que estava acontecendo ao seu redor. Aos mais próximos comentava estar surpreso ao ver o sucesso dessa nova geração que surgia chegando ao ponto de chamar todos eles de "monstrinhos" pois não eram nenhum exemplo de boa imagem - Pacino, por exemplo, mais parecia um pasteleiro de Nova Iorque.
De uma forma ou outra o cinema havia mudado e Rock não fazia mais parte dessa nova revolução no modo de atuar e interpretar. Suas últimas comédias românticas não faziam mais sucesso e seu contrato com a Universal chegou ao fim. Rock nasceu dentro do estúdio, foi lapidado e criado dentro dos corredores da grande empresa mas agora a Universal ja não tinha mais interesse nele como profissional. De repente Rock se viu na condição de free lancer, algo que lhe apavorava pois sempre contou com a infraestrutura de seu estúdio para resolver tudo. Com as malas na mão o antigo astro de repente se viu sem ter para onde ir. Nesse momento crucial de sua carreira ele finalmente resolveu mudar de agente. Despediu Henry Wilson, seu empresário desde os primeiros filmes, e partiu para outra.
Outro problema é que apesar de toda a discrição em sua vida pessoal os boatos de que era gay começavam a ficar mais fortes. Um dos mais persistentes afirmava que ele havia se casado com um apresentador de TV famoso. No meio de tantos problemas Rock acabou sendo salvo pela televisão. Sem espaço no cinema ele acabou indo para a série "McMillian e Esposa" que logo se tornou um grande sucesso de audiência. Rock aproveitou o que tinha ao alcance da mão mas odiava com todas as forças o novo meio onde trabalhava. De fato apenas depois quando começou a ir para o teatro é que readquiriu o gosto por seu trabalho. O mundo havia mudado e para sobreviver é preciso mudar, evoluir, uma lição que Rock Hudson aprendeu do jeito mais duro.
Pablo Aluísio.
Cedo Demais para Amar
Título Original: Too Soon to Love
Ano de Lançamento: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Richard Rush
Roteiro: László Görög
Elenco: Jennifer West, Jack Nicholson, Richard Evans, Warren Parker, Jacqueline Schwab
Sinopse:
Amantes adolescentes solteiros recorrem a medidas desesperadas depois que seu encontro clandestino resulta em uma gravidez não planejada. E agora, como esses jovens vão lidar com uma questão tão complexa e delicada?
Comentários:
O filme foi lançado bem no começo da carreira do ator Jack Nicholson. Ele era basicamente um ator desconhecido, sem nenhuma relevância. Apesar de seu papel pequeno, ele até que se sai bem. O filme mostra a questão da gravidez indesejada na adolescência e das consequências que isso pode causar na vida de dois adolescentes. A questão sexual é amenizada, uma vez que o filme é de 1960. Ainda assim, temos questões importantes tratadas nesse roteiro. De modo em geral, é um reflexo daquela Juventude que era muito mais oprimida do que a que temos hoje. Entretanto, a questão da gravidez fora de hora ainda é um tema muito mais atual do que se pode pensar. Basta ver o alto índice de adolescentes que ficam grávidas. E acabam prejudicando o seu futuro. Não apenas no Brasil, mas nos Estados Unidos também. Enfim, um filme que se não é maravilhoso, pelo menos trata de um tema importante.
Pablo Aluísio.
domingo, 6 de novembro de 2022
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 29
Depois de muita discussão dentro do estúdio finalmente a Paramount Pictures resolveu contratar Marlon Brando para estrelar "O Poderoso Chefão". O cachê do ator foi estabelecido em 500 mil dólares, um valor irrisório para os padrões atuais, mas que seriam muito bem-vindos para Brando que na época estava em dificuldades financeiras. Seu nome estava envolvido em muitos processos, desde os que disputavam as guardas de seus filhos com ex-esposas, como os que lhe cobravam inúmeras dívidas de sua companhia cinematográfica que havia ido à falência. Levantar dinheiro rápido era algo extremamente necessário para o ator naquele momento.
Antes das filmagens começaram Brando resolveu fazer uma viagem até Omaha, sua antiga cidade, onde havia passado a infância. Fazia muitos anos que Brando tinha ido até aquele lugar e ele se encontrava nostálgico dos velhos tempos. Assim que chegou na cidade Brando foi até sua antiga casa, que ainda estava lá, em pé. Ficou alguns minutos em frente a ela, mas logo começou a lembrar que sua mãe havia sido uma alcoólatra e que seu pai fora um homem violento e abusivo com os próprios filhos. Isso deixou a visita com um sabor de triste melancolia. Brando deu meia volta, foi até uma lanchonete próxima onde tomou café e foi embora de Omaha para sempre. Ele havia percebido que não mais pertencia àquele lugar e que não tinha mais nada a fazer ali. Nunca mais voltaria a Omaha. Aquela visita de menos de duas horas havia sido o seu adeus definitivo às suas origens.
De volta a Nova Iorque, Brando foi para seu primeiro dia de filmagem. Ele foi apresentado formalmente pelo diretor Francis Ford Coppola para todo o elenco. Al Pacino, James Caan, todos eles estavam ali diante daquele que consideravam o maior ator vivo. Brando percebeu que havia uma certa reverência em torno de si e decidiu que aquele clima não seria muito bom para as filmagens, por isso tratou logo de se tornar amigo de todos, procurando não agir como alguém superior, mas sim como a um igual, um ator a mais no elenco. Para demonstrar sua humildade mandou o estúdio parar de enviar limusines luxuosas para lhe pegar em seu hotel. Um carro comum já era o bastante. A atitude de Brando pegou muito bem entre os demais atores e a equipe técnica. Na hora do almoço Brando procurava fazer suas refeições no refeitório do set, ao lado de técnicos, câmeras e quaisquer pessoas que estivesse trabalhando no filme. Ele não queria passar a imagem de um astro arrogante e vaidoso, cheio de si.
Ele logo percebeu que Coppola era um grande diretor. Ambos conseguiam trabalhar muito bem juntos. Eles tinham uma visão parecida sobre a máfia americana. Para eles a máfia era uma instituição tão americana como a Casa Branca ou o monumento à Lincoln. Em entrevistas após o lançamento do filme Brando explicou esse ponto de vista dizendo: "No fundo tudo são negócios. A máfia não quer criar algo pessoal com seus inimigos, não, nada disso, o que se precisa é apenas acertar algo que não está indo no caminho certo nesse mundo de negócios. A máfia é capitalista. Se alguém está colocando problemas em seus negócios deve ser tirado do meio do caminho. Nada pessoal, apenas negócios!". O filme acabou se tornando a maior bilheteria do ano. Um grande sucesso tanto de público, como de crítica. Brando sabia que seu nome estava sendo cogitado para o Oscar e preparou uma surpresinha para a Academia, caso viesse a vencer. Essa, porém é uma outra história...
Pablo Aluísio.
Antes das filmagens começaram Brando resolveu fazer uma viagem até Omaha, sua antiga cidade, onde havia passado a infância. Fazia muitos anos que Brando tinha ido até aquele lugar e ele se encontrava nostálgico dos velhos tempos. Assim que chegou na cidade Brando foi até sua antiga casa, que ainda estava lá, em pé. Ficou alguns minutos em frente a ela, mas logo começou a lembrar que sua mãe havia sido uma alcoólatra e que seu pai fora um homem violento e abusivo com os próprios filhos. Isso deixou a visita com um sabor de triste melancolia. Brando deu meia volta, foi até uma lanchonete próxima onde tomou café e foi embora de Omaha para sempre. Ele havia percebido que não mais pertencia àquele lugar e que não tinha mais nada a fazer ali. Nunca mais voltaria a Omaha. Aquela visita de menos de duas horas havia sido o seu adeus definitivo às suas origens.
De volta a Nova Iorque, Brando foi para seu primeiro dia de filmagem. Ele foi apresentado formalmente pelo diretor Francis Ford Coppola para todo o elenco. Al Pacino, James Caan, todos eles estavam ali diante daquele que consideravam o maior ator vivo. Brando percebeu que havia uma certa reverência em torno de si e decidiu que aquele clima não seria muito bom para as filmagens, por isso tratou logo de se tornar amigo de todos, procurando não agir como alguém superior, mas sim como a um igual, um ator a mais no elenco. Para demonstrar sua humildade mandou o estúdio parar de enviar limusines luxuosas para lhe pegar em seu hotel. Um carro comum já era o bastante. A atitude de Brando pegou muito bem entre os demais atores e a equipe técnica. Na hora do almoço Brando procurava fazer suas refeições no refeitório do set, ao lado de técnicos, câmeras e quaisquer pessoas que estivesse trabalhando no filme. Ele não queria passar a imagem de um astro arrogante e vaidoso, cheio de si.
Ele logo percebeu que Coppola era um grande diretor. Ambos conseguiam trabalhar muito bem juntos. Eles tinham uma visão parecida sobre a máfia americana. Para eles a máfia era uma instituição tão americana como a Casa Branca ou o monumento à Lincoln. Em entrevistas após o lançamento do filme Brando explicou esse ponto de vista dizendo: "No fundo tudo são negócios. A máfia não quer criar algo pessoal com seus inimigos, não, nada disso, o que se precisa é apenas acertar algo que não está indo no caminho certo nesse mundo de negócios. A máfia é capitalista. Se alguém está colocando problemas em seus negócios deve ser tirado do meio do caminho. Nada pessoal, apenas negócios!". O filme acabou se tornando a maior bilheteria do ano. Um grande sucesso tanto de público, como de crítica. Brando sabia que seu nome estava sendo cogitado para o Oscar e preparou uma surpresinha para a Academia, caso viesse a vencer. Essa, porém é uma outra história...
Pablo Aluísio.
sábado, 5 de novembro de 2022
They / Them - O Acampamento
Nesse filme, o ator Kevin Bacon interpreta o coordenador de um acampamento. Só que não é um acampamento comum. Na realidade, é um acampamento onde jovens homossexuais que estão insatisfeitos com sua vida tentam mudar sua forma de ver a vida. Mudar sua orientação sexual. É a tal da cura gay sob um verniz mais civilizado. Vamos colocar nesses termos. Acontece que, na realidade, aquele acampamento que parece ser algo até bucólico e ligado à natureza, na verdade, foi um lugar onde no passado, vários crimes foram cometidos. E os jovens LGBTs não parecem muito empenhados em mudar sua orientação sexual. Para azar deles, também há um serial killer envolvido. Ele anda pelas sombras da Floresta, e de vez em quando mata um dos membros do acampamento. Quem poderia ser esse assassino em série? A dúvida fica no ar até a última cena do filme, como era de se esperar de um roteiro como esse.
Esse terror tem pouca coisa original e tem muita coisa copiada do passado. O roteiro é uma mistura irregular. A parte original vem do fato de que os jovens são LGBTs, que estão em um acampamento de cura gay soft. O roteiro até se esforça para desenvolver a personalidade de alguns deles. Nada muito aprofundado, apenas algo para que o público se importe quando eles estiverem em perigo. Agora, o que é realmente uma imitação barata dos filmes de terror dos anos 80 é o tal assassino mascarado com a faca. Até a máscara parece uma imitação da máscara de hockey usada por Jason na linha de filmes "Sexta-feira 13". Fica aquela sensação de que você já assistiu esse filme antes e ele era bem melhor. Assim, o que temos é um terror de mediano para fraco que não inova em quase nada. Não acho que vá satisfazer o admirador habitual de filmes de terror.
They / Them - O Acampamento (They/Them, Estados Unidos, 2022) Direção: John Logan / Roteiro: John Logan / Elenco: Kevin Bacon, Theo Germaine, Anna Chlumsky / Sinopse: Um grupo de jovens homossexuais é enviado para um acampamento sob pressão dos pais. E acabam a mercê de um perigoso assassino serial que começa a matar quem encontra pela frente.
Pablo Aluísio.
Fuga da Morte
Um envelhecido ator Bruce Willis interpreta um velho policial aposentado que vai morar em uma casa no meio de uma reserva florestal. Ele quer paz e sossego para se recuperar da morte de sua esposa de longos anos. Só que os problemas parecem persegui lo aonde ele vai. Nas redondezas uma policial corrupta mata um traficante em uma jogada de corrupção. Ela tenta esconder o corpo do criminoso, mas é vista por uma mulher que ao acaso, fazia uma trilha ali. A saída passa a ser matar essa testemunha de qualquer jeito. E para isso, ela conta com outros policiais corruptos da pequena delegacia da região. Cabendo assim ao tira interpretado por Bruce Wills salvar esta testemunha ao mesmo tempo que buscará a punição desses tiras corruptos. Essa é a premissa básica desse novo filme do antigo astro de filmes de ação.
Mais um filme B sem orçamento e sem elenco coadjuvante conhecido. Foi feito às pressas para aproveitar o nome de Bruce Willis no cartaz. O ator, infelizmente, entrou nesse padrão de colocar seu nome para aluguel em fitas e produções cada vez mais baratas. Eu até criticava bastante ele por essa decisão na carreira. Isso até descobrir que ele sofre de uma doença grave. E que por isso, tenha aceitado qualquer tipo de trabalho que surja pela frente. Fica óbvio que ele está querendo fazer caixa para os anos que virão. Notei durante o filme que ele não está bem. Seu olhar muitas vezes fica perdido na cena. Ele não consegue falar diálogos curtos, mesmo os mais simples. É tudo fruto dessa doença que está sofrendo. O filme é fraquinho que dá pena. Mas, diante das circunstâncias do ator, temos que entender o que está se passando na realidade.
Fuga da Morte (Out of Death, Estados Unidos, 2021) Direção: Mike Burns / Roteiro: Bill Lawrence / Elenco: Bruce Willis, Jaime King, Lala Kent / Sinopse: Velho policial aposentado tenta salvar a vida de uma testemunha que viu uma transação de corrupção envolvendo uma policial e um traficante de drogas em uma reserva Florestal nos Estados Unidos.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 4 de novembro de 2022
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 11
"Terror no Texas" (Texas Terror) foi dirigido por Robert N. Bradbury, um cineasta que por essa época era o que mais trabalhava ao lado de John Wayne. Acontece que o ator estava sob contrato com a produtora cinematográfica Paul Malvern Productions, especializada em filmes de bang-bang produzidos para as matinês de sábado. Nesse "faroeste rápido" John Wayne voltava a interpretar um xerife chamado John Higgins. Ele se sentia culpado após a morte de uma amiga. E por isso resolvia entregar sua estrela de homem da lei. Só que precisava voltar à ativa após a irmã dessa mesma amiga ser ameaçada por bandoleiros.
Outro bom filme desse ano (estamos falando de 1935) é o western intitulado "Uma Trilha no Deserto" (The Desert Trail). John Wayne nessa produção interpretou um herói dos rodeios, um sujeito chamado John Scott. Ele deixa os festivais de montaria para ajudar um amigo, agora acusado injustamente de ter matado um homem. O roteiro (assinado por Lindsley Parsons) era na média das produções de matinê. Mais um filme feito a toque de caixa pela mesma Paul Malvern Productions, só que dessa vez com um novo diretor comandando tudo, Lewis D. Collins (aqui sendo creditado como Cullen Lewis, um pseudônimo).
Seu primeiro filme no ano de 1936 foi "A Difícil Vingança" (The Dawn Rider). Usando um figurino que lembrava muito Tom Mix, com aquele típico e enorme chapéu branco, Wayne voltava ao velho oeste. De fato, ele foi provavelmente um dos atores que mais trabalharam nesse gênero cinematográfico ao longo da história pois nessa época fazia filmes em ritmo industrial, um atrás do outro. Mal saía de um set de filmagens e já se apresentava no dia seguinte para mais um faroeste de matinê.
Pois bem, nesse filme um velho tema voltava à tela. O Duke, ainda bem jovem, interpretava um personagem chamado John Mason. Bom rapaz, rápido no gatilho, honesto e trabalhador, sentia a injustiça de ver se pai ser morto por malfeitores na rua da pequena cidade onde morava. Assim decidia realizar a justiça pelas próprias mãos. O tema da vingança envolvendo familiares era muito comum na época e perdurou por anos em filmes de western, sendo copiado à exaustão até mesmo por filmes italianos (o conhecido, amado e odiado, western spaghetti).
Pablo Aluísio.
Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 5
Randolph Scott voltou a trabalhar com o diretor Henry Hathaway no western "Maldade" (The Thundering Herd, Estados Unidos, 1933). O roteiro era novamente escrito por Zane Grey, que era tão popular entre os fãs de filmes de faroeste que seu nome conseguia até mesmo um grande destaque nos posters dos filmes que chegavam nos cinemas. O enredo não poderia ser mais referente às mitologias do velho oeste norte-americano.
Scott interpretava um caçador de búfalos chamado Tom Doan. Ele, ao lado de seus homens, caçava búfalos para lucrar com a venda de suas peles, que na época valiam pequenas fortunas. O trabalho, porém, era uma verdadeira luta de sobrevivência em terras hostis. Além dos ladrões de peles, sempre dispostos a matar os caçadores, havia ainda a presença perigosa de guerreiros das tribos locais. No elenco o filme ainda trazia a bela Judith Allen e Buster Crabbe, veterano em filmes de faroeste da época.
Para o próximo filme Randolph Scott resolveu aceitar um convite para algo completamente inédito em sua carreira, um filme de suspense e terror! "Anjo e Demônio" (Supernatural, Estados Unidos, 1933), com direção de Victor Halperin, tinha um roteiro estranho e em certos aspectos até bem sinistro, misturando fantasia e magia negra em um só pacote. A produção foi estrelada pela linda atriz Carole Lombard. Ela era naquele momento uma das grandes estrelas de Hollywood, uma beldade que estava sempre nas capas de revistas das principais publicações de cinema dos anos 30. Scott diria mais tarde que a oportunidade de contracenar com Lombard havia sido a principal razão para ele aceitar participar desse filme, já que o enredo nada tinha a ver com cavalos, cowboys, índios e duelos no velho oeste, algo que ele ia percebendo era definitivamente o seu negócio no mundo do cinema.
Scott interpretava um caçador de búfalos chamado Tom Doan. Ele, ao lado de seus homens, caçava búfalos para lucrar com a venda de suas peles, que na época valiam pequenas fortunas. O trabalho, porém, era uma verdadeira luta de sobrevivência em terras hostis. Além dos ladrões de peles, sempre dispostos a matar os caçadores, havia ainda a presença perigosa de guerreiros das tribos locais. No elenco o filme ainda trazia a bela Judith Allen e Buster Crabbe, veterano em filmes de faroeste da época.
Para o próximo filme Randolph Scott resolveu aceitar um convite para algo completamente inédito em sua carreira, um filme de suspense e terror! "Anjo e Demônio" (Supernatural, Estados Unidos, 1933), com direção de Victor Halperin, tinha um roteiro estranho e em certos aspectos até bem sinistro, misturando fantasia e magia negra em um só pacote. A produção foi estrelada pela linda atriz Carole Lombard. Ela era naquele momento uma das grandes estrelas de Hollywood, uma beldade que estava sempre nas capas de revistas das principais publicações de cinema dos anos 30. Scott diria mais tarde que a oportunidade de contracenar com Lombard havia sido a principal razão para ele aceitar participar desse filme, já que o enredo nada tinha a ver com cavalos, cowboys, índios e duelos no velho oeste, algo que ele ia percebendo era definitivamente o seu negócio no mundo do cinema.
O faroeste seguinte de Randolph Scott foi "Na Pista do Criminoso" (Sunset Pass, 1933). Ao lado dele no elenco estavam Tom Keene e Kathleen Burke. A direção era do excelente Henry Hathaway, cineasta que assinou grandes clássicos da história do cinema americano como "Bravura Indômita" (que daria o primeiro Oscar na carreira de John Wayne), "Sublime Devoção" e "A Conquista do Oeste", para muitos o filme de faroeste mais pretensioso da história pois queria esgotar o assunto da ida dos pioneiros para as vastas terras do velho oeste. Pois bem, como se pode ver o filme tinha o diretor certo. Acontece que por essa época, ainda na primeira metade dos anos 30, tanto Henry Hathaway como o próprio Randolph Scott eram ainda bem jovens, muito longe dos grandes clássicos em que iriam trabalhar no futuro.
Pablo Aluísio.
Pablo Aluísio.
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