segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Taverna Maldita

Título no Brasil: Taverna Maldita
Título Original: Pete Kelly's Blues
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Jack Webb
Roteiro: Richard L. Breen
Elenco:  Jack Webb, Peggy Lee, Janet Leigh, Edmond O'Brien, Lee Marvin, Ella Fitzgerald

Sinopse:
Durante a lei seca, o músico Pete Kelly (Jack Webb) lidera uma banda de jazz. Seus problemas começam quando um gângster chamado Fran McCarg (O'Brien) exige dele e dos demais membros de seu grupo musical um valor de 25 por cento do que ganham. Ou pagam ou terão que arcar com a violência dos criminosos. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Peggy Lee).

Comentários:
Muito bom esse clássico filme que mistura dois gêneros cinematográficas, o musical e o estilo das produções contando a história de gângsters. O personagem principal vive de sua música. Não é fácil. O dinheiro é pouco e as horas tocando são muitas. Até que aparece um criminoso que passa a chantagear todo o grupo. O jovem baterista se recusa a pagar e é morto. Os demais tentam sobreviver. Um dos destaques desse clássico vem da atuação da cantora Peggy Lee. Ela interpreta uma vocalista decadente e envelhecida que passa a ser usada pelos criminosos. Sua atuação é excelente, o que lhe valeu uma indicação ao Oscar. Sua melhor cena é aquela em que já aparece mergulhada na insanidade, com uma boneca de pano nos braços. Comovente. E por falar em cantoras, há dois números musicais com a diva Ella Fitzgerald, um dos grandes nomes da história do jazz dos Estados Unidos. Enfim, uma excelente mistura de música de boa qualidade com filmes policiais, envolvendo gângsters. Fica mais do que recomendado para os apreciadores de filmes clássicos de Hollywood.

Pablo Aluísio.

A Sangue Frio

Baseado no incrível livro homônimo de Truman Capote, o filme, conta a história verídica de um crime bárbaro ocorrido em Holcomb no Kansas no ano de 1959. Dois amigos - Perry Smith (Robert Blake) e Richard "Dick" Hickock (Scott Wilson) - encontram-se depois de vários anos em que estiveram presos. Juntos, os dois presidiários - que estão em liberdade condicional - saem a procura de uma fazenda onde existe um suposto cofre com muito dinheiro. Para isto os dois lunáticos terão que atravessar angustiantes 700 quilômetros dentro de uma carro para realizar o sonho macabro. O preto e branco lúgubre confere ao longa um ar depressivo, pesado e sorumbático. Os dois amigos carregam cicatrizes indeléveis, não só no corpo, mas principalmente na mente e na alma. A medida em que o filme se desenrola essas cicatrizes vão se abrindo e revelando o pior de cada um.

Os seus traumas, os seus complexos e uma imensa revolta - que no meio do filme parece maquiada - mas depois revela-se deletéria e monstruosa. Este rosário de complexos só vem por completo à tona, após o massacre - os detalhes do crime ninguém vê pois o diretor Richard Brooks não mostra. Brooks no entanto, deixa como surpresa um dos maiores epílogos de todos os tempos em se tratando de cinema americano. Mostrado em flashback o terço final rompe com um quase marasmo da primeira parte, mostrando, em detalhes, todo o massacre da família Clutter, ao mesmo tempo em que revela a verdadeira alma demoníaca de cada um dos assassinos. Uma sequencia que ascende numa espiral inorgânica e aterradora. O corte final revela-se uma encruzilhada de sentimentos que mistura: resignação, tristeza e perturbação. Desembocando numa excruciante e emocionante execução. Um filme realmente arrebatador e rigorosamente digno de um ótimo diretor. Filmaço. Nota 10. 

A Sangue Frio (In Cold Blood, Estados Unidos, 1967) Direção de Richard Brooks / Elenco: Robert Blake, Scott Wilson, John Forsythe / Sinopse: A Sangue Frio é inspirado na história verdadeira e terrível de um crime sem piedade cometido por dois ex presidiários que vagam à deriva pelo meio oeste americano. Baseado no romance best-seller de Truman Capote.

Telmo Vilela Jr.

domingo, 4 de setembro de 2022

Samaritano

Esse novo filme de Sylvester Stallone percorreu um caminho interessante. Ele foi inicialmente produzido para ser lançado no cinema. Só que a MGM foi comprada por uma plataforma de streaming. E assim os novos produtores decidiram que o filme não seria lançado mais em circuito comercial nos cinemas, e sim na própria plataforma de filmes da empresa. Dessa maneira, o filme chega para os fãs de Stallone, que ainda se mantém em forma. O filme foi criticado por certos setores da imprensa especializada, mas eu acredito que são críticas injustas. Dentro de sua modestas pretensões, o filme funciona até que muito bem. Além disso, é bom que Stallone esteja no seu tipo habitual, o tipo de personagem em que ele se sai melhor. 

Ele interpreta um sujeito comum, que vai levando uma vida simples. Trabalha como lixeiro na suja cidade onde vive. Um lugar degradado pelo caos urbano. Até que um garoto que é louco por super heróis o descobre. O menino acredita que ele é um herói chamado Samaritano que há muitos anos está desaparecido. Supõe-se que ele morreu numa feroz luta contra seu inimigo. Mas será mesmo que isso teria algum fundo de verdade? Esse aqui é um filme que eu diria é que é sobretudo eficiente. Não é uma produção de encher os olhos, isso é certo. Entretanto, conta muito bem sua história. Samaritano é um filme que, mesmo com produção modesta, se revela muito mais interessante do que muita porcaria por aí que está sendo lançado atualmente pela Marvel. Também notei que há uma certa dose de nostalgia neste roteiro, lembrando até mesmo os filmes de Stallone de antigamente. Assim eu digo que é um filme que vai agradar aos velhos fãs do ator. Por meios tortuosos, ele acabou acertando mais uma vez.

Samaritano (Samaritan, Estados Unidos, 2022) Direção: Julius Avery / Roteiro: Bragi F. Schut / Elenco: Sylvester Stallone, Javon 'Wanna' Walton, Pilou Asbæk / Sinopse: Garoto de uma região periférica e pobre de uma grande cidade, passa a acreditar que seu vizinho, que trabalha como lixeiro, na verdade é um super-herói há muito tempo desaparecido. 

Pablo Aluísio.

O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder

Depois de duas trilogias para o cinema, O Senhor dos Anéis, migra para os serviços de streaming. A boa notícia é que essa nova série parece ser bem promissora. Temos aqui uma adaptação sui generis. A história que a série conta foi apenas mencionada de relance pelo autor J. R. R. Tolkien no livro original, O Senhor dos Anéis. Tudo se passa na chamada segunda era. Os povos da realidade da Terra média estão se formando. E o mundo deles está em perigo por causa de uma ameaça sombria. Nessa fase da história, nem o anel do poder ainda existe. Ele vai ser criado justamente durante os eventos desenvolvidos pelo roteiro. De maneira geral, eu gostei bastante do resultado. 

A produção é caríssima em se tratando de séries. Para se ter uma ideia, cada episódio está custando em média, 60 milhões de dólares. Uma aposta alta! E todo esse dinheiro investido se vê na tela. Tudo é muito bem caprichado e muito bem-produzido. Não deixa a desejar em nada, principalmente se formos comparar com os filmes feitos para o cinema. Além do mais, a ideia de expandir o universo de Tolkien em uma série é mais do que bem-vinda. Algo que acontece também com Star Wars de George Lucas. Esse rico universo de fantasia e imaginação deve ser levado em frente mesmo. Alguns puristas reclamaram, mas eu não teria nada a dizer contra. Eu gostei de praticamente tudo. Estou bem animado para acompanhar a série.

O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder (The Lord of the Rings: The Rings of Power, Estados Unidos, 2022) Direção: Wayne Yip, J.A. Bayona / Elenco: Morfydd Clark, Lenny Henry, Markella Kavenagh / Sinopse: Após uma longa guerra contra as forças do mal que durou séculos, a guerreira Galadriel está decidida a vingar a morte do seu irmão. Ela quer encontrar um maligno feiticeiro responsável por sua morte no campo de Batalha. 

Pablo Aluísio.



Guia de Episódios: O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder 

O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder 1.02 - Adrift
Um mestre elfo decide construir uma grande torre em suas terras. Só que tal projeto grandioso só seria possível com a ajuda dos anões. Eles vivem em uma grande Montanha e não são muito sociáveis. Só que esse mestre elfo quer ajuda e conhece o rei desse povo. A amizade, que começou no passado, tomou um rumo tumultuado, mas ele vai pagar o preço e tentar a reaproximação. Participa de uma competição de quebra de grandes pedras. Quem vencer vai levar tudo. O rei anão, como era de se esperar, ganha a competição. Mas acaba dando o braço a torcer e estende a mão para o seu velho amigo. Assim, eles poderiam recomeçar uma velha amizade e, quem sabe, os anõe poderiam participar da construção dessa grande torre. E qual seria o futuro dessa construção? Bom, se você conhece a obra O Senhor dos Anéis já deve ter uma ideia em mente. Bom episódio que continua muito interessante. Essa série é uma das melhores coisas que já lançaram nos últimos tempos. E mantém a chama da paixão pelo Senhor dos Anéis, sempre acesa. / O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder 1.02 - Adrift (Estados Unidos, 2022) Direção: J.A. Bayona / Elenco: Morfydd Clark, Markella Kavenagh, Daniel Weyman.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de setembro de 2022

Elvis Presley - Love Me Tender / Anyway You Want Me

Elvis encerrou sua participação com chave de ouro em “Love Me Tender” com o lançamento desse single que rapidamente foi para a primeira posição da Billboard. Era o coroamento de um projeto que havia dado muito certo em todos os setores de mercado, na parada musical e nas bilheterias de cinema. Havia um compacto duplo com a trilha sonora vendendo muito bem, um filme fazendo bonito nas bilheterias e muita repercussão na mídia. O single também virou um êxito pois afinal era bem mais barato e em conta do que o compacto duplo (que custava o dobro, obviamente). Por essa época Elvis estava em todos os lugares, no cinema, na TV, nas revistas, nos jornais. Esse foi um dos momentos de maior popularidade de sua carreira. Não é para menos, poucos meses depois de ter assinado com a RCA Victor, Elvis já havia se tornado um fenômeno popular. Os executivos da gravadora estavam gratificados por seu sucesso. Nenhum outro nome naquele momento trazia mais lucro para a multinacional do que ele. E para surpresa de muitos, Elvis era, naquele momento, com apenas 21 anos de idade, o cantor mais popular do mundo!

O clássico romântico "Love Me Tender" foi usado como música tema de seu primeiro filme em Hollywood. Era um western passado durante a guerra civil norte-americana. Elvis interpretava o jovem irmão de um soldado que havia sido dado como morto em combate. Com isso ele se casava com sua noiva. Só que ao contrário do que todos pensavam ele não estava morto, voltando para casa, encontrando essa situação no mínimo incômoda. A canção foi gravada nos estúdios da Fox. Elvis não foi nessa ocasião acompanhado de sua banda tradicional, mas sim de músicos contratados pela companhia cinematográfica, algo que faria pouca diferença, uma vez que em termos de arranjo ela era bem simples, acústica, praticamente voz e violão. A diferença só seria notada mesmo nas demais canções da trilha sonora, que tinham um sabor bem country and western, para combinar com a temática do filme, um faroeste ao velho estilo. 

Além do hit “Love Me Tender” o lado B trazia uma bem-vinda canção inédita para os fãs, a balada “Anyway You Want Me”. A música apostava no sentimento, com uma letra bem romântica e arranjo melódico. A guitarra chorosa de Scotty Moore acabou virando a marca registrada da canção sendo imitada depois em lançamentos de outros artistas. “Anyway You Want Me” havia sido gravada na mesma sessão de “Hound Dog” e “Don´t Be Cruel” e arquivada para ser lançada em um momento adequado. Nota-se inclusive até mesmo uma certa estafa na voz de Elvis. Também não poderia ser diferente, pois nessa mesma noite ele tinha trabalhado duro para chegar nas versões definitivas de "Don't Be Cruel" e "Hound Dog" (sendo que essa última teve mais de 30 takes gravados!).

Mesmo com pouco fôlego, Elvis registrou essa balada e deu por encerrada a sessão. Depois de ser lançada no single, a canção ainda voltaria ao mercado poucas semanas depois. Não contente, a RCA ainda a lançaria em mais um compacto duplo chamado justamente de “Anyway You Want Me” com várias reprises como "I'm Left You're Right She's Gone", "I Don't Care If The Sun Don't Shine" e "Mystery Train". Era a RCA seguindo o conselho do Coronel Parker de sempre faturar duas ou mais vezes com as mesmas músicas. A velha raposa definitivamente não brincava em serviço e fazia escola por onde passava. No saldo final o single “Love Me Tender” vendeu cinco milhões de cópias,  se tornando o segundo maior sucesso de Elvis naquele ano, ficando atrás apenas de “Hound Dog / Don´t Be Cruel". Nada mal para quem havia surgido no começo do ano apenas como uma promessa! No final das contas 1956 havia se tornado o grande ano de Elvis Presley.

Love Me Tender (Vera Matson - Elvis Presley) / (Elvis Presley Music, BMI) 2:41 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood / Elvis Presley (vocal e violão) / Vito Mumolo (guitarra) / Mike Rubin (baixo) / Richard Cornell (bateria) / Luther Rountree (banjo) / Dom Frontieri e Carl Fortina (acordeon) / Rad Robinson (vocal) / Jon Dodson (vocal) / Charles Prescott (vocal) / Arranjado por Ken Darby e Elvis Presley / Produzido por Ken Darby / Anyway You Want Me (A. Schroeder / C. Owens) / (Chappel & Co, Inc, Rachel's Own Music, ASCAP) 2:13 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Shorty Long (piano), Gordon Stoker (piano em "Hound Dog"), The Jordanaires (vocais de apoio) / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Produção: Steve Sholes / Data de lançamento: setembro de 1956/ Melhor posição alcançada nas paradas: EUA #1 e UK #11

Pablo Aluísio.

The Beatles - Love Me Do / P.S. I Love You

Este pode ser considerado o primeiro single da carreira dos Beatles. Eles já tinham participado como grupo de apoio em um single de Tony Sheridan, na Alemanha, em anos anteriores, mas esse single não pode ser creditado como um produto tipicamente dos Beatles. Já aqui, temos o grupo assumindo sua própria identidade. Eles eram uma das apostas da EMI para conquistar o mercado jovem. Algo novo, bancado por George Martin, um produtor da gravadora na época. Curiosamente, o lado A do disco, apesar de hoje ser mundialmente famoso, não fez muito sucesso. Foi preciso Brian Epstein comprar milhares de cópias do single para que a música surgisse na parada inglesa de compactos. Uma jogada do empresário, que também era dono de lojas de discos em Liverpool, e em outras cidades. Com o surgimento deles na parada, veio o interesse da imprensa e do público em geral. O que Brian havia planejado acabou dando certo. 

"Love Me Do" era uma canção simples, que havia sido composta inicialmente por Paul McCartney em seus tempos de escola. Curiosamente, a música apresentou problemas no estúdio. George Martin não gostou de Pete Best na bateria. Esse músico, então, foi demitido dos Beatles! Ele foi substituído por Ringo Starr, mas George Martin continuou não gostando da bateria. Assim, ele trouxe um músico de estúdio chamado Andy White. Ele que efetivamente toca na versão oficial que conhecemos do álbum. Ringo ficou desolado com isso.

No lado B o single trazia a música "P.S. I Love You", outra composição de Paul McCartney. Ela foi composta quando os Beatles estavam em Hamburgo, durante uma turnê, isso antes do grupo ser conhecido mundialmente. Naquela época, os Beatles não passavam de um grupo de rapazes com topete e brilhantina, usando roupas de couro, tocando pelos inferninhos desta cidade portuária da Alemanha. Trata-se de uma boa música que complementou muito bem esse trabalho pioneiro dos Beatles em sua discografia.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Clint Eastwood e o Western - Parte 2

Clint Eastwood não planejou sua carreira de ator como astro de filmes de western. As coisas simplesmente foram acontecendo. Em 1958 ele conseguiu um papel em um faroeste B chamado "Emboscada em Cimarron Pass" (Ambush at Cimarron Pass). Essa é uma produção bem difícil de se achar nos dias de hoje. É um filme pouco conhecido, obscuro, que poucos colecionadores possuem. Quase ninguém assistiu. Vale sobretudo por trazer Clint Eastwood ainda bem jovem, já no papel de cowboy, o tipo que iria consagrar sua carreira. Fora isso nada de muito relevante em termos cinematográficos.

Dirigido por Jodie Copelan, com Scott Brady e Margia Dean no elenco, o roteiro baseado em um livro escrito por Robert A. Reeds, contava uma história que se passava em 1867 no velho oeste americano. Clint interpretava um sujeito chamado Keith Williams. Ele era um homem que tentava sobreviver em um território distante, uma reserva Apache em guerra, onde soldados do exército americano, da União, literalmente caçavam ex-soldados confederados que tinham se tornado bandoleiros e assassinos. Anos depois Clint Eastwood não iria ser refinado ao se lembrar desse filme, dizendo que ele era "provavelmente o pior western que já existiu!". Sua opinião não incomodaria os produtores. Depois que Clint se tornou um astro de Hollywood, o estúdio resolveu relançar o filme nos cinemas, já durante a década de 60. Era impossível perder a chance de faturar alto com seu nome, afinal de contas era um faroeste com Clint Eastwood, que mesmo sendo ruim ainda poderia gerar um bom faturamento nas bilheterias.

Depois de atuar em um filme sobre a I Guerra Mundial chamado "Lutando Só Pela Glória", Clint conseguiu uma excelente oportunidade, mas não no cinema e sim na TV.  Ele foi contratado para atuar na série de grande sucesso de audiência "Maverick". O programa estava entre os mais assistidos do país e contava com o astro James Garner como o famoso jogador de cartas que se envolvia em inúmeras aventuras durante a corrida rumo ao oeste. Atores famosos como Roger Moore (que iria se tornar o futuro James Bond no cinema) também atuavam nessa série. A chance de atuar nesse programa de TV tinha sua importância, pois serviria como vitrine de seu trabalho. Clint Eastwood acabou atuando no episódio "Duel at Sundown" onde ele interpretava um vilão. Aqui Clint repetia o mesmo tipo de personagem durão, de poucas palavras, de procedência desconhecida e futuro incerto que iria se tornar imortal. O típico pistoleiro sem nome, que ele iria eternizar em seus futuros filmes.

É curioso que Clint nem estava muito longe de seu primeiro grande filme, "Por um Punhado de Dólares", mas ao mesmo tempo parecia meio desanimado com sua carreira de ator que parecia não decolar como ele planejava. Depois de atuar em mais uma série de TV, dessa vez sob o selo do mestre do suspense Alfred Hitchcock, no programa "Alfred Hitchcock Presents", ele resolveu dar um tempo para repensar sua vida. Durante 3 anos Clint pensou seriamente em abandonar o sonho de viver como ator de cinema. Ele planejou tentar outras carreiras, outras profissões. Começou a se interessar pelo ofício de dirigir ou escrever roteiros. Mal sabia ele que em breve iria conhecer um cineasta italiano que iria mudar sua vida para sempre.

Pablo Aluísio.

Quando os Abutres têm fome

Os Abutres Têm Fome foi um faroeste lançado em 1970, contando em seu elenco principal com os astros Clint Eastwood e Shirley MacLaine. Seus personagens passavam por todas as dificuldades no deserto mexicano. Ela interpretava uma freira que tentava levar a palavra de Cristo para uma região abandonada por Deus, repleta de bandidos, bandoleiros e mal feitores de todos os tipos. Ele interpretava um mercenário, um pistoleiro, que colocava seus dotes de exímio atirador para quem pagasse mais. 

A atriz  Shirley MacLaine não se deu bem durante as filmagens com o diretor Don Siegel, com quem teve várias brigas e atritos abertamente, na frente de toda a equipe técnica. Depois que as filmagens terminaram ela afirmou que nunca mais queria trabalhar novamente com esse cineasta. Ela sempre foi considerada uma profissional temperamental para se trabalhar e quando um diretor não fazia o que pedia, as coisas poderiam ficar bem tensas nos sets de filmagens.

Poucos percebem isso nos dias de hoje, mas Shirley MacLaine interpreta a protagonista do filme e não Clint Eastwood que surge como apenas coadjuvante dentro do roteiro. Esse foi o último filme da carreira de Clint onde ele atuou como mero coadjuvante, recebendo inclusive um cachê bem menor do que sua parceira no filme. Depois dessa produção Clint Eastwood recusou todos os papíes secundários que lhe foram oferecidos, só atuando a partir daqui como o principal nome do elenco dos filmes em que trabalhou.

Nessa época, Clint tinha alguns planos. Ele queria dirigir filmes, escrever seus próprios roteiros. Além disso, ele estava decidido a fundar sua própria companhia cinematográfica. Certa vez, conversando com um amigo espanhol, ele disse que iria fundar uma empresa para produzir seus próprios filmes. O tal sujeito não ficou muito animado e quis desestimular Clint, dizendo que isso seria um mal passo para ele. Sem perder a piada, Eastwood resolveu chamar sua nova empresa de Malpaso Produtions. Essa empresa, que existe até hoje, transformou o ator e diretor em uma pessoa milionária, uma vez que ele teve todo o controle de seus filmes futuros. De uma coisa é certa, ele não deu um mal passo na carreira, pelo contrário, deu o passo mais do que certo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Planeta pré-histórico

Minissérie de extrema qualidade. A produção é fruto de uma parceria entre a BBC studios e a Apple TV. O resultado não poderia ser melhor. Aqui a tônica é toda baseada em achados científicos. Os dinossauros recriados em computação gráfica de alta qualidade surgem em situações baseadas em estudos de cientistas. No primeiro episódio já temos um cenário perfeito do que veremos no restante da minissérie. O tema é costas. As costas e as praias selvagens que separam o mundo terrestre e o mundo marítimo. Na primeira cena vemos um Tiranossauro Rex atravessando uma pequena faixa de mar em direção a uma ilha costeira. E ele não está sozinho, está acompanhado de 5 filhotes. Fiquei surpreso ao saber que esse dinossauro era um bom nadador. Isso é baseado justamente nas pesquisas científicas. Só que durante a travessia, ele acaba se confrontando com problemas. 

No mundo pré-histórico todos os animais eram gigantescos. Então, nadar em mares pré-históricos obviamente não uma boa ideia. O animal acaba sendo atacado por um monstro marinho. Esses seres que viviam nos mares na época da pré-história eram verdadeiros monstros de grandes dimensões. Poderiam engolir um grande tubarão branco com apenas uma mordida. Além de um mundo aquático mostrando todos esses dinossauros que viviam debaixo d'água, há ainda uma bela explicação sobre os Pterodáctilos, criaturas que tinham dificuldade de andar em terra firme, mas que reinavamm nos ares. Mostravam toda a sua graça voando por todo o planeta. Enfim, essa minissérie em apenas cinco episódios se revela simplesmente excelente, tanto tecnicamente como do ponto de vista da ciência.

Planeta pré-histórico (Prehistoric Planet, Estados Unidos, 2022) Direção: David Attenborough, Andrew R. Jones / Roteiro: Paul Stewart / Elenco: David Attenborough / Sinopse: Minissérie que recria o reinado dos dinossauros no planeta Terra durante a pré-história. Milhares de anos passam pela tela em ações da vida desses enormes animais.

Pablo Aluísio.


Planeta pré-histórico - Episódios comentados:

Planeta pré-histórico 1.02 - Deserts
Esse episódio mostra os dinossauros dos desertos. Vai desde os grandes dinos que pesava 70 toneladas até mesmo os mais ínfimos bichinhos das areias. Tudo de muito bom gosto e tecnicamente irrepreensível, como sempre. Nesse episódio o que me chamou atenção foram os grandes predadores que mantinham uma certa calma, quando iam nos oásis tomar água. Há, inclusive, um primo de Tiranossauro Rex envolvido nesse episódio. Um monstro pintado e voraz. E os titanossauros me surpreenderam também. Seres estranhos, bichos gigantes que tinham bolhas nos grandes pescoços. Aquela imagem, eu definitivamente não vou esquecer! / Planeta pré-histórico 1.02 - Desert (Estados Unidos, 2022) Direção: Dom Walter / Elenco: David Attenborough.

Planeta Pré-Histórico 1.03 - Freshwater
Nesse episódio vemos uma coisa inusitada. Um ritual de acasalamento entre 2 monstros. O que acontecia quando um Tiranossauro Rex encontrava outro Tiranossauro Rex de sexo oposto? Muito interessante. Também vemos outro astro dos dinossauros. Escalando as encostas para caçar filhotes de outras espécies . Estou me referindo aos famosos velociraptors. E aqui temos uma novidade baseada na ciência. Os bichos eram todos penados. Com penas! E também usavam essas penas para planar quando pulavam no Penhasco. De fato, vemos na prática porque as aves são consideradas as verdadeiras herdeiras genéticas dos dinossauros. Sim, aves são parentes muito próximos dos dinossauros. Por mais incrível que isso possa parecer! / Planeta Pré-Histórico 1.03 - Freshwater (Estados Unidos, 2022) Direção: David Attenborough / Elenco: David Attenborough.

Planeta Pré-Histórico 1.04 - Ice Worlds
Planeta Pré-Histórico 1.05 - Forests
Aqui temos os 2 últimos episódios dessa maravilhosa série que recria o mundo pré-histórico. No quarto e penúltimo episódio, o tema tratado são as regiões mais frias do planeta. Ao contrário do que muitos pensam, havia dinossauros vivendo nesses locais que a série chama de mundos do gelo. O último episódio traz as grandes florestas. Praticamente o planeta era coberto por grandes florestas naqueles tempos. Três quartos da planeta era composto de grandes florestas e nelas viviam uma grande diversidade de tipos de dinossauros. Desde os grandes predadores até os imensos herbívoros que comiam folhas no topo de árvores realmente gigantescas. E atrás dos herbívoros iam também os dinossauros carnívoros. Um ótimo episódio que  mostra bem a diversidade desses animais fabulosos, que um dia caminharam sobre o planeta Terra. / Planeta Pré-Histórico 1.04 - Ice Worlds / Planeta Pré-Histórico 1.05 - Forests (Estados Unidos,  2022) Direção: Andrew R. Jones, Adam Valdez. 

Pablo Aluísio.

Top Gun: Maverick

O maior sucesso de bilheteria do ano de 2022 é uma continuação bem tardia de um filme dos anos 80. Quem poderia imaginar? "Top Gun: Maverick" já está perto de faturar um bilhão e meio de dólares. Um sucesso espetacular, ainda mais em se tratando de uma época em que a pandemia ainda está no ar. E o filme cumpre muito bem seu papel. A história em si é básica. O veterano piloto Maverick está de volta para a classe dos melhores da marinha. Isso após participar de um teste mal sucedido de um avião supersônico. Ele vai até o limite, como sempre, e o avião acaba se despedaçando por causa de sua conhecida rebeldia contra ordens superiores. E esse tipo de personalidade levou Maverick a estagnar na carreira militar. Mesmo após quase 40 anos, ele ainda continua um Capitão. Enquanto isso, pessoas de sua época como Iceman estão nos mais altos postos da marinha. Iceman, interpretado por Val kilmer, é um almirante e comandante da frota no pacífico. Maverick segue como piloto de caça. E é justamente essa ligação entre eles que se constrói o alicerce narrativo principal do filme. 

Maverick é chamado para coordenar e ensinar jovens pilotos da marinha a executarem uma missão dita como impossível. Eles devem invadir o território inimigo e bombardear uma usina de enriquecimento de urânio. O nome deste país nunca é citado, mas tudo leva a crer que se trata do Irã. O filme assim se desenvolve. Existe o aspecto objetivo da missão a se cumprir e pequenos detalhes humanos no roteiro sobre o personagem de Maverick. Ele reencontra um velho amor do passado e tem que lidar com o filho de Goose, um antigo companheiro de caça que morreu em um desastre aéreo, no primeiro filme. O que mais me admirou aqui foi ver o vaidoso Tom Cruise aceitar participar de diálogos que, de certa forma, o tornam um velho. Em certo momento do filme, um jovem piloto o chama de vovô! Quem diria que isso poderia acontecer em um filme com Tom Cruise? 

De qualquer maneira, temos aqui um filme muito bom, divertido e que apenas poderia ter usado melhor aquela excelente trilha sonora incidental dos anos 80. Aquele tema tão conhecido é usado apenas timidamente em alguns breves momentos. Top Gun: Maverick é um filme sem maiores pretensões em termos de história e desenvolvimento psicológico dos personagens, mas que cumpre muito bem seu papel de ser um filme blockbuster de verão. Talvez os produtores de Hollywood tenham aprendido alguma lição com esse sucesso todo. Que tal voltar a fazer bons filmes? Como eram aqueles que assistíamos nos anos 80? Acho que o público em geral já está meio cansado de tanto super-herói. Top Gun: Maverick prova justamente isso.

Top Gun: Maverick (Estados Unidos, 2022) Direção: Joseph Kosinski / Roteiro: Peter Craig, Ehren Kruger / Elenco: Tom Cruise, Val Kilmer, Jon Hamm, Jennifer Connelly, Ed Harris, Miles Teller, Bashir Salahuddin / Sinopse: Veterano Capitão da marinha dos EUA é enviado para treinar um grupo de jovens pilotos Top Gun. O objetivo é realizar uma missão em território inimigo. Eles devem destruir uma base de enriquecimento de urânio em um país hostil do Oriente Médio.

Pablo Aluísio.