quinta-feira, 14 de julho de 2022
Cleópatra
Pois bem, o tempo passou, os anos foram ficando para trás e "Cleópatra" foi sendo exibido na TV e depois lançado em vídeo, em edição luxuosa, cheia de extras. Com isso o filme foi ganhando uma nova avaliação (inclusive da crítica especializada) que lhe deu finalmente o título de grande cinema. E penso que foi uma justiça tardia. Sempre discordei totalmente das críticas dos anos 60 que avaliaram o filme como uma bomba. Longe disso. Esse é um dos melhores épicos já produzidos por Hollywood. Tanto isso é verdade que nunca mais houve outro filme sobre essa rainha do Egito nessas dimensões. Uma prova que de fato foi um daqueles filmes definitivos sobre um dos capítulos mais conhecidos da história. Em meu ponto de vista é uma obra-prima da sétima arte.
Cleópatra (Cleopatra, Estados Unidos, 1963) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Joseph L. Mankiewicz, Ranald MacDougall / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Rex Harrison, Roddy McDowall, Martin Landau / Sinopse: O filme conta a história da rainha do Egito Cleópatra, que se envolveu romanticamente com Júlio César e depois teve um ardente romance com o general romano Marco Antônio.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 13 de julho de 2022
Elvis Presley - Baby Let's Play House / I'm Left, You're Right, She's Gone
"Baby Let's Play House" foi gravada em uma sessão em fevereiro. Nessa ocasião Elvis gravou apenas essa faixa, o que era de certa forma incomum, já que ele costumava gravar de quatro e cinco músicas em uma noite. Não que ele não tenha tentado gravar outras canções. Nessa ocasião ele tentou gravar as primeiras versões de "I Got a Woman" e "Trying To Get To You", mas não ficaram boas e Sam Phillips resolveu descartá-las. Havia sido apenas um pequeno ensaio e depois de alguns minutos o próprio produtor resolveu encerrar a sessão. Ele poderia voltar outra noite para acertar. O mesmo aconteceria em março com "I'm Left, You're Right, She's Gone". Elvis, cansado dos compromissos na estrada, não conseguiu ir muito além dos takes dessa música. De qualquer maneira as duas músicas ficaram muito bem gravadas, caprichadas, por isso Sam as escolheu para compor esse quarto single.
Por essa época os primeiros disquinhos de Elvis começaram a chegar também nas principais cidades do país. A distribuição ficou melhor e os primeiros compactos de Elvis chegaram em lojas de Nova Iorque e Los Angeles. A RCA Victor, a poderosa gravadora multinacional, se interessou por Elvis. Outras gravadoras já tinham mostrado interesse, mas nenhuma delas havia ido direto ao ponto de forma tão decisiva. Numa manhã de sábado Sam Phillips recebeu um telefonema de Nova Iorque. Era um executivo da RCA. Ele sondava se Sam estava disposto a negociar o passe do jovem cantor. Sam, sempre com problemas financeiros, viu aquilo como uma tábua de salvação de sua pequena Sun. Sim, ele estava aberto a propostas e poderia encontrar um enviado da RCA Victor caso ele fosse até Memphis. Encontros foram agendados para dali duas semanas e imediatamente Sam soube que os dias de Elvis na Sun Records estavam chegando ao fim.
Elvis Presley - Baby Let's Play House / I'm Left, You're Right, She's Gone
Data de Gravação: Fevereiro e Março de 1955
Local de Gravação: Sun Records, Memphis, TN
Data de Lançamento: Abril de 1955
Produção: Sam Phillips
Músicos: Elvis Presley (vocais e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Jimmie Lott (bateria, apenas em "I'm Left, You're Right, She's Gone")
Pablo Aluísio.
terça-feira, 12 de julho de 2022
Luta pela Fé
segunda-feira, 11 de julho de 2022
As vidas de Marilyn Monroe - Parte 23
Marilyn chegou a filmar algumas cenas para o filme, mas seus atrasos e furos foram tão grandes que tudo ficou inacabado. Na maioria das vezes Dean Martin contracenava sozinho, com um assistente de produção falando as falas de Marilyn pois ela simplesmente não havia aparecido para trabalhar. O caos completo. E quando Marilyn apareceu na festa de aniversário de John Kennedy, isso após dizer que estava doente para o estúdio, a Fox não teve outra alternativa e demitiu Marilyn.
Foi o fim da longa parceria entre Marilyn Monroe e os estúdios Fox. Ela tinha chegado no estúdio ainda como uma simples jovem aspirante ao estrelato. Era pouco conhecida e havia sido demitida pela Columbia após se envolver com um dos executivos e ter traído ele como um jovem ator. Pois é, Marilyn tascou um belo par de chifres em um dos chefões da Columbia. Na Fox Marilyn Monroe iria finalmente se tornar uma grande estrela de Hollywood. O estúdio soube exatamente o que fazer com ela, a escalando geralmente para atuar como "loira burra" em comédias com ótimos roteiros Depois disso Marilyn Monroe se tornou uma grande colecionadora de sucessos no cinema. Seus filmes geralmente ficavam entre os cinco primeiros filmes mais assistidos do ano.
O sucesso de bilheteria porém escondia vários problemas dentro dos estúdios. Marilyn geralmente chegava atrasada ao trabalho, sem decorar suas falas, sem conseguir acertar direito suas cenas. Como era uma estrela de sucesso, a Fox segurou as pontas por vários anos, até que um dia o caldo entornou e Marilyn foi demitida. Imagine ser a maior estrela de cinema de sua época e ser demitida! A atriz sentiu o impacto, entrou em depressão e depois aconteceu tudo o que sabemos, com sua controvérsia morte, algo que até hoje desperta suspeitas em quem conheceu de perto todos os fatos sobre seu falecimento.
Pablo Aluísio.
domingo, 10 de julho de 2022
Guia de Episódios - Edição 7
Crônicas de um Cinéfilo - Parte 9
O cinema ainda me emociona! Senti hoje a força da sétima arte. Assisti a um dos filmes que estão concorrendo ao Oscar e sinceramente me emocionei. Fiquei tão comovido com o que vi. O filme é sobre uma jovem garota que tem uma família problemática, mas que deseja seguir seus próximos passos na vida. Ela, que sempre trabalhou com o pai no barco de pesca vê uma chance de entrar numa faculdade de música.
Isso me tocou tanto! Eu me identifiquei totalmente com a protagonista. Eu também fui um jovem cheio de sonhos e essa fase da vida quando estamos entrando numa universidade para trilhar um caminho próprio na vida é tão linda! O coração só falta explodir de tantos planos e sonhos! Uma fase maravilhosa da vida! O que me tocou nesse roteiro é que ele trata de uma fase muito maravilhosa na vida de um jovem. Não importa se ela no futuro iria ter ou não sucesso na vida que escolheu, no mundo musical. O que importa é que ela seguiu seus sonhos e isso é sempre o mais importante!
Quando o filme acabou bati palmas silenciosas em homenagem aos personagens que são surdos, mas também repeti um gesto que aprendi a fazer sempre que assisto a um belo filme! Pois é, mesmo após tantos anos ainda me emociono a ponto de quase chorar! Eu amo cinema e sempre amarei - e hoje pude perceber isso mais uma vez!
Pablo Aluísio.
sábado, 9 de julho de 2022
Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 1
Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.
Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.
De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Milkcow Blues Boogie / You´re a Heartbreaker
Quando o terceiro single de Elvis chegou nas lojas ele já era o maior vendedor de discos do selo Sun. Não tardou a surgir diversos boatos afirmando que a gravadora havia se tornado pequena demais para Elvis. Foi por essa época que começaram a surgir pessoas interessadas em tirar o cantor da Sun para um selo maior. De qualquer forma Presley ainda tinha o passe pertencente ao selo do sol nascente, embora seus dias por lá realmente estivessem contados. Para quem gosta de detalhes fonográficos aqui vai uma informação adicional: esse single levou o catálogo de número Sun 215. Um original vale alguns milhares de dólares e os poucos que sobreviveram ao tempo estão nas mãos de colecionadores.
"Milkcow Blues Boogie" foi gravada inicialmente por Kokomo Arnold em 1953 pelo selo Decca, sendo que em 1946 Bob Willis & his Texas Playboys já a tinham gravado com o título de "Brain Cloudy Blues". A versão de Presley surgiu no mercado como a música título de seu terceiro single pela Sun Records em 29 de dezembro de 1954. Ela foi gravada na terceira sessão de Elvis pela pequena gravadora de Sam Phillips contando somente com o trio básico de suas primeiras músicas: apenas Elvis, Bill e Scotty. A data correta desta sessão é motivo de controvérsia pois alguns autores determinam o mês de novembro e outros, dezembro, não ocorrendo um consenso sobra a data certa. Até mesmo nos encartes dos CDs mais recentes a dúvida persiste.
Essa é provavelmente uma das canções mais peculiares que já ouvi. A letra e o arranjo não deixam dúvidas: é uma canção escrita, feita e produzida para o Sul rural americano dos anos do pós guerra. A sonorização abafada e o ritmo estranho podem deixar muitos fãs jovens do cantor surpresos! Mas era justamente esse tipo de canção que tocava nas rádios regionais de Memphis quando Elvis era apenas um aspirante ao estrelado. Vale a pena sentir e ouvir a sonoridade daquela época na voz do artista que melhor representou aquela geração.
"You´re a Heartbreaker" vinha para completar o single. Apesar de ter sido legada ao lado B do acetato essa é seguramente a melhor canção desse disco. É um country de ritmo agradável, muito bem executado pelo trio Blue Moon Boys, trazendo Elvis em momento inspirado, obviamente "mastigando" as palavras em seu vocal ao estilo bem country and western. A letra, juvenil e emocional, se refere a uma "destruidora de corações" - tão comuns na juventude de cada um desses jovens dos anos 50! Enfim, linda baladinha country que marcou seu terceiro lançamento na Sun Records.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 8 de julho de 2022
Audie Murphy e o Western - Parte 2
Ele foi considerado um herói pelo exército americano por causa de um ato de bravura demonstrando durante uma batalha contra o exército alemão. Sua companhia foi cercada no meio de uma região de florestas. Seus companheiros de farda quase foram aniquilados completamente. Quem os salvou foi Audie, que usando uma metralhadora ponto 50 conseguiu matar inúmeros soldados nazistas. Isso lhe valeu inúmeras medalhas, mas nem elas compensavam os traumas que Audie Murphy levou para a vida civil depois que a guerra acabou.
Ele falou sobre isso timidamente durante uma entrevista nos anos 60. Ao jornalista que o entrevistava Audie explicou: "Eu poderia continuar no exército por longos anos se quisesse, mas depois da guerra e das coisas que vi pensei comigo mesmo que era o bastante para uma vida inteira. Eu presenciei coisas horríveis no campo de batalha e não tenho vergonha de dizer isso. Muitos dos meus amigos na companhia foram mortos e eles eram apenas garotos de 18 anos, mal saídos das cidadezinhas do interior onde nasceram. Eles nunca tiveram a chance de ter uma vida longa, de se casarem, terem filhos, etc. Ao invés disso morreram em algum buraco ou cratera de bomba na Europa ou no Pacífico. Essa sempre foi para mim a maior tragédia da guerra!".
Esses traumas não deixaram Audie nem mesmo após ele se tornar um ator de relativo sucesso. Muitos que trabalharam ao seu lado dizem que Murphy mantinha uma personalidade tendente a melancolia ou depressão. Quando não estava atuando procurava ficar sozinho, perdido em seus próprios pensamentos. Hollywood para ele era apenas uma forma de trabalho, além disso como costumava dizer: "Gosto dos filmes porque as balas são de mentirinha. Ninguém morre e no final do dia todos estão de volta seguros em suas casas. Exatamente o contrário do que vivi na II Guerra Mundial. Ali no campo de batalha não havia margem para o erro. Errar era fatal!".
Pablo Aluísio.
Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 2
Sua amizade com Grant aliás foi uma das mais duradouras fofocas da história de Hollywood. Quando eram apenas jovens atores aspirantes ao estrelato, eles resolveram dividir uma bela casa nas colinas de Hollywood. Era algo natural acontecer já que nenhum dos dois tinha dinheiro suficiente para bancar uma bela mansão com piscina sem a ajuda do outro. Então, como eram amigos mesmo, resolveram dividir o aluguel, indo morar juntos. Acontece que o estúdio contratou uma equipe de fotógrafos para tirar uma série de fotos promocionais em sua residência. A proposta era mostrar o cotidiano de dois jovens atores de Hollywood.
O problema é que a tentativa de mostrar um lado mais, digamos, pessoal e privado da vida deles, acabou criando uma incômoda sensação de que eles tinham um relacionamento íntimo demais para dois homens. Não demorou muito e os boatos de que era gays começou a se espalhar. Tanto Scott como Grant não pareceram se importar muito com esses rumores, tanto que jamais deixaram de ser amigos, de saírem juntos, indo a campos de golfe, jantares e premiações.
Anos depois, já casados, a "teoria gay" acabaria virando uma piada divertida entre eles. De qualquer forma, voltando para aqueles anos, o fato é que morar bem, em uma casa bonita nas colinas, abriu várias portas para Scott e Grant. Eles convidaram diretores, produtores, atrizes e atores para festas, jantares e recepções. Era assim que um ator conseguia ser escalado para filmes em Hollywood. Randolph Scott aliás era um grande anfitrião nessas ocasiões. Dono de uma conversa agradável, com aquela educação sulista tão carismática, ele logo deixaria de pedir por trabalho, recebendo ao invés disso, cada vez mais convites para integrar elencos de novos filmes. A estratégia que havia criado ao lado de seu amigo Cary Grant havia dado muito certo.
Pablo Aluísio.