Excelente momento da filmografia do ator e astro Kirk Douglas. O roteiro foi baseado no livro "The Brave Cowboy", escrito por Edward Abbey e conta a estória de um velho cowboy chamado John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Considerado um sujeito de um tempo que não existe mais, ele resolve enfrentar um policial veterano, o xerife Morey Johnson (Walter Matthau), após ser considerado um fugitivo da lei. Assim ficam lado a lado dois mundos diferentes, o velho oeste e o mundo moderno, com seus carros, helicópteros e tecnologia. Enquanto o velho cowboy luta para sobreviver com seu cavalo e seu antigo modo de vida. Sem dúvida é um grande filme! Resolvi assistir depois de tomar conhecimento de que esse era o filme preferido do próprio Kirk Douglas. Depois de conferir devo dizer que concordo com o ator em gênero, número e grau. Embora tenha estrelado vários e vários clássicos ao longo de uma das carreiras mais produtivas e bem sucedidas em Hollywood não há em sua extensa filmografia nenhum outro filme que tenha tanto coração e sentimento como esse. Um roteiro que lida de maneira primorosa com o fim de um amado estilo de vida que definiu vários dos grandes heróis da história dos EUA.
O grande mérito aqui é que Douglas, o diretor David Miller e principalmente o roteirista Dalton Trumbo, conseguiram reunir vários gêneros em um só filme, com resultado bem acima da média. Se pode pensar que "Lonely Are The Brave" é apenas um western temporão, de um estilo que já estava se tornando fora de moda, mas isso é uma visão simplista. O filme passeia tranquilamente por vários estilos e gêneros, tangenciando os filmes policiais, do tipo "on the road" e até mesmo os dramas românticos, isso sem perder a direção em momento algum. Passado no moderno oeste americano, somos apresentados ao personagem John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Ele é um velho cowboy que tenta manter vivo seu estilo de vida em um mundo que definitivamente nada mais tem a ver com o passado. No meio de autoestradas, aviões a jato e carros modernos, Burns tenta manter de alguma forma intacta a figura mitológica do cowboy do velho oeste. Claro que agindo assim ele logo encontra problemas com a lei, com a sociedade e com a mentalidade moderna. Os jovens o acham uma peça de museu, mas ele insiste em manter sua dignidade intacta.
Duas coisas impressionam no filme: O lirismo subliminar do roteiro e a eficiente caçada final a Burns em uma montanha rochosa íngreme. Algumas cenas são as melhores que já vi. Fiquei imaginando como devem ter sido complicadas as filmagens naquela região no Novo México, até porque subir com um cavalo em um ambiente daqueles é quase impossível (em muitos momentos fiquei realmente receoso do cavalo e do dublê de Douglas caírem montanha abaixo, tal o perigo das tomadas feitas). Em conclusão podemos afirmar que "Sua Última Façanha" é uma excelente crônica sobre a mudança de costumes que se sucedem de uma época histórica para outra. O velho mito que se depara com os desafios da modernidade. Em vista de tudo isso certamente vai agradar aos fãs de western e também aos que querem conhecer melhor essa fase de mudanças profundas no modo de viver dos mitos do passado. Pura nostalgia, de grande qualidade artística. Vale muito a pena conhecer, certamente.
Sua Última Façanha (Lonely Are the Brave, Estados Unidos, 1962) Estúdio: Universal Pictures / Direção: David Miller / Roteiro: Dalton Trumbo / Elenco: Kirk Douglas, Gena Rowlands, Walter Matthau, George Kennedy / Sinopse: Velho cowboy, prestes a se aposentar, se recusa a abandonar seu amado estilo de vida do passado. Após problemas com um xerife ele precisa sobreviver a uma intensa caçada humana. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas).
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 15 de maio de 2019
Homens das Terras Bravas
Depois de trabalhar em “Os Brutos Também Amam” o ator Alan Ladd poderia ter se aposentado do gênero, afinal esse foi um dos mais marcantes filmes de western da história do cinema americano. Depois de fazer algo tão maravilhoso assim ele realmente não precisava mesmo fazer mais nada. Porém para a alegria de seu vasto fã clube o ator resolveu seguir em frente estrelando outros faroestes, mantendo-se fiel ao estilo até o fim de sua carreira. Entre os bons westerns que estrelou esse “Homens das Terras Bravas” é dos mais interessantes. O filme começa com os personagens interpretados por Alan Ladd e Ernest Borgnine presos na famosa prisão de Yuma (sempre citada em filmes de faroeste, basta lembrar do clássico de Glenn Ford). O personagem de Ladd é um engenheiro de minas que foi condenado por ter supostamente roubado uma pepita de ouro numa mina em que trabalhava. Ele alega inocência e diz que tudo foi armação do xerife da cidade que não gostava dele. Já Ernest Borgnine está preso por assassinato. Homem rude, não aceitou levar desaforos para casa. Depois de cumprirem suas penas são finalmente colocados em liberdade.
Peter Van Hoek, vulgo 'The Dutchman' (Alan Ladd) decide voltar então para a cidade onde foi preso. Alega que gosta do local mas na verdade ele tem um plano a seguir em sua mente. Inocente ou não, ele agora quer ir para a desforra e monta um grupo para assaltar a mesma mina em que foi acusado de roubo anos atrás. Para isso conta com a preciosa ajuda de John 'Mac' McBain (Ernest Borgnine), pois afinal já o conhecia da prisão. Completando o trio um especialista em dinamites também entra nos planos do roubo da mina. A idéia é colocar as mãos no ouro, vendê-lo a um homem poderoso da região e saír da cidade o mais rapidamente possível. O problema é que as coisas não saem exatamente conforme foram planejadas.
Filmes sobre roubos sempre mantém o interesse do espectador. Esse aqui se aproveita bem dessa situação. Há o planejamento inicial, a execução do plano e os problemas e adversidades que vão surgindo conforme eles colocam tudo em ação. O personagem de Alan Ladd tem também um atrativo a mais. No começo o espectador é levado a crer em sua inocência, afinal ele jura ser inocente de todas as acusações. Mas conforme o filme avança essa certeza dá lugar a dúvidas sobre seu real caráter. Ladd quase sempre interpretou papéis de homens íntegros, virtuosos nas telas e ver o ator em um personagem assim se torna muito interessante. No final das contas temos aqui uma excelente fusão de gêneros (western e aventura) que certamente não vai decepcionar nem o fã de Alan Ladd e nem muito menos os amantes do gênero. Está bem recomendado.
Homens das Terras Bravas (The Badlanders, EUA, 1958) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Richard Collins, baseado na novela de W.R. Burnett / Elenco: Alan Ladd, Ernest Borgnine, Katy Jurado / Sinopse: Após sair da prisão por um crime que jura não ter cometido um engenheiro de minas (Alan Ladd) e um comparsa (Ernest Borgnine) decidem roubar o ouro de uma mina na região seguindo um elaborado plano de ação.
Pablo Aluísio.
Peter Van Hoek, vulgo 'The Dutchman' (Alan Ladd) decide voltar então para a cidade onde foi preso. Alega que gosta do local mas na verdade ele tem um plano a seguir em sua mente. Inocente ou não, ele agora quer ir para a desforra e monta um grupo para assaltar a mesma mina em que foi acusado de roubo anos atrás. Para isso conta com a preciosa ajuda de John 'Mac' McBain (Ernest Borgnine), pois afinal já o conhecia da prisão. Completando o trio um especialista em dinamites também entra nos planos do roubo da mina. A idéia é colocar as mãos no ouro, vendê-lo a um homem poderoso da região e saír da cidade o mais rapidamente possível. O problema é que as coisas não saem exatamente conforme foram planejadas.
Filmes sobre roubos sempre mantém o interesse do espectador. Esse aqui se aproveita bem dessa situação. Há o planejamento inicial, a execução do plano e os problemas e adversidades que vão surgindo conforme eles colocam tudo em ação. O personagem de Alan Ladd tem também um atrativo a mais. No começo o espectador é levado a crer em sua inocência, afinal ele jura ser inocente de todas as acusações. Mas conforme o filme avança essa certeza dá lugar a dúvidas sobre seu real caráter. Ladd quase sempre interpretou papéis de homens íntegros, virtuosos nas telas e ver o ator em um personagem assim se torna muito interessante. No final das contas temos aqui uma excelente fusão de gêneros (western e aventura) que certamente não vai decepcionar nem o fã de Alan Ladd e nem muito menos os amantes do gênero. Está bem recomendado.
Homens das Terras Bravas (The Badlanders, EUA, 1958) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Richard Collins, baseado na novela de W.R. Burnett / Elenco: Alan Ladd, Ernest Borgnine, Katy Jurado / Sinopse: Após sair da prisão por um crime que jura não ter cometido um engenheiro de minas (Alan Ladd) e um comparsa (Ernest Borgnine) decidem roubar o ouro de uma mina na região seguindo um elaborado plano de ação.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 14 de maio de 2019
Ardida como Pimenta
Com o recente falecimento da atriz Doris Day é sempre bom lembrar esse filme, um dos mais populares de sua carreira, uma espécie de "Faroeste Musical" que fez muito sucesso em seu lançamento. O enredo é bem interessante. Calamity Jane (Doris Day) é uma cowgirl durona em um oeste machista e cheio de bandidos, xerifes e cowboys que só pensam nela como uma garota para namorar. Ela então resolve abrir seu próprio negócio, um saloon, que logo se torna um dos mais movimentados da fronteira. Embora se faça o tempo todo de durona, ela acaba se apaixonando pelo famoso pistoleiro e às do gatilho Wild Bill Hickok (Howard Keel). Afinal embora seja uma garota forte e destemida, ela não consegue mesmo controlar seus sentimentos, o seu coração.
Inicialmente o projeto dos estúdios Warner era a de filmar a história da famosa Calamity Jane no estilo tradicional, com roteiro sério e tentando recriar os passos dela em sua vida. Os planos mudaram completamente quando Doris Day entrou no filme. Ela estava no auge de sua popularidade como cantora e atriz de sucesso, assim Jack Warner mudou de planos e mandou seu grupo de roteiristas criarem um musical em ritmo de divertida comédia para se adequar ao estilo de Doris. Acertou em sua decisão.
O público e a crítica adoraram o resultado e o filme, antes considerado até despretensioso, venceu um Oscar na categoria de melhor canção, com a linda "Secret Love" que até hoje comove quem gosta do estilo musical da época. Sempre gostei bastante do trabalho de Doris Day. Ao longo dos anos ela acabou virando uma piada nas mãos da imprensa progressista que implicava com seus personagens, chegando ao ponto de apelidar a atriz de "A Virgem Profissional" (isso quando já era casada e mãe!). Assim sua carreira aos poucos foi se apagando, mas nada tira o mérito dos excelentes filmes que fez ao longo da vida, principalmente suas comédias ao lado de Rock Hudson ou até mesmo sua excelente parceria com Alfred Hitchcock em "O Homem Que Sabia Demais". Por essas e outras esse simpático "Ardida Como Pimenta" é mais do que recomendado. Um western musical que respeita a mitologia do velho oeste. Pura diversão com excelente trilha sonora.
Ardida como Pimenta (Calamity Jane, Estados Unidos, 1953) Estúdio: Warner Bros / Direção: David Butler / Roteiro: James O'Hanlon / Elenco: Doris Day, Howard Keel, Allyn Ann McLerie / No velho oeste a garota Jane (Doris Day) não é uma mulher normal como todas as outras. Ela é dura na queda, domina muito bem um gatilho e está disposta a enfrentar todos os desafios. A única coisa que não consegue controlar são seus sentimentos, principalmente quando se apaixona por Wild Bill, um pistoleiro e jogador de cartas.
Pablo Aluísio.
Inicialmente o projeto dos estúdios Warner era a de filmar a história da famosa Calamity Jane no estilo tradicional, com roteiro sério e tentando recriar os passos dela em sua vida. Os planos mudaram completamente quando Doris Day entrou no filme. Ela estava no auge de sua popularidade como cantora e atriz de sucesso, assim Jack Warner mudou de planos e mandou seu grupo de roteiristas criarem um musical em ritmo de divertida comédia para se adequar ao estilo de Doris. Acertou em sua decisão.
O público e a crítica adoraram o resultado e o filme, antes considerado até despretensioso, venceu um Oscar na categoria de melhor canção, com a linda "Secret Love" que até hoje comove quem gosta do estilo musical da época. Sempre gostei bastante do trabalho de Doris Day. Ao longo dos anos ela acabou virando uma piada nas mãos da imprensa progressista que implicava com seus personagens, chegando ao ponto de apelidar a atriz de "A Virgem Profissional" (isso quando já era casada e mãe!). Assim sua carreira aos poucos foi se apagando, mas nada tira o mérito dos excelentes filmes que fez ao longo da vida, principalmente suas comédias ao lado de Rock Hudson ou até mesmo sua excelente parceria com Alfred Hitchcock em "O Homem Que Sabia Demais". Por essas e outras esse simpático "Ardida Como Pimenta" é mais do que recomendado. Um western musical que respeita a mitologia do velho oeste. Pura diversão com excelente trilha sonora.
Ardida como Pimenta (Calamity Jane, Estados Unidos, 1953) Estúdio: Warner Bros / Direção: David Butler / Roteiro: James O'Hanlon / Elenco: Doris Day, Howard Keel, Allyn Ann McLerie / No velho oeste a garota Jane (Doris Day) não é uma mulher normal como todas as outras. Ela é dura na queda, domina muito bem um gatilho e está disposta a enfrentar todos os desafios. A única coisa que não consegue controlar são seus sentimentos, principalmente quando se apaixona por Wild Bill, um pistoleiro e jogador de cartas.
Pablo Aluísio.
O Caminho do Diabo
Lance Poole (Robert Taylor) volta da guerra civil como oficial condecorado, inclusive com a mais alta honra militar, a medalha do congresso americano. Seu plano é retomar a administração do rancho de seu pai, que se encontra em seus últimos dias de vida. Tudo estaria muito bem se não fosse um detalhe mais do que importante: Lance Poole é na verdade um índio que lutou ao lado das tropas da União contra o exército confederado. Essa situação o coloca numa posição delicada pois existem muitas pessoas na cidade para onde ele retorna que lutaram ao lado da tropas do sul, entre eles um astuto advogado que tentará de tudo para tomar as terras de Lance, uma vez que a região agora faz parte do território do Wyoming, que em nova lei determina que todas as terras devem ser ocupadas por brancos, para colonização e pastoreio, o que retira de Lance, a posse de suas próprias terras. Procurando por uma saída jurídica ele contrata a jovem e idealista advogada Orrie Masters (Paula Raymond), mas uma solução pelas vias judiciais parece cada vez mais distante.
“O Caminho do Diabo” é um western que se propõe a discutir a situação dos índios dentro da sociedade americana durante a colonização do oeste. O preconceito racial ganha destaque uma vez que Lance Poole (Robert Taylor) é um indígena que a despeito de ter sido um herói de guerra tem todos os seus direitos negados. Infelizmente em meu ponto de vista o personagem de Taylor não é completamente defensável pois em determinado momento da trama ele começa a tomar posições radicais demais, mesmo com a possibilidade de entrar em um acordo com os brancos que desejam também desfrutar do vale onde se encontra seu rancho, o único local onde há pasto vasto e água para as criações. A atitude do indígena, negando completamente o acesso aos criadores brancos, acaba sendo o estopim de um grande conflito armado entre bancos e índios, algo que o roteiro deixa claro que poderia ser evitado facilmente. De uma maneira ou outra o argumento se torna bem intrigante. O elenco é liderado por Robert Taylor, o galã, que aqui aparece pintado para parecer um nativo americano. A direção é do grande mestre Anthony Mann, que mais uma vez prova seu grande talento em lidar com temas edificantes e de relevância social. “O Caminho do Diabo” assim se torna bem interessante para o fã de filmes de western pois mostra que acima de tudo radicalismos só geram mesmo mais violência e conflitos.
O Caminho do Diabo (Devil's Doorway, EUA,1950) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Guy Trosper / Elenco: Robert Taylor, Louis Calhern, Paula Raymond / Sinopse: Após voltar da guerra civil um ex-oficial indígena da cavalaria americana, Lance Poole (Robert Taylor), tem seus direitos de propriedade negados pelo simples fato de ser um índio. A situação acaba gerando um grande conflito com os criadores brancos da região.
Pablo Aluísio.
“O Caminho do Diabo” é um western que se propõe a discutir a situação dos índios dentro da sociedade americana durante a colonização do oeste. O preconceito racial ganha destaque uma vez que Lance Poole (Robert Taylor) é um indígena que a despeito de ter sido um herói de guerra tem todos os seus direitos negados. Infelizmente em meu ponto de vista o personagem de Taylor não é completamente defensável pois em determinado momento da trama ele começa a tomar posições radicais demais, mesmo com a possibilidade de entrar em um acordo com os brancos que desejam também desfrutar do vale onde se encontra seu rancho, o único local onde há pasto vasto e água para as criações. A atitude do indígena, negando completamente o acesso aos criadores brancos, acaba sendo o estopim de um grande conflito armado entre bancos e índios, algo que o roteiro deixa claro que poderia ser evitado facilmente. De uma maneira ou outra o argumento se torna bem intrigante. O elenco é liderado por Robert Taylor, o galã, que aqui aparece pintado para parecer um nativo americano. A direção é do grande mestre Anthony Mann, que mais uma vez prova seu grande talento em lidar com temas edificantes e de relevância social. “O Caminho do Diabo” assim se torna bem interessante para o fã de filmes de western pois mostra que acima de tudo radicalismos só geram mesmo mais violência e conflitos.
O Caminho do Diabo (Devil's Doorway, EUA,1950) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Guy Trosper / Elenco: Robert Taylor, Louis Calhern, Paula Raymond / Sinopse: Após voltar da guerra civil um ex-oficial indígena da cavalaria americana, Lance Poole (Robert Taylor), tem seus direitos de propriedade negados pelo simples fato de ser um índio. A situação acaba gerando um grande conflito com os criadores brancos da região.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 13 de maio de 2019
Django
Não restam dúvidas que Django é um dos mais famosos faroestes do chamado Western Spaguetti. Na época de seu lançamento causou grande repercussão não apenas por algumas propostas que eram realmente inovadoras como também pela violência explícita. Por causa desse último fator o filme foi lançado em alguns países europeus com a mais rígida classificação etária, sendo proibido para menores de 18 anos. Um exagero obviamente. Django ainda hoje se mantém como um produto bem realizado. Claro que revisto atualmente muitas das seqüências vão soar fantasiosas demais ou exageradas, mas isso fazia parte de um estilo de fazer cinema que já não existe mais. Os faroestes macarrônicos eram assim mesmo. De positivo temos uma boa direção de arte – a cidade onde Django chega, por exemplo, é um lamaçal completo, suja, feia e abandonada. Sua imagem carregando um caixão, completamente enlameado, entrou na cultura pop e virou um ícone daquele estilo. O próprio Franco Nero, bronzeado, de olhos azuis, chegou até mesmo a virar símbolo sexual e sua interpretação se tornou um tipo de modelo a ser seguido em centenas e centenas de outros Spaguettis. Seu Django era um sujeito durão, de poucas palavras e capaz de grandes façanhas com seu revólver.
O diretor Sergio Corbucci tinha preferências por enredos desse tipo, bem crus, mas nunca se descuidava dos aspectos técnicos em seus filmes. Os cenários eram bem pensados, as tomadas de cena procuravam tirar o melhor proveito do momento e os roteiros, mesmo simples como eram, sempre procuravam fisgar o espectador com cenas marcantes. Django está repleto desses momentos. Logo na primeira cena o diretor procura mostrar todo o seu estilo. O pistoleiro Django surge bem no meio do nada, carregando um pesado caixão. Esse tipo de coisa fica marcada na mente do espectador, não tem jeito. Outra cena muito interessante é aquela em que Django finalmente revela o que traz dentro desse caixão que sempre o acompanha. É um impacto certamente. O enfrentamento contra os soldados sulistas mais lembram produções de ação dos anos 80 do que qualquer outra coisa.
De certa forma Django inspiraria aqueles filmes em que um homem conseguia liquidar todo um exército praticamente sozinho. É claro que é inverossímil, é claro que é exagerado, mas também é o tipo de seqüência estilizada que o público da época adorava! Franco Nero se consagrou no papel e praticamente nunca mais se livrou dele. Chegou a realizar alguns outros filmes como Django, com o mesmo Corbucci como roteirista, mas sem o mesmo impacto. Depois disso o personagem Django acabaria trilhando o mesmo caminho de outro personagem popular do cinema italiano, Maciste, aparecendo em dezenas e dezenas de outros filmes, muitos deles de baixíssimo orçamento e de qualidade técnica bem pobre. O excesso de exploração comercial acabou queimando o personagem que virou símbolo de cinema mal feito, vendido de qualquer jeito. O que vale a pena mesmo nesse mar de “Djangos” é realmente esse, o primeiro filme, o original, os demais são meras imitações baratas. Se você gostou de “Django Livre” de Tarantino não deixe de reservar um tempinho para assistir (ou redescobrir) o Django original de Franco Nero e Sergio Corbucci. Provavelmente você vai achar no mínimo bem interessante.
Django (Django, Itália, 1966) Direção: Sergio Corbucci / Roteiro: José Gutiérrez Maesso, Piero Vivarelli / Elenco: Franco Nero, Loredana Nusciak, Eduardo Fajardo, José Bódalo / Sinopse: Vagando pelo meio do deserto o pistoleiro Django (Franco Nero) acaba salvando a vida de uma mulher que está sendo chicoteada por bandidos. Juntos vão até uma cidade lamacenta e perdida no meio do nada que é disputada por dois grupos armados, o primeiro formado por revolucionários mexicanos e o segundo por confederados sulistas liderados por um corrupto oficial. Agora com sua chegada as coisas vão realmente mudar.
Pablo Aluísio.
O diretor Sergio Corbucci tinha preferências por enredos desse tipo, bem crus, mas nunca se descuidava dos aspectos técnicos em seus filmes. Os cenários eram bem pensados, as tomadas de cena procuravam tirar o melhor proveito do momento e os roteiros, mesmo simples como eram, sempre procuravam fisgar o espectador com cenas marcantes. Django está repleto desses momentos. Logo na primeira cena o diretor procura mostrar todo o seu estilo. O pistoleiro Django surge bem no meio do nada, carregando um pesado caixão. Esse tipo de coisa fica marcada na mente do espectador, não tem jeito. Outra cena muito interessante é aquela em que Django finalmente revela o que traz dentro desse caixão que sempre o acompanha. É um impacto certamente. O enfrentamento contra os soldados sulistas mais lembram produções de ação dos anos 80 do que qualquer outra coisa.
De certa forma Django inspiraria aqueles filmes em que um homem conseguia liquidar todo um exército praticamente sozinho. É claro que é inverossímil, é claro que é exagerado, mas também é o tipo de seqüência estilizada que o público da época adorava! Franco Nero se consagrou no papel e praticamente nunca mais se livrou dele. Chegou a realizar alguns outros filmes como Django, com o mesmo Corbucci como roteirista, mas sem o mesmo impacto. Depois disso o personagem Django acabaria trilhando o mesmo caminho de outro personagem popular do cinema italiano, Maciste, aparecendo em dezenas e dezenas de outros filmes, muitos deles de baixíssimo orçamento e de qualidade técnica bem pobre. O excesso de exploração comercial acabou queimando o personagem que virou símbolo de cinema mal feito, vendido de qualquer jeito. O que vale a pena mesmo nesse mar de “Djangos” é realmente esse, o primeiro filme, o original, os demais são meras imitações baratas. Se você gostou de “Django Livre” de Tarantino não deixe de reservar um tempinho para assistir (ou redescobrir) o Django original de Franco Nero e Sergio Corbucci. Provavelmente você vai achar no mínimo bem interessante.
Django (Django, Itália, 1966) Direção: Sergio Corbucci / Roteiro: José Gutiérrez Maesso, Piero Vivarelli / Elenco: Franco Nero, Loredana Nusciak, Eduardo Fajardo, José Bódalo / Sinopse: Vagando pelo meio do deserto o pistoleiro Django (Franco Nero) acaba salvando a vida de uma mulher que está sendo chicoteada por bandidos. Juntos vão até uma cidade lamacenta e perdida no meio do nada que é disputada por dois grupos armados, o primeiro formado por revolucionários mexicanos e o segundo por confederados sulistas liderados por um corrupto oficial. Agora com sua chegada as coisas vão realmente mudar.
Pablo Aluísio.
Réquiem Para Matar
Título no Brasil: Réquiem Para Matar
Título Original: Requiescant
Ano de Produção: 1967
País: Itália
Estúdio: Accord-Film, Wild East Productions
Direção: Carlo Lizzani
Roteiro: Renato Izzo, Franco Bucceri
Elenco: Lou Castel, Mark Damon, Pier Paolo Pasolini, Barbara Frey, Mirella Maravidi, Franco Citti
Sinopse:
Filho adotivo de um pastor, em viagem, finalmente chega numa pequena cidade do velho oeste. Descobre que o lugar é aterrorizado por uma quadrilha comandada por um veterano da guerra civil, um ex oficial confederado que usa o medo e o terror para roubar as terras dos pequenos fazendeiros locais.
Comentários:
Mais um faroeste B filmado e produzido na Itália (com dinheiro em parte financiado pelo principado de Mônaco). O valor extra não me pareceu muito eficaz no que diz respeito à produção em si. O filme realmente não enche os olhos do espectador em termos de cenário, figurinos, etc. Tudo é meio precário, o que em se tratando de filmes como esse até que ajuda a entrar no clima de devastação. O enredo novamente serve como pano de fundo para as boas cenas de ação e duelos no meio da poeira do deserto. O protagonista - um pistoleiro bom de mira - usa uma bíblia numa das mãos e um colt na outra. São suas ferramentas de pregação e envio de almas imundas para as fossas do inferno. Um fato curioso é que o filme foi acusado de ser também uma propaganda esquerdista. Tanto o diretor como os roteiristas eram membros do PCI (Partido Comunista Italiano). Por isso houve uma certa má vontade da crítica na época de seu lançamento original. Penso que não é para tanto. Sim, há um toque de luta de classes na estória, mas isso acaba sendo tão periférico que não atrapalha o resultado final da película que dentro de seu sub-gênero de western até que funciona bem.
Pablo Aluísio.
Título Original: Requiescant
Ano de Produção: 1967
País: Itália
Estúdio: Accord-Film, Wild East Productions
Direção: Carlo Lizzani
Roteiro: Renato Izzo, Franco Bucceri
Elenco: Lou Castel, Mark Damon, Pier Paolo Pasolini, Barbara Frey, Mirella Maravidi, Franco Citti
Sinopse:
Filho adotivo de um pastor, em viagem, finalmente chega numa pequena cidade do velho oeste. Descobre que o lugar é aterrorizado por uma quadrilha comandada por um veterano da guerra civil, um ex oficial confederado que usa o medo e o terror para roubar as terras dos pequenos fazendeiros locais.
Comentários:
Mais um faroeste B filmado e produzido na Itália (com dinheiro em parte financiado pelo principado de Mônaco). O valor extra não me pareceu muito eficaz no que diz respeito à produção em si. O filme realmente não enche os olhos do espectador em termos de cenário, figurinos, etc. Tudo é meio precário, o que em se tratando de filmes como esse até que ajuda a entrar no clima de devastação. O enredo novamente serve como pano de fundo para as boas cenas de ação e duelos no meio da poeira do deserto. O protagonista - um pistoleiro bom de mira - usa uma bíblia numa das mãos e um colt na outra. São suas ferramentas de pregação e envio de almas imundas para as fossas do inferno. Um fato curioso é que o filme foi acusado de ser também uma propaganda esquerdista. Tanto o diretor como os roteiristas eram membros do PCI (Partido Comunista Italiano). Por isso houve uma certa má vontade da crítica na época de seu lançamento original. Penso que não é para tanto. Sim, há um toque de luta de classes na estória, mas isso acaba sendo tão periférico que não atrapalha o resultado final da película que dentro de seu sub-gênero de western até que funciona bem.
Pablo Aluísio.
domingo, 12 de maio de 2019
Duelo de Ambições
A trama do filme é simples: dois cowboys são contratados para levar um grande rebanho de gado do Texas até o território selvagem de Montana. Essa era uma travessia que até aquele momento não havia sido feita, uma vez que o caminho era infestado por tribos hostis como os Sioux e ladrões de gado (até o exército americano evitava circular por aquela região). O filme foi dirigido pelo grande Raoul Walsh e prometia, pela sinopse, ser realmente grandioso, como os grandes clássicos do western dos anos 50. Infelizmente a estrutura do roteiro não me agradou muito e posso inclusive apontar o erro dele: a presença de Jane Russell no elenco. Nada contra ela, gosto de suas atuações, além do que sua parceria com Marilyn Monroe em "Os Homens Preferem as Loiras" entrou para história do cinema. O problema é que com Jane em cena o diretor acabou se perdendo. O filme ficou meloso, fora de foco. O que era para ser um exemplo de "filme de macho" com todos aqueles atos de bravura e luta para atravessar o velho oeste acabou virando com Jane um romance banal, sem muitos atrativos.
Analisando bem o problema não se resume a ela. O fato é que com Clark Gable em cena os roteiristas não resistiram e investiram mais uma vez na sua velha imagem de galã (que já estava com prazo de validade vencido na época pois ele inegavelmente surge em cena envelhecido, pouco viril e com claros sinais que a idade finalmente havia chegado). As intensas provocações de Jane para com Gable fazem com que o filme caia no lugar comum, com direito inclusive a músicas cantadas por Russell (algo que na minha opinião não caiu muito bem). Fica naquele joguinho de tensão sexual entre eles sem nunca chegarem aos "finalmente"! Além disso tem o inevitável triângulo amoroso envolvendo ainda o personagem do ator Robert Ryan. Pena que Raoul Walsh não preferiu filmar uma produção mais focada na travessia do gado e menos no romance açucarado. De qualquer forma, mesmo com essas restrições, ainda indico esse "Os Homens Altos" (tradução literal do título original) para os fãs de faroeste. No mínimo será curioso assistir. Obs: No Brasil o filme também recebeu o título de "Nas Garras da Ambição". Era comum nos anos 50 os filmes receberem mais de um título (geralmente quando passava na TV depois as emissoras mudavam os títulos ao seu bel prazer).
Duelo de Ambições (The Tall Men, EUA, 1955) Direção de Raoul Walsh / Roteiro: Sidney Boehm, Frank S Nugent / Elenco: Clark Gable, Jane Russel, Robert Ryan / Sinopse: Dois cowboys são contratados para levar um enorme rebanho de gado do Texas até o território de Montana; No caminho enfrentarão vários desafios como bandidos e tribos selvagens hostis, os Sioux.
Pablo Aluísio.
Analisando bem o problema não se resume a ela. O fato é que com Clark Gable em cena os roteiristas não resistiram e investiram mais uma vez na sua velha imagem de galã (que já estava com prazo de validade vencido na época pois ele inegavelmente surge em cena envelhecido, pouco viril e com claros sinais que a idade finalmente havia chegado). As intensas provocações de Jane para com Gable fazem com que o filme caia no lugar comum, com direito inclusive a músicas cantadas por Russell (algo que na minha opinião não caiu muito bem). Fica naquele joguinho de tensão sexual entre eles sem nunca chegarem aos "finalmente"! Além disso tem o inevitável triângulo amoroso envolvendo ainda o personagem do ator Robert Ryan. Pena que Raoul Walsh não preferiu filmar uma produção mais focada na travessia do gado e menos no romance açucarado. De qualquer forma, mesmo com essas restrições, ainda indico esse "Os Homens Altos" (tradução literal do título original) para os fãs de faroeste. No mínimo será curioso assistir. Obs: No Brasil o filme também recebeu o título de "Nas Garras da Ambição". Era comum nos anos 50 os filmes receberem mais de um título (geralmente quando passava na TV depois as emissoras mudavam os títulos ao seu bel prazer).
Duelo de Ambições (The Tall Men, EUA, 1955) Direção de Raoul Walsh / Roteiro: Sidney Boehm, Frank S Nugent / Elenco: Clark Gable, Jane Russel, Robert Ryan / Sinopse: Dois cowboys são contratados para levar um enorme rebanho de gado do Texas até o território de Montana; No caminho enfrentarão vários desafios como bandidos e tribos selvagens hostis, os Sioux.
Pablo Aluísio.
Buffalo Bill Volta a Galopar
Título no Brasil: Buffalo Bill Volta a Galopar
Título Original: Buffalo Bill Rides Again
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Jack Schwarz Productions
Direção: Bernard B. Ray
Roteiro: Frank Gilbert, Barney A. Sarecky
Elenco: Richard Arlen, Jennifer Holt, Lee Shumway
Sinopse:
No velho oeste do século XVIII, três grupos disputam as mesmas terras. Os rancheiros querem se estabelecer na região para a criação de gado e cavalos. Os nativos desejam a recuperação das vastas planícies que agora estão dominadas pelo homem branco e por fim um grupo de bandoleiros pretendem expulsar todos do local, pois há ricas jazidas de petróleo nas montanhas. É justamente no meio desse conflito prestes a explodir que chega Buffalo Bill (Richard Arlen) com a missão de restaurar a paz.
Comentários:
Mais um bangue-bangue que traz o conhecido personagem de Buffalo Bill. Aqui ele apresenta ares de pura ficção - nada tendo a ver com o Buffalo Bill da história real. Aliás é curioso notar que durante os anos 1940 Bill assumiu características de outros heróis conhecidos do velho oeste, ora se comportando como um Zorro, defensor dos pobres e oprimidos, ora passeando pelas dunas de xerifes como Bat Masterson. Na realidade Bill foi apenas um homem de negócios do ramo das diversões, que criou um show de variedades do oeste selvagem e ganhou muito dinheiro com essas apresentações. Era um homem circense e não o intrépido pistoleiro e justiceiro que vemos em filmes como esse. De qualquer forma "Buffalo Bill Rides Again" funciona muito bem como diversão. O galã Sylvanus Richard Van Mattimore ou melhor dizendo Richard Arlen (1899 - 1976) interpreta Buffalo Bill. Ele foi um dos mais produtivos atores de Hollywood. Sua carreira começou na década de 1920 e ele só parou mesmo quando a idade o impediu de continuar trabalhando, já nos anos 1970 (ou seja teve uma longa carreira de 50 anos no ramo da indústria cultural americana). No total participou de incríveis 179 filmes e foi mais do eclético, passeando por praticamente todos os gêneros. Além de muitos filmes de aventura e western, também teve intensa carreira na TV. Ele também se notabilizou por estar no elenco do primeiro filme vencedor do Oscar, o épico de aviação "Asas" de 1927. Rever Arlen com o figurino típico de Bill não deixa de ser um grande prazer para os saudosistas. Assim deixamos essa dica desse faroeste que hoje em dia anda pouco lembrado, mas que certamente vale muito a pena conhecer.
Pablo Aluísio.
Título Original: Buffalo Bill Rides Again
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Jack Schwarz Productions
Direção: Bernard B. Ray
Roteiro: Frank Gilbert, Barney A. Sarecky
Elenco: Richard Arlen, Jennifer Holt, Lee Shumway
Sinopse:
No velho oeste do século XVIII, três grupos disputam as mesmas terras. Os rancheiros querem se estabelecer na região para a criação de gado e cavalos. Os nativos desejam a recuperação das vastas planícies que agora estão dominadas pelo homem branco e por fim um grupo de bandoleiros pretendem expulsar todos do local, pois há ricas jazidas de petróleo nas montanhas. É justamente no meio desse conflito prestes a explodir que chega Buffalo Bill (Richard Arlen) com a missão de restaurar a paz.
Comentários:
Mais um bangue-bangue que traz o conhecido personagem de Buffalo Bill. Aqui ele apresenta ares de pura ficção - nada tendo a ver com o Buffalo Bill da história real. Aliás é curioso notar que durante os anos 1940 Bill assumiu características de outros heróis conhecidos do velho oeste, ora se comportando como um Zorro, defensor dos pobres e oprimidos, ora passeando pelas dunas de xerifes como Bat Masterson. Na realidade Bill foi apenas um homem de negócios do ramo das diversões, que criou um show de variedades do oeste selvagem e ganhou muito dinheiro com essas apresentações. Era um homem circense e não o intrépido pistoleiro e justiceiro que vemos em filmes como esse. De qualquer forma "Buffalo Bill Rides Again" funciona muito bem como diversão. O galã Sylvanus Richard Van Mattimore ou melhor dizendo Richard Arlen (1899 - 1976) interpreta Buffalo Bill. Ele foi um dos mais produtivos atores de Hollywood. Sua carreira começou na década de 1920 e ele só parou mesmo quando a idade o impediu de continuar trabalhando, já nos anos 1970 (ou seja teve uma longa carreira de 50 anos no ramo da indústria cultural americana). No total participou de incríveis 179 filmes e foi mais do eclético, passeando por praticamente todos os gêneros. Além de muitos filmes de aventura e western, também teve intensa carreira na TV. Ele também se notabilizou por estar no elenco do primeiro filme vencedor do Oscar, o épico de aviação "Asas" de 1927. Rever Arlen com o figurino típico de Bill não deixa de ser um grande prazer para os saudosistas. Assim deixamos essa dica desse faroeste que hoje em dia anda pouco lembrado, mas que certamente vale muito a pena conhecer.
Pablo Aluísio.
sábado, 11 de maio de 2019
Pistoleiros do Entardecer
Grande filme! Esse western mostra muito bem a diferença que faz um grande diretor. Veja, tinha tudo para ser mais um faroeste de rotina da carreira de Randolph Scott, mas isso seria óbvio demais. Sam Peckinpah consegue reverter certas máximas do gênero ao mesmo tempo em que é respeitoso à mitologia do velho oeste. Ao contrário de usar personagens que são indiscutivelmente mocinhos ou bandidos, o diretor coloca em cena sujeitos dúbios, que transitam entre cometer crimes ou protagonizar momentos de grande honra pessoal. É o caso de Gil Westrum (o último personagem da carreira de Randolph Scott que abandonaria o cinema logo após). Gil tem como objetivo roubar o ouro que foi contratado a transportar mas como acompanhamos no desenrolar do filme esse é apenas o ponto de partida de tudo o que acontecerá nas montanhas.
É bom frisar porém que a estética da violência que seria marca registrada do diretor ainda não está presente nesse filme, o que era de se esperar. Filmado na primeira metade dos anos 60 o cineasta ainda não havia levado às últimas consequências suas escolhas estéticas e cinematográficas. Mesmo assim o filme é surpreendentemente bem roteirizado, com um clímax excelente, de tirar o chapéu. No final quem melhor define a essência do filme é a personagem Elsa (interpretada pela atriz Meriette Hartley). Ela explica que sempre foi levada a crer que havia o bem e o mal absolutos na vida, mas que depois de tudo o que passou compreendeu que na vida há pessoas que transitam de um lado ao outro, em uma zona cinzenta, tal como os personagens desse western. Uma conclusão simplesmente perfeita. Enfim, esse é um filme indispensável para se ter na coleção. Não apenas é uma excelente obra cinematográfica, mas também marcou o gênero por trazer a última participação de Randolph Scott no cinema, por ter essa rara parceria entre ele e o ator Joel McCrea e como se isso não fosse o bastante por ser um filme assinado pelo grande Sam Peckinpah. Todos esses são motivos que o colocam entre os grandes clássicos da era de ouro do cinema americano.
Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country, EUA, 1962) / Direção: Sam Peckinpah / Roteiro:N.B. Stone Jr./ Com Randolph Scott, Joel McCrea, Mariette Hartley, Ron Starr e Edgar Buchanan / Sinopse: Steve Judd (Joel McCrea), um ex- xerife, é contratado para levar um carregamento em ouro por um território hostil. Para ajudar nessa tarefa ele chama Gil Westrum (Randolph Scott). A parceria parece perfeita, porém na verdade Westrum tem outros planos para todo aquele ouro. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Revelação (Mariette Hartley).
Pablo Aluísio.
É bom frisar porém que a estética da violência que seria marca registrada do diretor ainda não está presente nesse filme, o que era de se esperar. Filmado na primeira metade dos anos 60 o cineasta ainda não havia levado às últimas consequências suas escolhas estéticas e cinematográficas. Mesmo assim o filme é surpreendentemente bem roteirizado, com um clímax excelente, de tirar o chapéu. No final quem melhor define a essência do filme é a personagem Elsa (interpretada pela atriz Meriette Hartley). Ela explica que sempre foi levada a crer que havia o bem e o mal absolutos na vida, mas que depois de tudo o que passou compreendeu que na vida há pessoas que transitam de um lado ao outro, em uma zona cinzenta, tal como os personagens desse western. Uma conclusão simplesmente perfeita. Enfim, esse é um filme indispensável para se ter na coleção. Não apenas é uma excelente obra cinematográfica, mas também marcou o gênero por trazer a última participação de Randolph Scott no cinema, por ter essa rara parceria entre ele e o ator Joel McCrea e como se isso não fosse o bastante por ser um filme assinado pelo grande Sam Peckinpah. Todos esses são motivos que o colocam entre os grandes clássicos da era de ouro do cinema americano.
Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country, EUA, 1962) / Direção: Sam Peckinpah / Roteiro:N.B. Stone Jr./ Com Randolph Scott, Joel McCrea, Mariette Hartley, Ron Starr e Edgar Buchanan / Sinopse: Steve Judd (Joel McCrea), um ex- xerife, é contratado para levar um carregamento em ouro por um território hostil. Para ajudar nessa tarefa ele chama Gil Westrum (Randolph Scott). A parceria parece perfeita, porém na verdade Westrum tem outros planos para todo aquele ouro. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Revelação (Mariette Hartley).
Pablo Aluísio.
O Último Duelo
Título no Brasil: O Último Duelo
Título Original: The Cimarron Kid
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Louis Stevens
Elenco: Audie Murphy, Beverly Tyler, James Best
Sinopse:
Bill Doolin (Audie Murphy) é um jovem acusado injustamente de roubo por funcionários corruptos da estrada de ferro. Revoltado pelas falsas acusações e perseguido por homens da lei, ele não vê outra alternativa a não ser se juntar à quadrilha dos Daltons, velhos amigos de longa data. Como pistoleiro acaba adotando o nome de The Cimarron Kid. Em pouco tempo sua destreza no gatilho o torna um nome conhecido. O problema é que outro membro de sua própria gangue resolve lhe trair, o que o deixa em uma situação delicada. Fugitivo, ele sonha em se esconder em algum país da América do Sul ou no México para tentar recomeçar sua vida ao lado da mulher que ama.
Comentários:
Budd Boetticher foi um dos mestres do western americano nos anos 1950. Dono de um estilo muito eficiente de rodar filmes baratos, mas bem cuidados, Boetticher conseguiu o reconhecimento dos fãs do gênero. Ao longo de várias décadas trabalhou ao lado de grandes nomes do faroeste como Randolph Scott. Aqui ele dirigiu outro astro dos filmes de bang bang, o veterano da Segunda Guerra Mundial Audie Murphy. As portas de Hollywood foram abertas porque ele foi um herói de guerra, o militar mais condecorado desse conflito sangrento que varreu o mundo na década de 1940. De volta à vida civil viu no cinema uma oportunidade de fazer carreira e contou com a sorte de ser dirigido por grandes cineastas como o próprio Budd Boetticher. Ao longo dos anos a Universal o escalou para uma série de filmes de western, sendo algumas produções B, que tinham como objetivo testar sua força nas bilheterias. Depois de interpretar Jesse James em "Cavaleiros da Bandeira Negra" e ter um belo sucesso com "A Glória de um Covarde" o estúdio finalmente se convenceu que tinha um astro em mãos. Assim "O Último Duelo" só confirmaria ainda mais a estrela de Murphy. Um bom western que realmente não fica nada a dever aos bons faroestes de sua época.
Pablo Aluísio.
Título Original: The Cimarron Kid
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Louis Stevens
Elenco: Audie Murphy, Beverly Tyler, James Best
Sinopse:
Bill Doolin (Audie Murphy) é um jovem acusado injustamente de roubo por funcionários corruptos da estrada de ferro. Revoltado pelas falsas acusações e perseguido por homens da lei, ele não vê outra alternativa a não ser se juntar à quadrilha dos Daltons, velhos amigos de longa data. Como pistoleiro acaba adotando o nome de The Cimarron Kid. Em pouco tempo sua destreza no gatilho o torna um nome conhecido. O problema é que outro membro de sua própria gangue resolve lhe trair, o que o deixa em uma situação delicada. Fugitivo, ele sonha em se esconder em algum país da América do Sul ou no México para tentar recomeçar sua vida ao lado da mulher que ama.
Comentários:
Budd Boetticher foi um dos mestres do western americano nos anos 1950. Dono de um estilo muito eficiente de rodar filmes baratos, mas bem cuidados, Boetticher conseguiu o reconhecimento dos fãs do gênero. Ao longo de várias décadas trabalhou ao lado de grandes nomes do faroeste como Randolph Scott. Aqui ele dirigiu outro astro dos filmes de bang bang, o veterano da Segunda Guerra Mundial Audie Murphy. As portas de Hollywood foram abertas porque ele foi um herói de guerra, o militar mais condecorado desse conflito sangrento que varreu o mundo na década de 1940. De volta à vida civil viu no cinema uma oportunidade de fazer carreira e contou com a sorte de ser dirigido por grandes cineastas como o próprio Budd Boetticher. Ao longo dos anos a Universal o escalou para uma série de filmes de western, sendo algumas produções B, que tinham como objetivo testar sua força nas bilheterias. Depois de interpretar Jesse James em "Cavaleiros da Bandeira Negra" e ter um belo sucesso com "A Glória de um Covarde" o estúdio finalmente se convenceu que tinha um astro em mãos. Assim "O Último Duelo" só confirmaria ainda mais a estrela de Murphy. Um bom western que realmente não fica nada a dever aos bons faroestes de sua época.
Pablo Aluísio.
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