sexta-feira, 5 de abril de 2019

Shazam!

O personagem do Capitão Marvel é um dos mais antigos do mundo dos quadrinhos. Foi criado em 1940 e no auge de sua popularidade conseguiu vender mais quadrinhos do que o próprio Superman. Depois a editora original que o publicava faliu e os direitos foram comprados pela DC Comics. O curioso é que a nova editora não soube aproveitar bem seu potencial, o desperdiçando na maioria das vezes, algo que se repete também aqui nesse seu primeiro filme para o cinema. Convenhamos, esse roteiro não ajuda muito. Há um tom de comédia (e até pastelão) que acabou transformando o antigo herói em basicamente um bobão! Tudo bem que ele seria apenas um garoto de 14 anos em sua mentalidade, mas precisavam mesmo exagerar tanto na dose?

Assim o que temos aqui é uma versão um tanto abobada do Capitão Marvel. O enredo procura dar uma modernizada em suas antigas origens, mas só consegue ser bem sucedido em termos. Zachary Levi, o ator que interpreta o herói, é basicamente um comediante e leva seu trabalho nessa linha mesmo, a do humor. Com uma roupa cheia de enchimentos para parecer mais forte do que é, seu estilo me soou muito exagerado, desproporcional. O mais estranho é que o garoto Billy Batson tem um comportamento mais bem equilibrado do que o dele, que seria a versão adulta de Billy! Ai entra a maior contradição desse roteiro que me pareceu bem ruinzinho no que diz respeito à caracterização dos personagens.

O filme custou 100 milhões de dólares e até o momento conseguiu, à duras penas, faturar 400 milhões (no mercado americano e internacional). Provavelmente será tudo o que conseguirá atingir. Não chegou perto do grande sucesso da temporada, a do filme da Capitã Marvel. Penso que erraram a mão (mais um vez) em termos de adaptação para o cinema dos heróis da DC Comics. Agora virou uma situação de 8 ou 80. Ou tudo surge cinzento e obscuro demais ou então seu extremo oposto, bobo e infantil. A DC deve calibrar melhor seu material quando for para as telas.

Shazam! (Estados Unidos, 2019) Direção: David F. Sandberg / Roteiro: Henry Gayden, Henry Gayden, baseados no personagem dos quadrinhos criado por C. C. Beck e Bill Parker / Elenco: Zachary Levi, Mark Strong, Asher Angel, Jack Dylan Grazer, Adam Brody, Djimon Hounsou / Sinopse: O garoto de 14 anos Billy Batson acaba ganhando poderes especiais dado por um mago misterioso. Ao gritar o nome "Shazam!" se torna um super-herói com o poder de voar, desenvolver super velocidade, grande força, entre outros. Agora precisará enfrentar um vilão que deseja tomar posse de todos os seus poderes.

Pablo Aluísio.

Estrada Sem Lei

A história de Bonnie e Clyde já rendeu um clássico ao cinema. Estou me referindo a "Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas" (EUA, 1967) com Warren Beatty e Faye Dunaway. Uma obra-prima. Agora o canal Netflix resolveu contar a história dos policiais que deram fim ao casal criminoso mais famoso do século XX. Esse "The Highwaymen" conta basicamente o mesmo fato histórico, só que de um outro ponto de vista, focando nos policiais que foram atrás do casal pelas estradas americanas empoeiradas e desoladas do interior. Aqui se destacam dois personagens principais, dois veteranos, antigos membros do Texas Rangers, que unem forças para um último (e definitivo) serviço.

É uma caçada humana, com muitos momentos de tensão e violência. Obviamente que a capacidade de rastrear desses velhos homens da lei foi crucial nessa busca. Eles conseguiram antever os passos dos criminosos, chegando nas cidades antes mesmo deles irem para lá. Usando da máxima "Bandidos são como cavalos selvagens, sempre voltam para seu lar", eles utilizaram como bússola as cidades onde moravam parentes dos membros da quadrilha. Uma estratégia eficiente, que acabou dando muito certo. Em pouco tempo ficaram no rastro dos bandidos. O interessante desse roteiro é que a interação com Bonnie e Clyde é mínima, tal como se deu na vida real. Eles estão sempre presentes como alvo a ser alcançado pelos policiais, mas nunca como presença real. Apenas no momento final é que o caminho deles se cruzam de forma definitiva.

Por fim, tanbém não poderia deixar de elogiar os atores Kevin Costner e Woody Harrelson. Estão ótimos como os velhos Rangers. O papel de Kevin Costner me lembrou muito de "Os Intocáveis" quando interpretou o policial Eliot Ness. Foi ele quem prendeu o também famoso Al Capone. Tudo a ver com a grande era dos gângsters, do qual Bonnie e Clyde também fizeram parte.  Já Harrelson está em um momento maravilhoso na carreira, fazendo uma sucessão de bons filmes em série. Não poderia estar melhor no filme. Juntos eles fizeram o melhor filme com o selo Netflix que já assisti. Um excelente policial de época que poderia perfeitamente ter sido lançado no cinema, onde seguramente faria sucesso. Qualidade cinematográfica para isso certamente não lhe faltaria.

Estrada Sem Lei (The Highwaymen, Estados Unidos, 2019) Direção: John Lee Hancock / Roteiro: John Fusco / Elenco: Kevin Costner, Woody Harrelson, Kathy Bates, John Carroll Lynch / Sinopse: Durante a década de 1930 o casal de criminosos Bonnie e Clyde espalha terror pelo interior dos Estados Unidos, numa trajetória de crimes. Para localizar o casal a governadora do Texas decide contratar um velho Texas Ranger que ao lado de seu antigo parceiro ganha a estrada em busca do paradeiro dos criminosos. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

As Viúvas

O diretor Steve McQueen sempre surge nos cinemas com filmes interessantes. O forte dele não se concentra apenas na boa direção dos atores, mas também na escolha de roteiros bem escritos. Aqui temos três núcleos de personagens onde o enredo se desenvolve. O primeiro núcleo é formado por uma quadrilha de criminosos, assaltantes a bancos, liderados por Harry Rawlings (Liam Neeson). Após um roubo eles fogem à toda velocidade pelas ruas da cidade, sendo perseguidos pela polícia. O caos é completo, com tiros e explosões para todos os lados. A única lei que prevalece é a da sobrevivência.

No segundo núcleo temos dois políticos que disputam o controle de uma subsidiária da prefeitura localizada em um bairro suburbano, de população negra e pobre. Esses políticos são tão corruptos e criminosos quanto os próprios assaltantes. Todos podres. Por fim há o grupo das viúvas que dá título ao filme. Só que elas não são viúvas comuns. Pelo contrário, seus maridos foram mortos pela polícia. Uma delas passa a ser ameaçada por antigos comparsas do marido. Eles querem saber onde foi parar os dois milhões de dólares que ele roubou e escondeu. A pobre mulher não sabe de nada, mas precisa agir, antes de ser morta pelos bandidos.

O diretor Steve McQueen cria assim o cenário por onde seus personagens desfilam na tela. Não há absolutamente ninguém que preste entre eles. São todos criminosos em maior ou menor grau. Todos são gananciosos, sem escrúpulos e estão dispostos a tudo para colocarem as mãos no dinheiro roubado. É curioso que o espectador fique sem ter por quem torcer. Afinal as tais viúvas passam longe de exemplos, na verdade elas logo se tornam também criminosas, planejando um grande roubo. Claro, nem tudo sai como elas querem. Eu gostei do filme, mas fiquei um pouco incomodado por essa falta de um protagonista decente, que passe pelo menos um exemplo bom. Nem que fosse algum policial investigando os crimes, por exemplo. Do jeito que ficou "As Viúvas" mais parece um estudo de criminologia onde temos que torcer pelos menos piores ou pelos menos inescrupulosos. Vou torcer para o bandido A ou B? Não me parece ser uma decisão fácil de tomar.

As Viúvas (Widows, Estados Undos, Inglaterra, 2018) Direção: Steve McQueen / Roteiro: Gillian Flynn, Steve McQueen / Elenco: Viola Davis, Michelle Rodriguez, Elizabeth Debicki, Liam Neeson, Robert Duvall, Colin Farrell / Sinopse: Criminosos, políticos corruptos e uma quadrilha formada por viúvas de bandidos mortos, convive numa grande cidade americana infestada de crimes. O prêmio máximo será dado a quem colocar as mãos primeiro em uma bolada de dois milhões de dólares roubados de um banco da cidade. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Atriz (Viola Davis).

Pablo Aluísio.

Alita

Esse filme custou 170 milhões de dólares. Foi produzido e roteirizado pelo James Cameron e bateu de frente com a "Capitã Marvel" nas bilheterias americanas. Perdeu a disputa, mas a despeito disso conseguiu ainda faturar 400 milhões de dólares, um número que não decepcionou ao estúdio. Embora seja um espécie de filme pessoal de Cameron, ele preferiu não dirigir, passando o bastão para Robert Rodriguez. A boa notícia é que o cineasta acertou a mão em todos os detalhes, fazendo um filme mesclado (meio animação gráfica, meio atores de verdade) que funcionou excepcionalmente bem no quesito diversão.

Na realidade é uma adaptação de uma obra japonesa escrita por Yukito Kishiro, Lançado na Terra do Sol Nascente com o nome de  "Gunnm" logo caiu nas graças do público que curte mangá. E isso é fácil de entender. A protagonista é uma andróide adolescente chamada Alita, Partes de seu corpo foram achados em um ferro-velho pelo Dr. Dyson Ido (Christoph Waltz) que resolve reconstrui-la. O que ele nem desconfia é que a garotinha na verdade é uma arma de guerra, usada para invadir o nosso mundo há 300 anos. Naquele passado distante quase todo o planeta foi destruído, sobrando apenas uma cidade flutuante, enquanto o resto da humanidade passou a viver no meio do caos e da violência.

O filme funciona não apenas por ter uma excelente produção onde você consegue ver cada dólar investido, mas também por apostar em um roteiro que procura tocar no sentimento do espectador. A andróide teen é realmente fenomenal nas lutas contra outros seres futuristas, mas também tem anseios e sentimentos típicos de uma adolescente apaixonada pela primeira vez. Eu não esperava grande coisa, mas acabei gostando de praticamente tudo. O design de produção procurou copiar fielmente a imagem da personagem dos quadrinhos japoneses, o que lhe vale ter aqueles grandes olhos cheios de sentimento que conhecemos bem dos mangás. No final a porta fica aberta para futuras continuações. Terá uma sequência? Bom, esse tipo de pergunta apenas o James Cameron poderia responder.

Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel, Estados Unidos, 2019) Direção: Robert Rodriguez / Roteiro: James Cameron, Laeta Kalogridis / Elenco: Rosa Salazar, Christoph Waltz, Jennifer Connelly, Mahershala Ali, Keean Johnson / Sinopse: Em um mundo pós-apocalíptico, 300 anos no futuro, a andróide Alita é resgatada do ferro-velho por um especialista chamado Dyson Ido (Christoph Waltz). Ele decide remontá-la, para reativá-la e descobre que ela não é uma andróide comum, mas sim uma máquina de guerra de origem extraterrestre.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 3 de abril de 2019

O Peso do Passado

Nicole Kidman, uma das atrizes mais belas do cinema mundial, decidiu deixar de lado o glamour e a beleza para interpretar sua personagem nesse filme. Temos aqui um roteiro bem elaborado, mostrando o peso da culpa de um passado cheio de falhas na vida da policial Erin Bell (Kidman). Atualmente trabalhando no departamento de homicídios ela recebe uma nota de dólar manchada, dentro de um envelope. É uma mensagem cifrada que ela sabe muito bem o que significa.

No passado ela trabalhou em uma missão de infiltração policial numa quadrilha de assaltantes a bancos. Fingindo ser uma mulher gananciosa acabou sendo aceita dentro do grupo. Ao seu lado, também disfarçado, trabalhou um agente do FBI com quem ela acabou tendo um relacionamento amoroso. Só que o disfarce acabou mexendo com sua mente e durante um dos assaltos nada acabou saindo como o planejado. Pior do que isso, ela decidiu agir completamente fora da lei e das suas funções de policial.

O roteiro é disperso, o que não significa ser ruim. Pelo contrário, como num jogo de cartas marcadas, tudo vai se revelando aos poucos ao espectador. A policial de Kidman tem muitos problemas pessoais. Uma filha que está namorando um vagabundo, que ela odeia. Um ex-marido problemático e um caso não resolvido de seu passado que precisa ser eliminado antes que seus superiores dentro da polícia venham a descobrir tudo. A coisa acaba se resolvendo na bala, o que definitivamente vai chocar alguns. O interessante é que a diretora Karyn Kusama deu um tirmo pesado ao filme. Tudo parece cinza e sem esperanças. Nada é colocado facilmente na tela, tudo parece sair com muita dor e esforço. Nem todos vão gostar, mas no meu caso pessoal acabei gostando bastante desse estilo. Assim deixo a dica para quem procura por um filme policial que fuja dos padrões de Hollywood.

O Peso do Passado (Destroyer, Estados Unidos, 2018) Direção: Karyn Kusama / Roteiro: Phil Hay, Matt Manfredi / Elenco: Nicole Kidman, Toby Kebbell, Tatiana Maslany, Sebastian Stan / Sinopse: Policial de Los Angeles precisa encobrir algo nebuloso de seu passado, algo que aconteceu durante uma operação de infiltração numa quadrilha de assaltantes de bancos. Sua única saída é encontrar o antigo líder do bando, para assassiná-lo antes que ele conte tudo o que sabe. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Nicole Kidman).

Pablo Aluísio.

Carrasco Americano

Dois homens acorrentados recuperam a consciência em um porão mal iluminado. Eles foram trazidos até ali por um desconhecido, um sujeito que obviamente não tem boas intenções. Aos poucos a situação bizarra começa a fazer sentido. Ok, no começo do filme você chega a pensar que está assistindo a um genérico de "Jogos Mortais", mas não é bem isso que o espera. O filme se propõe a discutir justiça em cima das falhas do sistema judiciário. Aqui o juiz vira acusado e o sujeito que supostamente seria seria o réu vira seu algoz. Uma mudança de papéis que passa a ser transmitida ao vivo pela internet. Caberá aos internautas decidirem sobre o futuro do magistrado acorrentado. Ele é ou não culpado por ter condenado um homem inocente a pena de morte?

O velho juiz é interpretado pelo ótimo Donald Sutherland, Ele tenta argumentar com seu sequestrador, tudo na base legal, da lei. Uma de suas argumentações é que obviamente aquilo nunca foi um tribunal, apenas um jogo sádico controlado por um psicopata serial. O foco também se dirige para o passado, onde uma garotinha foi morta por um pedófilo. Foi esse caso que fez com que o juiz interpretado por Sutherland enviasse um homem inocente para a cadeira elétrica. Ele errou, o sistema judiciário errou, os policiais na investigação erraram. Tudo deu errado. Agora o raptor se coloca na posição de juiz e carrasco, pronto para fazer cumprir a vontade das pessoas que assistem ao "julgamento" pela internet. Aqui o povão vira júri, sendo sua decisão soberana. Nem é preciso dizer que o juiz obviamente fica numa situação limite, afinal no meio do sadismo reinante todos parecem dispostos a condenar o magistrado à morte. Um dia da caça, outro do caçador.  É um bom filme de suspense que prende a atenção até o fim. Curto e eficiente, cumpre plenamente tudo o que prometeu.

Carrasco Americano (American Hangman, Estados Unidos, 2019) Direção: Wilson Coneybeare / Roteiro: Wilson Coneybeare / Elenco: Donald Sutherland, Vincent Kartheiser, Oliver Dennis, Paul Amato / Sinopse: Henry David Cole (Vincent Kartheiser), um sujeito visivelmente perturbado resolve fazer justiça pelas próprias mãos. Ele sequestra o velho juiz Straight (Donald Sutherland) e o coloca online na internet para seu próprio julgamento. O magistrado errou, condenando um homem inocente à morte. Agora ele será julgado pelos internautas e a pena será cumprida ali mesmo, na frente de todos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Creed II

Esse filme tem uma ligação direta com "Rocky IV" de 1985. Quem poderia esquecer do gigante lutador de boxe soviético Ivan Drago? Pois é, ele está de volta. Mas claro que não subirá ao ringue. Quem toma as honras agora é seu filho, um sujeito com muitos músculos e ódio. O alvo passa a ser Adonis Johnson, filho de Apollo, lutador que foi literalmente destruído por Drago no filme original de 1985. Assim temos mais uma revanche de sangue, onde esporte e vingança se mesclam na mesma dose. "Creed II" não é tão bom como o primeiro filme. Claro, a chegada de Drago e seu filho mantém o interesse, principalmente do fã veterano dos filmes de Stallone. Só que convivem na tela duas linhas narrativas que acabam atrapalhando o filme como um todo.

Na primeira temos o drama, com Adonis e sua esposa, prestes a terem uma filha. O medo é de que ela nasça com problemas auditivos da mãe. Essa parte do filme é bem chata e sem ritmo. Pior é que torna o filme excessivamente longo e lento, com cenas desnecessárias. Um roteiro mais enxuto nessa parte cairia muito bem. Já na outra linha narrativa, a que explora o duelo esportivo entre o americano negro em busca de vingança pela morte do pai e o gigante russo que quer o cinturão dos pesos pesados, é excelente. É o que mantém o filme de pé. Há apenas duas lutas no filme, mas elas são tão bem editadas e coreografadas que me fizeram lembrar dos bons filmes da franquia Rocky. E de quebra temos o bom e velho Stallone aqui como um Rocky na terceira idade, relembrando do passado glorioso, enquanto tenta treinar seu jovem pupilo. Um filme que se tivesse se apoiado exclusivamente no suor e nas lutas de boxe no ringue, seria mesmo perfeito como pura diversão cinematográfica.

Creed II (Estados Unidos, 2018) Direção: Steven Caple Jr / Roteiro: Sylvester Stallone, Cheo Hodari Coker, Ryan Coogler / Elenco: Sylvester Stallone, Michael B. Jordan, Dolph Lundgren, Florian Munteanu, Tessa Thompson / Sinopse: Adonis Creed (Jordan), campeão mundial de boxe dos pesos pesados é desafiado por Viktor Drago (Munteanu), filho de Ivan Drago, boxeador russo que no passado venceu seu pai nos ringues.

Pablo Aluísio.

Capitã Marvel

Eu ando muito por fora de histórias em quadrinhos... Confesso que conhecia o Capitão Marvel desde criança, mas a Capitã Marvel... olha, nunca tinha ouvido falar. Também isso é previsível pois não sou leitor de gibis. De qualquer forma... cinema sempre foi minha paixão e assim temos aqui essa nova aventura Marvel com essa personagem que, pelo que soube, sempre foi bem secundária nas revistas - isso apesar de ser uma heroína cheia de poderes! Pois bem,  aqui vão minhas impressões de leigo em comics, mas fã da sétima arte. O filme me agradou. É aquele tipo de produto que gosto de chamar de linha cósmica da Marvel, com muitos planetas e civilizações extraterrestres, seres de outras raças do universo, etc. Se você curte "Star Trek" muito provavelmente vai gostar desse filme (o roteiro até faz piadinhas sobre os trekkers, fãs de Jornada Nas Estrelas).

A atriz Brie Larson tem dois atributos que logo chamam a atenção: é muito bonita e bem carismática. Ela ganha o filme já nas primeiras cenas. Seu contraponto ao lado de Samuel L. Jackson funcionou perfeitamente bem. Sim, o elenco de um modo em geral segurou muito bem o roteiro, com destaque até para uma participação (importante dentro da trama) da veterana Annette Bening; Fazia muitos anos que a tinha visto no cinema. Então foi um reencontro agradável.  Jude Law também está adequado. Ele faz muito bem esse tipo de papel, a do sujeito que parece ser seu amigo, mas que pode estar escondendo um punhal para enfiar nas suas costas quando aparecer a oportunidade.

Em termos de produção temos efeitos especiais de luz e brilho à vontade. Só não gostei muito das cenas de lutas dentro da nave. Elas me pareceram escuras demais e em certos momentos também confusas, do tipo "quem está batendo em quem agora?". O uniforme da mocinha é nitidamente brega, mas isso faz parte do pacote e também rende algumas piadinhas ao longo do filme. Por fim é bom salientar que essa Capitã conseguiu superar a marca do 1 bilhão de dólares arrecadados ao redor do mundo! Incrível uma cifra dessas! Ela logo estará no novo filme dos Vingadores e ao que tudo indica será uma das salvadoras do universo Marvel no cinema. Isso tanto do ponto de vista das estorinhas, como também comercialmente falando. A Marvel já pode ir preparando os cofres para encher com essa fortuna nos próximos anos...

Capitã Marvel (Captain Marvel, Estados Unidos, 2019) Direção: Anna Boden, Ryan Fleck / Roteiro: Anna Boden, Ryan Fleck / Elenco: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Annette Bening, Jude Law, Ben Mendelsohn / Sinopse: Vers (Larson), de um planeta distante, vem parar na Terra em busca de uma arma secreta que colocará fim à guerra entre sua povo e uma raça selvagem e guerreira. Só que ela acaba descobrindo um passado que desconhecia nesse novo mundo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Bumblebee

Nessa altura do campeonato jamais pensei que iria gostar de um filme da franquia "Transformers". Afinal todos os filmes dessa série eram fracos, fruto da intensa insanidade visual do diretor Michael Bay. Mas eis que após tantos anos o estúdio resolveu trocar de direção. Entregou ao diretor Travis Knight esse novo filme e então finalmente tivemos um bom filme dessa marca. Sim, esse é um bom filme, por mais incrível que isso possa parecer. Dizem que Steven Spielberg ajudou bastante no roteiro e isso fez toda a diferença do mundo. "Bumblebee" ficou realmente diferenciado, parecendo até mesmo um filme dos anos 80 do próprio Spielberg! De longe é o melhor filme dos Transformers no cinema. Não tem nem comparação com os outros que foram lançados anteriormente.

O roteiro, como disse, é o grande achado. A história se passa nos anos 80 e tem um trilha sonora com músicas daquela época que vai trazer uma grande nostalgia ao espectador que viveu naqueles anos. Há uma protagonista bacana interpretada pela atriz carismática Hailee Steinfeld e um dos robôs mais queridos pelos fãs, o Bumblebee, que vira um fusquinha amarelo simpático. O filme ganha impulso justamente quando a garota encontra o carro em um ferro velho, sem saber que ele na verdade é um Transformer vindo de outro planeta. Assim o roteiro capricha no desenvolvimento dos personagens e nos toques de amizade e simpatia. Ficou uma graça. Um detalhe curioso desse filme é que ele na verdade é um prequel, uma pré-sequência, de todos os outros filmes. Assim todo o enredo se torna a primeira chegada de um Transformer na Terra. Eu, que esperava mais uma bomba cinematográfica, fiquei muito surpreso com a boa qualidade do filme. Quem poderia imaginar que algo assim fosse acontecer? De qualquer forma espero que não seja um caso isolado, que daqui para frente sigam o exemplo e melhorem esses filmes porque todos os demais são praticamente intragáveis!

Bumblebee (Estados Unidos, 2018) Direção: Travis Knight / Roteiro: Christina Hodson / Elenco: Hailee Steinfeld, Jorge Lendeborg Jr., John Cena / Sinopse: Após uma intensa batalha em seu planeta o Transformer Bumblebee vem parar no planeta Terra. Aqui acaba sendo levado por uma adolescente para casa, na forma de um fusquinha amarelo, só que os Decepticons descobrem seu destino através de ondas de rádio. Agora eles querem destrui-lo, custe o que custar. 

Pablo Aluísio. 

Robin Hood - A Origem

Até tentei gostar desse novo filme do Robin Hood, mas simplesmente não deu. A realidade é que o filme é fraco mesmo. Provavelmente depois de tantos filmes com o personagem (alguns clássicos, é bom relembrar) tudo parece meio saturado. E não adianta muito tentar dar uma modernizada em algo que já havia encontrado seu ponto perfeito no cinema, em um passado ainda não tão distante. Com isso temos uma versão sem maiores atrativos que me soou genérica demais e sem personalidade. Em termos de produção há alguns problemas. Parece que o ator Leonardo DiCaprio (que é um dos produtores) dormiu no ponto. Os figurinos não são muito interessantes e nem de acordo com a época medieval em que a história se passa. O Robin Hood, por exemplo, veste uma roupa que lembra demais a do Arqueiro Verde da série de TV "Arrow". Sem originalidade esse tipo de situação me incomodou um pouco.

O elenco também não é grande coisa. Taron Egerton como Robin Hood é tão genérico como o próprio filme. A filha do Bono do U2, a atriz Eve Hewson, já foi mais bonita e interessante, como na série médica "The Knick". Aqui ela desfila pela tela com uma cara de gente enjoada, pouco se importando com sua personagem. Jamie Foxx interpreta um mouro que vai atrás de Robin até a Inglaterra e acaba se tornando seu mestre em armas. Outro desperdício. O diretor Otto Bathurst não encontrou o tom certo para seu filme. Procurou fazer um filme de aventuras escapista, sem muito conteúdo, focando basicamente no público mais jovem. Acabou criando um filme sem muito valor, mero produto comercial. O filme custou 100 milhões de dólares, porém fracassou nas bilheterias americanas e internacionais. Merecido. Antes de jogar um monte de dinheiro desses em um filme é necessário primeiro escrever um bom roteiro. Algo que não fizeram. Com o fracasso é provável que Robin Hood fique mais alguns anos de fora do cinema. Isso eu definitivamente lamento.

Robin Hood - A Origem (Robin Hood, Estados Unidos, 2018) Direção: Otto Bathurst / Roteiro: Ben Chandler, David James Kelly / Elenco: Taron Egerton, Eve Hewson, Jamie Foxx, Ben Mendelsohn / Sinopse: O nobre Robin de Loxley (Egerton) é enviado para uma cruzada no Oriente Médio. Acaba ferido, voltando para a Inglaterra. Ao voltar para o lar descobre que seu castelo e seus bens foram tomados pelo corrupto xerife de Nottingham (Mendelsohn). Assim decide se vingar, se tornando um ladrão encapuzado, roubando dos ricos para dar aos pobres.

Pablo Aluísio.