Título no Brasil: Marcha de Heróis
Título Original: The Horse Soldiers
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Ford
Roteiro: John Lee Mahin, Martin Rackin
Elenco: John Wayne, William Holden, Constance Towers
Sinopse:
Durante a guerra civil americana o Coronel John Marlowe (John Wayne) da União recebe uma missão ousada e perigosa. Ele precisará adentrar o território inimigo, indo em direção ao coração do sul rebelde e confederado, para destruir uma importante estação ferroviária chamada Newton, que está sendo usada como uma vital via de reposição de tropas e recursos para os exércitos sulistas. A empreitada, praticamente suicida, acaba colocando frente a frente dois oficiais que não se dão muito bem, o próprio Marlowe e o Major Henry Kendall (William Holden), médico cirurgião do exército. A marcha acaba se revelando uma jornada de superação e heroísmo. Filme indicado ao Directors Guild of America na categoria de Melhor Direção (John Ford).
Comentários:
O mestre John Ford (1894 - 1973) elevou o gênero Western a um novo patamar. Ele recriou a mitologia do velho oeste e consagrou um dos mais importantes fenômenos cinematográficos da história. Os faroestes dirigidos por Ford não se contentavam apenas em contar boas histórias, em excelentes produções, mas também criar toda uma nova mitologia americana, louvando a bravura do homem do oeste. Aqui o foco se dirige em direção à guerra civil, o conflito armado que mais ceifou vidas americanas durante toda a história daquela nação. Wayne interpreta esse velho Coronel, um sujeito durão, formado pelas adversidades da vida. No passado ele viu seu filho morrer por causa de uma imperícia médica e por essa razão acabou criando uma aversão natural por médicos em geral. Ao ter que lidar com o cirurgião Henry Kendall (Holden) durante uma perigosa missão rumo ao sul as coisas realmente começam a sair do controle. O roteiro, muito bem estruturado e dividido em pequenas tramas independentes que vão sendo exploradas ao longo do filme, se revela muito acima da média, investindo bastante nas relações humanas de todos os personagens.
Isso não se limita ao tenso convívio entre o durão Coronel e o médico cirurgião de sua tropa, mas também em relação a uma dama sulista, Miss Hannah Hunter (Constance Towers), que eles precisam levar a tiracolo depois que ela descobre importantes planos da União. Não demora muito e o Coronel acaba desenvolvendo sentimentos em relação à mocinha, uma velha presença constante na obra de Ford, sempre procurando também trazer um pouco de romance mesmo em suas tramas essencialmente masculinas e feitas para os homens dos anos 50. Ford também se dá ao luxo de colocar o Coronel interpretado por John Wayne em crise existencial ao perceber que ele no final das contas está destruindo aquilo que construía antes da guerra (já que o velho Coronel Marlowe foi engenheiro ferroviário antes da guerra civil). Em um bar, ouvindo as dinamites explodirem as linhas de trem, o velho oficial finalmente desaba e tem um ataque de nervos, algo incomum para um típico herói de faroestes daquela época. O bom humor também não é deixado de fora pelo roteiro. Os sulistas que surgem geralmente são caipirões indigestos e o conflito iminente entre a cavalaria da União e uma guarnição sulista composta apenas por garotos da escola militar acabam gerando os momentos mais divertidos de todo o filme. O clímax também é ótimo, na travessia da ponte que significa a salvação e a liberdade para aqueles bravos soldados da União. Assim não existe outra qualificação para "The Horse Soldiers", pois é uma obra cinematográfica realmente grandiosa que faz jus a toda genialidade de seu diretor. Um faroeste que jamais poderá faltar em sua coleção. Realmente imprescindível!
Pablo Aluísio.