segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Marcha de Heróis

Título no Brasil: Marcha de Heróis
Título Original: The Horse Soldiers
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Ford
Roteiro: John Lee Mahin, Martin Rackin
Elenco: John Wayne, William Holden, Constance Towers
  
Sinopse:
Durante a guerra civil americana o Coronel John Marlowe (John Wayne) da União recebe uma missão ousada e perigosa. Ele precisará adentrar o território inimigo, indo em direção ao coração do sul rebelde e confederado, para destruir uma importante estação ferroviária chamada Newton, que está sendo usada como uma vital via de reposição de tropas e recursos para os exércitos sulistas. A empreitada, praticamente suicida, acaba colocando frente a frente dois oficiais que não se dão muito bem, o próprio Marlowe e o Major Henry Kendall (William Holden), médico cirurgião do exército. A marcha acaba se revelando uma jornada de superação e heroísmo. Filme indicado ao Directors Guild of America na categoria de Melhor Direção (John Ford).

Comentários:
O mestre John Ford (1894 - 1973) elevou o gênero Western a um novo patamar. Ele recriou a mitologia do velho oeste e consagrou um dos mais importantes fenômenos cinematográficos da história. Os faroestes dirigidos por Ford não se contentavam apenas em contar boas histórias, em excelentes produções, mas também criar toda uma nova mitologia americana, louvando a bravura do homem do oeste. Aqui o foco se dirige em direção à guerra civil, o conflito armado que mais ceifou vidas americanas durante toda a história daquela nação. Wayne interpreta esse velho Coronel, um sujeito durão, formado pelas adversidades da vida. No passado ele viu seu filho morrer por causa de uma imperícia médica e por essa razão acabou criando uma aversão natural por médicos em geral. Ao ter que lidar com o cirurgião Henry Kendall (Holden) durante uma perigosa missão rumo ao sul as coisas realmente começam a sair do controle. O roteiro, muito bem estruturado e dividido em pequenas tramas independentes que vão sendo exploradas ao longo do filme, se revela muito acima da média, investindo bastante nas relações humanas de todos os personagens. 

Isso não se limita ao tenso convívio entre o durão Coronel e o médico cirurgião de sua tropa, mas também em relação a uma dama sulista, Miss Hannah Hunter (Constance Towers), que eles precisam levar a tiracolo depois que ela descobre importantes planos da União. Não demora muito e o Coronel acaba desenvolvendo sentimentos em relação à mocinha, uma velha presença constante na obra de Ford, sempre procurando também trazer um pouco de  romance mesmo em suas tramas essencialmente masculinas e feitas para os homens dos anos 50. Ford também se dá ao luxo de colocar o Coronel interpretado por John Wayne em crise existencial ao perceber que ele no final das contas está destruindo aquilo que construía antes da guerra (já que o velho Coronel Marlowe foi engenheiro ferroviário antes da guerra civil). Em um bar, ouvindo as dinamites explodirem as linhas de trem, o velho oficial finalmente desaba e tem um ataque de nervos, algo incomum para um típico herói de faroestes daquela época. O bom humor também não é deixado de fora pelo roteiro. Os sulistas que surgem geralmente são caipirões indigestos e o conflito iminente entre a cavalaria da União e uma guarnição sulista composta apenas por garotos da escola militar acabam gerando os momentos mais divertidos de todo o filme. O clímax também é ótimo, na travessia da ponte que significa a salvação e a liberdade para aqueles bravos soldados da União. Assim não existe outra qualificação para "The Horse Soldiers", pois é uma obra cinematográfica realmente grandiosa que faz jus a toda genialidade de seu diretor. Um faroeste que jamais poderá faltar em sua coleção. Realmente imprescindível!

Pablo Aluísio.

Texas Rising

Título no Brasil: Texas Rising
Título Original: Texas Rising
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: A+E Studios, ITV Studios America
Direção: Roland Joffé
Roteiro: Darrell Fetty, Leslie Greif
Elenco: Bill Paxton, Stephen Monroe Taylor, Trevor Donovan
  
Sinopse:
Série de western que se propõe a contar eventos históricos marcantes da colonização do velho oeste americano, entre eles a guerra que definiu os rumos do estado do Texas, quando um exército americano liderado por Sam Houston (Bill Paxton) se empenhou bravamente em expulsar as tropas mexicanas sob comando do general Antonio Lopez de Santa Anna (Olivier Martinez) de seu território, logo após o massacre do forte Álamo.

Comentários:
Embora tenha assistido ainda apenas alguns episódios dessa nova série "Texas Rising" já me sinto plenamente confortável em recomendá-la. A produção é excelente e o roteiro consegue mesclar o lado histórico do surgimento do Texas como estado livre e independente a cenas extremamente bem realizadas no campo de batalha. Um dos personagens centrais, como não poderia deixar de ser, é o comandante Sam Houston (Bill Paxton). No primeiro episódio ele se encontra com suas tropas estacionadas em uma colina e envia homens para descobrir os desdobramentos da chegada do exército do general mexicano Santa Anna no forte Álamo. As notícias porém são as piores possíveis. Mesmo lutando bravamente por vários dias o forte finalmente caiu, após todos os seus combatentes serem mortos sem piedade pelo exército inimigo. A série começa justamente aqui, no dia seguinte ao colapso do Álamo, que ao longo dos anos viraria um importante símbolo para o povo texano, uma verdadeira bandeira de sua luta contra as forças vindas de um México ditatorial, tirano e sanguinário. Naquele momento histórico o que o povo do Texas mais almejava era a liberdade proporcionada pela federação norte-americana que estava se formando. A República do Texas estava nascendo exatamente naquele conflito. Assim "Texas Rising" satisfaz até mesmo o mais exigente dos espectadores. Tem ótima reconstituição de época, bom roteiro, direção precisa e elenco afinado. Tudo isso somado ao fato de termos agora uma nova série de western para acompanhar na TV, o que convenhamos é uma ótima notícia.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Pistoleiros em Duelo

Título no Brasil: Pistoleiros em Duelo
Título Original: Gunfight in Abilene
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: William Hale
Roteiro: Berne Giler, John D.F. Black
Elenco: Bobby Darin, Emily Banks, Leslie Nielsen, Donnelly Rhodes
  
Sinopse:
Durante a Guerra Civil Americana o Major Cal Wayne (Bobby Darin) mata acidentalmente um companheiro de armas. Quando a guerra chega ao fim ele decide retornar para sua cidade natal, Abilene, onde havia sido xerife antes de se alistar no exército confederado. Curiosamente todos pensavam que ele estava morto, inclusive seu grande amor, Amy Martin (Emily Banks), que agora está comprometida, prestes a se casar, com o rico homem de negócios Grant Evers (Leslie Nielsen), justamente o irmão do homem que Cal matou de forma acidental no front.

Comentários:
Faroeste B da Universal que tentou lançar o cantor Bobby Darin como astro em Hollywood. Não deu muito certo. Darin tinha uma bela voz e chegou a gravar excelentes discos, a maioria deles seguindo o estilo de seu grande ídolo Frank Sinatra. Como ator porém ele era muito limitado, mesmo para filmes que não exigissem muito no quesito atuação. Aqui ele interpreta um veterano confederado que ficou traumatizado após matar seu próprio amigo durante a confusão de uma batalha sangrenta. De volta para a vida civil ele tenciona se casar com a namoradinha que havia deixado em Abilene, mas boatos de que teria morrido em campo fizeram com que ela se comprometesse com outro homem, bem mais velho porém extremamente bem sucedido no ramo de pecuária. Esse curioso personagem que usa um braço de madeira por ter perdido em um acidente muitos anos antes é interpretado por Leslie Nielsen. Bom, se você gosta de cinema certamente se lembrará do senhor grisalho que estrelou diversas comédias escrachadas ao estilo "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!". Essa foi uma fase tardia de sua carreira e a que ele mais teve sucesso comercial. Na década de 1960 o ator ainda interpretava sujeitos durões em filmes como esse. No geral "Gunfight in Abilene" é um bom western. Tem um roteiro redondinho, bem escrito e por ser um filme curtinho jamais aborrece o espectador. O grande fraco em termos de elenco vem mesmo da atuação modesta de Darin que como ator não convencia. Pena que ele não cante em cena, embora desfile uma boa performance na canção "Amy" que abre e fecha o filme. Enfim, vale pelo menos pela diversão ligeira.

Pablo Aluísio.

Os Cowboys

Título no Brasil: Os Cowboys
Título Original: The Cowboys
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Mark Rydell
Roteiro: William Dale Jennings, Irving Ravetch
Elenco: John Wayne, Roscoe Lee Browne, Bruce Dern
  
Sinopse:
Em plena corrida do ouro nas montanhas, o rancheiro Wil Andersen (John Wayne) acaba ficando sem cowboys para tocar seu gado do Colorado até a Califórnia onde os animais serão vendidos. Todos estão atrás do suposto ouro das minas e ninguém mais deseja se empenhar em um trabalho tão árduo, perigoso e penoso como aquele. A jornada é longa e cheia de desafios e sem homens experientes se torna praticamente impossível de realizar. Seguindo a sugestão de um amigo e em desespero, Andersen acaba contratando como empregados um bando de jovens adolescentes, garotos que mal saíram da escola. Junta-se a esse inusitado grupo o cozinheiro Jebediah Nightlinger (Roscoe Lee Browne). No caminho uma série de desafios os esperam, algo que mudará a vida de todos para sempre. Filme premiado pelo Western Heritage Awards.

Comentários:
Esse é certamente um dos melhores filmes da fase final da carreira do grande John Wayne (1907 - 1979). O ator já caminhava para o seu final quando a Warner teve a brilhante ideia de produzir esse western diferente, mostrando um grupo de garotos tentando se transformar em homens no velho oeste. Para isso eles acabam sendo contratados por um rancheiro durão (interpretado pelo próprio Wayne) para uma jornada épica: atravessar as pradarias selvagens do oeste até a Califórnia para vender seu rebanho. Essa temática aliás sempre foi muito bem explorada pelo cinema americano, basta lembrar de outros filmes famosos e consagrados com o próprio John Wayne como "Rio Vermelho", por exemplo. Aqui o grande diferencial é realmente o elenco jovem pois Wayne jamais havia contracenado com tantos garotos de uma só vez antes. É justamente desse choque de realidades, entre um veterano rancheiro, já velho e experiente e os meninos que o acompanham que nasce o grande interesse do filme. John Wayne, como sempre, está ótimo. Mesmo envelhecido ele tinha uma presença e um carisma fora do comum. No roteiro desse faroeste ele se torna logo uma espécie de mentor para os cowboys adolescentes que fazem parte de seu grupo. O experiente cowboy precisa ensinar a todos eles o valor do trabalho duro, da disciplina e da honestidade. Os mesmos valores que construíram a saga do pioneiro do oeste americano. Ao seu lado conta com a ajuda de apenas outro adulto, o cozinheiro Jebediah Nightlinger. Interpretado pelo ótimo ator negro Roscoe Lee Browne, esse personagem logo se torna uma das melhores coisas do filme, já que ele é sábio também em relação à vida e não apenas ao seu ofício. 

Também se torna peça chave do enredo quando um assassinato covarde acontece no meio da jornada. O vilão Long Hair (Bruce Dern) também é outro achado do filme. Ele acabou de sair da prisão e procura Wil Andersen (Wayne) para fazer parte do trabalho de levar seu rebanho pela vastidão do oeste, mas é recusado por ser na realidade um mentiroso e um ladrão de gado. Ao perceber que a caravana será escoltada por meninos forma um novo bando de ladrões para roubar todos os animais na travessia. O ator Bruce Dern além de construir um vilão brilhantemente asqueroso ainda teve a "honra" de interpretar um dos poucos vilões que conseguiram matar John Wayne em cena! Essa cena que ficou famosa também chocou em parte o público que acompanhava a carreira de Wayne no cinema por tantos anos, já que era algo tão raro, afinal de contas os personagens de John Wayne sempre tinham sido praticamente imbatíveis em seus filmes anteriores. A sua morte porém foi plenamente justificada, abrindo espaço para um ato final saboroso de vingança e justiça por parte dos garotos que assim deixavam de ser meninos para se tornarem enfim homens de verdade, homens do velho oeste. Assim não temos outra conclusão, "The Cowboys" é de fato outro grande momento de John Wayne em sua já tão brilhante e maravilhosa carreira cinematográfica.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Três Anúncios Para um Crime

Esse filme está sendo apontado por alguns críticos nos Estados Unidos como um dos mais fortes concorrentes a vencer o Oscar na categoria de melhor filme do ano. É a história de uma mãe, Mildred (Frances McDormand), que após a morte brutal da filha (ela foi estuprada, assassinada e seu corpo queimado), resolve constranger os policiais da pequena cidade onde mora porque eles não conseguiram descobrir o autor do crime. Assim ela aluga três outdoors na estrada e coloca lá frases de indignação e ironia com o fato da polícia nunca ter pego o assassino de sua filha. Claro que algo assim logo se torna o principal tema de conversas da cidade, até porque o xerife local, Willoughby (Woody Harrelson), é querido dentro da comunidade e as pessoas em geral acabam ficando do seu lado.

O roteiro assim se desenvolve em cima desse clima de constrangimento e tensão com as placas provocativas contra a polícia, sua inércia e incompetência de colocar atrás das grades o criminoso que matou a jovem garota. Um dos policiais da equipe do xerife é um sujeitinho desprezível (interpretado com maestria por Sam Rockwell), conhecido na cidade por prender e torturar negros sem motivos, tudo fruto apenas de seu racismo. Mexer com pessoas assim não parece ser uma boa ideia, mas Mildred segue em frente, mesmo sofrendo todos os tipos de intimidações. Ela quer a solução do crime, quer o assassino atrás das grades e não mede esforços para isso, nem que tenha que passar por cima de toda aquela caipirada que mora naquele lugar esquecido por Deus.

Olha, sendo bem sincero, a trama desse filme não me pareceu grande coisa. De fato o roteiro não avança muito. Você fica esperando alguma coisa acontecer ou se resolver, mas tudo vai ficando na mesma situação, batendo na mesma tecla. Passa longe, em minha opinião, de ser considerado o melhor filme do ano! Acho essa consideração até um pouco absurda. Talvez isso seja o retrato da queda de qualidade dos filmes nos últimos anos. Até fitas medianas como essa acabam ganhando um status fora de propósito. A única qualidade mais louvável vem do elenco, esse sim muito bom, acima da média. Tanto Frances McDormand, como Woody Harrelson, estão muito bem. Eles são grandes atores e isso era até de se esperar. Até o pequeno grande ator Peter Dinklage, que não tem muito espaço dentro da história, está bem. Assim a grande força dessa produção vem do elenco realmente. Já o roteiro e a trama em si me pareceram bem convencionais, com nada de extraordinário para ganhar tanta atenção.

Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, Estados Unidos, 2017) Direção: Martin McDonagh / Roteiro: Martin McDonagh / Elenco: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell, Peter Dinklage / Sinopse: Após a morte horrível de sua filha, uma mãe resolve partir pra cima dos policiais que não resolveram e solucionaram o caso. Ela aluga três outdoors com mensagens irônicas e provocativas contra os tiras. Isso acaba causando uma grande repercussão na cidadezinha onde mora. Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Roteiro, Melhor Atriz (Frances McDormand) e Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell). Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Frances McDormand), Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell), Melhor Ator Coadjuvante (Woody Harrelson), Melhor Roteiro, Edição e Trilha Sonora incidental.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O Destino de uma Nação

Mais uma produção que está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme do ano. Mais uma que tem como protagonista o Primeiro Ministro inglês Winston Churchill. A história se passa logo no começo da II Guerra Mundial. O premier Neville Chamberlain está desacreditado depois de tentar inúmeras vezes manter uma paz com Hitler. Com isso chega a hora de eleger um novo Primeiro Ministro. Churchill é visto com desconfiança geral, por ser considerado muito belicista. Só que diante das circunstância não há outro caminho. O roteiro assim explora a ascensão de Churchill ao poder e os primeiros desafios que teve que enfrentar, entre eles uma forte oposição dentro de seu próprio gabinete.

Antes de qualquer consideração aqui vai uma dica interessante ao leitor. Procure assistir a três filmes recentes como se eles estivessem contando a mesma história (coisa que efetivamente estão). Primeiro o cinéfilo deve ver esse "O Destino de uma Nação" que conta a subida de Winston Churchill ao poder. Depois assista a "Dunkirk" que também está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme, uma produção que conta como foi a retirada de Dunquerque, algo que aliás faz parte do roteiro desse primeiro filme também. Por fim confira "Churchill" de Jonathan Teplitzky, filme de 2017, que conta os momentos decisivos da guerra, nas vésperas do Dia D, quando os aliados invadiram o norte da Europa, colocando fim na dominação nazista na Europa. Com esses três filmes o espectador terá uma ampla visão da história de Winston Churchill durante esse período histórico decisivo.

Voltando para "O Destino de uma Nação" uma das coisas que mais foram elogiadas nessa produção foi a atuação do ator Gary Oldman como Churchill. Ele não tem a idade e biotipo do Primeiro Ministro, porém conseguiu fazer um grande trabalho, mesmo embaixo de maquiagem pesada. Todos sabem que Gary Oldman sempre foi um camaleão e aqui não seria diferente. Ele só derrapa brevemente em alguns momentos, quando parece estar um pouco caricatural demais. Fora isso está perfeito. Por fim, para terminar essa resenha, chamo atenção para algumas cenas que fazem o filme valer a pena. Uma delas ocorre quando Churchill resolve pegar um metrô sozinho, para entrar em contato com o povo inglês, com o homem comum. Outro grande momento acontece quando ele finalmente supera seus adversários e conclama o parlamento para a guerra, que é inevitável. Excelentes cenas em um filme que desde já segue a passos largos para se tornar um clássico contemporâneo do cinema.

O Destino de uma Nação (Darkest Hour, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Joe Wright / Roteiro: Anthony McCarten / Elenco: Gary Oldman, Lily James, Kristin Scott Thomas / Sinopse: O filme "Darkest Hour" conta os eventos históricos reais que culminaram na ascensão de Winston Churchill ao cargo de primeiro ministro, logo no começo das invasões nazistas por toda a Europa, fatos que deram origem à II Guerra Mundial. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Gary Oldman), Melhor Fotografia (Bruno Delbonnel), Melhor Figurino (Jacqueline Durran), Melhor Design de Produção (Sarah Greenwood e Katie Spencer) e Melhor Maquiagem (Kazuhiro Tsuji e David Malinowski). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Gary Oldman).

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição XVIII

Quais filmes estão em cartaz nos cinemas? "Tom & Jerry: O Filme" é o principal lançamento nos cinemas brasileiros nessa semana. Vai ocupar a maioria das salas de cinema do circuito comercial. Tom & Jerry são personagens bem antigos. Foram criados em 1940 pelo geniais William Hanna e Joseph Barbera. A série de desenhos animados foi um grande sucesso na TV americana, dando origem e inúmeras outras repaginações em versões posteriores. Agora Hollywood traz de volta essa criação em um filme que mistura personagens criados por computação gráfica, interagindo com atores reais.

A historinha é bem básica, como convém a Tom e Jerry. O ratinho vai parar em um hotel. A atriz Chloë Grace Moretz que trabalha no hotel é encarregada para eliminar a presença de Jerry, afinal nenhum hotel do mundo quer ver ratos andando pelos seus corredores, ou pior do que isso, entrando nos quartos dos hóspedes. Ela então decide resolver o problema usando um método antigo, trazendo um gato, claro, o gato Tom. E isso acaba dando origem a todos os tipos de confusões. Essa animação é a aposta da  Warner Bros para manter a programação dos cinemas em funcionamento nesses tempos complicados de pandemia. O estúdio espera atrair as crianças para as salas de cinema. É esperar para ver.

Para um público mais adulto, que curte filmes de terror e suspense, a dica fica com "O Mensageiro do Último Dia" (The Empty Man, Estados Unidos, 2020). O filme com direção de David Prior aposta no medo para atrair espectadores aos cinemas. Do que se trata a história? Eis a sinopse: No rastro de uma garota desaparecida, um ex-policial se depara com um grupo secreto que tenta invocar uma entidade sobrenatural aterrorizante. Lançado nos cinemas americanos e europeus o filme teve uma bilheteria bem morna. O estúdio culpou a pandemia e espera recuperar o investimento quando o filme for para as plataformas de streaming.

Por fim, para que aprecia um tipo de cinema mais alternativo, produzido na Europa, a dica é a estreia nos cinemas do filme "Notre Dame". Dirigido por Valérie Donzelli, essa produção francesa conta a história de um casal que precisa lidar com questões emocionais envolvendo a vida sentimental e também os desafios profissionais. O filme traz no elenco o talentoso casal Valérie Donzelli e Pierre Deladonchamps. Um filme ideal para um público mais indie, que esteja em busca de algo mais substancial para ver no cinema. Outro filme francês que chega aos cinemas brasileiros é "Um Divã na Turquia". Com direção de Manele Labidi, o filme conta a história de uma psicoterapeuta que deseja abrir um consultório em Tunis, na Turquia, só para descobrir como isso é complicado de se fazer. Bom filme, com toques de humor.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Roda Gigante

Título no Brasil: Roda Gigante
Título Original: Wonder Wheel
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Amazon Studios
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Kate Winslet, Justin Timberlake, Jim Belushi, Juno Temple, Tony Sirico, David Krumholtz

Sinopse:
Nos anos 40, Ginny (Kate Winslet), a esposa de um empregado do parque de diversões de Coney Island, se apaixona pelo salva-vidas Mickey (Justin Timberlake). Como se uma mulher casada tendo um caso extraconjugal já não fosse um problema e tanto, Mickey começa ainda a dar em cima da enteada da amante, criando ainda mais situações explosivas.

Comentários:
Esse novo filme de Woody Allen foi esnobado propositalmente pelo Oscar e pelo Globo de Ouro. Acontece que o diretor está também envolvido na onda de acusações de assédio sexual que está assolando Hollywood. Uma filha dele o acusou recentemente de tê-la abusado sexualmente quando ela era criança. Allen está em uma situação bem delicada atualmente, para dizer o mínimo. Provavelmente sua carreira vá entrar em um espiral para o fundo do poço daqui para frente. De qualquer forma, deixando de lado esses escândalos, esse seu novo filme "Wonder Wheel" é até bem agradável de assistir. Passa longe de seus grandes filmes do passado, com um roteiro bem ao estilo folhetim, mais parecendo uma novela das seis da Rede Globo. Mesmo assim consegue agradar principalmente por causa do elenco. Kate Winslet interpreta essa mãe infeliz no casamento que acaba reencontrando a felicidade em um caso com um homem mais jovem, interpretado por Justin Timberlake. É o segundo casamento dela. No primeiro ela também traiu o marido, então o peso de trair de novo se torna ainda maior. Pior é ter que competir com sua própria enteada pelos amores do salva vidas bonitão da praia, enquanto o marido, gordo e grosseirão, tenta ganhar a vida vendendo entradas para o carrossel do parque onde eles trabalham e vivem. Um triângulo (ou quadrilátero) amoroso bem ao estilo novela, folhetim. Salva o filme também o clima nostálgico desses velhos parques que estão em extinção atualmente. Um filme que é pura diversão e que passa longe, muito longe, dos roteiros mais intelectuais que Allen rodou em seu passado. Parece que a principal preocupação do diretor hoje em dia é sobreviver, em uma Hollywood que parece cada vez mais disposta a pendurar sua cabeça numa sala de troféus.

Pablo Aluísio.

Oscar 2018 - Melhor Atriz

Cinco candidatas duelam entre si para levar o Oscar de melhor atriz do ano para casa. Entre elas a mais veterana e premiada é obviamente Meryl Streep. Ela já foi indicada 21 vezes ao prêmio, tendo vencido em três ocasiões. Dessa vez Meryl concorre pelo filme "The Post - A Guerra Secreta" onde ela interpreta a dona do famoso jornal americano que resolve denunciar o presidente Nixon por irregularidades e crimes envolvendo os militares americanos na Guerra do Vietnã.

A atriz pode ser a vencedora da noite, não apenas por causa de seu passado inigualável, como também pelo fator político. Ela entrou em uma guerra particular contra o Presidente Trump e isso a levou a ganhar a simpatia geral dos membros da Academia que em sua imensa maioria são democratas. Eles estão furiosos pelo fato de Hillary Clinton ter perdido a eleição e podem usar o Oscar como palco dessa insatisfação, premiando Meryl Streep como retaliação. Isso claro, sem desmerecer o talento da atriz, que é realmente excepcional. Se vencer também será por mérito e merecimento pessoal.
 
Veterana também é Frances McDormand. Ela está concorrendo por "Três Anúncios Para um Crime". Essa atriz sempre desenvolveu um trabalho muito forte e interessante em sua carreira. Geralmente interpreta mulheres comuns em situações excepcionais. Sua atuação mais consistente e conhecida continua sendo "Fargo", quando venceu o Oscar. De lá para cá sua carreira decaiu um pouco, mas ela sempre se manteve na ativa, mesmo em filmes menores, chamando a atenção da crítica. Essa é sua quinta indicação ao Oscar!

A atriz Sally Hawkins está concorrendo pelo filme "A Forma da Água". No filme ela interpreta uma faxineira solitária que se apaixona por um tipo de homem anfíbio que ela conhece em uma instalação secreta do governo americano. O filme fantasia assinado por Del Toro é uma homenagem aos antigos filmes de monstros dos anos 50, com uma pitada de drama e romance nostálgico. Particularmente acho complicado que ela vença o Oscar, mas tudo é possível. Sua personagem é carismática e isso pode contar ao seu favor.

Gostei muito do trabalho de Saoirse Ronan em "Lady Bird - A Hora de Voar". Essa atriz conheci ainda menina, com olhos muito expressivos, no drama histórico "Desejo e Reparação". Ela cresceu, conseguiu romper a complicada transição de atriz mirim para adulta e hoje está melhor do que nunca, fazendo filmes mais do que interessantes, como por exemplo, "Brooklyn". É uma das maiores promessas de Hollywood hoje em dia, embora esse fato conte contra sua premiação também. Por ser jovem demais possa ser que não ganhe os votos necessários para vencer. Muitos podem achar que ainda é cedo demais para ela, mesmo levando-se em conta que essa é sua terceira indicação!

Por fim temos Margot Robbie por "Eu, Tonya". É quase impossível que ela vença tantas fortes candidatas, por isso sua indicação já pode ser considerada um prêmio em si mesmo. Caso você não esteja ligando o nome à pessoa, a Margot é a loira que interpretou Arlequina em "Esquadrão Suicida". Imaginem o pulo na carreira, de repente você salta de um filme de heróis em quadrinhos que não deu muito certo para um filme dramático que está lhe dando a oportunidade de concorrer ao Oscar de melhor atriz. É uma mudança e tanto na carreira. De qualquer maneira muito provavelmente a loira não será premiada. E ela não deve ficar chateada se sair de mãos vazias da noite do Oscar, mas sim agradecida por ter sido lembrada. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A Forma da Água

Título no Brasil: A Forma da Água
Título Original: The Shape of Water
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Searchlight Pictures
Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro, Vanessa Taylor
Elenco: Sally Hawkins, Octavia Spencer, Michael Shannon, Richard Jenkins, Doug Jones, Stewart Arnott

Sinopse:
Elisa Esposito (Sally Hawkins) é uma mulher solitária que trabalha como faxineira numa instalação de segurança máxima do governo americano. Durante mais um dia de trabalho, ela descobre que em uma das salas do lugar existe uma criatura estranha, vivendo acorrentada e sendo estudada por cientistas. Em pouco tempo ela se aproxima dela e forma um estranho vínculo emocional com o esquisito ser. Filme premiado pelo Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (Guillermo del Toro) e Melhor Trilha Sonora Incidental (Alexandre Desplat). Também indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Roteiro Original.

Comentários:
Guillermo del Toro provavelmente nunca fez um filme convencional em sua carreira. Agora é que não seria exceção. Procurando se inspirar nos antigos filmes de ficção e fantasia dos anos 50, ele aqui recriou todo aquele clima de filme antigo para contar sua inusitada história. O enredo é quase uma fábula, um conto nostálgico, com uma certa inocência que não existe mais. Por isso o diretor ambientou toda a sua trama nos anos 60. Existe essa mulher, solteira e solitária, que acaba descobrindo que onde trabalha existe uma espécie de monstro capturado pelo governo americano nas selvas da América do Sul. Considerado um tipo de deus onde ele vivia, agora todos procuram estudá-lo, já que é uma espécie biológica completamente desconhecida da ciência. Um tipo de "monstro do pântano", um Amphibian Man, que acaba interagindo com a bondosa e inocente faxineira. Dessa aproximação surge a ideia de libertá-lo, uma ideia que conta inclusive com a simpatia de um dos cientistas, na verdade um espião russo infiltrado dentro daquela agência do governo dos EUA. Outro personagem muito bom é o vilão. Richard Strickland (Michael Shannon) é o responsável pela segurança do lugar. Quando ele descobre que há um plano para soltar a criatura aquática, ele imediatamente passa a usar de seus métodos violentos para inibir qualquer coisa nesse sentido. Penso que não é um filme para todos os públicos. Há uma nostalgia cinematográfica envolvida que ajuda muito o resultado final como um todo, porém há também deslizes. Guillermo del Toro ultrapassa várias vezes a linha do bom senso, inclusive criando um romance bizarro entre o monstro e a mulher solitária. Não era preciso seguir por esse lado. Uma amizade sincera entre eles já estava de bom tamanho. De qualquer forma por ser tão incomum e sui generis, essa produção ainda vale pelo menos uma sessão de cinema. Afinal não é todo dia que você encontrará um filme parecido com esse, já que não estamos mais nos distantes anos 1950. 

Pablo Aluísio.