quinta-feira, 9 de julho de 2015
Battle for Skyark
Título no Brasil: Ainda Sem Título Definido
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Empress Road Pictures
Direção: Simon Hung
Roteiro: Simon Hung, Guy Malim
Elenco: Caon Mortenson, Garrett Coffey, Taylor Coliee
Sinopse:
No futuro o planeta Terra se tornou inabitável. Os recursos naturais acabaram e o clima ficou instável. A população mais rica do planeta construiu uma grande estação orbital chamada Skyark (a arca do Céu). O resto dos seres humanos ficaram relegados ao que restou do mundo, tentando sobreviver dos ataques constantes de estranhas criaturas que agora assolam o que restou de nosso antigo lar.
Comentários:
Eu sempre gosto de afirmar que o gênero ficção não é o adequado quando você não tem os recursos e o orçamento necessários para criar um mundo futurista convincente. Sem dinheiro para uma grande produção tudo corre o risco de ficar completamente ridículo. Foi o que aconteceu aqui. O roteiro até que tem pequenas boas ideias, mas sem dinheiro suficiente para desenvolve-los tudo vai por água abaixo rapidamente. Ouso dizer que noventa por cento do público abandonará o filme antes dos 30 minutos de duração, só para que você possa ter uma pequena ideia de sua completa falta de qualidade. O elenco é praticamente todo mirim e apesar do esforço da garotada nada dá certo. O cenário muitas vezes se resume a um ferro velho pouco convincente. Além disso essa estética ao estilo Mad Max (mundo pós apocalipse, etc) já está mais do que saturado. Por falar em elenco de crianças "Battle for Skyark" me lembrou vagamente de "Bugsy Malone: Quando as Metralhadoras Cospem", filme de 1976 dirigido pelo grande Alan Parker. A premissa são até parecidas, só que no filme de Parker o enredo girava em torno dos filmes de gangsteres e aqui temos uma ficção que definitivamente não deu certo. Essa comparação porém é apenas superficial, já que "Battle for Skyark" é definitivamente um mico, um abacaxi sem tamanho e sem salvação, um filme ruim.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
Marcados Pela Guerra
Título no Brasil: Marcados Pela Guerra
Título Original: Camp X-Ray
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: IFC Films
Direção: Peter Sattler
Roteiro: Peter Sattler
Elenco: Kristen Stewart, Peyman Moaadi, Lane Garrison
Sinopse:
Amy Cole (Kristen Stewart) é uma jovem recruta do exército americano que é enviada para trabalhar como guarda de segurança na prisão militar de segurança máxima de Guantánamo. Entre suas funções está a de fazer vistorias e plantões no corredor das celas onde estão presos alguns dos mais perigosos terroristas internacionais. Na rotina de seu serviço ela acaba se aproximando aos poucos do prisioneiro Ali (Peyman Moaadi), um sujeito culto e instruído, que amarga uma longa reclusão. Ela não é informada das acusações que são feitas ao detento e ele não simpatiza com a nova guarda simplesmente por ela ser americana. Nada disso porém evita que ambos acabem criando com o tempo uma aproximação, mesmo que precária e fora das regras da prisão. Filme indicado ao Sundance Film Festival na categoria de Melhor Drama.
Comentários:
Inicialmente você pensa que vai assistir a mais uma fita daquelas bem ufanistas, ao estilo patriotada americana. Aos poucos porém você vai entendendo que está assistindo a um bom filme, que se concentra mesmo na amizade e no calor humano que pode surgir nos momentos e nas ocasiões mais improváveis. A recruta Amy é uma peça chave nessa trama. Ela sai de uma cidadezinha na Flórida, sem muito preparo intelectual ou cultural e acaba conhecendo um prisioneiro acusado de terrorismo na super fechada prisão de Guantánamo. O sujeito tem uma grande bagagem cultural, tendo estudado na Alemanha onde se tornou professor universitário. Supostas ligações com grupos terroristas porém destruíram sua carreira e sua vida. Levado para a prisão de Guantanamo ele se torna mais um prisioneiro sem julgamento, um condenado sem sentença!
O roteiro deixa de lado os aspectos jurídicos mais absurdos dos que estão confinados naquela prisão militar (como, por exemplo, o fato de nunca terem sido julgados adequadamente como determina todas as convenções e leis do mundo ocidental) e parte para uma outra abordagem. Ao invés de ficar discutindo o ponto de vista legal das prisões, o roteiro se concentra mesmo na inusitada aproximação entre a recruta americana e o detento árabe. Sem forçar a barra e nem criar situações melosas, o argumento funciona muito bem. A militar Amy também demonstra ter pouca aproximação ou familiaridade com seus próprios colegas de farda, muitos deles sujeitos rudes e pouco éticos. Assim ela acaba encontrando amizade e humanidade não entre os seus pares, mas no prisioneiro Ali. Com esse tipo de narrativa inteligente o jogo acaba sendo praticamente vencido. Com bom roteiro (bem humano aliás), boas atuações e uma história simples que funciona muito bem, "Camp X-Ray" acaba se revelando bem melhor do que inicialmente se pensava. Um ótimo programa que além de entreter também levanta questões bem importantes. Para assistir e se pensar depois sobre tudo o que foi visto na tela. Está devidamente recomendado.
Pablo Aluísio.
A Teoria de Tudo
Título Original: The Theory of Everything
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra
Estúdio: Working Title Films
Direção: James Marsh
Roteiro: Anthony McCarten, baseado no livro de Jane Hawking
Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior
Sinopse:
Stephen Hawking (Eddie Redmayne) é um jovem estudante universitário, um talento promissor no mundo da física, que conhece a bela e simpática Jane (Felicity Jones) em uma festa. Tímido e até sem jeito com as mulheres, ele resolve se aproximar para conhecer melhor a garota. Em pouco tempo eles acabam formando um lindo casal. No começo de suas vidas estão prontos para um dia se casarem para constituir um lar e uma família. Seus planos mudam completamente quando Hawking começa a ter pequenos problemas de locomoção. Ele não consegue mais se equilibrar ou caminhar normalmente. Preocupado, acaba indo procurar por ajuda médica e descobre estar com uma síndrome devastadora. Filme vencedor do Oscar, do Globo de Ouro e do Bafta Awards na categoria de Melhor Ator (Eddie Redmayne). Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Felicity Jones), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Música.
Comentários:
Nem faz muito tempo assisti a um filme sobre essa mesma história chamado "Hawking". Particularmente gostei muito e talvez por isso tenha levado tanto tempo para ver esse "The Theory of Everything", produção que a crítica adorou. O roteiro de "A Teoria de Tudo" foi baseado no livro autobiográfico escrito por Jane Hawking, uma mulher corajosa e de grande personalidade que foi casada com Stephen Hawking de 1965 a 1995. Como se pode perceber a história do filme, seguindo os passos do livro, começa justamente quando Jane conhece Stephen numa pista de dança durante uma festa na universidade. Ela se interessa imediatamente por ele, em um caso típico de amor à primeira vista e em pouco tempo começam um relacionamento. O que parecia ser um promissor caso amoroso entre dois jovens começando suas vidas acaba sofrendo um revés terrível quando Stephen é diagnosticado com uma devastadora doença neurológica que segundo seu médico o deixará completamente incapacitado em um curto período de tempo. O pior é que portadores dessa síndrome possuem uma pequena expectativa de vida de no máximo dois anos. Imagine o efeito devastador de algo assim sendo comunicado a um brilhante rapaz que teria um futuro promissor pela frente, principalmente por ser um gênio em sua área de estudos do cosmos e da física que rege os grandes astros do universo. E é justamente nesse lado mais humano, bem mais centrado em seu drama pessoal, que o filme se desenvolve, o que convenhamos já era de esperar já que o roteiro foi inteiramente baseado nas experiências de vida narrados pela própria esposa do cientista. Por essa razão o admirador da obra científica escrita por Stephen Hawking não vai encontrar muita coisa interessante para se ver.
O filme é indicado apenas para quem deseja conhecer o aspecto mais pessoal da vida do cientista e não suas teorias que inovaram a ciência de uma forma espetacular. Pessoalmente senti a falta de uma maior profundidade nesse campo, mas tudo bem, a proposta do filme certamente nunca foi essa. Diante disso resta elogiar o perfeito trabalho de atuação do ator Eddie Redmayne como Hawking. Certamente não deve ser nada fácil encarnar uma pessoa com tantos problemas físicos como Stephen. Redmayne se doa ao papel e é justamente isso que separa e destaca as grandes atuações dentro da arte de representar. Ele é a principal razão para se conferir o filme como um todo. Sua atuação inclusive me lembrou muito de Daniel Day-Lewis como Christy Brown em "Meu Pé Esquerdo", película dirigida por Jim Sheridan em 1989, outra fita oscarizada que marcou muito em termos de intensidade dramática, explorando com maestria a vida de um outro brilhante portador de necessidades especiais. A grande lição de todos esses filmes é ensinar ao público o valor da superação do ser humano, acima de tudo. Assim se você estiver em busca da vida mais íntima e pessoal de Hawking essa produção virá bem de acordo com o que você espera encontrar, caso contrário, se você estiver procurando saber quais foram as principais razões do mundo da ciência que transformaram o físico em um dos nomes mais aclamados da física sugiro procurar por outra fonte, a começar por uma biblioteca mais próxima de você.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 7 de julho de 2015
Renascida do Inferno
Título no Brasil: Renascida do Inferno
Título Original: The Lazarus Effect
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate, Relativity Studios
Direção: David Gelb
Roteiro: Luke Dawson, Jeremy Slater
Elenco: Olivia Wilde, Mark Duplass, Evan Peters
Sinopse:
Um grupo de pesquisadores estudando os efeitos do coma no ser humano acaba descobrindo, por puro acaso, um novo soro que parece ter propriedades desconhecidas da ciência. Uma delas é trazer animais de volta à vida, mesmo após terem sido dados como mortos. Algo assim teria um impacto profundo na medicina. Depois de literalmente ressuscitar um cão durante uma experiência, uma das jovens cientistas, Zoe (Olivia Wilde), acaba morrendo eletrocutada. Seu noivo, Frank (Mark Duplass), em profundo desespero, resolve trazer ela de volta do mundo dos mortos, o que vai se revelar uma péssima ideia.
Comentários:
Ok, você já assistiu muitas vezes esse argumento em filmes anteriores. Basicamente é uma releitura de "Frankenstein" de Mary Shelley. Essa coisa de cientista usando correntes elétricas e soros químicos para ressuscitar corpos dados como mortos não é novidade desde 1818 quando o livro original do monstro mais famoso da literatura foi lançado. É a velha história da ciência como vilã na mãos de pesquisadores sem ética alguma ou preocupação com questões religiosas. Eles ousam ir além, passando por todos os limites e acabam pagando caro por isso, por sua ousadia sem barreiras. A principal personagem desse filme é uma jovem pesquisadora chamada Zoe. A primeira coisa que você deve saber sobre ela é que a garota parece ter um trauma em seu passado. Quando ela era apenas uma criança presenciou um grande incêndio no hotel onde estava hospedada.
Enquanto tentava escapar pelas chamas, atravessando um longo corredor, ela acabou ouvindo os gritos de desespero dos hóspedes presos em seus quartos, morrendo queimados. Mesmo tendo sido uma garotinha muito religiosa ela com os anos foi deixando sua fé de lado, concentrando seus esforços apenas para se tornar uma boa cientista, uma pesquisadora renomada. Ignorando suas raízes católicas ela acaba entrando de corpo e alma nesse projeto chamado Lazarus, uma tentativa de ressuscitar pessoas mortas. Quando ela própria passa pelo processo descobre que mexeu com forças poderosas, que não consegue compreender totalmente. Assim o terror de "Renascida do Inferno" acaba sendo mais psicológico, o que poderá decepcionar alguns fãs do gênero. No geral o resultado é sem novidades e pode até ser considerado um pouco fraco demais. Não existem cenas verdadeiramente assustadoras. No máximo existem pequenos sustos apenas. Mesmo assim vale ao menos conhecer nem que seja para sentir saudades da obra de Mary Shelley, essa sim imortal.
Pablo Aluísio.
Manglehorn
Título Original: Manglehorn
Título no Brasil: Ainda Não Definido
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Dreambridge Films
Direção: David Gordon Green
Roteiro: Paul Logan
Elenco: Al Pacino, Holly Hunter, Harmony Korine
Sinopse:
A.J. Manglehorn (Al Pacino) é um sujeito comum que ganha a vida trabalhando com chaves. Ele tem um pequeno estabelecimento comercial e leva uma vida simples e pacata. Seu casamento chegou ao fim há muitos anos e seu único filho não é uma presença constante em seu dia a dia. Para espantar a solidão ele tem um animal de estimação que adora, mas que infelizmente agora está passando por problemas de saúde. Também tem um flerte casual com a caixa de banco Dawn (Holly Hunter), mas não tem coragem de ir em frente sobre essa situação. O que poucos sabem é que nas horas vagas o velho Manglehorn cultiva um antigo amor do passado, uma mulher que marcou definitivamente sua vida e que ele jamais conseguiu esquecer. Filme indicado ao Leão de Ouro no Venice Film Festival.
Comentários:
Al Pacino não parece disposto a se aposentar. Bom para ele e para o público que sempre admirou seu trabalho. Ultimamente Pacino tem optado por participar de filmes pequenos, mas com alguma mensagem mais relevante a transmitir. Infelizmente em Hollywood ainda se cultua a beleza, o sucesso e a juventude, não havendo muito espaço para filmes que mostrem a vida de pessoas mais velhas. Por essa razão Pacino escolheu participar dessa pequena produção que foca em outra direção, na velhice e na solidão de pessoas comuns. O seu personagem é um homem envelhecido que olha para o passado com uma certa nostalgia romântica. Ele tem alguns arrependimentos e remorsos a superar, entre eles o fato de não ter se casado com a mulher que ele sempre considerou o amor verdadeiro de sua vida. Embora tenha se casado anos depois com outra, ele jamais esqueceu um amor de sua juventude, uma garota chamada Clara, a quem ele dedica longas e apaixonadas cartas de amor.
De vez em quando ele as envia, mas sem sucesso. Isso foi há tantos anos que ele nem sabe mais onde ela mora ou se ainda está viva. Mesmo assim o amor permanece. Ele sobreviveu a um casamento com uma mulher que ele não amava, ao nascimento de seu filho e ao passar dos anos. Sua vida é solitária, mas acaba percebendo que ainda existe esperanças ao conhecer Dawn (Holly Hunter), que trabalha no banco onde ele é cliente e que tem coisas em comum com sua personalidade, como o amor aos animais de estimação e uma existência também solitária. Na terceira idade essa pode ser sua última chance de ser feliz, mas será que vai conseguir esquecer mesmo o grande amor de sua vida? Como se pode perceber o forte aqui é o roteiro, muito humano e bem escrito. Pacino também está, como sempre, magnífico, apostando em um estilo de interpretação mais contido, de acordo com o papel que vive, a de um homem que começa a sentir o peso do passar dos anos. É um bom drama romântico que revive as esperanças na busca por um amor verdadeiro no meio de um mundo cheio de adversidades e desencontros, nessa longa jornada chamada vida.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 6 de julho de 2015
Harry Potter e a Pedra Filosofal
Título no Brasil: Harry Potter e a Pedra Filosofal
Título Original: Harry Potter and the Sorcerer's Stone
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros.
Direção: Chris Columbus
Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Richard Harris, Maggie Smith, Ian Hart, John Hurt
Sinopse:
O garoto Harry Potter (Daniel Radcliffe) acaba descobrindo que seus pais foram famosos bruxos no passado e recebe uma carta para ir estudar na escola de magia de Hogwarts. Uma vez lá vê sua vida mudar completamente ao conhecer novos amigos e colegas de classe. O que ele não esperava é que um velho inimigo de seus pais também está de volta e ao que parece, mais forte do que nunca. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Figurinos e Melhor Música (John Williams). Filme também indicado ao BAFTA Awards e vencedor do prêmio de Melhor Figurino da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Film.
Comentários:
Esse foi o primeiro filme da longa e bem sucedida franquia do personagem Harry Potter no cinema. Durante anos tentou-se convencer a escritora J.K. Rowling a vender os direitos para o cinema, mas foi apenas em 2000 que ela finalmente assinou com a Warner Bros. Em troca exigiu poder de veto, ou seja, ela poderia vetar a escolha do diretor e demais membros da equipe técnica. O escolhido acabou sendo o especialista Chris Columbus, um diretor que conhecia bem o nicho infanto-juvenil. Além de ser um entendido no mercado ele também era considerado pouco autoral e até mesmo inofensivo (ou seja, não iria mudar muito a essência dos livros). Muito provavelmente por causa de todas essas características reunidas acabou caindo nas graças da autora. Assim Columbus acabou criando um filme que é a sua cara. Bonito visualmente, com excelente direção de arte, cenários deslumbrantes, efeitos especiais de bom gosto, mas também quase que completamente asséptico.
Como se trata de um filme de apresentação, ou seja, onde todo o universo de Potter foi apresentado ao grande público pela primeira vez, até que funcionou muito bem. Como obra puramente cinematográfica porém deixa obviamente a desejar. É um filme realizado para o grande circuito comercial, para as massas, então não espere por nada que seja surpreendente ou inovador. Muito longe disso. Columbus parecia estar apenas preocupado em contar seu enredo sem pisar nos calos de absolutamente ninguém. Como um filme assim, baseado em um livro tão popular, não poderia fracassar, o gostinho que ele deixou no final é de ser um grande e longo pastel de vento. Bonito e charmoso, temos que admitir, mas mesmo assim um pastel de vento sem muito conteúdo. Outro aspecto que vale menção é que se você viu o filme há muito tempo vai acabar se surpreendendo com o elenco. Na época eles não passavam de crianças, sem muito o que fazer em cena. Da trupe a que mais se destaca ainda é a Emma Watson, que apesar da pouca idade, já deixava claro que tinha muita personalidade. Os demais ficam restritos na categoria de "crianças fofinhas". Então é isso, "Harry Potter and the Sorcerer's Stone" é puro mainstream, embalado por uma popularidade poucas vezes vista no mercado literário. Uma fórmula que não costuma mesmo dar errado.
Pablo Aluísio.
O Apostador
Assim ele acerta novamente ao atuar nessa nova produção. O enredo é muito bom, envolvente até, mostrando uma pessoa que não consegue controlar seu vício em apostas. Embora seja um jogador talentoso, daqueles que conseguem ganhar altas somas em apenas algumas horas, ele tem um sério problema pois simplesmente não consegue parar na hora certa. Viciado em adrenalina também comete grandes loucuras ao apostar fortunas em apenas uma jogada decisiva. Com atitudes assim não é de se admirar que acabe invariavelmente arruinado no fim da noite. Sua salvação parece vir de onde menos se espera. Ele se surpreende pelo talento literário de uma nova aluna, Amy Phillips (interpretada pelo bonita e carismática Brie Larson), que pode ser o caminho para um recomeço em sua vida. O elenco de apoio é de primeira, a começar pela oscarizada Jessica Lange. Ela interpreta sua mãe, uma mulher que precisa salvar de tempos em tempos o seu pescoço, justamente por ele quase sempre ser ameaçado de morte por dívidas com gangsters. Lange poderia ter sido melhor aproveitada pelo roteiro, mas sua pequena presença já vale o ingresso. Outro boa participação vem com o ator John Goodman. Sempre visto como bom comediante, Goodman surpreende ao interpretar um agiota que acaba tendo os melhores diálogos de todo o filme. Sua explicação sobre o momento em que todos ganham o direito de usar a palavra "dane-se" é muito bem bolada. Então é isso, o que temos aqui é um bom filme, apoiado em um roteiro bem escrito, excelente trilha sonora com várias canções dos anos 70 e atuações inspiradas.
O Apostador (The Gambler, Estados Unidos, 2014) Direção: Rupert Wyatt / Roteiro: William Monahan, James Toback / Elenco: Mark Wahlberg, Jessica Lange, John Goodman, Michael Kenneth Williams, George Kennedy. Indicado ao Black Reel Awards na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Michael Kenneth Williams).
Pablo Aluísio.
domingo, 5 de julho de 2015
Poltergeist - O Fenômeno
Título Original: Poltergeist
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Gil Kenan
Roteiro: David Lindsay-Abaire, Steven Spielberg
Elenco: Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt, Jared Harris, Kennedi Clements
Sinopse:
Após o marido perder seu emprego, uma típica família americana resolve se mudar, indo morar em uma casa mais modesta nos subúrbios da cidade. Embora velha e nem sempre apresentando um bom estado, eles resolvem alugar o imóvel, ignorando completamente que a residência foi construída sobre um velho cemitério. Assim que se instalam no novo lar começam a notar que há algo de estranho acontecendo. A pequena filha começa a ter conversas com seres imaginários na TV e o filho percebe ruídos e barulhos estranhos vindos do sótão. Não demora muito e o pavor se instala quando todos percebem que o lugar na realidade parece ser assombrado por uma multidão de fantasmas violentos.
Comentários:
O primeiro filme "Poltergeist" de 1982 é hoje considerado um clássico do terror. Produzido por Steven Spielberg, com direção de Tobe Hooper, a produção marcou toda uma geração e foi um enorme sucesso de bilheteria. Esse remake que tenta trazer aquela história para as novas gerações sofre de um problema recorrente em remakes modernos: a falta de uma maior sofisticação em sua realização. Não se trata de esnobismo, mas sim de saber que filmes de terror funcionam melhor quando o enredo é mais bem trabalhado, desenvolvido sem pressa, com momentos de tensão e suspense sendo colocados na tela aos poucos, tudo preparando o espectador para o grande clímax final. Nenhum filme de horror que se propõe a ser direto demais consegue colher bons frutos. Nesse filme encontramos isso de forma bem clara. A duração é pequena, pouco mais 80 minutos de duração, o que faz com que a história seja apresentada de forma apressada, corrida mesmo. Não há tempo para se insinuar nada, nem criar mistérios. Tudo é literalmente jogado na cara dos espectadores em questão de minutos. Sem o clima adequado o horror não consegue criar medo suficiente, frustrando completamente o público. Afinal de contas as pessoas pagam uma entrada de cinema para assistir a um filme de terror para sentir medo e ter sustos. Aqui, na maioria das cenas, o que vai se sentir mesmo é muito tédio e desapontamento. O que no roteiro original era bem trabalhado, sendo desvendado aos poucos, aqui soa direto demais. Isso me surpreendeu já que "Poltergeist" é uma franquia de sucesso, o que nos levaria a esperar por algo mais bem realizado, mais bem escrito. Tudo em vão. O filme em momento algum me deixou satisfeito.
O pior é que sendo um fã dos filmes originais logo a decepção tomou conta. Há várias modificações na trama original, com a inserção inclusive de novos personagens e novas soluções, mas nada disso consegue soar melhor do que vimos na década de 80. O personagem de Jared Harris, por exemplo, que inexistia no filme de Hooper, não diz a que veio e lembra demais do Peter Vincent de "A Hora dos Espanto" original. Ao invés da médium carismática da trama original inseriram um bando de acadêmicos de paranormalidade que não ajudam em nada no filme. São chatos e inúteis em tudo o que acontece. Não há religiosidade nenhuma no argumento, só um ateísmo disfarçado e tolo que incomoda bastante. Os personagens não parecem acreditar em absolutamente nada, para nossa decepção. Isso tira grande parte da graça que uma história como essa poderia ter. É tudo muito asséptico e chato mesmo. O resultado de todos esses erros é que a fita acabou não indo bem nas bilheterias, sendo que o mercado internacional amenizou um pouco o tremendo fracasso comercial que o filme foi nos Estados Unidos. Esse mal resultado é apenas um aspecto ruim de um remake que deixa muito a desejar em vários pontos (roteiro, efeitos visuais, elenco, etc). É a tal coisa, se não vai fazer algo melhor do que foi feito no passado é melhor não se mexer em nada, deixar tudo como está. A busca pelo lucro fácil muitas vezes acaba prejudicando ou destruindo o prestígio de filmes que são cultuados até hoje.
Pablo Aluísio.
No Rastro da Bala
Nick Tortano (Ben Barnes) descende de uma antiga linhagem de mafiosos italianos de Boston. Seu pai é um homem honesto e correto que prefere viver com dificuldades, mas de acordo com a lei. Nick porém quer subir mais rápido na vida. Para isso ele acaba se aproximando do velho chefe mafioso Salvatore Vitaglia (Harvey Keitel). O veterano gosta de seu estilo, mas antes de entrar para a sua organização Nick terá que provar sua lealdade assassinando um advogado criminal. Enquanto o dia de sua prova de fogo não chega, Nick acaba se interessando por Ali Matazano (Leighton Meester), a filha de um gangster que deseja manter a maior distância possível do mundo do crime. Alguns filmes são tão subestimados, mesmo sendo tão bons. Veja o caso desse "By the Gun". Passou praticamente despercebido do público brasileiro, o que é uma pena. O roteiro é bom mesmo, com personagens interessantes que vivem no submundo de Boston dentro do que restou da máfia italiana na cidade. Como se sabe a Cosa Nostra sofreu um duro golpe nos anos 80. Os grandes chefões das famílias poderosas foram todos para a prisão ou então acabaram sendo mortos por seus próprios inimigos. O que sobrou foi a existência de pequenos grupos, liderados por chefes mafiosos de menor expressão. É nesse meio que tenta ganhar a vida Nick Tortano (Ben Barnes). Tentando subir na hierarquia do crime, ele acaba percebendo que em pouco tempo pode se complicar, indo bem fundo nesse meio de violência e criminalidade. Na realidade ele é até um sujeito de boa índole que acaba sendo tragado pelo meio social onde vive.
O ator Ben Barnes que interpreta o personagem principal se sai muito bem em sua atuação, até porque não é fácil para um inglês interpretar um americano de origem italiana que convive com todos os tipos de mafiosos locais. É uma mudança e tanto nos rumos de sua carreira já que até agora ele vinha interpretando tipos mais sofisticados como o próprio Dorian Gray na adaptação cinematográfica de 2009. Outro nome que chamará a atenção dos espectadores, em especial dos que curtem séries, é a da atriz Leighton Meester (a Blair Waldorf de "Gossip Girl"). Deixando de lado o estilo fashion de sua personagem mais famosa ela aqui interpreta a filha de um gangster que tem um péssimo relacionamento com o pai. Vivendo de forma modesta, em um bar local servindo bebidas aos clientes, ela parece mesmo ser um doce de garota. Tentando ficar longe de criminosos ela acaba caindo numa armadilha ao se apaixonar por Nick (Barnes), justamente mais um sujeito que em breve estará bem enrascado com as famílias poderosas da cidade. Por fim, completando o bom elenco, temos o veterano Harvey Keitel na pele do chefão Salvatore Vitaglia. Mafioso da velha escola, ele faz questão de manter vivo velhos rituais da organização, como uma cerimônia de iniciação de seu pupilo Nick. Em suma, um bom filme sobre mafiosos sicilianos da bela Boston que seguramente deveria ter sido mais comentado e badalado. Recomendo sem receios.
No Rastro da Bala (By the Gun, Estados Unidos, 2015) Direção: James Mottern / Roteiro: Emilio Mauro / Elenco: Ben Barnes, Leighton Meester, Harvey Keitel, Slaine / Sinopse: Filme de ação norte-americano.
Pablo Aluísio.
sábado, 4 de julho de 2015
Velozes & Furiosos 7
Começo o texto esclarecendo que nunca fui um "especialista" dessa série de filmes. Para falar a verdade acredito que assisti no máximo a um ou dois. Puxando pela memória eu me recordo de ter visto o primeiro, mais por causa dos carrões envenenados do que pelo elenco (que sabia, era formado por brucutus canastrões) ou pelo roteiro (fala sério, quem vai atrás de roteiro em filmes como esse?). Achei o primeiro filme bem mais ou menos. Não consegui curtir. Havia um excesso de testosterona burra no ar, com aqueles caras fortões e monossilábicos. Até as atrizes eram machonas, com por exemplo a caminhoneira Michelle Rodriguez (que depois, ora vejam só, assumiu ser lésbica, o que não causou surpresa em absolutamente ninguém que acompanha cinema). Então o tempo passou e de vez em quando eu me deparava com algum poster sequência dessa série em cartaz no cinema e o ignorava completamente. Sabia que era tudo caça-níquel. Nem quando esbarrava de bobeira, zapeando na TV a cabo, com algum continuação me animava a conferir. Bastava o troglodita Vin Diesel surgir na tela com aquela marra toda para que eu imediatamente mudasse de canal. Tenho uma antipatia natural pelo seu jeito brutamontes debilóide de ser. Aquela marra, aquelas bombas... sem condições de simpatizar com o dito cujo.
Então o mundo seguiu em frente. Quando foi ontem resolvi encarar esse sétimo filme. Engoli minhas aversões de lado e fui, incentivado quase que exclusivamente pela curiosidade mórbida de saber que o Paul Walker morreu incinerado em tochas dentro de seu carrão, após um acidente terrível, o que por si só já é uma tremenda ironia de humor negro do destino. Ele assim acabou trilhando o mesmo destino de James Dean, que também adorava carros possantes, dentro e fora das telas. Claro que Walker nunca foi Dean. Ao contrário do eterno rebelde que estrelou filmes maravilhosos, o Walker deixou como legado um monte de fitinhas B de ação que serão esquecidas em tempo recorde. Mesmo assim fui, impulsionado por esse sentimento banal e em muitos aspectos também bem hipócrita.
O filme, como era de se esperar, é do tipo ação sem cérebro. Explosões para todos os lados, cenas muito mentirosas e aquela qualidade técnica que apenas os ianques são capazes de reproduzir em uma tela de cinema. Há duas sequências absurdas que valem a pena. A primeira quando os membros da equipe de Diesel pulam de paraquedas dentro seus próprios carros. Um primor de absurdo! Na outra Paul Walker tenta escapar após um ônibus inteiro ficar pendurado em um abismo! São cenas vazias, claro, porém divertidas. Por fim o carequinha invocado Jason Statham interpreta o vilão, um sujeito indigesto, hiper, mega, ultra, super treinado soldado de elite que ninguém consegue matar! Coisas de filmes de ação desse tipo. Ao se deparar com vinte homens armados até os dentes, prontos para atirar em sua fuça, tudo o que ele consegue fazer é dizer, com olhar de desprezo: "É só isso o que vocês trouxeram para me enfrentar?". Tudo para que o garoto cheio de espinhas que assistir ao filme pensar consigo mesmo "Uau! Esse cara é macho mesmo!". Depois de 2 horas e 17 minutos de duração (uma eternidade), o filme chegou ao fim com uma singela homenagem do Vin Diesel ao finado Paul Walker. Esses poucos minutos provavelmente foram a melhor coisa de uma fita que parece chiclete, você masca, masca, não sai nada de substancial e depois, sem muita cerimônia, simplesmente o cospe fora. Assista, mas claro, apenas se você gostar de chiclete!
Velozes & Furiosos 7 (Furious Seven, Estados Unidos, 2015) Direção: James Wan / Roteiro: Chris Morgan, Gary Scott Thompson / Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Michelle Rodriguez, Jason Statham. / Sinopse: Sétimo filme da franquia dos filmes de ação "Velozes e Furioso". Carros possantes, mulheres deslumbrantes e muita ação.
Pablo Aluísio.