quinta-feira, 5 de março de 2015

Os Cinco Rapazes de Liverpool

Mesmo depois de tantos anos de seu lançamento (e lá se vão 21 anos de sua estréia!) ainda considero o melhor filme já feito sobre os Beatles no cinema. O mais famoso grupo de rock da história aqui surge como um bando de jovens amigos, que ainda não sabiam direito o que fariam da vida, mas que nesse meio tempo resolveram apostar no velho sonho de fazer sucesso no mundo da música. O interessante é que nessa fase eles eram cinco e não quatro, como foram imortalizados. O roteiro assim foca na figura de Stuart Sutcliffe (Stephen Dorff), o quinto Beatle, que para muitos ainda segue sendo um completo desconhecido. Grande amigo pessoal de John Lennon, ele foi incorporado aos Beatles por causa de sua amizade, embora não soubesse tocar direito nenhum instrumento. Na verdade ele sonhava ser artista plástico e se casar com sua namorada, a bela Astrid Kirchherr (Sheryl Lee), embora o destino lhe reservasse outro caminho.

A história dessa grande amizade é o foco principal dessa produção que contou ainda com uma maravilhosa trilha sonora, que procurou revitalizar o som que o grupo tinha na época, quando eles foram para a Alemanha lutar por alguns trocados, tocando em boates cavernosas e bares de strip-tease. Nunca os Beatles foram tão humanos e próximos de nós como nesse filme, um verdadeiro clássico moderno que mostra acima de tudo que é possível se fazer um grande filme sobre alguns dos maiores mitos do olimpo da música mundial. Um belo retrato de uma amizade que rompeu a barreira do tempo.

Backbeat - Os 5 Rapazes de Liverpool (Backbeat, Inglaterra, Alemanha, 1994) Direção: Iain Softley / Roteiro: Iain Softley, Michael Thomas / Elenco: Stephen Dorff, Sheryl Lee, Ian Hart. / Sinopse: O filme resgata a história dos Beatles em seus primórdios. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Musical.

Pablo Aluísio. 

Quatro Casamentos e Um Funeral

Uma comédia romântica realmente saborosa, com excelente roteiro, explorando justamente a vida de um grupo de amigos, cujas vidas são mudadas exatamente em quatro casamentos e um funeral. O roteiro é muito bem elaborado porque praticamente funciona como flashes da vida desses personagens centrais. Entre eles se destaca obviamente a relação conturbada e indefinida entre Charles (Hugh Grant) e Carrie (Andie MacDowell). Como se trata de uma produção britânica você já sabe que terá pela frente o melhor do humor inglês, com todo aquele clima de sofisticação que é de repente afrontado pelas mais bizarras situações. Daí vem o humor, desse choque e contraste entra uma postura fina e tradicional e o modo de ser mais grotesco revelado dentro dos relacionamentos amorosos e de amizade.

Essa comédia acabou transformando o ator Hugh Grant em um astro. Seu estilo tipicamente britânico acabou caindo no gosto do grande público, inclusive do americano, já que as mulheres acabaram suspirando por seu ar tímido e atrapalhado, que acabava se revelando um charme irresistível para o público feminino. Bom para ele, que depois desse sucesso cruzou o Atlântico e começou uma bem sucedida carreira na América, colecionando sucessos e mais sucessos de bilheteria (embora hoje em dia ele esteja em baixa, praticamente aposentado). Mesmo assim ainda vale muito a pena rever o filme, pois ele não envelheceu em nada, mantendo-se ainda muito divertido e engraçado, com ótima trilha sonora.

Quatro Casamentos e Um Funeral (Four Weddings and a Funeral, Inglaterra, 1994) Direção: Mike Newell / Roteiro: Richard Curtis / Elenco: Hugh Grant, Andie MacDowell, James Fleet / Sinopse: Comédia romântica de sucesso nos anos 90, com toques de puro humor negro inglês. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Hugh Grant).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de março de 2015

RoboCop

Título no Brasil: RoboCop
Título Original: RoboCop
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Columbia Pictures
Direção: José Padilha
Roteiro: Joshua Zetumer, Edward Neumeier
Elenco: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton

Sinopse:
Alex Murphy (Joel Kinnaman) é um policial que cumpre muito bem suas funções, tanto que acaba descobrindo um jogo sujo envolvendo tiras como ele. Antes que denuncie o esquema acaba sofrendo um atentado a bomba que deixa seu corpo destroçado. Isso acaba se tornando uma ótima oportunidade para que um projeto de unir homem e máquina em prol da lei seja revitalizado, surgindo daí RoboCop, o modelo ideal do policial do futuro.

Comentários:
Remakes via de regra são bem desnecessários, a não ser que o material original dê margem para uma nova releitura, mais atualizada e moderna. O primeiro filme com o policial do futuro soava muito interessante na década de 80. Era um filme de ficção policial que não se resumia a apresentar a mais pura ação descerebrada, pois tinha um interessante argumento por trás (a mudança da estrutura estatal da segurança pública para o mundo corporativo). "RoboCop" assim seria a materialização da transformação pelo qual a sociedade passava na época (inclusive sob o ponto de vista tecnológico). Até hoje é considerado um bom filme, muito coeso e bem realizado. Então chegamos a esse novo remake. Houve mesmo alguma necessidade em realizar essa obra? Sinceramente depois de assistir cheguei na conclusão que não! O cineasta José Padilha é sem dúvida talentoso, basta lembrar de "Tropa de Elite", mas aqui ele foi controlado completamente pela máquina industrial do cinema americano. No fundo não há nada de autoral nessa revisão. Ora, se o novo RoboCop não traz maiores novidades (o roteiro segue praticamente o mesmo, sem traços do diretor em seu conceito) para que refazer o que já tinha ficado tão bom? No papel principal de Alex Murphy temos o ator Joel Kinnaman, que interpreta o policial noiado da boa série "The Killing". Se não surpreende, pelo menos não atrapalha. Sua atuação é uma das poucas novidades dignas de nota. Assim chegamos na conclusão que o novo "RoboCop" não tinha mesmo razão para existir.

Pablo Aluísio.

A Liga Extraordinária

Título no Brasil: A Liga Extraordinária
Título Original: The League of Extraordinary Gentlemen
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Stephen Norrington
Roteiro: James Robinson, baseado na obra de Alan Moore
Elenco: Sean Connery, Stuart Townsend, Peta Wilson, Tony Curran

Sinopse:
Um grupo de personalidades marcantes do mundo da literatura resolve se unir para enfrentar uma grande ameaça contra a humanidade. O aventureiro Allan Quatermain (Sean Connery), o lendário Capitão Nemo (Naseeruddin Shah), a sedutora Mina (Peta Wilson) do romance "Drácula", Dr. Henry Jekyll e Edward Hyde (Jason Flemyng) de "O Médico e o Monstro" e até mesmo Dorian Gray (Stuart Townsend), saído diretamente das páginas escritas por Oscar Wilde, entre outros, estão nessa perigosa aventura. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Fantasia, Melhor Atriz Coadjuvante (Peta Wilson) e Melhor Figurino.

Comentários:
"The League of Extraordinary Gentlemen" por ser uma adaptação da Graphic Novel de Alan Moore causou grande expectativa nos fãs de HQs. Infelizmente Hollywood ainda não conseguiu captar todas as nuances dos quadrinhos para as telas de cinema. Mudanças são realizadas em nome de um maior potencial comercial e partes do enredo são alterados em prol do ego dos atores. Isso acaba de uma maneira ou outra desfigurando a essência da obra original. Foi justamente isso que aconteceu mais uma vez aqui. Inicialmente o próprio Alan Moore rejeitou o filme. Tentou até mesmo tirar seus nomes dos créditos. Depois, para piorar ainda mais, o ator Sean Connery entrou em atritos com o diretor e o estúdio. Connery queria ainda mais espaço para seu personagem Allan Quatermain, mas o roteiro tentava em vão trazer o aspecto mais coletivo da Graphic Novel original. No meio de tantos problemas de produção o filme acabou saindo truncado, mal dividido, o que acabou desagradando tanto o público como a crítica. Em termos de produção, direção de arte, efeitos especiais e figurino, não há o que reclamar. Tudo é muito bem realizado, de acordo com uma película que custou mais de oitenta milhões de dólares. O problema realmente é de roteiro, esse se mostra muitas vezes sem salvação. Como fracassou comercialmente o filme hoje em dia serve apenas como curiosidade, uma amostra que a fusão entre quadrinhos e cinema nem sempre dá muito certo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de março de 2015

As Pontes de Madison

Título no Brasil: As Pontes de Madison
Título Original: The Bridges of Madison County
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, Malpaso Productions
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Richard LaGravenese
Elenco: Clint Eastwood, Meryl Streep, Annie Corley
  
Sinopse:
Junho de 1965. Francesca Johnson (Meryl Streep) é surpreendida com um estranho em sua fazenda. Robert Kincaid (Clint Eastwood) é um fotógrafo profissional que trabalha para a revista National Geographic que está ali para tirar fotos das famosas pontes de Madison. Francesca inicialmente estranha sua presença, mas depois concorda em lhe mostrar a região. Seu marido e seus filhos estão fora, no estado vizinho de Illinois, e ela decide se tornar a guia informal de Kincaid pelas redondezas. Desse convívio de apenas quatro dias entre uma reprimida esposa e dona de casa e um jornalista livre e com espírito de aventura começa a surgir uma inesperada paixão. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Meryl Streep). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Atriz (Meryl Streep).

Comentários:
Muitos ficaram realmente surpresos com a sensibilidade mostrada por Clint Eastwood nesse (já considerado clássico nos dias de hoje) "As Pontes de Madison". Logo Clint, que sempre foi mais conhecido por interpretar sujeitos durões nas telas, surgir com um roteiro tão romântico como esse! Era mesmo de admirar. Baseado na novela escrita por Robert James Waller o roteiro era de uma singeleza ímpar, mas conseguia transmitir muito em cima de uma pequena história que parecia ser bem simples. Basicamente vemos o encontro de um fotógrafo e uma dona de casa em plenos anos 1960. Ela é infeliz no casamento. Ele se interessa por ela assim que a conhece. Obviamente há uma clara paixão despertando entre eles, mas tudo fica muito reprimido e soterrado por causa das convenções sociais da época. Assim o argumento discute de forma subliminar os limites que não podem ser ultrapassados dentro de uma sociedade conservadora como a americana. Até que ponto deve-se deixar a felicidade de lado apenas para obedecer a esse tipo de imposição social? 

O elenco está ótimo. Quem poderia dizer que uma atriz tão respeitada (e oscarizada) como Meryl Streep iria se dar tão bem com Clint em cena? Pois é justamente isso que acontece. A química entre eles salta aos olhos. Outro ponto de destaque nesse romance temporão é o trabalho do excelente diretor de fotografia Jack N. Green. Ele transformou o cenário do enredo em um personagem indireto. O filme que foi todo rodado no lindo estado americano do Iowa conseguiu transpor para o espectador todo o bucolismo ao redor, valorizando ainda mais o romance contido dos personagens centrais. Um trabalho primoroso. Enfim, "The Bridges of Madison County" é uma bela aula de cinema, mostrando de forma cabal que maravilhosos filmes de romance podem surgir das situações mais inesperadas. O que vale mesmo no final das contas é o sentimento verdadeiro envolvido.

Pablo Aluísio.

Armadilha

Título no Brasil: Armadilha
Título Original: Entrapment
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox Film
Direção: Jon Amiel
Roteiro: Ronald Bass, Michael Hertzberg
Elenco: Sean Connery, Catherine Zeta-Jones, Ving Rhames
  
Sinopse:
Robert MacDougal (Sean Connery) é um sofisticado ladrão de obras de arte que aplica seus golpes em museus de alta segurança mundo afora. Virginia Baker (Catherine Zeta-Jones) é uma agente de seguros enviada para descobrir se ele está envolvido com o roubo de um importante quadro que vale milhões. Após conhecer Robert melhor acaba aceitando fazer uma improvável dupla ao seu lado! Juntos se unem para realizar um bilionário golpe financeiro no mercado econômico mundial. Filme vencedor do Blockbuster Entertainment Awards na categoria de Melhor Atriz - Filmes de ação (Catherine Zeta-Jones). Filme indicado ao Framboesa de Ouro nas categorias de Pior Atriz (Catherine Zeta-Jones) e Pior Elenco (Sean Connery e Catherine Zeta-Jones).

Comentários:
Eu sempre vi esse filme como um símbolo de que a carreira de Sean Connery tinha realmente chegado ao fim. O astro que havia experimentado uma maravilhosa ressurreição como ator nos anos 80 já não tinha mais muito o que fazer no cinema. Em busca de se tornar comercialmente viável para os estúdios, Connery de certa maneira acabou vendendo sua alma artística, se tornando mais um astro genérico de filmes de ação sem maior consistência. Tudo bem que o filme tem uma produção interessante com uso de excelentes efeitos visuais (como a cena em que eles tentam passar por um corredor cheio de lasers), mas eles por si só não valem por todo o filme. Provavelmente um dos poucos motivos para se gostar mesmo de "Armadilha" seja a bonita presença da bela Catherine Zeta-Jones! Ela, temos que confessar, está linda no filme! Tudo valorizado ainda mais por seu sensual figurino de couro negro - algo que deixará os fãs mais fetichista em êxtase! Sua personagem chamada Virginia Baker é vazia e sem conteúdo, como o próprio roteiro, mas esse pecado é deixado de lado por causa de sua beleza morena marcante. Uma visão fútil, é verdade, mas que na falta de méritos melhores acaba se sobressaindo. E por falar em falta de conteúdo... o nome do diretor inglês Jon Amiel nos créditos já antecipava de antemão o que poderíamos esperar do filme, ou seja, quase nada. Afinal de contas ele havia assinado coisas como "O Homem Que Sabia de Menos" e "O Núcleo - Missão ao Centro da Terra", o que deixava mais do que claro que ele nunca fora mesmo nenhum Orson Welles.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Gremlins 2

Título no Brasil: Gremlins 2 - A Nova Geração
Título Original: Gremlins 2 - The New Batch
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros., Amblin Entertainment
Direção: Joe Dante
Roteiro: Chris Columbus, Charles S. Haas
Elenco: Zach Galligan, Phoebe Cates, John Glover

Sinopse:
Um exército de pequenos monstros malévolos assume o controle de um arranha-céu corporativo high-tech quando um pequenino animal de estimação exótico, bonito e inteligente é exposto à água. O proprietário dos bichinhos então se une  ao chefe da rica corporação para tentar recuperar o controle do lugar. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Fantasia, Melhor Ator Coadjuvante (John Glover), Melhor Direção (Joe Dante), Melhor Música (Jerry Goldsmith) e Melhores Efeitos Especiais (Rick Baker, Ken Pepiot e Dennis Michelson). 

Comentários:
Em uma época em que não existiam efeitos digitais plenamente desenvolvidos para o cinema, o cineasta Joe Dante ousou realizar um filme com marionetes e bonecos animados pelo antigo sistema de animatronics para dar vida aos seus Gremlins, bichinhos fofinhos que não poderiam ser molhados após a meia-noite pois caso isso ocorresse seria um verdadeiro caos. O sucesso daquele filme fez com que essa sequência fosse realizada, novamente produzida pelo mago Steven Spielberg. Em termos gerais essa continuação é bem mais escrachada e debochada do que o primeiro filme, que tinha seu humor, mas que não era tão acentuado como aqui. Dante, com mais autonomia, resolveu chutar o balde, realizando um filme a mil, que não consegue parar nunca com suas gags e referências visuais a filmes, músicas e artes em geral. Hoje em dia os filmes dos Gremlins estão obviamente datados do ponto de vista técnico (não poderia ser diferente pois a tecnologia deu saltos gigantescos desde que eles foram realizados), mas mesmo assim o velho charme nostálgico para quem assistiu na época em sua adolescência e infância permanece. Dante foi certamente um dos diretores mais imaginativos e criativos do cinemão pipoca americano daqueles tempos. Um profissional que não tinha medo em misturar cinema com quadrinhos e cultura pop. Por isso seus filmes provavelmente jamais perderão o atrativo, mesmo estando inegavelmente envelhecidos hoje em dia.

Pablo Aluísio.

 

Caçada Mortal

Título no Brasil: Caçada Mortal
Título Original: A Walk Among the Tombstones
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Cross Creek Pictures
Direção: Scott Frank
Roteiro: Scott Frank, Lawrence Block
Elenco: Liam Neeson, Dan Stevens, David Harbour
  
Sinopse:
Matt Scudder (Liam Neeson) é um ex-policial que é procurado por um traficante de drogas desesperado após sua esposa ter sido sequestrada e morta por bandidos, mesmo após o pagamento do resgate. Trabalhando como detetive particular, Matt inicialmente reluta em aceitar o serviço, mas depois que a mulher é encontrada morta em pedaços no cemitério da cidade resolve ir atrás dos assassinos. Suas pistas acabam o levando a uma dupla de psicopatas insanos, que defendem um estranho senso de justiça próprio.

Comentários:
Pelo visto Liam Neeson deixou definitivamente o perfil mais artístico de sua carreira de lado para se aprofundar cada vez mais em fitas policiais ou de ação como essa. Nesse "Caçada Mortal" ele volta ao gênero que tem lhe proporcionado boas bilheterias ao redor do mundo. Seu personagem é um policial em crise, um sujeito que nunca se perdoou após ter matado acidentalmente uma garotinha de sete anos numa troca de tiros com uns delinquentes juvenis. A morte da menina acaba o levando a uma forte crise existencial que o faz inclusive a abandonar seu próprio distintivo, largando uma promissora carreira policial. Agora ele vive como detetive particular, trabalhando praticamente como um mercenário. Seu mais novo cliente é um traficante de drogas que lhe paga uma boa soma para que ele encontre os sequestradores responsáveis pela morte de sua esposa. Claro que no meio do caminho o ex-tira terá que ir até os piores becos da cidade em busca de informações. Nesse caminho acaba fazendo uma curiosa amizade com um jovem negro que tem como sonho também se tornar detetive particular como ele. Devo dizer que esse "A Walk Among the Tombstones" é um bom filme policial, valorizado por um certo clima opressivo, com uma fotografia escura e deprimente que captou muito bem o inferno astral do protagonista. Existem algumas apelações no roteiro, mas nada que comprometa o resultado como um todo. Neeson, que cultiva na vida real uma personalidade torturada e depressiva (causada pela morte precoce de sua esposa) cai como uma luva no papel. Um filme angustiante, mas também muito bem realizado. Vale o ingresso.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de março de 2015

Descalços no Parque

Título no Brasil: Descalços no Parque
Título Original: Barefoot in the Park
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Gene Saks
Roteiro: Neil Simon
Elenco: Robert Redford, Jane Fonda, Charles Boyer, Mildred Natwick 
  
Sinopse:
Um jovem casal recém-casado se muda para um pequeno e frio apartamento em Nova Iorque. Ele, Paul Bratter (Robert Redford), é um advogado em começo de carreira, conservador e presunçoso. Ela, Corie Bratter (Jane Fonda), acaba sendo o extremo oposto dele, uma jovem com ideias liberais, espírito livre e independente, que gosta de fazer tudo o que lhe traga prazer e aventura. Mesmo sendo tão diferentes vão morar juntos nesse prédio localizado no Washington Square Park, onde aprenderão a viver a dura rotina de um casamento. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Mildred Natwick). Também indicado ao Bafta Awards na categoria de Melhor Atriz (Jane Fonda).

Comentários:
Baseado numa peça teatral escrita pelo ótimo Neil Simon, "Barefoot in the Park" é um clássico romântico que se desenvolve na rotina desse casal que, aos poucos, vai descobrindo as delícias e torturas de se viver sob um mesmo teto. Além de possuírem personalidades conflitantes (a ponto inclusive de pararmos para perguntar como se apaixonaram!), eles precisam contornar os pequenos problemas do dia a dia, a rotina maçante e enervante de ter que conviver no cotidiano. Costuma-se dizer que nada é mais eficaz para se destruir um relacionamento e uma paixão do que o próprio casamento! Ironias à parte, o que vale mesmo aqui é a ótima atuação tanto de Robert Redford como de Jane Fonda (interpretando uma personagem que diga-se de passagem é quase uma caricatura de si mesmo, de sua vida real). Ambos estavam jovens e adoráveis e a excelente química deles funciona perfeitamente bem. Só não recomendo o filme para pessoas que não gostam muito de tramas passadas quase que inteiramente dentro de ambientes fechados, com muitos diálogos e jeitão de peça de teatro. O filme é bem isso, por essa razão se esse não for o seu tipo de filme é melhor esquecer. Não que se trate de algo chato, pelo contrário, o humor de Neil Simon alivia bastante esse aspecto, mas o estilo teatral realmente se impõe em vários momentos. No mais, para quem gosta de boas atuações e bom cinema, "Descalços no Parque" é uma ótima pedida para se assistir a dois, mesmo que isso acabe dando margem para intermináveis discussões sobre seu próprio relacionamento amoroso depois com sua companheira.

Pablo Aluísio.

Cinquenta Tons de Cinza

Título no Brasil: Cinquenta Tons de Cinza
Título Original: Fifty Shades of Grey
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Sam Taylor-Johnson
Roteiro: Kelly Marcel
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Jennifer Ehle
  
Sinopse:
Anastasia Steele (Dakota Johnson) é uma jovem estudante de literatura inglesa que resolve fazer um favor para a amiga que está doente: ir realizar uma entrevista com o empresário milionário Christian Grey (Jamie Dornan). Assim que Grey conhece Anastasia surge um interesse imediato nela, apesar de tantas diferenças entre eles. Ela, por sua vez, o considera intimidante e misterioso, mas também charmoso e elegante. O que a garota nem desconfia é que Grey tem uma visão muito própria de como se relacionar com as mulheres em geral.

Comentários:
Baseado no romance de sucesso escrito por E.L. James, "Fifty Shades of Grey" explora a atração que surge entre duas pessoas que possuem muito pouco em comum. Ele é um homem de negócios milionário, frio e ousado que vê na jovem garota mais uma oportunidade de dar vazão aos seus instintos mais básicos (e selvagens). Ela é uma universitária, sem grande sofisticação, que acaba sendo atraída pelo estilo diferente de Grey. Desse choque de contrastes surge uma relação marcada por uma estranha forma de buscar e realizar prazer sem limites. Esse filme, pelo sucesso e pela repercussão que tem alcançado, acabou gerando várias polêmicas desnecessárias, tanto por parte da imprensa como nas redes sociais. Na verdade não há nada de muito novo nesse tipo de jogo de sedução. Nem mesmo as manias sádicas de Grey podem ser encaradas como novidade pois já estão por aí na sociedade há décadas. Aliás o uso de violência para alcançar o prazer sexual nem é tão bem explorado no filme, tudo ficando em um nível puramente superficial. 

A personalidade de Grey, seus traumas e motivações, poderia ser muito bem trabalhada, mas fica também em uma superfície sem grande aprofundamento psicológico. No final das contas ela se deixa levar por causa do status do rico executivo, o que demonstra uma certa superficialidade por parte de seu caráter. As manias que ele tem, como por exemplo, a aversão ao toque feminino ou as muitas reservas em compartilhar seu próprio leito com uma mulher teria levado qualquer uma a ir embora no minuto seguinte. Grey é acima de tudo um esquisitão, com ideias mórbidas e violentas. Para piorar nutre uma frieza cortante, fruto provavelmente de uma personalidade psicopata, que assustaria grande parte das mulheres (pelo menos as de bom senso). Como se trata da adaptação de um romance sem muito conteúdo tudo fica nessa zona cinzenta entre o descartável e o irrelevante. Em termos puramente cinematográficos o filme poderia ser mais enxuto, com uma duração menos excessiva. De qualquer maneira se você não se importar com a superficialidade de argumento a produção pode até mesmo a vir a se tornar um passatempo fugaz de um fim de noite entediante.

Pablo Aluísio.