terça-feira, 18 de junho de 2013

Ironweed

Jack Nicholson certamente é um dos grandes atores da história do cinema. Hoje em dia ele anda semi-aposentado, o que é natural haja vista sua idade e sua pouca disposição de trabalhar muito nessa fase de sua vida. Nada mais justo, a carreira de Jack fala por si e sua filmografia é uma das mais interessantes que existem. Tive o privilégio de acompanhar muitos de seus filmes – inclusive os assistindo no cinema, algo que tenho orgulho de dizer. Antes de estrelar o blockbuster “Batman”, Nicholson estrelou esse pequeno filme chamado “Ironweed”. Dirigido pelo cineasta Hector Babenco e co-estrelado pela sempre excelente Meryl Streep, sempre achei a obra muito subestimada, inclusive no Brasil onde colecionou criticas rabugentas e mal humoradas pela imprensa especializada. Sempre senti nesses textos um certo rancor pessoal de alguns jornalistas contra Hector Babenco, como se quisessem ir à desforra contra o diretor. A razão de tanto ressentimento? Não tenho a menor idéia. Só sei que adorei o filme quando o assisti pela primeira vez, apesar das inúmeras bordoadas que levou aqui no Brasil.

A trama conta a estória de Francis Phelan (Jack Nicholson). Além de sofrer de esquizofrenia ainda tem muitos problemas com a bebida. Um outsider, uma pessoa à margem. Por mero acaso acaba conhecendo Helen Archer (Meryl Streep), uma ex-cantora já um tanto desiludida da vida. Ambos são alcoólatras e entre uma bebedeira e outra começam a desenvolver uma relação muito afetuosa, baseada em apoio mútuo e solidariedade. O filme é baseado no livro de mesmo nome escrito por William Kennedy, que inclusive foi vencedor do maior premio de literatura dos EUA, o Pulitzer. É uma crônica sobre duas pessoas que não se enquadram naquilo que a sociedade dominante entende ser o certo. Sempre digo que nunca é fácil adaptar grandes livros para a tela mas como aqui temos o roteiro escrito pelo próprio autor do livro as coisas ficam mais fáceis. No geral é um drama maravilhoso, interpretado por dois atores simplesmente geniais. Uma daquelas produções que marcam bastante e do qual não se esquece tão cedo.

Ironweed (Ironweed, Estados Unidos, 1987) Direção: Hector Babenco / Roteiro: William Kennedy, baseado em seu próprio livro “Ironweed” / Elenco: Jack Nicholson, Meryl Streep, Carroll Baker, Michael O'Keefe / Sinopse: “Ironweed” narra a estória de uma relação entre duas pessoas que não se enquadram dentro da sociedade. Indicado aos Oscars de Melhor Ator (Jack Nicholson) e Melhor Atriz (Meryl Streep). Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator – Drama (Jack Nicholson).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sem Perdão

Ainda sem titulo em português esse é o novo filme do ator Colin Farrell. Ele interpreta Victor, um sujeito de poucas palavras que trabalha para Alphonse (Terrence Howard), líder de um grupo de criminosos que vem sem ameaçado através de cartas anônimas e pistas deixadas que no fundo não levam a lugar nenhum. As coisas pioram quando um de seus capangas é encontrado morto dentro de um freezer com mais uma mensagem enigmática para ele. Apesar de ter vários inimigos, que foram surgindo ao longo de muitos anos de atividades criminosas ele sinceramente não tem a menor idéia de quem seja o autor das ameaças. Nervoso e paranóico com a situação acaba matando sem muitas provas um membro de uma gangue rival, sem autorização dos grandes chefes do crime. Enquanto seu chefe entra nesse beco sem saída Victor acaba encontrando o amor numa vizinha de prédio, a delicada Beatrice (Noomi Rapace), uma jovem que teve seu rosto desfigurado em um acidente de carro. Solitário, Victor acaba vendo nela uma possibilidade de redenção pessoal, afinal há muitos anos não se envolve com ninguém.

“Dead Man Down” é interessante porque sua trama vai se desvencilhando aos poucos na tela. Não caberia aqui lançar textos entregando as surpresas dos acontecimentos mas cabe o aviso de que o filme se desenvolve muito além da sinopse exposta acima. De fato nem o personagem do ator Colin Farrell é o que aparenta ser e nem a sua vizinha Beatrice é de fato a doce e sofrida garota que ele pensa que ela é. Também não se trata de um filme em que a ação seja o centro de tudo, há uma preocupação até louvável do roteiro em desenvolver bem todos os personagens em cena, muito embora o seu clímax mais pareça retirado de um action movie da década de 80, com muitos tiros e sangue espalhados para todos os lados. O diretor sueco Niels Arden Oplev é o mesmo do sucesso recente “Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” mas esse filme é bem menos sofisticado do que aquele. No fundo “Dead Man Down” é apenas um bom entretenimento com seqüências interessantes e trama que prende a atenção. Se for isso que você estiver procurando então encontrará uma boa opção para seu fim de noite.

Sem Perdão (Dead Man Down, Estados Unidos, 2013) Direção: Niels Arden Oplev / Roteiro: J.H. Wyman / Elenco: Colin Farrell, Noomi Rapace, Terrence Howard, Dominic Cooper, Isabelle Huppert / Sinopse: Membro de uma quadrilha de criminosos se apaixona por sua vizinha de prédio ao mesmo tempo em que esconde terríveis eventos de seu passado.

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de junho de 2013

A Bela e a Fera

Após o sucesso de “A Pequena Sereia” a Disney voltou a errar com uma seqüência tardia de “Bernardo e Bianca”. Não era o momento para algo assim, pois havia um consenso de que o estúdio deveria ter avançado em suas animações inovadoras como havia acontecido em “A Pequena Sereia”. Felizmente para os fãs as coisas voltaram aos eixos com esse “A Bela e a Fera”. Com o avanço da tecnologia o estúdio produziu uma animação que realmente deixou seus espectadores de queixo caído. O nível técnico desse filme foi considerado perfeito em seu lançamento. Havia cenas de grande perfeccionismo, como por exemplo, na cena de dança entre a bela e a fera. A trama era baseada no livro escrito por Jeanne-Marie Le Prince de Beaumont. Um príncipe é amaldiçoado e se torna uma besta, uma fera de aspecto assustador e terrível. Para tentar voltar a ser um jovem e belo príncipe novamente ele terá que conquistar o amor e o coração de uma jovem chamada Bela pois caso contrário se tornará uma fera para sempre.
   
O filme foi considerado uma obra prima e causou tamanha repercussão na crítica que conseguiu ganhar uma indicação ao Oscar de melhor filme do ano! Um feito inédito até então. Outro ponto de destaque foi a parte musical da animação. Assim como aconteceu com “A Pequena Sereia” aqui temos uma trilha sonora primorosa composta pelos talentosos Howard Ashman e Alan Menken. Ashman infelizmente não viu seu trabalho concluído pois morreria de AIDS precocemente. Seu trabalho porém foi considerado tão excelente que conquistou a chamada tríplice coroa pois "Beauty and The Beast" foi premiado pelo Oscar, pelo Grammy e pelo Globo de Ouro, os três principais prêmios da indústria cultural nos EUA. Em termos de bilheteria o filme foi ainda mais bem sucedido do que “A Pequena Sereia” chegando a praticamente o dobro da bilheteria conquistada por aquele filme. Um sucesso absoluto. Revisto hoje em dia “A Bela e a Fera” mantém o encanto. É uma daquelas animações definitivas que mudaram a forma como os longas de animação seriam encarados dali em diante. Não há outra conclusão, é uma obra prima belíssima e perfeita. Um esplendor.

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast, Estados Unidos, 1991) Direção: Gary Trousdale, Kirk Wise / Roteiro: Linda Woolverton, baseado na obra de Jeanne-Marie Le Prince de Beaumont / Elenco (vozes): Robby Benson, Paige O'Hara, Richard White, Jerry Orbach / Sinopse: Um príncipe é amaldiçoado e se torna uma besta, uma fera de aspecto assustador e terrível. Para tentar voltar a ser um jovem e belo príncipe novamente ele terá que conquistar o amor e o coração de uma jovem chamada Bela pois caso contrário se tornará uma fera para sempre. Vencedor dos Oscars de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original ("Beauty and the Beast"). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias Melhor Comédia ou Musical, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Canção Original ("Beauty and the Beast"). Vencedor do Grammy nas categorias Melhor Álbum Infantil, Melhor Performace Musical Pop, Melhor Composição Instrumental, Melhor Canção ("Beauty and the Beast") e Melhor Performance Instrumental Pop.

Pablo Aluísio.

A Pequena Sereia

Depois de anos em completo marasmo, com animações que eram criticadas pela imprensa especializada e solenemente ignoradas pelo grande público os estúdios Disney finalmente reencontraram o caminho do sucesso, como não acontecia há anos. “A Pequena Sereia” foi um enorme êxito de público e critica, chegando a uma cifra de bilheteria realmente fenomenal para uma animação, com mais de 200 milhões de dólares arrecadados em todo o mundo. Para falar a verdade não havia grande segredo. Bastava apenas o estúdio resgatar o espírito de seus próprios clássicos para voltar a ser a companhia número 1 dessa área. Assim como aconteceu em seus anos de ouro o estúdio Disney resolveu adaptar uma obra literária, um conto de fadas bem conhecido, escrito por Hans Christian Andersen. Seu conto cativante contava a estória de uma pequena sereia do mar que curiosa sobre o mundo dos humanos resolvia ir conhecer como era a vida deles de perto. Nessa viagem de descobrimento ela acabava se apaixonando por um príncipe, o que daria origem a muitos conflitos e confusões.

Andersen foi genial em seu texto uma vez que resolveu resgatar as sereias, seres mitológicos que sempre apareciam como entidades do mal nas antigas estórias, pois cantavam para os marinheiros com o objetivo de levá-los ao fundo do mar de onde jamais retornariam. A Ariel de Andersen por outro lado era uma figura romântica, um espelho de uma adolescente descobrindo o mundo e o amor. Além da animação da Disney ser das mais inspiradas outro ponto foi decisivo para o sucesso de “A Pequena Sereia”: sua música! Com canções desse nível o desenho certamente jamais seria ignorado como havia ocorrido com outros filmes do estúdio. O destaque obviamente vai para as canções "Under the Sea" (que inclusive levou o Oscar em sua categoria) e "Kiss the Girl" (que venceu o Grammy). O sucesso de vendas também se repetiria no mercado fonográfico coroando ainda mais o projeto. Enfim, não há muito mais o que se elogiar. “A Pequena Sereia” foi o começo de uma nova era para a Disney, iniciando uma fase brilhante do estúdio que ainda vamos comentar bastante aqui no blog. Até lá!

A Pequena Sereia (The Little Mermaid, Estados Unidos,1989) Direção: Ron Clements, John Musker / Roteiro: John Musker, Ron Clements, baseado na obra de Hans Christian Andersen / Elenco (vozes): Rene Auberjonois, Christopher Daniel Barnes / Sinopse: Pequena sereia do fundo do mar se apaixona por um príncipe humano. Adaptação do famoso conto escrito pelo autor Hans Christian Andersen.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de junho de 2013

Mistério no Parque Gorky

Eu indico esse filme aos cinéfilos que gostam de tramas bem intrigadas e complexas. Veja, há uma premissa inicial (a morte misteriosa de três pessoas no Parque Gorky em Moscou). A partir daí um policial russo chamado Renko (William Hurt) vai investigar o caso. O que parecia ser apenas mais um caso de triplo homicídio acaba revelando outras sub-tramas que levam a mais mistérios chegando tudo a uma verdadeira rede de conspirações, falsas pistas, KGB, contrabandistas americanos, CIA e tudo o que você mais possa imaginar. Na realidade o filme exige atenção redobrada do espectador para que não perca o fio da meada. O roteiro obviamente usa e abusa das chamadas reviravoltas que ocasionam outras reviravoltas até chegar a um clímax final. O curioso é que o filme foi rodado nos EUA em plena guerra fria. Havia de certa forma uma curiosidade dos americanos em relação aos métodos policiais de seus inimigos do leste. O tom se aproveita disso para prender ainda mais a atenção do espectador.

O elenco é muito bom, inclusive com William Hurt, ainda bastante jovem e pasmem posando de galã e herói de ação. Outro destaque é a presença do veterano Lee Marvin fazendo um personagem bem mais sofisticado do que ele costumava interpretar (geralmente Marvin representava caras durões em filmes de muita ação, algo que não se repete nesse filme). Por fim temos belas locações que tentam reproduzir a chamada União Soviética (o filme não foi filmado lá, mas sim na fria e distante Finlândia, já que ainda se vivia os dias da guerra fria, onde filmagens eram terminantemente proibidas pelo governo comunista). Mesmo não sendo a verdadeira URSS o filme consegue convencer. É isso, gosta de mistérios e tramas misteriosas? Então certamente você gostará de "O Mistério do Parque Gorky".

Mistério no Parque Gorky (Gorky Park, Estados Unidos,1983) Direção: Michael Apted / Roteiro: Dennis Potter, baseado na novela de Martin Cruz Smith / Elenco: William Hurt, Lee Marvin, Brian Dennehy / Sinopse: Mortes no parque Gorky em Moscou acabam desencadeando uma série de conspirações envolvendo pessoas acima de qualquer suspeita na União Soviética durante a chamada Guerra Fria.

Pablo Aluísio.

A Recruta Benjamin

Para quem assistiu recentemente “A Recruta Hollywood” indico esse filme, o original, “A Recruta Benjamin”. Comparações se tornam covardia aqui, é claro. Enquanto em “A Recruta Hollywood” tínhamos a celebridade (e péssima atriz) Jessica Simpson, aqui temos a ótima comediante Goldie Hawn. Simpática, talentosa e com ótimo timing para o humor, Goldie literalmente segura as pontas nessa comédia oitentista que brinca com o fato de uma garota, loira e mimada, ir parar nas fileiras do exército americano. Judy Benjamin (Goldie Hawn) acaba se iludindo com um anúncio das forças armadas e resolve entrar no serviço militar. A partir daí várias confusões são criadas por causa da disparidade entre o que ela pensava ser a vida no exército e o que ela realmente encontra no quartel.

Goldie Hawn acabou levando uma improvável indicação ao Oscar por esse filme. E não foi só, a atriz Eileen Breenan, que interpretava a capitã linha dura Lewis também foi indicada na categoria Atriz Coadjuvante, mostrando que se em termos de roteiro e argumento “A Recruta Benjamin” não era lá grande coisa, sem dúvida a atuação do elenco feminino agradou e muito aos membros da Academia. As indicações já foram um prêmio uma vez que não é comum atrizes serem premiadas por comédias (geralmente elas vencem atuando em dramas). O filme era até bem comum na programação de nossos canais abertos mas há muitos anos não é mais reprisado, uma pena pois é uma comédia acima de tudo divertida e simpática que enobrece o grande talento humorístico da sempre inspirada loirinha Goldie Hawn.

A Recruta Benjamin (Private Benjamin, Estados Unidos, 1980) Direção: Howard Zieff / Roteiro: Nancy Meyers, Harvey Miller, Charles Shyer / Elenco: Goldie Hawn, Eileen Brennan, Armand Assante, Sam Wanamaker, Mary Kay Place / Sinopse: Judy Benjamin (Goldie Hawn) acaba se iludindo com um anúncio das forças armadas e resolve entrar no serviço militar. A partir daí várias confusões são criadas por causa da disparidade entre o que ela pensava ser a vida no exército e o que ela realmente encontra no quartel.

Pablo Aluísio.

Estranha Obsessão

Uma boa dica para quem gosta de thrillers de suspense que fujam do convencional que é apresentado pelo cinema comercial americano atualmente é essa produção britânica francesa chamada "La femme du Vème". A premissa é até simples: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba se hospedando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade. A partir daí o filme toma rumos surpreendentes. Isso porque o roteiro é bem sofisticado, ao mesmo tempo colocando o personagem principal como suspeito de algumas mortes sem nunca deixar claro ao espectador se ele tem mesmo algo a ver com os crimes ou se tudo não passa de uma estranha coincidência. O curioso aqui é que nem mesmo o professor sabe ao certo o que está acontecendo ao seu redor. Como se não bastasse a intrigante trama ainda temos a beleza natural de Paris como pano de fundo, aqui mostrada mais em sua parte menos turística - o que torna bem mais interessante para quem quer conhecer um pouco o outro lado menos glamouroso da cidade luz.

Para completar o clima de surrealismo e mistério do filme há ainda uma estranha mulher que o escritor conhece numa festa. Margit (Kristin Scott Thomas) surge do nada e traz algum consolo ao melancólico professor que parece viver em constante tristeza por causa da situação aflitiva que vive. Margit é justamente a tal mulher citada no título do filme. Sua inserção na trama é muito especial e não convém contar mais nada sobre ela para não estragar as surpresas que o roteiro tem para o público. "Estranha Obsessão" tem ritmo europeu, ou seja, nada de explosões e correrias como vemos nos thrillers americanos. Aqui a trama é desenvolvida muito mais no aspecto psicológico onde nada é explicitamente esclarecido cabendo ao espectador tirar suas próprias conclusões. Tudo acontece de forma gradual, com calma e clima dando chance de reflexão ao público. O argumento é tecido de forma muito inteligente e bem desenvolvido. O final é particularmente enigmático, o que certamente dará margem a muitas interpretações diferenciadas. Recomendo a produção para quem deseja assistir um produto mais inteligente, sofisticado, diria até sensorial. Valerá a pena a experiência.

Estranha Obsessão (La femme du Vème, França, Inglatera, 2011) Direção: Pawel Pawlikowski / Roteiro: Douglas Kennedy, Pawel Pawlikowski / Elenco: Ethan Hawke, Kristin Scott Thomas, Joanna Kulig / Sinopse: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba ficando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade.

Pablo Aluísio

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Quero Matar Meu Chefe

Três amigos decidem conspirar para literalmente matar seus respectivos chefes, pessoas horríveis em sua forma de ver. O que parece ser um plano promissor porém logo se transforma em uma grande confusão para todos os envolvidos. Não há como negar que “Quero Matar Meu Chefe” é divertido e engraçado. São garantidas pelo menos três boas risadas nele (coisa que em produções recentes está cada vez mais raro de acontecer). Infelizmente essas três boas cenas que irão fazer rir o espectador não são tão comuns ao longo do filme. O problema é que "Horrible Bosses" é muito irregular e em muitos momentos não consegue ser tão engraçado como poderia ser. Tudo começa muito bem, as cenas mostrando como os chefes (Jennifer Aniston, Kevin Spacey e Colin Farrell) são horríveis, são bem boladas e divertidas (principalmente as que envolvem Spacey). O problema surge a partir do momento em que o trio central decide levar à frente seus planos.

Surge nessa parte do filme o primeiro bom personagem desperdiçado pelo roteiro: "Motherfucker" Jones (Jamie Foxx). Esse personagem, responsável por bons momentos de humor, não é bem aproveitado e acaba se perdendo no desenrolar do filme. Idem para a personagem de Aniston, a dentista tarada, que também poderia render muito mais mas que fica no meio do caminho. O roteiro tem muitos altos e baixos - algumas cenas são divertidas e outras bem sem graças. Alguns momentos são bem bolados e outros logo se transformam em pura baixaria. Enfim, se fosse definir essa comédia diria que é uma montanha russa - em que você se diverte mas que também sai com a sensação de que "poderia ser bem melhor".

Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, Estados Unidos, 2011) Direção: Seth Gordon / Roteiro: Michael Markowitz, John Francis Daley / Elenco: Kevin Spacey, Jennifer Aniston, Colin Farrell, Jason Sudeikis, Jason Bateman, Donald Sutherland / Sinopse: Três amigos decidem conspirar para literalmente matar seus respectivos chefes, pessoas horríveis em sua forma de ver. O que parece ser um plano promissor porém se transforma logo em uma grande confusão.

Pablo Aluísio.

Austrália

Nem sempre uma grande produção e um enredo ao velho estilo garantem a realização de um bom filme. Um exemplo disso é esse “Austrália”, uma superprodução que tinha a pretensão de reviver o clima dos grandes épicos do passado, mais precisamente da era de ouro de Hollywood. Não deu muito certo. Usando como referência um dos maiores clássicos da história, “E o Vento Levou”, o diretor Baz Luhrmann tentou recriar as tintas desse tipo de filme que sinceramente não se faz mais. Não adianta ter uma mulher forte como personagem central e nem um interesse romântico personificado em um homem rude como vemos aqui. Tem que haver mais, entre elas uma estória de fato cativante e o mais importante: muito calor humano nos dramas passados na tela. “Austrália” infelizmente não tem nada disso. O roteiro narra a luta de uma dona de fazendas naquele distante país. Ela tem que enfrentar não apenas as adversidades naturais como também os problemas causados pelo próprio homem, entre eles uma guerra internacional (a II Guerra Mundial) e conflitos internos.

Essa personagem é uma aristocrata interpretada pela atriz Nicole Kidman. Sua fazenda é um latifúndio a se perder de vista, com mais de duas mil cabeças de gado. Ao seu lado conta apenas com o apoio de seus empregados, entre eles um rústico capataz vivido pelo “Wolverine” Hugh Jackman. Como a intenção do diretor sempre foi recriar algo próximo do famoso filme com o casal Vivien Leigh e Clark Gable, seus personagens em cena lembram em muito os que vimos no clássico de 1939. O problema é que não possuem carisma nenhum. Adoro Nicole Kidman como atriz e profissional mas ela está completamente perdida aqui. Não consegue encontrar o tom certo de seu papel e se perde no meio da trama arrastada que parece nunca ter fim (o filme é longo demais, certamente confundindo longa duração com qualidade, algo que definitivamente não é a mesma coisa). No final das contas temos um verdadeiro elefante branco cinematográfico. Um filme que não agradou a ninguém (foi um fracasso de bilheteria) provando que não basta apenas tentar repetir a fórmula dos grandes filmes do passado para fazer um épico clássico, tem que ter talento para isso.

Austrália (Australia, Estados Unidos, Austrália, 2008) Direção: Baz Luhrmann / Roteiro: Baz Luhrmann, Ronald Harwood / Elenco: Nicole Kidman,  Hugh Jackman, Bryan Brown / Sinopse: Rica proprietária de uma enorme fazenda na Austrália tem que enfrentar uma série de adversidades para tocar em frente seu empreendimento.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Matador de Aluguel

Por falar em Patrick Swayze (1952–2009) me lembrei de um de seus filmes mais sui generis. Era o final dos anos 80, Swayze havia saído de um de seus grandes sucessos, Dirty Dancing, mas não conseguia mais repetir o mesmo êxito de bilheteria. Na verdade desde aquela época percebi uma certa indefinição em sua carreira. O ator não sabia ao certo se virava um galã de filmes românticos ou um novo herói de ação (afinal eram os anos 80, a época de ouro dos action movies). Tentando acertar em algum filão o ator acabou estrelando esse singular “Road House”. Recentemente o desenho animado “The Family Guy” tirou uma onda em cima do filme ao mostrá-lo como o preferido do personagem Peter Griffin. Para ele esse seria “o melhor filme de todos os tempos”! Uma piada irônica sobre as poucas qualidades da produção, é claro. Até a frase de promoção de “Matador de Aluguel” serve hoje de piada: “Ele é ligado em ação, música quente e mulheres”. Francamente...

Eu me recordo que assisti “Matador de Aluguel” em um cinema poeira da minha cidade. Na platéia apenas o público que consumia pancadaria na época: trabalhadores comuns, geralmente da construção civil e torcedores de futebol (na maioria corintianos). É claro que essa turma não queria assistir Shakespeare, queria ver ação insana da primeira à última cena. E para minha surpresa o público gostou do que viu. Claro que não era Stallone, o rei desse filão, mas sim aquele cara que rebolava em “Dirty Dancing” mas mesmo assim, com certas reservas, o povão gostou. E afinal qual era o “roteiro” de “Road House”? Bem, Swayze interpretava um leão de chácara, um sujeito bom de punhos que não levava desaforos para casa! Ele chega numa cidadezinha do Missouri e vai trabalhar em um bar – daqueles bem barra pesada – e literalmente sai no braço com os que querem anarquizar o local! Isso obviamente acaba irritando um chefão local, o bandidão Brad Wesley (Ben Gazzara). A partir daí não precisa ser vidente para descobrir o que acontece: muitas brigas e ação, com Swayze suando a camisa para demonstrar que levava jeito para os filmes de ação. O filme envelheceu? Claro que sim, mas é aquele tipo de coisa, hoje tudo soa muito mais divertido do que na época. Pelo visto Peter Griffin não estava tão errado assim.

Matador de Aluguel (Road House, Estados Unidos,1989) Direção: Rowdy Herrington / Roteiro: David Lee Henry / Elenco: Patrick Swayze, Kelly Lynch, Sam Elliott, Ben Gazzara / Sinopse: Leão de chácara sai nos tabefes com quem pretende bagunçar no bar onde trabalha. Sua pose de valentão e bom de briga logo irrita um poderoso chefão local que agora deseja tirá-lo do mapa o mais rápido possível.

Pablo Aluísio.