quinta-feira, 7 de março de 2013

Poseidon

Se trata de mais uma refilmagem de um filme da década de 70. Depois do remake de “A Profecia” os produtores de Hollywood, sem idéias novas, resolveram trazer de volta o navio Poseidon. Quem tem mais de 30 anos certamente conhece o filme original campeão de reprises da Rede Globo. É uma estória ficcional mas completamente inspirada no Titanic. O luxuoso Poseidon nada mais era do que uma alegoria sob nova roupagem do navio famoso da história. O filme original, “O Destino do Poseidon” é um clássico do chamado cinema-catastrofe que tanto sucesso fez naqueles anos da discoteca. Os roteiros desses filmes seguiam uma fórmula simples. Geralmente um grande elenco (formado na maioria das vezes por veteranos nas telas) era colocado numa situação limite, seja um terremoto, um arranha-céu em chamas ou em um naufrágio monumental. Basta lembrar dos filmes “Terremoto”, “Inferno na Torre” ou “Aeroporto” para entender do que se trata. Aqui tudo é recriado com efeitos digitais de última geração (inexistentes há 40 anos). O enredo é praticamente o mesmo do filme original: uma onda gigante vira um enorme transatlântico de cabeça para baixo. Para sobreviver um grupo de passageiras tenta chegar a alguma saída enquanto o navio não afunda de uma vez por todas.

Tal como acontecia nos filmes catástrofes da década de 70 aqui também temos um elenco numeroso de atores veteranos tentando alcançar uma nova chance de sucesso nos cinemas. O elenco é encabeçado por Kurt Russell, um ator bacana que não tem tido muita sorte com seus filmes mais recentes. Juntam-se a ele Richard Dreyfuss (de “Tubarão”, outro filme símbolo do cinema da década de 70) e Emily Rossum (que parece ter tomado gosto pela tragédia haja vista seu filme anterior, “O Dia Depois do Amanhã). Josh Lucas também está no elenco mas sua atuação é completamente indigna de qualquer comentário. O diretor é o irregular Wolfgang Petersen que ao longo da carreira alternou filmes criativos (O Barco – Inferno em Alto Mar) com produções eficientes (Mar em Fúria, Força Aérea Um) e equívocos históricos (Tróia). Dentro dessa lista “Poseidon” pode ser considerada uma de suas obras mais fracas, derivativas e sem novidades. Particularmente não gosto de remakes pois eles soam sempre como caça-níqueis oportunistas sem qualquer razão de ser. Esse é mais um filme que se enquadra nessa categoria. Só vale mesmo pelos efeitos digitais mas esses também acabam cansando após certo tempo. Assim o melhor mesmo é assistir ao filme original que pode estar datado e ultrapassado mas que certamente mantém o charme dos filmes da década de 70.

Poseidon (Poseidon, Estados Unidos, 2006) Direção: Wolfgang Petersen / Roteiro: Paul Attanasio, Akiva Goldsman, Shirow Masamune, Mark Protosevich baseados no filme “O Destino do Poseidon” / Elenco: Josh Lucas, Kurt Russell, Jacinda Barrett, Richard Dreyfuss, Jimmy Bennett, Emmy Rossum, Mike Vogel, Mía Maestro, Andre Braugher, Kevin Dillon, Freddy Rodríguez / Sinopse: Onda gigantesca vira o navio Poseidon de cabeça para baixo. Agora os passageiros lutarão para saírem vivos daquela situação terrível.

Pablo Aluísio.

Aliens, O Resgate

Após entrar em contato com uma entidade biológica desconhecida toda a tripulação de uma nave espacial é morta, com exceção da tenente Ripley (Sigourney Wever). Agora ela terá que lidar novamente com a ameaça alienígena que volta mais mortal e sanguinário do que nunca. Segundo filme da extremamente bem sucedida franquia Aliens. Se no primeiro filme “Alien, o Oitavo Passageiro” o foco era completamente voltado para o terror psicológico nessa seqüência o diretor James Cameron investe pesado nas cenas de ação e pancadaria. Era previsível. James Cameron estava envolvido com o filme “Rambo II – A Missão” que havia se tornado um enorme sucesso de bilheteria. O cinema de ação da década de 80 estava no auge e assim o filme “Aliens – O Resgate” seguiria por essa linha que vinha se mostrando extremamente bem sucedida do ponto de vista comercial. A tensão e o clima sufocante de “Alien o Oitavo Passageiro” daria lugar a um filme de ação incessante e um final extremamente marcante para os fãs do gênero.

É óbvio que a mudança de rumos na saga Aliens trouxe algumas críticas para o trabalho de Cameron. Para muitos críticos a ação de “Aliens, o Resgate” soava gratuita e o roteiro não conseguia avançar adiante sobre as origens da estranha forma alienígena. Era um retrocesso. O lado mais pertinente sobre a criatura havia sido deixado de lado para se concentrar em cenas espetaculares de lutas e conflitos no meio do espaço entre a tenente Ripley, agora alçada a categoria de uma super combatente, e o monstro do espaço que continuava sem ter uma melhor explicação sobre seu surgimento ou origem. Olhando em retrospectiva temos que admitir que não era muito justificada essa visão. É óbvio que James Cameron e Ridley Scott eram cineastas bem diferentes. O primeiro visava realmente a pura diversão sem maiores preocupações sobre de onde veio e qual seria o propósito do monstro espacial. Já Ridley procurava mesmo algo a mais, sempre deixando subentendido em seu filme que haveria algo muito maior por trás do aparecimento dessa mortal entidade predatória (tema que levaria em frente anos depois no filme “Prometheus”). Assim “Aliens, o Resgate” fica bem longe dos conceitos do primeiro filme mas como diversão pura se sai melhor. Não é um filme intelectualmente brilhante mas dentro de suas propostas cumpriu bem sua função.

Aliens, o Resgate (Aliens, Estados Unidos, 1986) Direção: James Cameron / Roteiro: James Cameron, David Giler / Elenco: Sigourney Weaver, Michael Biehn, Carrie Henn / Sinopse: Após os acontecimentos do filme “Alien O Oitavo Passageiro” a tenente Ripley (Sigourney Weaver) tem que enfrentar novamente a terrível entidade alienígena numa luta de vida ou morte. Vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Justiça a Qualquer Preço

Nos Estados Unidos os prisioneiros de alta periculosidade são acompanhados e passam por um programa de vigília por parte do Estado após deixarem a prisão. Essa é a principal função do agente Errol (Richard Gere), acompanhar, visitar e principalmente vigiar ex-presidiários que cumpriram pena por crimes sexuais. Nas vésperas de sua aposentadoria ele recebe também a incumbência de treinar uma nova policial que irá exercer essa função daqui em diante. Ela é Allison (Claire Danes) que logo descobre que seu parceiro é na verdade um tira durão que usa e abusa de métodos ilegais para manter na linha criminosos perigosos. No começo ela até tenta ignorar a brutalidade do agente Errol mas as coisas saem do controle quando novos crimes são cometidos e o experiente policial passa a desconfiar de um antigo presidiário que agora está nas ruas, livre. Adotando uma postura de fazer justiça com as próprias mãos ele então sai no encalço do ex-detento sem ligar muito para as leis e as regras éticas que norteiam e regulam seu serviço. Essa atitude o levará a entrar em choque com a nova agente.

“Justiça a Qualquer Preço” é mais uma tentativa de levantar a carreira de Richard Gere. O ator de tantos filmes bons e interessantes em sua longa filmografia não parece disposto a se aposentar (ao contrário de seu personagem aqui que está farto de anos e anos de convívio com a pior escória do sistema prisional). A boa notícia é que o filme não é ruim e Gere segura dignamente as pontas. Ao seu lado surge Claire Danes, uma atriz de que gosto muito. Ela inclusive atualmente passa pela melhor fase de sua carreira com a série de grande sucesso “Homeland”. Claire é muito talentosa e na série demonstra bem isso em um papel particularmente complicado (a de uma agente da CIA Bipolar). Já aqui em “Justiça a Qualquer Preço” ela não tem a mesma oportunidade de mostrar todo o seu talento mas está novamente atuante bem. O filme foi dirigido por um cineasta importado de Hong-Kong, famoso centro oriental de filmes de ação. Lau Wai-keung (que assina a direção como Andrew Lau) tem tentado desde então acertar no mercado americano. Como se trata de uma produção tipicamente de estúdio ele não tem muita oportunidade de alcançar vôos mais altos mas de qualquer forma entregou um bom produto, um filme policial movimentado e bem realizado que apesar de não ser muito inovador em nada entretém e diverte. Para uma noite particularmente tediosa e sem coisa melhor para assistir até que “Justiça a Qualquer Preço” pode se tornar um bom passatempo.

Justiça a Qualquer Preço (The Flock, Estados Unidos, 2007) Direção: Andrew Lau / Roteiro: Hans Bauer, Craig Mitchell / Elenco: Richard Gere, Claire Danes, Ed Ackerman, Dwayne L. Barnes, Josh Berry, Frank Bond, Twink Caplan, Blake Catherwood / Sinopse: Agente veterano (Richard Gere) tem que lidar com criminosos violentos que acabam de deixar a prisão ao mesmo tempo em que ensina o ofício para uma agente novata (Claire Danes) que está chegando para lhe substituir após sua aposentadoria.

Pablo Aluísio.

Karatê Kid - A Hora da Verdade

Esse é um dos clássicos do cinema jovem da década de 1980. Com personagens carismáticos e enredo bem bolado (embora sem surpresas), Karatê Kid caiu no gosto popular se tornando um grande sucesso de bilheteria. E qual era a fórmula do sucesso? A mesma de sempre. Um personagem fisicamente fraco e humilhado se rebela contra essa situação e através de treino e esforço ministrado por seu mestre consegue provar seu valor. Embora seja uma simplificação do enredo de “Karatê Kid” é basicamente nisso que se resume o filme. Na trama acompanhamos os problemas de Daniel Larusso (Ralph Macchio) e sua mãe (Randee Heller) que chegam para morar na ensolarada Califórnia. Para quem vivia na poluída New Jersey já era um avanço e tanto. Na nova cidade porém as coisas não saem muito bem para o jovem Larusso. Fisicamente franzino ele é constantemente intimidado pelos valentões locais. A única coisa positiva é sua amizade com Ali Mills (Elisabeth Shue), garota bonita e simpática que logo se torna próxima de Daniel. O problema é que como toda garota bonita ela também tem um ex-namorado forte e estúpido chamado Johnny (William Zabka) que junto de sua gangue de amigos começam a perturbar a paz e o sossego de Daniel. E quando os valentões se juntam para espancar Daniel eis que surge o Sr. Miyage (Pat Morita), um mestre de artes marciais que coloca o bando inteiro para correr!

Começa assim uma bela amizade entre Daniel e Miyage, abrindo as portas do roteiro para mostrar as diferenças entre o modo de ser e pensar dos orientais em contraste com o pensamento pragmático dos ocidentais. É óbvio que Karatê Kid tem muitos clichês, é claro que não estamos na presença de uma obra de arte cinematográfica das mais importantes, mas é verdade também que o filme é dos mais carismáticos da safra jovem da década de 80, sempre lembrado com carinho pelos cinéfilos em geral. O grande trunfo é, além da boa presença de cena do ator Ralph Macchio, o belo entrosamento que surge com seu parceiro Pat Morita. A relação não é tanto de mestre para aluno mas sim de amigos que passam juntos por dificuldades (Miyage sempre tentando entender o modo de ser dos americanos e Daniel tentando superar os problemas que tem com o brutamontes que quer lhe dar uma surra!). O filme assim sobrevive não apenas pelas cenas de lutas mas pelo roteiro bem trabalhado em cima da amizade entre os protagonistas. O filme fez tanto sucesso que deu origem a várias continuações (infelizmente não tão boas quanto esse primeiro filme). De qualquer forma fica a dica – e antes que me esqueça fica o conselho também: esqueça o remake feito com o filho do ator Will Smith pois é simplesmente horrendo! Prefira o original, sempre!

Karatê Kid – A Hora da Verdade (The Karate Kid, Estados Unidos, 1984) Direção: John G. Avildsen / Roteiro: Robert Mark Kamen / Elenco: Ralph Macchio, Pat Morita, Elisabeth Shue, Martin Kove, Randee Heller, William Zabka, Ron Thomas / Sinopse: Daniel (Ralph Macchio) é um jovem colegial, vítima de ameaças de um bando de valentões, que se une ao mestre de Karatê Sr. Miyagi (Pat Morita) que irá lhe ensinar os segredos dessa arte marcial milenar para se defender de seus agressores. Indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Pat Morita).

Pablo Aluísio.

Carga Explosiva

Um dos maiores sucessos de bilheteria do ator Jason Statham. O projeto é uma tentativa do cineasta e roteirista francês Luc Besson em realizar um filme que siga fielmente as regras do cinema americano de ação. Na trama acompanhamos Frank Martin (Jason Statham) que pode ser definido como um “transportador”. Ele recebe determinado “pacote” para entregar em certo local e o faz sem maiores perguntas. Para ser bem sucedido em suas funções Frank tem que ser o mais discreto possível e não fugir a algumas regras que segue à risca. Tudo segue muito bem até que Frank acaba quebrando as suas próprias regras ao abrir um de seus “pacotes”, na verdade uma garota interpretada pela atriz Qi Shu (tentando emplacar uma carreira no cinema dos Estados Unidos). O ato de abrir a encomenda acaba desencadeando uma série de conflitos entre Frank e um grupo ao qual ele não sabe ao certo de quem se trata. “Carga Explosiva” é aquele tipo de filme em que o espectador não pode levar tudo o que vê na tela a serio. O filme alterna cenas de ações impossíveis com um humor que muitas vezes serve como alívio cômico para o público em geral.

Foi um dos primeiros filmes a investirem em Jason Statham como um novo herói de ação. O inglês havia se destacado em bons filmes como “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e “Snatch – Porcos e Diamantes”, sempre fazendo personagens durões mas não era, até aquele momento, um astro de verdade. Luc Besson então escreveu o roteiro desse filme pensando justamente em transformar Jason em um novo astro dos filmes de pancadaria. Como Stallone e cia já estava com uma certa idade, Statham surgiria como um substituto ou herdeiro dos atores durões da década de 80. Como se pode ver com o sucesso de “Carga Explosiva” ainda havia muito mercado para esse tipo de filme. Com orçamento mediano (meros 21 milhões de dólares) a produção teve um lançamento forte nos Estados Unidos, ocupando mais de 2.500 cinemas no fim de semana de sua estréia. O sucesso foi excepcional e assim Jason Statham finalmente se firmou como um novo astro do gênero. Bom de briga, homem de poucas palavras e visual de um cara comum, como um amigo com quem se bebe uma cerveja no bar mais próximo, Jason Statham caiu em cheio no gosto popular, tanto que estrelou uma sucessão de filmes de ação bem sucedidos depois desse, inclusive duas continuações dessa mesma franquia, em filmes cada vez mais alucinados e exagerados. A crítica novamente torceu o nariz mas o público parece ignorar opiniões contrárias e assim  Jason se tornou atualmente o mais promissor ator a levar a tocha dos filmes de ação e pancadaria em frente. Um verdadeiro astro do gênero.

Carga Explosiva (The Transporter, Estados Unidos, França, 2002) Direção: Corey Yuen / Roteiro: Robert Mark Kamen, Luc Besson / Elenco: Jason Statham, Qi Shu, Matt Schulze, Ric Young, Doug Rand, Didier Saint Melin, Tonio Descanvelle / Sinopse: Frank Martin (Jason Statham) é contratado para lever determinados “pacotes” para certos lugares. Ele não faz perguntas e segue certas regras de sua “profissão” até que um dia resolve verificar do que se trata sua nova entrega, na verdade uma garota oriental. Sua quebra de conduta o irá levar a um jogo mortal de eliminação contra inimigos que Martin não sabe exatamente de quem se trata.

Pablo Aluísio

terça-feira, 5 de março de 2013

Lobo

Não deu muito certo essa incursão de Jack Nicholson no gênero terror. Para entender porque um ator consagrado como Nicholson resolveu fazer um filme de lobisomens é preciso fazer uma pequena retrospectiva em sua própria carreira. Quando era apenas um jovem sonhador, querendo um lugar ao sol no concorrido mundo do cinema, a única pessoa que lhe deu uma chance verdadeira foi o rei dos filmes B, Roger Corman. Dessa fase se destaca “A Loja dos Horrores” que depois iria virar um remake musical muito divertido na década de 80. Nem precisa informar que virou um cult desde o seu lançamento. Esse primeiro filme, o original, contava a conhecida estória de um balconista de floricultura que acabava tendo uma estranha relação com uma planta carnívora muito especial. Corman fez um filme pequeno, leve, mas muito eficiente e Nicholson recebeu suas primeiras críticas elogiosas. Quando o script de “Lobo” caiu nas mãos de Jack, décadas depois, ele pensou que seria uma boa idéia voltar ao gênero que foi tão importante para ele no começo de sua carreira. O problema é que a empolgação nostálgica do ator não ficou à altura do projeto em si, que sinceramente falando tinha um enredo muito fraco.

Jack Nicholson aqui interpreta Will Randall, um editor que descobre estar amaldiçoado, se tornando um lobisomem em noites de lua cheia. Acontece que ele está em uma situação bem ruim na carreira, envelhecido, está sendo passado para trás por um carreirista mais jovem. Agora, ele irá usar os seus novos instintos de lobo para enfrentar a concorrência dentro de sua empresa com toda a garra que sua nova situação lhe traz. Como se pode perceber a estória era clichê, sem novidades. Nem mesmo a presença da “Mulher-Gato” Michelle Pfeiffer melhorava o filme. Para piorar a maquiagem deixava muito a desejar. Ao invés de virar um monstro, Jack se limitava a fazer cara de mau, com algumas penugens em suas orelhas. Tudo bem ruim, o que deixou muita gente surpresa já que era mais um trabalho do premiado Rick Baker. O que parece ter acontecido foi que Nicholson, muito preocupado com sua imagem, evitou usar uma máscara de monstro completa, optando por algo mais light, soft. Bem, não funcionou! A direção de arte – essencial para produções como essa – também era feia e opaca. Assim o filme não poderia se tornar outra coisa a não ser um abacaxi na carreira de Jack Nicholson, que poderia perfeitamente passar sem essa. Revisto hoje em dia só vale como curiosidade aos fãs do trabalho do ator e nada mais. Como filme de terror ele deixa, e muito, a desejar. 

Lobo (Wolf, Estados Unidos, 1994) Direção: Mike Nichols / Roteiro: Jim Harrison, Wesley Strick / Elenco: Jack Nicholson, Michelle Pfeiffer, James Spader / Sinopse: Homem de meia idade, com problemas em seu trabalho, é mordido por um lobo selvagem. Em pouco tempo descobre estar acometido pela maldição do lobisomem. Diante da nova situação usa de seus instintos animais para derrubar a concorrência dentro de sua empresa.

Pablo Aluísio.

Bom Dia Vietnã

Dentro do ciclo de filmes sobre a Guerra do Vietnã que foram realizados na década de 80 esse “Bom Dia Vietnã” foi um dos mais interessantes. Longe da melancolia de um “Platoon” e distante da insanidade desenfreada de “Nascido Para Matar” o filme apostava no talento cômico de Robin Williams sem deixar também o drama de lado, uma vez que as cicatrizes do Vietnã ainda estavam bem abertas dentro da sociedade americana e não seria de bom tom transformar tudo em uma comédia pastelão. Por isso o filme funciona não apenas por seus excelentes momentos de humor mas também pela temática social e contextual mostrando o dia a dia e a rotina das tropas americanas estacionadas naquela distante e estranho país do sudoeste asiático. Robin Williams era completamente desconhecido no Brasil quando o filme pintou nas telas em 1987. De fato ele só tinha dois filmes lançados por aqui antes, ambos com fraca repercussão de bilheteria em nosso país. A primeira referência vinha de “Popeye”, uma comédia que tentava trazer para o cinema as aventuras do famoso marinheiro dos desenhos animados. Não deu muito certo. A segunda lembrança surgia de “O Mundo Segundo Garp”, um filme que ninguém se interessou em ver. No mercado de vídeo ainda havia disponível “Moscou em Nova Iorque”, uma comédia de costumes interessante e era só. Assim “Bom Dia Vietnã” foi seu primeiro grande sucesso por aqui, se tornando a produção que o tornou famoso em nosso país.

O enredo do filme conta a história real do militar Adrian Cronauer (Robin Williams) que é enviado para o Vietnã em 1965, poucos meses antes do conflito realmente se tornar um buraco sem fundo para as forças americanas. Como gostava muito de música e era um sujeito extremamente simpático e bem humorado ele logo foi escalado para exercer a função de DJ na rádio das forças armadas. Embora possa parecer um posto sem importância a verdade era que Adrian exercia uma função muito importante dentro daquele conflito pois com suas transmissões bem humoradas e divertidas conseguia entreter as tropas americanas que estavam no front, elevando a moral dos soldados de uma forma em geral. Robin Williams obviamente dá um verdadeiro show com sua interpretação, imitando figuras populares da época, contando piadas e divertindo a todos. É curioso porque muitas pessoas pensam ainda hoje que ele sempre foi apenas um comediante careteiro e ignoram o fato de Williams ter uma excelente formação dramática tendo se formado em uma das escolas de interpretação mais prestigiadas dos Estados Unidos, a Juilliard em Nova Iorque, que tem um dos mais concorridos cursos do país. Lá estudou ao lado do também futuro astro Christopher Reeve (de Superman). Foram inclusive grandes amigos até o fim da vida de Reeve. Com tanta bagagem não é de se surpreender que esteja tão bem e tão à vontade no papel. Por fim é importante lembrar da grande trilha sonora do filme, que inclusive ressuscitou um dos grandes clássicos da carreira de Louis Armstrong, a nostálgica e bela "We have all the Time in the World". Enfim, para quem gosta do tema sobre o conflito dos Estados Unidos no distante e pequeno Vietnã, o filme é sem dúvida um excelente programa.

Bom Dia Vietnã (Good Morning, Vietnam  Estados Unidos, 1987) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Mitch Markowitz / Elenco: Robin Williams, Forest Whitaker, Bruno Kirby, Tung Tranh Tran , Chintara Sukapatana / Sinopse: Militar Americano se torna DJ da única rádio oficial das forças armadas no Vietnã. Lá esbanja bom humor e versatilidade o que acaba trazendo problemas para ele com o alto comando estacionado no país asiático.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Como Perder Um Homem em 10 Dias

Comédia romântica que pretende fazer humor com as diferenças existentes entre homens e mulheres brincando com situações que são – na visão do roteiro – insuportáveis para ambos os sexos. Assim temos uma aposta entre o publicitário Ben (Matthew McConaughey) e seu chefe. Ele aposta que consegue conquistar qualquer mulher em apenas 10 dias. Por outro lado a jornalista Andie (Kate Hudson) por pura “coincidência” cruza seu caminho nesse mesmo momento. Ela pretende escrever um novo texto baseado em experiências pessoais intitulado “Como Perder um Homem em 10 dias”. Assim fica criada a situação: ele precisa conquistar ela de todo jeito para ganhar a aposta e ela faz de tudo para que o namoro acabe em dez dias, confirmando as teorias de seu texto jornalístico. Os maiores disparates são realizados pela jornalista mas o publicitário garotão engole todos para ganhar sua aposta.

Bobinho o argumento? Claro que é! O filme traz de volta a dupla Matthew McConaughey e Kate Hudson que durante um certo tempo pretendeu mesmo virar o casal clichê das atuais comédias românticas tal como foram no passado Rock Hudson e Doris Day e mais recentemente Tom Hanks e Meg Ryan. O problema é que esse tipo de filme funcionava melhor antes quando os costumes eram bem mais rígidos e o relacionamento entre homem e mulher tinha regras mais básicas. No mundo de hoje, onde os papéis geralmente andam invertidos, a coisa toda não consegue ter a mesma graça. Assim o roteiro, que já não é lá grande coisa, se apóia com tudo no carisma da dupla central de atores. Kate Hudson continua uma gracinha, uma simpatia mesmo e Matthew também continua o mesmo, geralmente interpretando sempre o mesmo papel, não importando o personagem que faz. Só não se consegue entender bem porque ele sempre tem que aparecer em cena sem camisa exibindo seus “talentos” físicos! Parece até uma obsessão pra falar a verdade. Para piorar o filme tem problemas de ritmo e a química do casal não transparece tão bem na tela. Assim fica o aviso: não é tão engraçada como parece ser essa comédia romântica, faltou mesmo timing e feeling para a coisa ser melhor. Fica para a próxima!

Como Perder Um Homem em Dez Dias (How to Lose a Guy in 10 Days, Estados Unidos, 2003) Direção: Donald Petriee / Roteiro: Kristen Buckley, Brian Regan, Burr Steers / Elenco: Kate Hudson, Matthew McConaughey, Kathryn Hahn, Annie Parisse, Adam Goldberg, Thomas Lennon, Michael Michele, Shalom Harlow, / Sinopse: Publicitário pretende ganhar uma aposta com seu chefe mostrando que pode fazer uma mulher se apaixonar por ele em apenas dez dias. Ao mesmo tempo uma jornalista pretende provar a veracidade de seu artigo intitulado “Como Perder Um Homem em Dez Dias”. Por uma coincidência acabam se encontrando o que dará origem a muitas confusões pois os objetivos deles são diametralmente opostos!

Pablo Aluísio.

Flyboys

Recentemente assisti ao filme “Esquadrilha Mortal” com John Wayne (leia sinopse no blog Cinema Clássico – Pablo Aluísio) e me lembrei de outra produção com tema muito semelhante, essa bem mais recente, chamada “Flyboys” (“Os Garotos Voadores” em tradução literal). Tal como acontecia no filme de Wayne aqui temos também um grupo de pilotos americanos servindo aos interesses de outro país em uma época conturbada, com muitos conflitos armados entre nações. No filme clássico era um grupo de pilotos americanos na China defendendo o país contra os ataques japoneses, na véspera da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial. Já aqui em “Flyboys” temos um grupo de pilotos americanos na França, durante a I Guerra Mundial, na véspera da entrada dos Estados Unidos no conflito (um dos mais devastadores da história). O filme foi lançado no Brasil como parte das comemorações dos cem anos do primeiro vôo do 14 Bis, o famoso aparelho voador do brasileiro Santos Dumont. Isso não deixa de ser uma ironia histórica uma vez que “Flyboys” celebra a aviação de combate, algo que deixou Santos Dumont completamente deprimido pois não aceitava a idéia de que sua invenção fosse usada para a guerra em escala industrial.

Em termos puramente cinematográficos o filme “Flyboys” se revela tecnicamente muito bem realizado, com excelentes cenas de combate aéreo, mas em geral deixa a desejar por ter um roteiro sem surpresas e atado completamente aos clichês do gênero. Os personagens que formam a esquadrilha Lafayete não são muito carismáticos. O pior é ter que aceitar um grupo de pilotos americanos na I Guerra Mundial agindo como adolescentes dos dias de hoje (obviamente o roteiro se utiliza desse artifício para criar um vínculo com o público jovem que vai aos cinemas atualmente). O protagonista da estória é o texano Blaine Rawlings (James Franco) que decide ir se aventurar na Europa antes da entrada de seu país na guerra. A intenção é aprender a ser um ás e de quebra combater as forças alemãs (sempre utilizadas em filmes como esse como vilões malvados). Como já foi escrito o que vale mesmo aqui são as cenas de luta nos céus da Europa. Nessa época as batalhas eram travadas face a face e os pilotos tinham realmente que ter uma grande habilidade em seus pequenos aviões. Um dos mais conhecidos foi o famoso Barão Vermelho (Manfred von Richthofen), piloto alemão que derrubou 80 inimigos em combate. Até hoje é considerado o maior “ás da aviação” da história. Enfim é isso. Como mera diversão ligeira “Flyboys” até pode funcionar. Também é recomendado para os fãs de aviação militar. Fora isso não é nada demais e passa longe de ser uma produção marcante.

Flyboys (Flyboys, Estados Unidos, 2006) Direção: Tony Bill / Roteiro: Phil Sears, Blake T. Evans, David S. Ward / Elenco: James Franco, Jennifer Decker, David Ellison, Martin Henderson, Kyle Hensher-Smith / Sinopse: Grupo de pilotos americanos na I Guerra Mundial ajuda os franceses a se defenderem de ataques alemães.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de março de 2013

O Último Boy Scout

Tony Scott realizava um cinema muito mais modesto e sem pretensões do que seu irmão famoso. Um exemplo é esse “O Último Boy Scout” (um título nacional simplesmente risível onde o tradutor mistura inglês e português sem nenhum motivo aparente). Com o sucesso de “Duro de Matar” Bruce Willis não tinha outro caminho a seguir a não ser tentar repetir mais cedo ou mais tarde seu maior sucesso de bilheteria. Ele até tentou trilhar um caminho mais condizente com sua veia de ironia e bom humor, deixando o gênero de ação de lado, mas não deu para aguentar por muito tempo pois as propostas milionários se acumulavam na mesa de seu agente. Assim depois dos fracassados “A Fogueira das Vaidades” e “Hudson Hawk – O Falcão Está à Solta”, o velho e bom Willis resolveu embarcar em mais uma fita de ação sem muitas firulas ou perda de tempo. Seu personagem, um detetive em crise, após falhar como agente do serviço secreto, era na realidade um genérico do policial que havia interpretado em “Duro de Matar”.

Para melhorar um pouco a trama superficial Tony Scott resolveu investir um pouco mais no desenvolvimento de seu protagonista mas sem se estender muito sobre isso. Ao seu lado resolveu escalar o ator e comediante Damon Wayans que era bem popular na época. A dobradinha obviamente era outra derivação da dupla de “Máquina Mortífera” que tanto sucesso fazia nas telas. A trama girava em torno de uma stripper que após receber várias ameaças de morte era finalmente assassinada, sem motivo aparente. Indignado pela falta de empenho da policia em desvendar o mistério de sua morte o namorado da vítima, um jogador de futebol aposentado, resolve então se unir ao detetive Joe Hallenbeck (Bruce Willis) para solucionar a morte da garota.  Durante as investigações novas pistas acabam levando a algo muito maior envolvendo um grande esquema de corrupção no mundo dos esportes com vários políticos influentes envolvidos. “O Último Boy Scout” é bem realizado, não há como negar, Tony Scott tinha pleno domínio sobre esse tipo de produção, com muita ação e cenas espetaculares, mas isso não impediu do resultado ser muito descartável e esquecível. Massacrado pela crítica o filme acabou se saindo bem nas bilheterias apesar de tudo o que iria determinar de uma vez por todas os rumos da carreira de Bruce Willis nos anos seguintes.  

O Último Boy Scout – O Jogo da Vingança (The Last Boy Scout, Estados Unidos, 1991) Direção: Tony Scott / Roteiro: Greg Hicks, Shane Black / Elenco: Bruce Willis, Damon Wayans, Chelsea Field, Noble Willingham, Taylor Negron, Danielle Harris, Halle Berry / Sinopse: Detetive e ex-jogador de futebol Americano tentam desvendar a morte da namorada desse, uma stripper que é assassinada de forma misteriosa.

Pablo Aluísio.