domingo, 17 de junho de 2012

Alexandre, O Grande (1956)

Roteiro e Argumento: A história de Alexandre é bem conhecida. O filme segue didaticamente sua biografia e mostra todos os grandes momentos de suas incríveis conquistas. Os primeiros 60 minutos focam completamente na complicada relação entre Alexandre e seu pai, o Rei Filipe. Existem cenas que são idênticas às que são mostradas no filme de Oliver Stone. De forma geral gostei da forma como o roteiro tratou essa história, tudo bem dividido e mostrado. Produção: Não é tão rica como a de outras produções do mesmo período porém é luxuosa e bonita. O filme foi filmado em locações na Espanha, aproveitando inclusive antigas ruínas romanas. Isso deu um visual muito mais real às tomadas de cena, bem diferente dos épicos que eram filmados dentro dos estúdios em Hollywood e que muitas vezes soavam bem falsos. As cenas de batalha são boas e bem coreografadas, principalmente as finais, quando Alexandre enfrenta Dario no campo de batalha. 

 Direção: Robert Rossen era muito mais roteirista do que diretor. De fato ele só dirigiu dez filmes em sua carreira. A falta de experiência muitas vezes aparece no filme com quebras de ritmo e cenas avulsas que tão rápidas como surgem somem. Um diretor mais experiente faria um produto mais coeso e com maior agilidade. Elenco: Só há uma estrela no filme, Richard Burton. De cabelos pintados de loiro sua caracterização quase caiu na caricatura mas felizmente Burton deu a volta por cima. Ele está empenhado e interpreta Alexandre com convicção. De certa forma seu papel antecipou o que faria depois em Cleópatra.  

Alexandre, O Grande (Alexander, The Great, Estados Unidos, 1956) Direção e roteiro de Robert Rossen / Elenco: Richard Burton, Fredric March, Claire Bloom, Danielle Darrieux, Harry Andrews, Peter Cushing / Sinopse: Alexandre, filho do Rei Filipe da Macedônia, começa uma campanha de conquistas em direção ao oriente passando pela Pérsia e chegando até a Índia onde enfrenta uma rebelião de seus próprios homens cansados de tantas batalhas.  

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de junho de 2012

A Águia da Legião Perdida

Roteiro e argumento: De modo geral o roteiro e o argumento são bons. Gostei da premissa de se recuperar a águia da nona legião romana que foi aniquilada na Bretanha. Apesar disso tenho algumas ressalvas em certas situações mostradas no filme. A situação de um escravo ajudar tanto a um romano para voltar em última análise à sua própria escravidão soa nada razoável, mesmo sob o pretexto de se seguir um código de honra entre o escravo e seu amo. Além disso o roteiro poderia ter aproveitado melhor a parte inicial do filme no forte romano. Elenco: Tirando a participação especial de Donald Sutherland todo o restante do elenco é jovem e desconhecido. A boa notícia é que nenhum deles compromete o resultado final. Channing Tatum que faz o personagem principal já esteve em bombas como a franquia GI Joe (está filmando o segundo atualmente) mas pelo menos aqui ele consegue ser ao menos mediano em seu trabalho. Está discreto e correto.  

Produção: Não é de encher os olhos mas também não é medíocre. Uma produção mediana que não compromete. Só achei equivocado mesmo o visual dos nativos bretões. Mais parecendo índios moicanos americanos o estilo soa fora da época e dos povos retratados. É um deslize histórico certamente. Direção: Kevin Macdonald só tem dois filmes mais conhecidos do grande público: “Intriga de Estado” e “O Último Rei da Escócia” (esse seu melhor filme). Nesse "Eagle" ele não imprime nenhuma digital autoral mas realiza um produto bom no final das contas.  

A Águia da Legião Perdida (The Eagle, Estados Unidos, Reino Unido, 2011) Direção: Kevin Macdonald / Roteiro:Jeremy Brock baseado na novela de Rosemary Sutcliff / Elenco: Channing Tatum, Jamie Bell, Donald Sutherland, István Göz / Sinopse: Na ocupação da Bretanha por tropas romanas um jovem soldado tenta honrar a memória de seu pai ao buscar um antigo emblema imperial, a Águia romana, que foi roubada quando sua legião foi derrotada por bárbaros locais.  

Pablo Aluísio.

Shaft

Apesar do filme ter 12 anos nunca tinha assistido Shaft. Obviamente conhecia o personagem e principalmente a famosa música mas nunca havia conferido essa tentativa de revitalização do famoso detetive negro dos anos 70. Pois bem, achei essa releitura muito comportada para falar a verdade. Claro que Samuel L Jackson fala um "Motherfucker" a cada frase dita mas não me refiro a isso. O Shaft original era cheio de mulheres, cafajeste e rei da escrotice das ruas mas aqui ele reaparece muito politicamente correto (embora saía da linha várias vezes - principalmente quando espanca meliantes que a justiça não consegue ou quer punir).

O elenco é bem interessante. Jackson não compromete como Shaft. O destaque na minha opinião fica com o vilão da estória, um playboy filhinho de papai acusado de homicídio interpretado por... Christian Bale!!! Esbanjando boçalidade e arrogância (como o próprio ator na vida real), Bale acrescenta bastante no resultado final do filme. E pensar que em poucos anos ele estaria justamente no outro lado, prendendo criminosos como Batman. Outro destaque é Busta Rhymes interpretando um traficante latino. Gostei de sua interpretação que quase, apenas quase, cai na caricatura. Enfim, Shaft vale a espiada - não é um grande filme policial mas pelo menos funciona como passatempo descompromissado.

Shaft (Shaft, Estados Unidos, 2000) Diretor: John Singleton / Roteiro: John Singleton, Richard Price, Shane Salerno / Elenco: Samuel L. Jackson, Vanessa L. Williams, Jeffrey Wright, Christian Bale / Sinopse: Shaft (Samuel L. Jackson) é um policial negro durão que tem que ldiar com a criminalidade de uma forma bem peculiar. Baseado no antigo filme cult da cultura vintage negra Shaft.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Sol é Para Todos (1962)

Título no Brasil: O Sol é Para Todos
Título Original: To Kill a Mockingbird
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Robert Mulligan
Roteiro: Horton Foote, baseado em livro de Harper Lee
Elenco: Gregory Peck, John Megna, Frank Overton, Rosemary Murphy, Mary Badham
  
Sinopse:
Tom Robinson (Brock Peters) é um rapaz negro acusado de estuprar Mayella Violet Ewell (Collin Wilcox Paxton), uma jovem branca. Numa sociedade extremamente racista o advogado Atticus Finch (Gregory Peck) resolve então defender o réu, mas começa a sofrer todo tipo de hostilidade por parte da população local por ter tomado essa decisão. Para aquelas pessoas o acusado sequer deveria ser defendido no tribunal das acusações que lhe estavam sendo feitas. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator (Gregory Peck), Melhor Roteiro Adaptado (Horton Foote) e Melhor Direção de Arte. Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz Coadjuvante (Mary Badham), Melhor Fotografia (Russell Harlan) e Melhor Música (Elmer Bernstein). Também vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Gregory Peck) e Melhor Música (Elmer Bernstein).

Comentários:
Esse é um dos grandes clássicos da história do cinema americano. Que filme maravilhoso! Fiquei impressionado como em um só roteiro tantos valores morais e éticos são repassados ao espectador! Não é necessário aqui expor todos os significados importantes dentro do rico argumento, mas um dos que mais me chamaram atenção foi o desfecho do julgamento mostrado no filme. Fugindo de clichês baratos, a obra mostra a verdadeira face da extrema debilidade do sistema judiciário americano. O argumento também explicita alguns fundamentos jurídicos importantes para uma sociedade dita civilizada, como o direito ao contraditório e a ampla defesa. Como demonstrado na história nem sempre a sociedade é a mais adequada para julgar e punir seus pares, uma vez que o senso comum é extremamente falho e para dizer a verdade, inúmeras vezes infantil e até tolo. Assim apenas a lei e o direito a um julgamento justo se mostram viáveis para saciar o sentimento de justiça dentro da comunidade. O fato é que Gregory Peck, de uma dignidade fora do comum, mostra claramente que o sistema é falho, injusto e nocivo, principalmente quando a emoção e o preconceito superam a razão. Seu posicionamento como advogado no filme é uma lição de postura, ética e comprometimento com a causa de seu cliente. Nenhuma outra profissão no mundo lida tão de perto com esses valores como a de advogado, que quando bem cumprida e desempenhada pode trazer enorme satisfação pessoal. Tirando esse aspecto importante, outro também me chamou muito a atenção: O lirismo e nostalgia envolvidos na forma como a história é contada. Ao mesmo tempo em que mostra o drama de tribunal, "O Sol é Para Todos" também expõe a bucólica vida dos filhos do advogado. Subindo em árvores, brincando pelas redondezas e curiosos em relação a Boo, um vizinho deficiente mental que será vital para o desfecho do filme. Essa visão inocente contrasta exatamente com a mentalidade dos moradores locais: ignorantes, racistas e preconceituosos. Recentemente o presidente Obama promoveu uma exibição do filme na Casa Branca, algo muito significativo sobre a importância dessa obra cinematográfica. Nada mais justo uma vez que "O Sol é Para Todos" é um filme grandioso, realmente maravilhoso. Um dos melhores da era de ouro de Hollywood. Está mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

Catch 44

Três jovens garotas acabam se envolvendo com Mel (Bruce Willis), um influente chefão do crime organizado. Ao longo do caminho acabam conhecendo tipos bizarros como Ronny (Forest Whitaker), um assassino psicótico. "Catch .44" pode ser uma boa surpresa. O jeitão de produção B sem maiores pretensões acaba atuando favoravelmente pois o espectador vai assistir ao filme com expectativas bem baixas que ajudam na hora de avaliar a produção. Para minha surpresa digo que o filme não é desprezível como eu pensava ser. Não é obviamente nenhuma obra prima mas tem aspectos interessantes. O roteiro é bem escrito, usa e abusa de flashbacks para no final desvendar apenas uma única situação: O que estaria fazendo diversas pessoas diferentes em um bar de beira de estrada altas horas da noite? A linha narrativa segue a chegada de três garotas nesse local onde elas pensam que vão cumprir um serviço para o traficante Mel (Bruce Willis, que só atua em praticamente duas cenas o filme inteiro). O elenco é formado por três beldades (com cara de modelos) e Forest Whitaker em poucas mas boas cenas em que parece estar bem inspirado para atuar.

Esse é apenas o segundo filme dirigido por Aaron Harvey. Ele nunca fez nada de muito relevante mas demonstra ter bom controle sobre a narrativa do filme, que não é fácil e pode até mesmo confundir os espectadores menos atentos. Confesso que achei seu estilo muito comprometido com o jeito Tarantinesco de ser, ou seja, muitos diálogos (a maioria papo furado) interligados com cenas de violência irracional. A cena final do filme mostra bem isso pois é literalmente um banho de sangue. De qualquer forma ele tenta criar um bom clima (o que de certa forma consegue) com cenas que jogam o tempo todo com sombra e luz (principalmente nas internas dentro do bar onde praticamente acontece toda a trama do filme). O saldo final é interessante, nada medíocre. Vale a pena dar uma espiada.

Catch .44 (Catch .44, Estados Unidos, 2011) Direção: Aaron Harvey / Roteiro: Aaron Harvey / Elenco: Bruce Willis, Forest Whitaker, Malin Akerman, Brad Dourif / Sinopse: Três jovens garotas acabam se envolvendo com Mel (Bruce Willis), um influente chefão do crime organizado. Ao longo do caminho acabam conhecendo tipos bizarros como Ronny (Forest Whitaker), um assassino psicótico.

Pablo Aluísio.

Crepúsculo: Amanhecer Parte 1

Roteiro e Argumento: A roteirista Melissa Rosenberg teve a complicada missão de usar uma meia estória para um filme inteiro. Claro que a sensação de enchimento de linguiça surge aqui e acolá mas devo dizer que seu trabalho foi muito interessante. O filme é curto, justamente para não se tornar aborrecido, e termina de forma satisfatória justamente em cima de um gancho para o próximo filme. A Rosenberg veio da tv, é roteirista de “Dexter” e outros seriados famosos - esticar sem estragar um texto é com ela mesma!  

Produção: Todos os filmes da saga Crepúsculo possuem o mesmo tipo de produção: simples que nunca enche os olhos. Aqui acontece a mesma coisa. A direção de arte é discreta, até mesmo no casamento de Bella pois tudo é bem simplório. Não consigo entender onde enfiaram 120 milhões de dólares nessa produção uma vez que é muito dinheiro para um resultado tão comum!  

Direção: Bill Condon tinha um certo prestigio por causa de filmes como “Dreamgirls”, “Kinsey” e “Deuses e Monstros” mas ultimamente andava bem em baixa, dirigindo alguns telefilmes. Nesse "Amanhecer" ele fez um trabalho de diretor contratado mesmo, sem nenhum traço autoral visível. Seu grande mérito na minha opinião foi contar a estória de forma quadradinha mas correta. Como os próprios livros não são também Shakespeare acho que seu trabalho ficou de bom tamanho. Não inventou mas também não estragou o material que os fãs querem ver na tela. 

 Elenco: Continuam todos fracos. Outro dia li um texto que tentava justificar isso afirmando que eles tentavam fazer o melhor mas eram todos limitados. É verdade. Pattinson continua incapaz de transmitir qualquer emoção com maior profundidade e Kristen continua na mesma, apática. O personagem que mais foi exigido em termos de interpretação em "Amanhecer" foi o lobo Jacob mas Lautner sempre confunde boa interpretação com caretas em série. Como são todos jovens possa ser que com o tempo venham a melhorar como atores. De qualquer forma não foi dessa vez que eles conseguiram transmitir algum tipo de talento em cena.  

Crepúsculo: Amanhecer Parte 1 (The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1, Estados Unidos, 2011) Direção: Bill Condon / Roteiro: Melissa Rosenberg baseada no livro de Stephenie Meyer / Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner / Sinopse: A humana Bella Swan (Kristen Stewart) após contrair matrimònio com o vampiro Edward (Robert Pattinson) resolve passar sua lua de mel no exótico Rio de Janeiro, Brasil. Lá descobre estar grávida do ser da noite o que poderá trazer terríveis consequências para sua vida. 

Pablo Aluísio.

Vida de Inseto

Só agora assisti pela primeira vez. A PIxar é fenomenal, um grande celeiro de talentos da animação e assim fica quase obrigatório assistir qualquer uma de suas produções. Esse "Vida de Inseto" não tinha assistido antes porque achei muito parecido com "Formiguinhaz", que não havia gostado muito. De fato os filmes são bem semelhantes mas a técnica de "Vida de Inseto" é superior. Os personagens são mais bem produzidos, coloridos e vibrantes. Além disso há sempre uma preocupação com roteiro e argumento. Esse aqui tem ecos de vários filmes clássicos, principalmente "Os Sete Samurais" e obviamente "Sete Homens e um Destino". O diferencial é que o grupo de insetos que tenta salvar a pequena vila das formigas é na realidade uma trupe circense sem qualquer pretensão de lutar contra os gafanhotos malvadões. Por falar neles o principal motivo de eu ter assistido "Vida de Inseto" foi ouvir a participação de Kevin Spacey no papel de Hopper, o chefão do grupo. Esse sempre foi um dos meus atores preferidos e seu talento é tão marcante que até aqui se destaca! 

Essa animação tem dois diretores. Sendo que um deles, John Lasseter, é o mesmo de "Toy Story 1 e 2". Sinceramente não há como comparar ambas as animações. Toy Story é muito superior em qualquer tipo de análse. "Vida de Inseto" na realidade é muito mais infantil e bastante indicado para crianças bem pequenas - de 5 a 10 anos - enquanto "Toy Story" consegue se comunicar até mesmo com pessoas mais velhas por causa de seu clima de nostalgia. Enfim, é isso. Não se classifica entre os melhores momentos da Pxar mas de forma em geral cumpre seu papel e é eficiente na sua proposta de produção para os mais pequeninos. Para quem é fã do estúdio vale a pena conferir.  

Vida de Inseto (A Bug´s Life, Estados Unidos, 1998) Direção: John Lasseter, Andrew Stanton / Roteiro: John Lasseter, Andrew Stanton / Elenco (vozes): Kevin Spacey, Dave Foley, Julia Louis-Dreyfus / Sinopse: Insetos de circo são confundidos com seus personagens e levados a um formigueiro para defendê-los de terríveis gafanhotos.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Despertar dos Mortos

Um jovem casal se vê diante da maior tragédia de suas vidas quando sua pequena filhinha é atacada e morta por um cão feroz. Desesperados acabam descobrindo que os moradores locais cultuam um estranho ritual que consegue por apenas 3 dias trazer de volta à vida aqueles que já morreram. O problema é que não conseguem seguir á risca todos as regras dessa verdadeira "ressurreição" por prazo certo, o que trará consequências graves para todos os envolvidos. "Despertar dos Mortos" é o novo filme da produtora Hammer no mercado. Quem é fã de filmes de terror há muito tempo já deve ter percebido a enorme semelhança da sinopse dessa produção com a de "Cemitério Maldito", terror baseado em obra de Stephen King que tanto sucesso fez nos anos 80. De fato o argumento é praticamente o mesmo. Uma família sofrendo a perda de um ente querido resolve apelar para as forças sobrenaturais para que tragam de volta do mundo dos mortos seus parentes falecidos. Dessa forma no quesito originalidade esse "Despertar dos Mortos" realmente não traz nenhuma surpresa. É quase um remake de Pet Sematary.

A produção também não é das melhores. A Hammer aqui preferiu deixar os efeitos digitais de lado para se concentrar apenas em jogos de luzes e sombras e uso de maquiagem mais artesanal (ao estilo Ketchup). Nada de errado com essa decisão o problema é que o filme realmente falha na criação do suspense e no clima do terror. O roteiro não consegue causar medo em momento algum e a produção simples como é, ajuda ainda mais a tornar tudo muito banal, batido, sem impacto. Além disso usar crianças como seres sobrenaturais já está mais do que saturado nos filmes do gênero. Os japoneses, por exemplo, já usaram e abusaram desse artifício e tudo soa a prato requentado mesmo. As mortes também são fracas, algumas risíveis e nada é marcante. Em resumo mais uma produção B de terror que não consegue assustar nem criancinha. Se até a Hammer, com toda a sua tradição, não consegue mais nos surpreender então a coisa realmente anda feia no mundo dos filmes de terror. No fundo quem anda precisando despertar do mundo dos mortos mesmo é o próprio gênero, atualmente em franca decadência!

Despertar dos Mortos (Wake Wood, Inglaterra, 2011) Direção: David Keating / Roteiro: David, Brendan McCarthy / Elenco: Aidan Gillen, Eva Birthistle, Timothy Spal / Sinopse: Um jovem casal se vê diante da maior tragédia de suas vidas quando sua pequena filhinha é atacada e morta por um cão feroz. Desesperados acabam descobrindo que os moradores locais cultuam um estranho ritual que consegue por apenas 3 dias trazer de volta à vida aqueles que já morreram. O problema é que não conseguem seguir á risca todos as regras dessa ressurreição o que trará consequências graves para todos os envolvidos.

Pablo Aluísio.

Santuário

Quando foi lançado "Santuário" foi vendido pelo marketing promocional como o "novo filme de James Cameron de Titanic e Avatar". Bobagem. O problema é que James Cameron leva tanto tempo para lançar um filme novo que o estúdio tenta de todas as formas faturar em torno de seu nome, o usando sempre que possível, mesmo quando a sua participação no projeto seja mínima ou de menor importância. Um exemplo claro disso é esse filme. Muita gente foi ao cinema pensando reencontrar o famoso diretor. Bom, não encontraram nada. "Santuário" é um filme fraco em todos os aspectos. Não se salva nem naquilo que se esperava ser um ponto positivo certo: sua elegância técnica. Claro que muita gente não esperava um bom roteiro e nem tampouco grandes atuações (grandes falhas em praticamente todos os filmes anteriores de Cameron) mas pelo menos era de se esperar um filme com lindas imagens subaquáticas. Mas nem isso o filme cumpre de forma satistatória. Sinceramente esperava mais do aspecto visual do filme. Pensei que iria encontrar belas e lindas imagens de mergulho em cavernas (um dos esportes mais radicais que existem) mas ao invés disso vi muito mais cenas de escalada e espeleologia, o que foi bem frustrante. Nada contra estalactites e estalagmites, mas aquilo em certo momento começou a ficar aborrecido e chato. Se o filme foi vendido como uma produção de primeira linha abaixo da água onde foram parar essas tão prometidas cenas?! 

O fato do roteiro ser mal escrito prejudicou ainda mais o filme. A relação "pai e filho" dos dois personagens mais centrais nunca soa no tom certo. Os demais coadjuvantes não melhoram o quadro pois no fundo todos sabemos que eles estão ali somente para morrer em determinada cena e mais nada. Na verdade o diretor Alister Grierson é muito inexperiente em cinema. Ele já havia dirigido alguns documentários antes mas provou que não sabe dirigir atores em cena. Os personagens são totalmente vazios e desprovidos de personalidade. O cineasta parece preocupado apenas em captar grandes momentos da natureza (como em seus documentários) sem desenvolver o lado humano do filme. Como é um protegido de James Cameron, Grierson acabou sendo escalado para o filme errado, exercendo a função errada. Ele ficaria bem melhor como diretor de fotografia do que como diretor geral do filme. Em suma, "Santuário" é bem decepcionante. Não funciona como documentário de boas imagens e nem como cinema convencional. Uma decepção completa. 

Santuário (Sanctum, Estados Unidos, 2011) Direção: Alister Grierson / Roteiro: John Garvin, Andrew Wight / Elenco: Rhys Wakefield, Allison Cratchley, Christopher Baker / Sinopse: Pai e filho participam de uma exploração em uma caverna profunda. O que não contavam é que um acontecimento imprevisto irá mudar o destino de todos.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Muito Além do Jardim

Simplório jardineiro tem que deixar a casa onde morou durante toda a sua vida após a morte de seu patrão. Inocente e puro vai ter que enfrentar o desafio do mundo lá fora. Finalmente revi "Muito Além do Jardim" após vários anos. Interessante, o filme não envelheceu como eu pensava. Peter Sellers está muito bem no papel do jardineiro, um homem simples, que não sabe ler e nem escrever mas que por uma série de coincidências involuntárias acaba conhecendo o presidente dos EUA, se tornando a partir daí um formador de opinião apesar de que, no fundo, ele não tem opinião nenhuma. Não sei bem o termo médico para me referir ao personagem de Sellers. Sua personalidade é infantil, pueril, nada adequada à sua idade. De qualquer forma ele é uma pessoa que só conhece o mundo exterior pela TV e em essência é completamente alienado do que ocorre ao seu redor. A fábula nasce justamente disso, pois mesmo sem ter nada a dizer ou pensar acaba influenciando em assuntos dos quais não tem a menor ideia. 

É de certa forma uma alegoria sobre o fato de que no fundo a opinião de uma pessoa simples como ele tem mais peso e importância do que a de muitos políticos que vemos por aí. O tom é de fábula e curiosamente a estrutura da narrativa dá margem a muitas interpretações. Pode se olhar o ângulo do jardineiro, uma pessoa de bom coração, pura, com QI abaixo da normalidade, mas que mesmo assim tem mais a dizer ou pensar do que o alto escalão do governo. Também se pode analisar o filme sob outra perspectiva, a que coloca todos os demais personagens do filme como "idiotas", sendo o único com um certo equilibrio justamente o Chance Garden. Ou então pode se olhar o filme sob um ótica filosofal, ao qual a felicidade não depende de riqueza material ou luxo mas sim do fato de ser feliz com os pequenos detalhes da vida, por mais limitada que ela seja. Enfim, o que tirei de conclusão sobre a mensagem subliminar desse filme é que cada um deve tirar suas próprias conclusões - pois "Muito Além do Jardim" tem essa peculiaridade de se comunicar de forma diferenciada com cada espectador. É um roteiro de nuances, detalhes, que se leva a uma reflexão muito particular de cada um. Cada pessoa vai criar seu próprio toque de identificação com a mensagem que o filme tenta passar. "Muito Além do Jardim" é um clássico e recomendá-lo seria desnecessário. É o tipo de filme que você tem que assistir algum dia, pelo menos uma vez na vida. É uma obra prima.  

Muito Além do Jardim (Being There, Estados Unidos, 1979) Direção: Hal Ashby / Roteiro: Jerzy Kosinski baseado no livro de Jerzy Kosinski / Elenco: Peter Sellers, Shirley MacLaine, Melvyn Douglas / Sinopse: Simplório jardineiro tem que deixar a casa onde morou durante toda a sua vida após a morte de seu patrão. Inocente e puro vai ter que enfrentar o desafio do mundo lá fora.  

Pablo Aluísio.