quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Missão Impossível: Protocolo Fantasma

Não é de hoje que acompanho a carreira do ator Tom Cruise, pelo contrário. Desde 1985 quando assisti seu primeiro grande sucesso nos cinemas, "Top Gun - Ases Indomáveis" venho assistindo sempre seus filmes. Cruise é um dos astros de Hollywood que posso afirmar ter visto a filmografia completa, do primeiro ao último filme que ele fez. Apesar disso não me considero fã ou algo assim. Na verdade ele chegou ao estrelado com blockbusters até banais (como "Top Gun", "Dias de Trovão", "Cocktail" etc) mas logo depois começou a surpreender participando de filmes realmente muito bons ("A Cor do Dinheiro", "Rain Man" e principalmente "Nascido em 4 de Julho"). Parecia que fugia do rótulo de galã de filmes vazios. O que seria uma guinada na carreira porém parou repentinamente com essa franquia "Missão Impossível". O sucesso desses filmes levou Cruise de volta para os arrasa quarteirões sem conteúdo. Uma pena. Eu pessoalmente sempre achei esses filmes muito fracos, até porque a própria série televisiva que lhe deu origem nada mais era do que uma cópia das aventuras de James Bond no cinema. Se até os filmes de Bond não são muito adultos imaginem a cópia deles. Claro que quando "Missão Impossível" foi para o cinema deram uma recauchutada completa em sua concepção mas mesmo assim continuou a ser muito tolo e infantil. Há ótima produção, cenas muito bem realizadas, parafernálias tecnológicas de todos os tipos e toda a pirotecnia que você queira. O problema é que também pára por aí. Os filmes MI não possuem tramas mais bem elaboradas que fujam do chiclete, é tudo muito oco, vazio.

Esse "Missão Impossível 4" segue a mesma trilha dos anteriores. Novamente há cenas de impacto como Cruise "escalando" um enorme edifício em Dubai ou então sua perseguição no meio de uma tempestade de areia. Tudo muito bem produzido e realizado não há como negar. As bugigangas da tecnologia de última geração também estão lá. Seu personagem também tem que salvar o mundo no último segundo... enfim, nada de novo no front. Esse enredo de espião tentando salvar o planeta de uma guerra nuclear causada por um megalomaníaco é a base de praticamente todos os filmes de James Bond da década de 1960. Se já não era original há 50 anos imagine agora! Qual afinal é a novidade disso? Nenhuma. Curiosamente o público não parece se importar pelo fato do filme ser no fundo mais do mesmo e lotou as salas. De fato MI4 foi o sucesso que Cruise tanto aguardava. Desde que foi despedido da Paramount ele não conseguia um grande sucesso de bilheteria então o êxito do filme veio como tábua de salvação. Bom pra ele já que a idade finalmente está chegando e o antigo galã de sorriso largo está demonstrando sinais na tela de que o tempo realmente chegou para ele. Em conclusão MI4 é isso, uma variação dos filmes de James Bond e praticamente uma cópia dos filmes anteriores da franquia. Se você gosta desse tipo de filme, bon appetit!

Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible - Ghost Protocol, Estados Unidos, 2012) Direção: Brad Bird / Roteiro: Josh Appelbaum, André Nemec / Elenco: Tom Cruise, Jeremy Renner, Simon Pegg / Sinopse: Terrorista rouba arma nuclear russa. Uma equipe de agentes especiais são então designados na missão de recuperar a arma roubada além de impedir que ele use os códigos necessários para seu uso.

Pablo Aluísio.

Desbravadores

Título no Brasil: Desbravadores
Título Original: Pathfinder
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Marcus Nispel
Roteiro: Laeta Kalogridis, Nils Gaup
Elenco: Karl Urban, Clancy Brown, Moon Bloodgood

Sinopse:
Durante um ataque Viking na costa americana, durante o período pré-colombiano, uma criança da expedição é deixada para trás após o naufrágio de um dos barcos nórdicos. Ela acaba sendo salva e criada pela tribo dos Wampanoag, índios nativos da região. Os anos passam e quinze anos mais tarde uma nova invasão Viking chega no local. Agora o jovem Ghost (Karl Urban) precisa se decidir em qual lado da batalha ficará.

Comentários:
Durante muitos anos a arqueologia desconfiou que outros europeus estiveram nas costas da América do Norte antes da chegada de Cristovão Colombo. Essa teoria adveio do encontro de achados arqueológicos de povos Vikings encontrados na costa dos Estados Unidos datando de séculos atrás. A ideia de ver Vikings em solo americano brigando com nativos indígenas era boa demais para o cinema ignorar. Assim nasceu esse "Desbravadores". Obviamente não vá esperando por nada muito preciso do ponto de vista histórico. O que está valendo aqui é realmente a batalha entre índios americanos que viviam nas regiões costeiras com os nórdicos Vikings que chegavam na costa com a única finalidade de ali saquear e roubar metais preciosos. O filme por essa razão é bem violento, com poucos diálogos, e lutas sem fim. A direção de arte é até bem realizada, embora transformem os Vikings em determinados momentos em bestas ferozes de guerra. Vale assistir pelo menos uma vez, principalmente para quem gosta de produções com muito sangue e conflitos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Contágio

O filme parte da premissa do surgimento de um super vírus que se alastra com enorme rapidez, contaminando da China aos EUA, passando pela Europa e daí para o restante do mundo. O argumento é tipicamente de filme catástrofe só que sob uma roupagem de pseudo ciência. O problema de um roteiro como esse é que propõe um quase apocalipse para depois, faltando menos de 20 minutos de filme, se resolver tudo de forma tão fácil e sem graça que a situação criada vai por água abaixo. O curioso é que a produção não se fez de rogada e copiou muito dos filmes de zumbis, com todas aquelas grandes cidades desertas e os habitantes não contaminados agindo como verdadeiros animais, saqueando lojas e cometendo crimes. Enfim, pura bobagem. A produção ganhou uma promoção extra gratuita pois perto de seu lançamento os noticiários ao redor do mundo divulgaram os perigos de um novo vírus da gripe que fazia vítimas ao redor do planeta, inclusive aqui no Brasil. Curiosamente a tal nova gripe que rapidamente surgiu também desapareceu na mesma velocidade. Campanhas de vacinação em massa foram promovidas por diversos governos e assim o mal ficou praticamente erradicado. Isso veio demonstrar que no mundo real uma situação como a que vemos no filme dificilmente se tornaria realidade pois a ciência está muito desenvolvida em nossos dias. Os tempos de mortes em massa como ocorreu com a gripe espanhola no começo do século XX é coisa do passado.

O elenco conta com vários nomes conhecidos mas todos eles, sem exceção, são desperdiçados. Em essência não passam de coadjuvantes de luxo. Gwyneth Paltrow está creditada como a principal atriz do filme o que me deixa admirado pois sua participação não tem absolutamente nada demais. Ela aparece e em pouco tempo some do mapa. Já Matt Damon tinha tudo para se destacar mas seu papel é raso (e tolo) como todos os demais. Bancando o "paizão" o ator realmente não sai muito disso, ficando no controle remoto. Suas reações em vista de grandes tragédias também não convencem, quase sempre caindo na caricatura. Outro talento jogado para escanteio é Kate Winslet. Interpretando uma médica ela aparece, fala meia dúzia de diálogos e vai para a insignificância! Jude Law tem um papel melhor, a do típico blogueiro que escreve sobre teorias da conspiração. Infelizmente também não é desenvolvido adequadamente. Enfim esse "Contágio" não me cativou. Achei sensacionalista demais, pouco desenvolvido em relação aos personagens e com clímax banal e decepcionante. Eu esperava bem mais, muito mais desse filme.

Contágio (Contagion, Estados Unidos, 2011) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Scott Z. Burns / Elenco: Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Kate Winslet, Jude Law / Sinopse: Um vírus começa a se espalhar entre populações de diferentes países. Entre os contaminados estão um jovem americano, médicos e cientistas que tentam deter o avanço da nova doença contagiosa.

Pablo Aluísio.

1408

Título no Brasil: 1408
Título Original: 1408
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Mikael Håfström
Roteiro: Matt Greenberg
Elenco: John Cusack, Samuel L. Jackson, Mary McCormack

Sinopse:
Baseado no conto de Stephen King. O escritor cínico e cético Mike Enslin (John Cusack) ganha a vida escrevendo livros que avaliam fenômenos sobrenaturais em hotéis, cemitérios e outros locais assombrados, geralmente visando desmascarar as crendices e lendas que rondam esses lugares. Para escrever seu novo livro, ele viaja de Los Angeles a Nova York para passar uma noite em um quarto dito como mal assombrado do Dolphin Hotel. O quarto 1408 tem várias histórias envolvendo aparições de entidades sobrenaturais. Segundo algumas lendas mais de 50 pessoas teriam morrido lá ao longo de várias décadas. Enslin porém não acredita em nada disso. Mal sabe ele no que está realmente se metendo ao se hospedar por uma noite no infame local.

Comentários:
Até que começa muito bem. Afinal todos os elementos parecem estar presentes. Só o nome de Stephen King nos créditos já garante o interesse, afinal seus contos e livros de suspense e terror são quase sempre muito bem adaptados para o mundo do cinema. O design da produção, cenários e ambientação também são pontos positivos. O elenco, com dois atores de ponta como John Cusack e Samuel L. Jackson, também aumentam as expectativas. Infelizmente esse é aquele tipo de produção em que tudo parece estar no lugar mas algo não parece estar certo. Acredito que o maior problema seja de roteiro. O conto que deu origem a esse argumento é pequeno, feito para entreter o leitor em poucas páginas. Contos geralmente possuem um ritmo próprio, específico, que se alongados demais acabam criando aquela sensação ruim de que estão enchendo linguiça. É o que aparenta acontecer aqui. Se o filme fosse mais ágil, mesmo sendo um longa-metragem, as coisas seriam diferentes. Infelizmente o roteiro não tem essa qualidade. Mesmo assim, com um pouco de esforço, ainda dá para se divertir, até porque o enredo não é dos mais convencionais e deixará muita gente surpresa com seu desfecho. Na dúvida arrisque!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Footloose

"Footloose", o filme original, foi um típico musical dos anos 80. Seguia basicamente uma fórmula que também foi utilizada em "Flashdance" e "Dirty Dancing". Não era um grande filme mas tinha uma trilha sonora FM que fez sucesso na época. Além disso trazia a boa dupla de atores Kevin Bacon e Chris Penn. Eles faziam diferença pois eram carismáticos e se saíram muito bem em seus personagens. E aí está justamente o grande problema desse remake de "Footloose": não há atores tão bons assim em cena. O papel principal foi dado ao ator Kenny Wormald. Praticamente um estreante nas telas o sujeito não tem carisma, não sabe atuar e o maior dos pecados: não sabe dançar bem. Isso mesmo, seus passos de dança no filme só causam vergonha alheia. O sujeito se contorce, se requebra mas não tem ritmo nenhum. Senti saudades de Kevin Bacon. Seu parceiro em cena não é melhor. Milles Teller, que faz o papel do amigo caipirão, também não diz a que veio. Não interpreta bem, não consegue convencer o público que tem um vínculo de amizade genuíno com Kenny e o pior de tudo: não desenvolve bem seu personagem. No meio de tantos atores jovens inexpressivos só me resta elogiar a beleza de Julianne Hough no papel da filha do pastor. Não é grande atriz mas pelo menos encanta com sua bela presença em cena.

Assim o novo Remake de "Footloose" não justifica sua existência. Os atores são fracos demais, a trilha só decola quando puxa as velhas canções do filme original e as cenas de dança são totalmente sem inspiração. Fica a curiosidade de ver veteranos como Dennis Quaid (no papel de pastor) e Andie McDowell (como sua esposa). Estão ali apenas para fazer figuração no meio da garotada e não conseguem ser marcantes em nenhum momento. O filme não tem identidade própria e o diretor Graig Braver não consegue entregar um bom produto. O resultado veio nas bilheterias: fracasso comercial. Não caíram na lábia do estúdio. Ainda bem, só assim ficamos mais tranquilos pelo fato de que não virão novos remakes de sucessos musicais dos anos 80... pelo menos não tão cedo!

Footloose (Estados Unidos, 2011) Direção: Craig Brewer / Com Julianne Hough, Dennis Quaid, Ray McKinnon, Miles Telle e Patrick John Flueger / Sinopse: Remake do clássico musical da década de 80. Jovem muda-se para pequena cidade do interior dos EUA e tem que enfrentar severo pastor local que proíbe festas e danças dentro da comunidade.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O Discurso do Rei

Adorei esse filme. Além de gostar de filmes históricos o tema, que é universal, diz respeito a todos àqueles que tentam superar algum problema ou adversidade em sua vida. No caso de "O Discurso do Rei" temos a história do Rei inglês George VI que após a abdicação de seu irmão mais velho se vê diante do grande desafio de se tornar rei da Grã Bretanha, justamente nos meses que antecedem à II Guerra Mundial. Ao contrário de seu adversário, Adolf Hitler, que era um grande orador, George VI tinha um sério problema: era gago e tímido! Como inflamar seu povo no meio do conflito com esse tipo de limitação? É justamente nesse ponto que entra em cena o ator Geoffrey Rush e seu carismático personagem que tenta amenizar os problemas do rei.

Apesar de Rush estar ótimo em sua caracterização o filme pertence mesmo a Colin Firth. O seu papel é extremamente perigoso pois ele correria o sério risco de virar caricato, transformando o próprio Rei e sua gagueira numa piada involuntária. Caso isso acontecesse o filme afundaria em suas pretensões. Porém graças ao talento de Firth isso definitivamente não acontece. Ao invés de rirmos do Rei, torcemos por ele, para que supere suas limitações vocais. Sua interpretação é seguramente digna do Oscar que venceu. Não sei se o filme irá agradar a todos, pois ele tem um ritmo próprio, cadenciado, que destoa um pouco do que é produzido atualmente. De qualquer maneira seu estilo e elegância superam todos esses problemas transformando "O Discurso do Rei" em um belíssimo filme. Se ainda não assistiu não deixe de conferir.

O Discurso do Rei (The King's Speech, Estados Unidos, 2010) Direção: Tom Hooper / Roteiro: David Seidler / Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter / Sinopse: O filme é baseado na história real do rei inglês George VI (Colin Firth) que procura tratamento contra seus problemas de fala com um exótico terapeuta (Geofrey Rush).

Pablo Aluísio. 

sábado, 6 de fevereiro de 2010

J. Edgar

O novo filme de Clint Eastwood é bem parecido com o personagem que retrata: cinza e burocrático. Explico. A primeira coisa que me chamou atenção nessa produção foi sua fotografia preto, cinza e branco, em clara intenção do cineasta em evitar ao máximo o uso de objetos ou roupas coloridas em cena. A impressão que tive foi que Eastwood queria realizar um filme preto e branco mas como isso seria comercialmente ruim ele acabou rodando esse filme em cores neutras, quase um filme colorido em preto e branco! Já a burocracia do resultado final é fácil explicar: Hoover era um burocrata de Washington, um sujeito de bastidores, que através de várias chantagens com poderosos ao longo dos anos conseguiu se manter como diretor do Bureau Federal de Investigação (FBI). Assim o que vemos em cena basicamente é um homem tramando arapucas e golpes atrás de sua escrivaninha. Claro que o público brasileiro vai ter dificuldade em gostar do filme pois a história é obviamente americana demais, com várias referências históricas que vão passar batido ao público daqui. Outra coisa que me incomodou foi a maquiagem de Leonardo Di Caprio. Achei pouco convincente, mal projetada e nada parecida com o personagem real.

Outro aspecto que tenho a criticar de J. Edgar é o sensacionalismo. Clint Eastwood sempre foi um diretor elegante e fino, mas aqui parece ter ficado absorvido demais com o suposto caso homossexual de Hoover com um agente do FBI. Tantas coisas melhores a explorar na vida do retratado e ele literalmente perde tempo mostrando Hoover trocando olhares apaixonados com seu amado, Hoover trocando carícias com o bofe, Hoover dando beijocas.... Chegou inclusive ao ponto de colocar Hoover de vestido e tudo em cena - precisava mesmo disso? Por que não explorou melhor a conturbada relação de Hoover com os Kennedys e outros presidentes americanos? Ficar mostrando a toda hora o namorico do chefão do FBI cansou um pouco. Enfim, filmar a vida de J. Edgar Hoover não seria mesmo fácil. Tentar mostrar tudo em apenas um filme? Praticamente impossível. Seria melhor de Eastwood focasse em algum evento isolado da vida dele mas como não o fez, o filme acabou realmente ficando incompleto e burocrático. De qualquer forma vale a pena assistir para conhecer a história de J. Edgar Hoover, um personagem tão fascinante quanto sinistro.

J. Edgar (J. Edgar, Estados Unidos, 2011) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Dustin Lance Black / Elenco: Leonardo DiCaprio, Birol Tarkan Yildiz, Armie Hammer, Naomi Watts, Lea Thompson, Josh Lucas, Ed Westwick, Dermot Mulroney, Judi Dench, Stephen Root, Jeffrey Donovan, Michael Gladis / Sinopse: Cinebiografia sobre o ex-diretor do FBI, J. Edgar Hoover (Leonardo DiCaprio), que mostra tanto sua escandalosa carreira, marcada por uma administração dura do FBI e casos de chantagem, quanto seu duradouro romance com Clyde Tolson (Armie Hammer).

Pablo Aluísio.

A Dama de Ferro

Cinebiografia da mulher que durante onze anos e meio ocupou o cargo mais importante do governo britânico: a de primeiro ministro. O filme vem de maneira em geral sendo extremamente elogiado em relação à atuação de Meryl Streep no papel principal. Também há uma certa decepção dos espectadores sobre o conteúdo da produção, chata para alguns, pouco atraente para outros. No meu ponto de vista o maior problema de "A Dama de Ferro" nem é ser chato ou aborrecido mas sim ser superficial e sensacionalista além do que seria razoável. Esse sensacionalismo exacerbado aliás fez com que os familiares de Thatcher se recusassem a comparecer à estreia em Londres. Nesse aspecto não tiro a razão da família Thatcher. Ninguém gostaria de ser retratado (ainda mais estando ainda vivo) como uma pessoa envelhecida, tendo alucinações recorrentes com o marido falecido e à beira da senilidade completa. Eu penso que o roteiro focou demais na saúde mental da ex primeira ministra e esqueceu de contar sua história no comando do governo inglês. Para falar a verdade tudo é muito artificial no que diz respeito à política Thatcher. Seus principais atos administrativos são passados em ritmo de videoclip, nada é aprofundado, nada é muito explicado e a maioria das cenas só mostram a polícia dando pancadas em manifestantes, o que pode levar quem não conhece esse período como uma época de caos completo na Inglaterra, o que não é verdade.

Historicamente o filme é realmente raso, superficial. O sensacionalismo está lá a todo momento, forçando uma barra daquelas para mostrar o lado mais humano (e doente) de Thatcher. O que salva "A Dama de Ferro" de ser um filme totalmente sem importância é a presença magnífica de Meryl Streep em cena. Grandes atrizes conseguem esse tipo de feito: sumir dentro de seus personagens. Meryl desaparece em cena e só conseguimos visualizar mesmo a própria Margaret Thatcher. É um grande trabalho da atriz, que se não vencer o Oscar certamente se tornará uma das mais injustiçadas da história da Academia. Em resumo "A Dama de Ferro" falha em retratar uma das mulheres mais poderosas do século XX mas em compensação traz um trabalho de imersão singular de Meryl Streep. Apesar dos pesares recomendo o filme como um pontapé inicial para quem quiser conhecer melhor a política nos tempos da guerra fria pois mesmo sendo superficial como é, quem sabe poderá despertar o interesse dos espectadores nessa fase da história.

A Dama de Ferro (The Iron Lady, Estados Unidos, Inglaterra, 2011) / Direção: Phyllida Lloyd / Roteiro: Abi Morgan / Com: Meryl Streep, Harry Lloyd e Jim Broadbent / Sinopse: O filme é um retrato surpreendente e íntimo de uma mulher extraordinária e complexa, a ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher (Meryl Streep). Com o foco na política, a história diz respeito sobre a potência e o preço que se paga pelo poder

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sem Saída

Hollywood muitas vezes manipula a estréia de seus filmes visando o melhor momento para se colocar nos cinemas suas produções. Uma questão de marketing. O maior exemplo desse tipo de estratégia aconteceu com “Sem Saída”. O filme foi rodado antes de “Os Intocáveis” e quando foi realizado Kevin Costner ainda não era um astro. Com as filmagens de “Os Intocáveis” ganhando cada vez mais espaço em jornais e revistas a produtora resolveu segurar “Sem Saída” por meses seguidos, esperando o resultado do filme de Brian De Palma. Assim que o filme sobre Capone chegou aos cinemas e se tornou um grande sucesso de público e crítica a Columbia então decidiu finalmente colocar em cartaz esse thriller, que afinal de contas aproveitaria a repercussão do filme anterior de Costner. Publicidade gratuita sempre é bem-vinda. Deu muito certo pois com o ator em todas as capas de jornais e revistas de cinema o interesse pela produção duplicou, fazendo com que os cinemas ficassem com lotação esgotada. É curioso notar como Kevin Costner saiu do anonimato para a fama. Sua escalada rumo ao topo realmente aconteceu da noite para o dia. Poucas pessoas o conheciam de fato mas a imprensa americana o colocou na posição de ser o novo herói da América, o novo Gary Cooper. Naquele momento ele começou a encarnar todos os maiores valores da América. Seu rosto começou a estampar revistas como a Time, a Newsweek e Kevin Costner virou um astro. Foi justamente nessa época que “Os Intocáveis” e “Sem Saída” entraram em cartaz.

Tanto um como o outro foram muito bem recebidos pela crítica. Não é para menos, são realmente filmes muito bons, excelentes produções em seus respectivos gêneros. Se “Os Intocáveis” revitalizava os chamados filmes de gangsters, “Sem Saída” era um ótimo thriller de suspense e tensão com ótimo roteiro, extremamente bem escrito. Outro destaque era o elenco excepcional. Além de Kevin Costner o filme trazia o sempre ótimo Gene Hackman e a cultuada atriz Sean Young, de “Blade Runner”, que infelizmente veria sua carreira naufragar anos depois por causa de seu estranho comportamento com colegas e demais profissionais da área (para alguns Sean Young sofria mesmo era de algum tipo de doença mental que a fazia assumir comportamentos completamente bizarros e fora do padrão). Deixando isso de lado, “Sem Saída” mostra em seu enredo a armadilha na qual se vê envolvido o oficial da Marinha americana Tom Farrel (Kevin Costner). Em um jogo perigoso onde se mesclavam poder e sedução, ele acaba descobrindo que sua namorada (Sean Young) é na realidade amante do secretário de defesa do Pentágono (Gene Hackman, em momento inspirado). O problema é que ela é assassinada misteriosamente e Farrel (Costner) se torna o último a vê-la com vida. Diante das circunstâncias ele acaba se tornando o principal suspeito do crime e tentará desvendar o caso de qualquer jeito para escapar da corte marcial. Para isso ele terá exatamente apenas 48 horas para provar sua inocência. Esse é o tempo exato em que o Departamento de Defesa levará para melhorar uma imagem de Farrel que o liga diretamente ao crime cometido. Suspense, mistério e uma bem amarrada trama de assassinato tornam “Sem Saída” um dos melhores filmes da carreira de Kevin Costner. Se ainda não assistiu corra para conferir.

Sem Saída (No Way Out, Estados Unidos, 1987) Direção: Roger Donaldson / Roteiro: Robert Garland baseado no livro de Kenneth Fearing / Elenco: Kevin Costner, Gene Hackman, Sean Young / Sinopse: Um oficial da Marinha Americana se vê envolvido numa rede de conspirações com o alto escalão do governo. No meio da trama sua namorada acaba sendo morta de forma misteriosa. Agora o oficial terá que provar sua inocência de qualquer forma antes que sua imagem numa foto o ligue diretamente ao local do crime.

Pablo Aluísio.

Cocktail

Com o sucesso de "Missão Impossível: Protocolo Fantasma" nos cinemas que tal rever outro pipocão da carreira de Tom Cruise? "Cocktail" é uma produção de 1988, feita única e exclusivamente para capitalizar em cima do lado galã do ator Tom Cruise. O filme é bem fraco, enredo bobinho e derivativo. Ele faz um sujeito que volta do serviço militar sem ter idéia do que fazer da vida. Sem emprego e sem perspectivas decide ir para Nova Iorque onde encontra todas as portas fechadas em sua cara pois não tem diploma de curso superior. Sem alternativas acaba se empregando como barman num pub local. Assim o filme se desenvolve, de noite Cruise faz malabarismos detrás do balcão ao lado de seu colega de trabalho (interpretado pelo sumido Bryan Brown) e de dia tenta se formar numa faculdade de administração de empresas. Não é fácil, trabalhando à noite ele geralmente acaba dormindo nas aulas de dia. Mesmo assim tenta seguir em frente atrás do chamado "Sonho Americano" O par romântico de Cruise no filme fica a cargo da bonitinha Elisabeth Shue, cuja carreira não decolou pois abandonou o cinema no auge de sua popularidade para se formar na prestigiosa universidade de Harvard. O diploma parece que não fez muita diferença na vida da moça pois atualmente ela tenta sobreviver fazendo filmes horríveis como Piranha 3D.

Tom Cruise fez nos anos 80 alguns filmes bem vazios onde não havia conteúdo - apenas um fiapinho de enredo para ele desfilar suas caras e bocas. Eram produções que mais pareciam videoclips da MTV (essa linguagem estava em alta com a moçada da época)."Cocktail" é um produto assim. Junto com "Dias de Trovão" é o que há de mais banal na carreira do ator. Nessa época ele ainda não havia despertado para produções melhores como "Nascido em 4 de Julho" ou "Rain Man" (seus filmes seguintes) e se concentrava mesmo em fazer papel de "gostosão de plantão atrás do balcão". Por isso não espere nada de "Cocktail" pois esse é na realidade apenas um clipão estendido com ares de cartão postal. Bonitinha a produção mas vazia como uma bola de chiclete.

Cocktail (Cocktail, Estados Unidos, 1988) Direção: Roger Donaldson / Roteiro: Heywood Gould / Elenco: Tom Cruise, Bryan Brown, Elisabeth Shue / Sinopse: Jovem (Tom Cruise) tenta subir na vida em Nova Iorque estudando de dia e trabalhando de Barman durante à noite.

Pablo Aluísio.