terça-feira, 10 de abril de 2007
Montanhas em Fogo
Título Original: The Burning Hills
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Stuart Heisler
Roteiro: Irving Wallace, baseado na novela de Louis L'Amour
Elenco: Tab Hunter, Natalie Wood, Skip Homeier, Eduard Franz, Earl Holliman, Claude Akins
Sinopse:
Trace Jordon (Tab Hunter) chega numa pequena cidade mineradora do velho oeste em busca de seu irmão. Para sua surpresa descobre que ninguém parece disposto a falar muito sobre ele. Após algumas investigações por conta própria descobre finalmente que ele foi assassinado nas montanhas rochosas a mando de Jack Sutton (Skip Homeier), um inescrupuloso rancheiro da região. Trace quer justiça, não vingança, mas antes que possa denunciar o crime ao xerife local é encurralado e baleado pelos membros da gangue de Sutton. Ferido, é socorrido pela jovem mexicana Maria (Natalie Wood) que o ajuda a se recuperar. De volta à ativa decide finalmente acertar contas de uma vez por todas com o facínora Sutton.
Comentários:
Mais um bom western com o galã loiro Tab Hunter na Warner. Aqui ele dá vida a um cowboy errante que procura por justiça mas só encontra uma terra sem lei no velho oeste americano. Sem alternativas busca por uma solução com sua própria destreza com as armas. Além de Hunter o elenco traz a bela e mítica atriz Natalie Wood interpretando uma mestiça que o ajuda a sobreviver nas montanhas após ser encurralado por bandidos. A presença de Natalie Wood no elenco ajudou muito na promoção do filme uma vez que ela havia participado do filme "Juventude Transviada" no ano anterior. A morte de James Dean em um acidente de carro a transformou imediatamente numa estrela pois ela era a namoradinha do ator no filme. Natalie, que ganharia um novo status na carreira com esse papel, aqui desempenha muito bem sua personagem, falando em espanhol e adotando trajes típicos mexicanos. Pena que como se trata de um faroeste dos anos 1950 não há realmente muito espaço para seu papel dentro da trama, nem maior desenvolvimento de sua personalidade. Mesmo assim vale a pena conferir Wood e Hunter nesse bom western passado em um tempo em que a justiça tinha que ser feita pelas próprias mãos.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 9 de abril de 2007
Floresta Ensanguentada
Título Original: Spoilers of the Forest
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Joseph Kane
Roteiro: Bruce Manning
Elenco: Rod Cameron, Vera Ralston, Ray Collins, Hillary Brooke, Edgar Buchanan, Carl Benton Reid
Sinopse:
Joan Milna (Vera Ralston) herda de seu pai uma grande propriedade, grande parte dela tomada por uma fechada e intocada floresta em Montana. Agora ela e seu padrasto tentam preservar a floresta por razões ambientais mas isso vai contra os interesses de uma poderosa madeireira da região que deseja comprar a todo custo o local para explorar comercialmente o rico potencial que a floresta tem em recursos naturais. Se recusando a vender, Joan acaba criando inimigos poderosos que farão de tudo para que ela volte atrás em suas convicções. Este filme recebeu três estrelas do New York News, quando foi lançado em 1957, que o qualificou como um "bom entretenimento".
Comentários:
A Republic Pictures já estava à beira da falência quando investiu pesado no lançamento desse "Spoilers of the Forest". A produção trazia no elenco a atriz Vera Ralston, na época casada com o dono do estúdio, Herbert J Yates, que já contava em 1957 com seus oitenta anos de idade. Lançado em mais de 200 cinemas nos Estados Unidos o filme, apesar de prometer emoção e aventura, não conseguiu cair nas graças do público, se tornando mais um desastre financeiro para a Republic que só conseguiria sobreviver por mais dois anos, fechando as portas definitivamente depois disso. O último filme do estúdio foi o confuso "Ghost of Zorro", um western B que tentava tirar proveito comercial em cima do nome do famoso personagem. Tudo em vão. A Republic realmente viria a falir em 1959. Em relação a "Floresta Ensanguentada" até que não se trata de um filme ruim. Diria que sim, tudo é sensacionalista, tentando a todo tempo ganhar o público com cenas de florestas em chamas, até antecipando um pouquinho o que veríamos nos anos 70 no chamado cinema catástrofe, mas nada muito empolgante. Não chega a ser espetacular em nenhum momento mas em compensação também não consegue aborrecer por ser curto demais (meros 68 minutos de duração!). De qualquer forma se você vivesse nos anos 50 e quisesse levar a namorada para um drive-in para dar uns amassos nela até que estaria de bom tamanho. Em suma, cinema pipoca puro sem maiores pretensões!
Pablo Aluísio.
Almas Pecadoras
Título Original: Laughing Sinners
Ano de Produção: 1931
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Harry Beaumont
Roteiro: Kenyon Nicholson, Bess Meredyth
Elenco: Joan Crawford, Clark Gable, Neil Hamilton
Sinopse:
Ivy 'Bunny' Stevens (Joan Crawford) e Howard 'Howdy' Palmer (Neil Hamilton) vivem um relacionamento turbulento. O sujeito não é muito honesto, nem em relação ao mundo dos negócios e nem em relação ao seu relacionamento com a namorada. Após o estouro da guerra, ela resolve entrar para o exército da salvação, para ajudar no tratamento de soldados feridos pelo conflito. Lá acaba conhecendo o oficial Carl Loomis (Clark Gable), que irá mexer com seu coração indeciso.
Comentários:
Mais um filme de romance com um dos maiores galãs da história de Hollywood, Clark Gable. O roteiro se baseia no velho conceito de triângulo amoroso, onde a mocinha fica em dúvida se volta para seu antigo namorado, um sujeito indigesto e um tanto quanto mau-caráter, ou se casa com um oficial cheio de virtudes e honras, embora ela fique sempre em dúvida se o ama de verdade. Joan Crawford sempre foi uma atriz com uma personalidade muito forte, dentro e fora das telas. Aqui ela chega a ofuscar completamente seus parceiros de cena, isso porque o roteiro, baseado na peça escrita por Kenyon Nicholson, é centrado mesmo em sua personagem, a indecisa Ivy Stevens. Assim ela domina tudo, da primeira à última cena. Curiosamente não conseguiu uma indicação ao Oscar por sua atuação o que daria origem a décadas de indisposição com os membros da academia. Muito se dizia na época que ela poderia até ser uma grande atriz, mas não conseguia votos por causa de sua antipatia natural com os colegas de profissão. De qualquer maneira essa é um boa oportunidade para conhecer seu trabalho como intérprete que, a despeito das fofocas de bastidores, era realmente de alto nível.
Pablo Aluísio.
domingo, 8 de abril de 2007
Roberta
Título Original: Roberta
Ano de Produção: 1935
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: William A. Seiter
Roteiro: Jerome Kern, Otto A. Harbach
Elenco: Irene Dunne, Fred Astaire, Ginger Rogers, Randolph Scott, Helen Westley, Luis Alberni
Sinopse:
John Kent (Randolph Scott) é um jogador de futebol americano que resolve ir até Paris para celebrar seu noivado. Uma vez lá, reencontra sua tia, que agora é uma famosa estilista de moda na capital francesa. Também conhece o casal formado por Huck (Fred Astaire) e Scharwenka (Ginger Rogers), modelos e dançarinos que vivem se provocando um ao outro. Filme indicado ao Oscar na categoria "Melhor Canção Original" pela música "Lovely to Look at" de Jerome Kern, Dorothy Fields e Jimmy McHugh
Comentários:
Excelente comédia musical romântica com a inesquecível dupla Fred Astaire e Ginger Rogers. O casal não estrela o filme (esse papel cabe à diva Irene Dunne), mas eles certamente roubam o show todas as vezes em que dançam pelos salões de Paris. Fred Astaire foi seguramente o melhor dançarino dos anos de ouro dos musicais americanos. Fino, elegante e muito técnico, ele deixava a plateia encantada com seus impecáveis passos de dança. Sua parceira Ginger Rogers também era fenomenal, embora tenha sido muitas vezes subestimada. Curiosamente eles, que faziam juntos maravilhosas cenas de dança, não se gostavam pessoalmente e viviam brigando nos bastidores dos musicais que estrelavam (o roteiro tira uma casquinha disso). Além dessa dupla que já justificaria a existência desse elegante musical, ainda temos de brinde o ator Randolph Scott, que se notabilizou pelos vários faroestes que estrelou, mas que também tinha um ótimo timing para comédias e filmes mais leves como esse. Uma prova está justamente aqui, em suas cenas. Scott inclusive confessava reservadamente a amigos que adorava esse tipo de filme, com muita música, figurinos luxuosos e roteiros espirituosos e bem trabalhados. Porém o fato é que seu tipo combinava melhor mesmo com filmes de western. Assim deixo a dica desse "Roberta", um filme dos tempos em que o cinema americano era pura magia e melodia.
Pablo Aluísio.
Manhã de Glória
Título Original: Morning Glory
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Pictures
Direção: Lowell Sherman
Roteiro: Howard J. Green, Zoe Akins
Elenco: Katharine Hepburn, Douglas Fairbanks Jr, Adolphe Menjou, Mary Duncan, Don Alvarado, Richard Carle
Sinopse:
Eva Lovelace (Katharine Hepburn) é uma jovem atriz que deseja vencer no concorrido meio teatral de Nova Iorque. Otimista, extrovertida e muito positiva sobre seu futuro no teatro, ela tenta lidar com uma série de personagens que circulam pelos bastidores, entre eles um ator com ares paternais, um produtor mulherengo, uma atriz invejosa e um dramaturgo sério, muito empenhado em tornar sua própria peça um sucesso na Broadway. Será que Eva vencerá todos os obstáculos para se tornar uma grande estrela?
Comentários:
Essa ótima produção que enfoca o mundo teatral nova-iorquino acabou trazendo pela primeira vez o Oscar de Melhor Atriz para a grande Katharine Hepburn. Embora fosse ainda bastante jovem ela já demonstrava em cena que talento não tem realmente idade. Sua ótima presença domina da primeira à última cena. O curioso é que embora Katharine Hepburn tivesse plena consciência de seu belo trabalho no filme, não acreditou muito que venceria quando foi indicada ao prêmio. Para Hepburn aquilo seria apenas uma forma da Academia lhe dar as boas vindas ao mundo do cinema. Imagine sua alegria e espanto ao saber que havia vencido o cobiçado prêmio (ela ouviu a cerimônia pelo rádio e não compareceu na grande noite). No caso temos que reconhecer que além de Hepburn todo o elenco está excepcionalmente bem, o que era de se esperar, pois o roteiro foi adaptado de uma famosa peça de teatro que mostrava justamente os bastidores de montagem de uma peça teatral! Assim o ponto forte vem justamente dos ótimos diálogos e situações criadas, que exigem de fato uma ótimo entrosamento de todos os atores e atrizes. Para falar a verdade foi um presente para Katharine Hepburn pois material dessa qualidade nem sempre era tão fácil de se achar.
Pablo Aluísio.
sábado, 7 de abril de 2007
No Mau Caminho
Título Original: 5 Against the House
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Phil Karlson
Roteiro: Stirling Silliphant, William Bowers
Elenco: Guy Madison, Kim Novak, Brian Keith, Alvy Moore, Kerwin Mathews, William Conrad
Sinopse:
Amigos da faculdade resolvem convencer uma dançarina de cassino a colaborar com eles em um assalto ao local. Inicialmente o grupo deseja apenar provar que é possível realizar o crime perfeito. A ideia inicial é pegar o dinheiro para logo depois devolver até que um dos membros decide ficar com sua parte do roubo, o que trará vários problemas para todos os envolvidos.
Comentários:
Filme curioso que desenvolve muito bem os personagens principais. Al (Madison) pretende ser um advogado de sucesso para se casar com sua namorada bonitona (Kim Novak, maravilhosa em cena). Seus amigos são estudantes universitários que só querem diversão. Juntos resolvem fazer algo diferente para quebrar o tédio, um assalto a um cassino. O problema é que envolvem o veterano Brick (Keith) na jogada. Se todos não levam à sério o que vão fazer, Brick quer sua parte no bolo. Ele já é um homem sem muitas esperanças na vida. Lutou na Guerra da Coreia e voltou lesionado, tanto fisicamente como psicologicamente. Para ele aquele dinheiro pode representar a última chance de ser bem sucedido na vida. Um filme muito bom realmente, assinado pelo subestimado cineasta Phil Karlson, que merece uma segunda chance de avaliação. Na época de seu lançamento a beleza da atriz Kim Novak acabou ofuscando as qualidades do filme em geral, o que foi um equívoco. Revisto agora mostra que tem suspense, tensão e uma trama bem amarrada, sem pontas soltas. Vale ser redescoberto por cinéfilos conceituados.
Pablo Aluísio.
O Demolidor
Essa produção também se notabilizou por ter sido a primeira grande oportunidade na carreira para o jovem ator Rock Hudson. O papel foi conseguido graças à astúcia de seu agente, o poderoso Henry Wilson, que usou de todas as suas influências para que Rock fosse escalado no elenco, mesmo que em papel que era mero coadjuvante do astro Jeff Chandler. Em sua autobiografia Rock recordou que assim que viu o filme pronto nas telas de cinema, pressentiu que iria virar uma estrela de Hollywood. Seu amigo, Mark Miller, foi claro que dizer para Rock: "Prepare-se para se tornar um astro!".
De fato é um filme onde tudo parece se encaixar muito bem. O público de hoje em dia vai de certa forma associar o enredo ao grande sucesso de Stallone, "Rock, um Lutador", mas há também diferenças significativas sobre entre as duas produções. Como não poderia deixar de ser em um filme dos anos 1950, há toda uma preocupação em desenvolver mais dramaticamente todos os personagens. Não há tanta ênfase nas lutas de boxe, mas sim na parte dos bastidores, dos apostadores, dos pequenos e grandes patifes que viviam nesse mundo. Todos querendo se dar bem de alguma forma.
O roteiro também trazia essa mensagem subliminar de que o crime não compensava. Lançado em setembro de 1951, quase um ano depois de ter sido filmado, o filme acabou surpreendendo nas bilheterias, uma vez que a Universal não estava esperando por um sucesso como aquele. No máximo o estúdio pensava que seria um filme B, que iria ocupar algumas salas de cinema e nada mais do que isso. Vale destacar que Rock Hudson acabou roubando as atenções, tanto do público como também da crítica. Ele realmente já estava pronto para virar o grande astro que iria se tornar logo depois.
O Demolidor (Iron Man, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Universal Pictures / Direção: Joseph Pevney / Roteiro: George Zuckerman, baseado na novela de W.R. Burnett / Elenco: Jeff Chandler, Rock Hudson, Evelyn Keyes, Stephen McNally / Sinopse: Um ambicioso trabalhador das minas de carvão é convencido a se tornar um boxeador por seu irmão, um ganancioso apostador de lutas de boxe.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 6 de abril de 2007
Travessuras de Casados
Título Original: We´re Not Married
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twenty Century Fox
Direção: Edmund Goulding
Roteiro: Dwight Taylor, Gina Kaus, Nunnally Johnson
Elenco: David Wayne, Eddie Bracken, Eve Arden, Fred Allen, Ginger Rogers, Louis Calhern, Marilyn Monroe
Sinopse:
Após descobrir que seu casamento não tem valor jurídico pois foi realizado por um juiz de paz com a licença vencida a jovem Annabel Norris (Marilyn Monroe) entra em desespero pois ela almeja disputar o concurso de "Senhora América" que só aceita mulheres casadas entre as competidoras. E agora o que fará, já que ela descobriu que continua solteira uma vez que seu casamento não tem validade?
Comentários:
Comédia romântica que estaria completamente esquecida hoje em dia se não fosse por um detalhe mais do que importante: a presença no elenco do mito Marilyn Monroe. Muito jovem ainda e nada famosa na época a não ser por alguns ensaios em revistas como modelo, Marilyn tenta ao mesmo chamar a atenção para sua presença em um filme nada memorável, bobo até. Outro destaque digno de menção no elenco é a presença da maravilhosa Ginger Rogers, que hoje em dia infelizmente também anda bem esquecida. Por essa época Marilyn lutava para se firmar como atriz em Hollywood, algo que não era nada fácil por causa da competição, afinal loiras bonitas como ela existiam aos montes pelos corredores dos estúdios. Ela passava por várias dificuldades financeiras, sendo despejada de uma série de apartamentos aos quais não podia pagar o aluguel mas o sonho de vencer no cinema era maior. Aqui presenciamos seus primeiros passos antes de virar o maior mito feminino da história do cinema.
Pablo Aluísio.
Simbad e a Princesa
Título no Brasil: Simbad e a Princesa
Título Original: The 7th Voyage of Sinbad
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Nathan Juran
Roteiro: Ken Kolb
Elenco: Kerwin Mathews, Kathryn Grant, Richard Eyer, Torin Thatcher, Alec Mango, Danny Green
Sinopse:
O filme conta a sétima viagem do marujo Simbad nos sete mares, em um universo repleto de magia, monstros e gigantes. A história começa quando uma linda princesa se torna vítima de um feitiço maligno de um bruxo. Caberá então ao bravo marinheiro Simbad (Kerwin Mathews) ir até uma ilha misteriosa para procurar por sua cura. Lá acaba encontrando uma série de monstros e criaturas que ele jamais sonhava existir. Filme indicado ao Hugo Awards.
Comentários:
Na década de 1950 o personagem do marinheiro Simbad, das mil e uma noites, virou sinônimo de aventura juvenil dentro da indústria de cinema dos Estados Unidos. Eram filmes com muita fantasia, monstros e magia. Esse "The 7th Voyage of Sinbad" é considerado um clássico do gênero. Em um tempo onde não existiam efeitos especiais mais elaborados, tudo era realizado de forma praticamente artesanal pelo mestre Ray Harryhausen. Nessa produção em particular, ele se utilizou de uma nova técnica chamada Dynamation, onde a animação era usada de forma muito sutil, praticamente parecendo uma cena real. O resultado é de fato excelente. Mesmo com a novidade, não abriu mão de seu estilo mais tradicional para dar vida a série de criaturas da mitologia como um Ciclope, um dragão medieval e um esqueleto guerreiro, armado de espadas afiadas. O resultado, além de muito nostálgico (os filmes de Simbad eram reprisados frequentemente na Sessão da Tarde durante os anos 70 e 80) ainda traz aquela diversão tão inocente e deliciosa de quando se é apenas um adolescente em busca de filmes de aventuras cheias de ação e fantasia.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 4 de abril de 2007
O Manto Sagrado
"O Manto Sagrado" pode ser analisado sobre três pontos de vista diferentes. Você pode assistir sob um aspecto religioso, histórico ou cinematográfico. Sob o ponto de vista religioso é uma obra bem intencionada, que procura mostrar o surgimento do cristianismo logo nos primeiros meses após a morte de Jesus Cristo. A mensagem em si, de não violência, de renúncia, inclusive da vida, como vemos nos casos dos mártires que se recusam a negar Cristo em troca de não serem condenados à morte, são relevantes e pertinentes. A figura de Pedro surge também bem fiel aos escritos e tradições dos primeiros anos da nova fé. Assim olhando puramente a mensagem que o filme tenta passar ao seu público, não há o que criticar.
O fato porém é que nem só de boas intenções pode viver o cinema. Assim temos que analisar a produção também sob o ponto de vista da história e nesse aspecto não há como negar que o roteiro apresenta várias falhas. Só para citar um exemplo, temos uma cena em que o próprio Imperador Tibério recebe a notícia da morte de um suposto Messias em Jerusalém e fica bastante abalado com o fato. Chega ao ponto de fazer um pequeno discurso sobre o perigo da nova fé que poderia destruir os alicerces da sociedade romana como um todo! Ora, historiadores concordam que Tibério sequer tomou conhecimento da existência de Jesus, já que até sua morte o cristianismo ainda não tinha tomado as proporções que iriam atingir em épocas posteriores, como a de Nero. Na verdade, como se trata de um romance apenas inspirado em fatos históricos, temos que esperar por esse tipo de licença poética, onde personagens que realmente existiram surgem em cenas de pura ficção.
Finalmente, sob o ponto de vista puramente cinematográfico, não há do que reclamar. "O Manto Sagrado" é um típico épico feito em Hollywood dos anos 1950, com cenas grandiosas, impactantes, muito luxo no figurino e um texto sentimental, que não tem vergonha de ser piegas em certos momentos. Há uma clara tentativa do roteiro em agradar diversos públicos, pois ao lado do sentimento religioso temos também um pouco de romance e aventura. A ação surge principalmente na cena em que os homens de Marcellus Gallio tentam libertar Demetrius das masmorras do Império e na perseguição de cavalos logo após. Além disso temos também nuances do debate político que imperava naqueles tempos antigos. O mais importante porém é que essa produção é uma ótima forma de conhecer o tipo de entretenimento, com verniz religioso, que fazia sucesso nos cinemas dos anos 1950. O público adorava esse tipo de filme. O lançamento de cada produção desse estilo rendia ótimas bilheterias em todo o mundo.
O Manto Sagrado (The Robe, Estados Unidos, 1953) Estúdio: 20th Century-Fox / Direção: Henry Koster / Roteiro: Albert Maltz, Philip Dunne, baseados na obra de Lloyd C. Douglas / Elenco: Richard Burton, Jean Simmons, Victor Mature, Jay Robinson / Sinopse: Romano, enviado para uma distante província do império como punição, acaba vivenciando a crucificação, morte e ressurreição de um judeu conhecido como Jesus de Nazaré. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor ator (Richard Burton) e melhor direção de fotografia (Leon Shamroy). Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor figurino (Charles Le Maire, Emile Santiago) e melhor direção de arte (Lyle R. Wheeler, George W. Davis). Filme premiado pelo Globo de Ouro na categoria de melhor filme - drama.
Pablo Aluísio.