segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Sangue por Glória

Título no Brasil: Sangue por Glória
Título Original: What Price Glory
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: John Ford
Roteiro: Phoebe Ephron, Henry Ephron
Elenco: James Cagney, Corinne Calvet, Dan Dailey, William Demarest, Craig Hill, Robert Wagner

Sinopse:
Durante a Primeira Guerra Mundial, dois militares americanos servindo na França, o Capitão Flagg (James Cagney) e o Sargento Quirt (Dan Dailey), disputam o amor de uma bela francesa chamada Charmaine (Corinne Calvet). Ela é a filha do dono da taverna, tem bela voz e encanta a todos que a conhecem.

Comentários:
O fato do filme ser ambientado na Primeira Guerra Mundial, ser dirigido por John Ford e contar com James Cagney no elenco, pode levar algum cinéfilo a pensar que se trata de um daqueles épicos filmes de guerra do passado. Ainda mais com esse título pomposo de "Sangue por Glória". Não se trata disso. Não pense que vai encontrar grandes batalhas e grandes cenas de heroísmo. O filme, por mais incrível que isso possa parecer, está mais para comédia romântica. Tem música, cenas divertidas e personagens bem caricatos. O poster original do filme aliás entrega parte disso, é só prestar bem atenção. O tom é leve, embora de vez em quando (muito de vez em quando) mostre algum campo de batalha. James Cagney inclusive está muito bem em um tipo de papel que não era o seu habitual. O seu Capitão é do tipo nervosinho, mas que não dispenha uma boa garrafa de vinho francês. Na cena final, quando ele surge bêbado, o ator bem demonstra essa sua veia cômica. É um bom filme, mas o espectador precisa estar no clima certo. Se alguém for esperando um grande filme de guerra, com longas batalhas e cenas de ação, vai obviamente se decepcionar. Caso contrário, se quiser dar algumas boas risadas, então é o tipo ideal de programa para ver.

Pablo Aluísio.

Anos de Ternura

Título no Brasil: Anos de Ternura
Título Original: The Green Years
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Victor Saville
Roteiro: Robert Ardrey
Elenco: Charles Coburn, Tom Drake, Beverly Tyler, Dean Stockwell, Gladys Cooper, Jessica Tandy

Sinopse:
Com roteiro baseado na novela escrita por A.J. Cronin, o filme "Anos de Ternura" conta a história do jovem irlandês Robert Shannon, Quando seus pais morrem, ele é enviado para morar com seus parentes na Escócia. E lá fica muito próximo do avô, Alexander Gow (Charles Coburn), um homem de bom coração, embora fosse dado a contar lorotas e beber em demasia. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Charles Coburn) e melhor fotografia (George J. Folsey).

Comentários:
Que ótimo filme! Adorei! É uma daquelas belas obras cinematográficas que caem injustamente no esquecimento. É um drama que conta a história de um rapaz que passa a ser criado por uma numerosa família escocesa após a morte de seus pais. E cada um dos parentes que passa a conhecer tem sua própria visão de mundo. Seu tio é um sujeito com mania de economizar em tudo, o que é até compreensível pois a família Leckie não é rica e tendo muitos membros precisa contar com cada centavo. A avó é do tipo austera, religiosa ao extremo. E aqui o filme abre um aspecto interessante. O pequeno rapaz por ter sido criado na Irlanda é católico, mas sua nova família é toda protestante, pois eles são escoceses. Porém nada supera o grande talento do ator Charles Coburn. Ele é o avô do menino. Um homem de coração imenso, mas incorrigível na questão da bebida e da mania de contar mentiras, lorotas sobre seu passado. Coburn foi indicado ao Oscar por esse papel e na minha opinião deveria ter vencido. Ele está excepcional no filme. No mais é um belo clássico do cinema que merece ser conhecido pelas novas gerações. Muitos jovens vão se identificar, principalmente na luta do jovem protagonista em estudar para entrar numa boa universidade. Um tipo de batalha pessoal que é realmente atemporal.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Paixão Proibida

Jimmy (Richard Burton) e Alison Porter (Mary Ure) estão casados há muitos anos. O relacionamento porém vai de mal a pior a cada dia. Todos os dias há discussões, brigas e ofensas. Jimmy é um sujeito irascível, desrespeitoso, abusivo e violento. A esposa Alison tenta manter o casamento em pé, mas isso vai ficando cada vez mais impossível. Seu marido odeia suas amizades, seu pai, suas origens, praticamente tudo o que diz respeito a ela. Para atingir a esposa ele usa uma linguagem forte, vulgar e bastante opressiva. Não parece haver mais diálogo entre ambos, mas apenas gritos e ofensas. Para piorar Alison está grávida, mas seu marido é tão insano que ela até mesmo reluta em lhe contar a notícia. Ao invés disso pensa em aborto. Seu único apoio é sua amiga Helena Charles (Claire Bloom), uma jovem atriz que resolve passar alguns dias ao seu lado. Ao conviver com o casal todos os dias acaba conhecendo a triste realidade de Alison, afundada em um casamento falido, abusivo e deprimente.

Um casamento em ruínas é o tema desse drama inglês chamado "Paixão Proibida". O roteiro foi baseado na peça teatral escrita por John Osborne. Suas origens teatrais ficam óbvias desde a primeira cena. Quase toda a trama se passa dentro de um pequeno quarto e sala em Londres. O lugar é apertado, em cima da casa de uma senhora idosa que o alugou. É lá que vive o casal Porter. O marido Jimmy (Burton, em grande atuação) tenta sobreviver de alguma maneira. De noite passa pelas boates da cidade, tocando seu trompete, levantando alguns trocados. De dia trabalha como feirante numa barraquinha onde vende doces para as crianças. O dinheiro que ganha mal dá para a sobrevivência. Pior acontece dentro de casa. A esposa de Jimmy é uma jovem chamada Alison que todos os dias é humilhada e ofendida pelo marido. O seu pai quer que ela vá embora, mas ela resiste, tentando salvar um relacionamento falido e infeliz. Sua única amiga, a atriz Helena, chega para lhe trazer companhia e apoio, mas logo também vira alvo das ofensas e críticas mordazes de Jimmy. Desesperada por estar grávida, Alison resolve partir, indo morar com o pai e tudo desmorona depois ao saber que foi traída, justamente por alguém em quem confiava cegamente.

Esse filme de certa maneira marcou o retorno de Richard Burton para o cinema inglês. Depois de ter atuado em filmes como "O Manto Sagrado" e "Ratos do Deserto" nos Estados Unidos, ele queria voltar para a Inglaterra para rodar um filme que o desafiasse como ator. A adaptação da peça "Look Back in Anger" pareceu ser aquilo que procurava. Havia muitas cenas perfeitas para que Burton desfilasse seu talento dramático. Além disso o elenco contava com ótimas atrizes que se mostraram escolhas certas para a proposta do roteiro. O ator Richard Burton aceitou trabalhar por um cachê bem menor do que recebia em Hollywood, só pela oportunidade de trabalhar no filme. Acabou sendo recompensado por isso, ganhando indicações para o Globo de Ouro e o BAFTA Awards, dois prêmios de muito prestígio. De fato é uma das grandes atuações de sua carreira, muito corajosa é bom frisar, pois seu personagem é em essência um homem desprezível, cheio de sentimentos e atitudes rudes, cruéis e vis.

Na cena final ele ainda parece ter algum sentimento verdadeiro em seu coração, embora pareça ser tarde demais para abraçar sua redenção pessoal. O espectador certamente irá nutrir um grande sentimento de compaixão por Alison, sua esposa, pelo sofrimento pelo qual passa. A atriz Mary Ure que a interpreta também teve um fim trágico. Considerada uma das mais belas intérpretes do cinema britânico, a talentosa escocesa morreu de uma overdose acidental, ainda bastante jovem. No caso temos aqui um exemplo de como a vida pode ser tristemente parecida com a arte. Enfim, um belo drama com tintas fortes do clássico cinema britânico. Uma prova que em termos de qualidade a indústria cinematográfica de Londres não deixava muito mesmo a dever aos filmes de Hollywood da época.

Paixão Proibida (Look Back in Anger, Inglaterra, 1959) Estúdio: Woodfall Film Productions / Direção: Tony Richardson / Roteiro: Nigel Kneale, John Osborne / Elenco: Richard Burton, Claire Bloom, Mary Ure, Edith Evans, Gary Raymond, Donald Pleasence, Jane Eccles /Sinopse: O filme conta, em tom dramático, a história de um casamento em ruínas. Filme indicado ao Globo de Ouro e ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Richard Burton).

Pablo Aluísio.

Conflitos d'Alma

Título no Brasil: Conflitos d'Alma
Título Original: Conflict
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Curtis Bernhardt
Roteiro: Arthur T. Horman, Dwight Taylor
Elenco: Humphrey Bogart, Alexis Smith, Sydney Greenstreet, Rose Hobart, Charles Drake, Grant Mitchell

Sinopse:
Richard Mason (Humphrey Bogart) é um engenheiro bem sucedido, casado há muitos anos, que acaba se apaixonando justamente pela irmã da esposa. Ele então decide matar ela, para assim ter uma nova chance de quem sabe um dia, ter um novo casamento com a irmã mais nova dela.

Comentários:
O ator Humphrey Bogart nunca conseguia fugir de um certo tipo de papel. Durante anos ele interpretou criminosos e gângsters em filmes B da Warner. Aqui ele interpreta um sujeito normal, um engenheiro, mas que na primeira oportunidade cria um plano para matar a própria esposa. Eles cultivam um casamento de fachada. Ele já não gosta dela e ela sabe disso. Mesmo assim força a barra para impor uma situação de pura aparência. Quando estão para sair em um jantar de comemoração de aniversário de seu casamento, ela decide então encarar a situação e pergunta se ele está apaixonado por sua própria irmã. O personagem de Bogart nem hesita e diz que sim. Bem, depois disso não há mais nada a preservar e ele arquiteta um plano de forjar a morte dela, como se fosse um acidente de carro. O roteiro é bem orquestrado. Depois da suposta morte dela, a presença da esposa começa a assombrar o marido. O corpo dela nunca foi encontrado pela polícia.  Afinal ela teria morrido ou não? O roteiro vai desenvolvendo o mistério até um desfecho que me agradou bastante. Há uma figura secundária dentro da trama, um psiquiatra especializado em mentes criminosas, que acaba sendo um elo importante dentro da história. Fique de olho nele. Enfim, bom filme, pouco conhecido, do grande Bogart, aqui como um criminoso de elite. O mais perigoso assassino é aquele que não se parece com um.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

As Bruxas / A Face do Demônio

Produzido pela Hammer na década de 1960, esse curioso “As Bruxas” (também conhecido como “A Face do Demônio) chama a atenção por causa de seu bom roteiro e o clima de suspense que permeia todo o enredo. A estória é relativamente simples: Gwein Mayfield (Joan Fontaine) é uma professora missionária que vai até a África como parte de um programa das Nações Unidas para a disseminação da educação em países pobres da região. Chegando lá desperta a ira dos líderes religiosos tribais que não hesitam em usar feitiços e bruxaria contra a estrangeira intrusa. De volta à Inglaterra, ainda abalada pelos ataques sofridos, ela consegue arranjar emprego em uma escola privada em uma cidade no interior. O local é bucólico, calmo, tudo o que ela realmente ansiava obter depois de sua tumultuada estadia na África negra. A beleza e tranqüilidade do local porém parece esconder sórdidos segredos pois os habitantes locais começam a ficar perturbados pelo simples romance de um casal de jovens, ambos alunos da professora Mayfield. Após o garoto sofrer uma misteriosa doença ela começa a investigar melhor os acontecimentos, o que lhe revelará a existência de uma seita secreta de culto ao demônio, com membros da mais alta classe da cidade envolvidos.

Aqui a Hammer deixa os vampiros de lado para investir na mitologia das bruxas. Rituais satânicos, sacrifícios de uma virgem, gatos simbolizando a presença do mal, tudo está lá no roteiro. O argumento procura ser mais pé no chão por isso não espere bruxas voando pelo céu com suas vassouras mágicas.  O que vale a pena nesse filme é o suspense. As peças vão se encaixando aos poucos, sem pressa. A cidade que antes parecia acolhedora e agradável vai se revelando de forma gradual como um centro de adoração a Lúcifer. Enquanto o filme vai revelando os segredos dos habitantes locais tudo caminha muito bem. “As Bruxas” só perde mesmo seu impacto quando tudo se revela ao espectador. O ritual final, com os habitantes participando, soa hoje em dia pouco assustador. O filme não tem efeitos especiais de nenhum tipo então tudo é feito da forma mais natural possível. Infelizmente algo assim tende a envelhecer muito, deixando o final mais do que datado – ao contrário de seu desenvolvimento que prende a atenção e mantém o interesse. Talvez se tudo ficasse apenas sugerido soasse melhor. Joan Fontaine era boa atriz e defendeu seu papel com convicção. A direção também conseguiu desenvolver bem o tema. De qualquer modo é uma produção de terror da década de 1960 que vale a pena assistir. Um bom exemplo do tipo de produção que a Hammer desenvolvia naqueles anos.

As Bruxas / A Face do Demônio (The Witches, Inglaterra, 1966) Direção: Cyril Frankel / Roteiro: Nigel Kneale, baseado no livro de Norah Lofts / Elenco: Joan Fontaine, Kay Walsh, Alec McCowen / Sinopse: Professora recém chegada de um evento missionário na África arranja emprego numa bucólica cidade do interior da Inglaterra. Após alguns acontecimentos sinistros ela acaba descobrindo a existência de uma seita de adoradores do Diabo na região.

Pablo Aluísio.

Por Causa de uma Mulher

Título no Brasil: Por Causa de uma Mulher
Título Original: Whistle Stop
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Léonide Moguy
Roteiro: Philip Yordan
Elenco: Ava Gardner, George Raft, Victor McLaglen, Tom Conway, Jorja Curtright, Jane Nigh

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Maritta M. Wolff, o filme "Por Causa de uma Mulher" conta a história de Mary (Ava Gardner), uma jovem e bonita mulher que fica entre o amor de dois homens, o honesto e pobre Kenny Veech (George Raft) e o rico comerciante Lew Lentz (Tom Conway).

Comentários:
Esse foi o primeiro filme de Ava Gardner como estrela principal. Antes disso ela só surgia em papéis bem secundários. Isso porque o estúdio considerava que, apesar dela ser uma das mulheres mais bonitas em Hollywood, não sabia atuar e tinha péssima dicção. Ela também tinha um sotaque horrível, bem carregado, do sul dos Estados Unidos. Isso era visto como algo ruim em Hollywood pois a estigmatizava como uma caipira das montanhas. De origem humilde, Ava era bem isso mesmo na época. Assim ela foi colocada em uma escola de arte dramática para aprender seu trabalho. Os primeiros resultados estão nesse filme. É interessante perceber também que os produtores ficaram com um pé atrás, já que temos aqui uma produção B, com orçamento limitado. Não era prudente jogar todas as fichas em Ava nessa época, pois ela ainda estava muito jovem e inexperiente. O resultado final ficou OK. Não digo que é um grande filme e nada do tipo. Percebe-se que os cenários são bem esconômicos, que o elenco é meio fraco e a direção insegura. Além disso o roteiro tem tropeços. Isso porém não tira o valor histórico do filme, revelando uma Ava Gardner em seus primeiros passos no cinema.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Noiva da Primavera

Título no Brasil: Noiva da Primavera
Título Original: June Bride
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Bretaigne Windust
Roteiro: Ranald MacDougall, Eileen Tighe
Elenco: Bette Davis, Robert Montgomery, Fay Bainter, Betty Lynn, Tom Tully, Barbara Bates

Sinopse:
Carey Jackson (Robert Montgomery) é um renomado jornalista de Nova Iorque que após perder seu emprego vai trabalhar numa fútil revista para donas de casa comandada pela editora Linda Gilman (Bette Davis). O problema é que eles tiveram um passado mal resolvido, após um breve, mas ardente romance. Agora precisam passar por cima de tudo, por questões profissionais, o que não vai ser fácil. Filme indicado ao Writers Guild of America.

Comentários:
Antes de qualquer coisa é interessante dizer que se você aprecia o trabalho e a carreira da atriz Bette Davis, esse filme é item obrigatório em sua coleção. Ela está ótima interpretando essa editora de uma revista de vida doméstica que precisa conviver agora com um ex-namorado do passado, um jornalista cínico e mordaz que simplesmente a deixou sem maiores explicações, após um breve romance. E logo no começo de sua nova relação profissional eles precisam viajar até Indiana para cobrir o casamento de um jovem casal da região. Claro, o jornalista vivido por Robert Montgomery acha tudo aquilo um tédio e uma coisa completamente fútil. Porém, como todos, ele precisa trabalhar para viver. E aí, bem no meio da cobertura desse casamento, começam as pequenas provocações, as finas ironias entre ele e a antiga namorada. O roteiro é ótimo e tem excelentes diálogos, alguns inclusive que causam surpresa por causa da época em que o filme foi produzido. Só o final destoa um pouco pois o roteiro infelizmente procura por uma solução banal, que coloca a personagem de Bette Davis numa posição que não condiz muito com o que ela demonstrava durante todo o filme. De qualquer maneira são ecos de moralismo de um tempo passado. Até esse momento chegar o filme é puro deleite para cinéfilos que gostam do cinema clássico de Hollywood.

Pablo Aluísio.

Vozes do Além

Título no Brasil: Vozes do Além
Título Original: From Beyond the Grave
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Amicus Productions
Direção: Kevin Connor
Roteiro: R. Chetwynd-Hayes, Raymond Christodoulou
Elenco: Peter Cushing, Ian Bannen, Ian Carmichael, Donald Pleasence, Diana Dors, Margaret Leighton

Sinopse:
Vários contos de terror, todos centrados nos personagens que entram numa loja de antiguidades de propriedade do sinistro dono interpretado por Peter Cushing. São quatro os contos: "The Gate Crasher", "An Act of Kindness", "The Elemental" e  "The Door".

Comentários:
Peter Cushing empresta todo seu carisma para esse filme que de certa forma acabou se tornando um dos últimos suspiros da velha fórmula de se fazer filmes de terror. Afinal já eram os anos 70, diretores como Steven Spielberg e George Lucas estavam surgindo e com eles toda uma nova leva de cineastas que iriam mudar os conceitos de filmes de fantasia, ficção e terror. Por essa razão "Vozes do Além" é um achado com seu estilo retrô, nostálgico, de se produzir fitas de terror. A fotografia, os cenários e os figurinos são todos feitos para dar aquele clima de algo antigo, sinistro, enterrado em covas profundas, ao espectador. Os objetos parecem ter saídos de alguma casa mal assombrada, de alguma cova putrefata, de terem pertencido a algum falecido. Nada mais assustador (e divertido). O resultado é muito bom, adequado aos cinéfilos que adoram aquele velho modo de assustar o público.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Balas Contra a Gestapo

Após a morte de um pequeno comerciante no bairro em que domina, o gangster 'Gloves' Donahue (Humphrey Bogart) sai em busca do assassino. O que ele não desconfia é que o assassinato não foi apenas um crime comum. Na verdade conforme o tempo passa e novas revelações vão surgindo, Gloves acaba descobrindo que um grupo de espiões da Alemanha Nazista está envolvido. A Gestapo (a violenta polícia secreta de Hitler) está infiltrada em Nova Iorque, com vários figurões em postos chaves dentro da sociedade. O problema é que por ser um gangster ninguém acredita em suas revelações. Assim ele e seus homens terão que limpar, por conta própria, as ruas da cidade. Interessante filme estrelado por Humphrey Bogart. Apesar da sinopse, que pode levar alguém a acreditar que se trata de um filme de espionagem ao velho estilo, esse "All Through the Night" tem algumas peculiaridades, apresentando até mesmo um certo bom humor, algo raro nesse tipo de produção.

Embora não possa ser considerado uma comédia, o roteiro se apoia bastante nessa situação sui generis envolvendo um criminoso (Bogart) que acaba se tornando a única salvação de Nova Iorque. Acontece que a Gestapo está secretamente atuando na cidade, planejando um grande atentado contra um importante navio de guerra da marinha americana que está ancorado no principal porto da cidade. Claro que o roteiro é meramente ficcional, servindo até mesmo como uma referência da paranoia e do medo que surgiam dentro da sociedade americana naquela época de guerra e incertezas sobre o futuro (o filme foi rodado bem no meio da Segunda Guerra Mundial). Humphrey Bogart segue seu tipo habitual. Ele é um gangster que, ironicamente, precisa sempre lidar com sua mãe, uma matrona italiana que trata o filho como se fosse uma criança. As cenas com ela (interpretada pela excelente atriz Jane Darwell) rende alguns momentos bem divertidos no filme.

O interessante é que Bogart interpreta um criminoso de bom coração, mostrando uma certa simpatia por parte de Hollywood em relação a certos gangsters da época. Seus comparsas são tipos praticamente cômicos, contando inclusive com um membro de sua gang que só se envolve em confusões, enquanto tenta passar a tão sonhada lua de mel com sua jovem noiva. Assim temos aqui um interessante filme dos anos 40 que, apesar do tema, não procura se levar muito à sério. A presença do bom e velho Bogart será certamente um dos grandes atrativos para se conferir a produção, muito embora o péssimo título nacional vá afastar alguns cinéfilos. Ignore isso e se divirta com esse filme de gangster bem diferente.

Balas Contra a Gestapo (All Through the Night, Estados Unidos, 1941) Estúdio: Warner Bros / Direção: Vincent Sherman / Roteiro: Leonard Spigelgass, Edwin Gilbert / Elenco: Humphrey Bogart, Conrad Veidt, Kaaren Verne, Peter Lorre, Jane Darwell, William Demarest /Sinopse: Um gangster de Nova Iorque passa a desconfiar que membros da Gestapo, o serviço secreto da Alemanha nazista, estão atuando na cidade, cometendo crimes e espalhando terror.

Pablo Aluísio.

Nos Domínios do Terror

Título no Brasil: Nos Domínios do Terror
Título Original: Twice-Told Tales
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Sidney Salkow
Roteiro: Robert E. Kent, Nathaniel Hawthorne
Elenco: Vincent Price, Joyce Taylor, Sebastian Cabot, Brett Halsey, Beverly Garland, Richard Denning

Sinopse: 
Trilogia de episódios baseada em contos de Nathaniel Hawthone. "Dr. Heidegger's Experiment" (cientista desenvolve uma fórmula para o rejuvenescimento, mas com conseqüências assustadoras); "Rappaccini's Daughter" (versão bizarra de "Romeo e Julieta"); "The House of the Seven Gables" (adaptação de um filme que o próprio Vincent Price fez nos anos 40).

Comentários:              
Vincent Price em trilogia de terror baseado na obra de Nathaniel Hawthorne. Esse formato foi muito popular no cinema de terror dos anos 60 e 70. Sempre havia um fio narrador central e contos que iam se desenvolvendo ao longo da projeção do filme. Tão marcante foi essa estrutura que Spielberg tentou repetir o sucesso desse tipo de produção na TV nos anos 80 com a série "Contos Assombrosos". Particularmente acho muito charmoso e nostálgico.  O fio condutor de todos os contos de terror é a presença carismática de Vincent Price. O que acho curioso nele é que apesar de sempre estar presente em filmes de horror por toda a sua longa carreira havia um claro tom de cinismo e até mesmo humor em todas as suas atuações. Na vida real ele era um homem bem culto, colecionador de obras de arte e penso que ele via todos esses filmes com uma certa ironia, um certo humor e isso era passado para o espectador, mesmo que de forma bem implícita, algo sugerido sutilmente. Aqui os produtores seguiram a forma de trazer três contos de terror em um mesmo filme. A questão era simples de explicar. Mesmo que o espectador não viesse a gostar de um dos contos era bastante provável que ele fosse gostar de outro. Assim sairia satisfeito do cinema, de uma maneira ou outra. Um tiro certo!  Bem pragmático não é mesmo? Nos Estados Unidos esse filme foi lançado em DVD duplo junto com outro pequeno clássico de Price, "Tales of Terror". Para quem aprecia os filmes do ator não poderia haver algo melhor. Quem sabe um dia as produtoras nacionais sigam o exemplo. Vamos torcer

Pablo Aluísio.