domingo, 19 de novembro de 2006

O verdadeiro Billy The Kid

O verdadeiro Billy The Kid se notabilizou por causa de seus feitos no mundo do crime. Ele pouco tinha a ver com as inúmeras caracterizações que iriam ser feitas pelo cinema nos anos que viriam. Billy era um sujeito pequeno, feio, com dentição ruim, que se envolveu numa série de mortes durante a chamada Guerra do Condado de Lincoln. Ele trabalhava com um inglês que tinha chegado na cidade onde morava para abrir um pequeno comércio. O problema é que seu concorrente não viu com bons olhos essa nova loja. Durante um trajeto ele acabou sendo assassinado. Os que trabalhavam ao seu lado (Kid, entre eles) partiram para a vingança. Pessoas foram mortas, inclusive homens da lei (acusados de serem corruptos) e Billy The Kid inegavalmente estava envolvido nessas mortes.

Ele foi preso, mas conseguiu fugir numa fuga espetacular, que o tornou famoso (ou infame) no velho oeste. Ao descer os degraus da cadeia conseguiu pegar a arma do policial, atirou nele e o matou. Ao sair correndo ainda atingiu outro assistente do xerife e ganhou a liberdade, mesmo estando algemado. Acabou sendo caçado por um velho conhecido, Pat Garrett, que conhecia Billy muito bem, inclusive sabendo de antemão onde ele procurava se esconder. E foi em um dos seus esconderijos que o xerife o matou. Dizem que Billy saiu por uma porta, onde Pat se escondia nas sombras. Afirmações não comprovadas afirmam ainda que o homem da lei o matou pelas costas, algo que ia contra a lei moral que imperava no velho oeste americano. Quem sabe agora a verdade depois de tantos anos?

Do Billy histórico sobrou pouca coisa. Ele foi enterrado no cemitério local, sem identificação. Como nenhum parente apareceu ele foi praticamente sepultado como indigente. De sua aparência original só restam duas velhas fotos. Numa delas, a mais famosa, Billy aparece ao lado de uma espingarda. Sua roupa não lembra em nada os figurinos estilosos do cinema. Ele aparente estar meio sujo, com uma cartola fora de eixo. Parecia ter poucos dentes na boca. Tinha a aparência de um jovem irlandês analfabeto, como muitos outros sem rumo e sem destino que vagavam pelas pequenas cidades do oeste. Nada que lembrasse um Paul Newman ou um Emilio Estevez. A realidade histórica, sem dúvida, era muito mais dura!

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de novembro de 2006

A Desforra do Estranho

Ainda sobre o filme "A Desforra do Estranho" cuja resenha escrevi aqui no blog, vale destacar a presença da atriz adolescente Luana Patten. Ela começou a carreira ainda criança, quando foi contratada pelo próprio Walt Disney para ser a estrelinha de um de seus primeiros filmes com atores em carne e osso, já que até aquele momento seu estúdio era especializado em animações.

O filme se chamou "A Canção do Sul" e foi um sucesso de bilheteria. Depois a atriz cresceu, se tornou uma bonita adolescente e conseguiu fazer a transição para o cinema convencional - algo que é raro hoje em dia e era raro também naquela época. Ela atuou em faroestes como "Audácia de um Rebelde" e "A Desforra de um Estranho"; Depois fez séries de TV famosas como "Cimarron City", "Caravana", "Rawhide" e "Dragnet". Morreu precocemente com apenas 57 anos de idade.

O ator Jock Mahoney atuou em 99 filmes! Uma carreira longa que começou em 1946 com o filme de aventuras capa e espada chamado "Sangue e Espada". Depois continuou no mesmo gênero em "Alma de Aventureiro". Depois de muitos filmes ao longo de anos ele foi escalado também para interpretar Tarzan no filme "Tarzan, o Magnífico" em 1960. Repetiria no cinema o mesmo papel em "Tarzan vai à Índia" e "Os Três Desafios de Tarzan". Depois, já em 1966 iria para a TV com a série "Tarzan" que duraria apenas duas temporadas. Interessante que na TV o famoso personagem seria interpretado por Ron Ely.

Ainda nos anos 60 atuaria em séries como "Daniel Boone" e "Batman e Robin". E assim foi até o fim da carreira, alternando papéis secundários no cinema em filmes de sucesso como "Se Meu Fusca Falasse" e "O Preço de um Covarde", surgindo também esporadicamente em diversas séries como "Kung Fu" e "Duro na Queda". Seu último trabalho foi no telefilme  "The All American Cowboy" de 1985. Ele faleceu em 1989, aos 70 anos de idade.

Pablo Aluísio.

Charles Bronson e o western

Fez muitos filmes de faroeste. No começo, como era de se esperar, se especializou em interpretar índios e nativos selvagens. Também pudera, o ator tinha sangue índio nas veias. Depois de dezenas de filmes como mero figurante ele foi melhorando na escolha dos elencos. Ganhou projeção com personagens de homens duros e de poucas palavras, o que era o ideal para o gênero western. Seu maior sucesso comercial nas telas montando um cavalo e empunhando um rifle fumegante foi com o clássico "Sete Homens e um Destino". Nele ele tinha um papel de importância, ao lado de outros grandes astros de Hollywood.

Depois Bronson faria "Era uma Vez no Oeste" de Sergio Leone. Uma maravilha em forma de cinema. A partir daí já não havia mais dúvidas de que Bronson conseguia atrair público para seus filmes. Curiosamente, a partir dos anos 70, Bronson iria se consagrar como justiceiro urbano na longa série de filmes de ação "Desejo de Matar". Eventualmente ele faria novamente filmes de faroeste, mas conforme os anos foram passando esse tipo de filme foi rareando em sua filmografia. No final da vida virou essencialmente um ator especializado em filmes de pura ação, sempre com um grande revólver nas mãos, pronto para fazer justiça por seus próprios meios.Quando o sistema falhava, Bronson surgia com sua arma para mandar todos aqueles bandidos para covas rasas.

Em uma de suas últimas entrevistas (ele morreu em 2003) o ator parecia ter um sentimento de amor e ódio em relação aos filmes de faroeste que fez. Sobre isso ele disse: "Eu fiz bons filmes de western, mas também fiz muita porcaria. No começo da minha carreira o importante era ter trabalho e ganhar algum salário, por isso eu aceitei todo tipo de papel, de figurante, de índio que só entrava na cena para levar um tiro e sumir e por aí vai. Tive sorte também de estar em filmes maravilhosos, com diretores de primeira linha. É a vida, um dia se ganha, no outro se perde".

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

John Wayne - Rooster Cogburn

Em 1975 o ator John Wayne voltou a interpretar o personagem Rooster Cogburn. O velho beberrão e caolho havia lhe dado o Oscar e isso já bastava para que ele voltasse à tona, em uma sequência que foi até muito esperada pelos seus fãs. O título do filme original era simples, trazia apenas o nome de Rooster Cogburn. No Brasil o filme foi intitulado como "Justiceiro Implacável", talvez um nome forte demais para um filme que era acima de tudo bem leve, apostando mais no bom humor do que em qualquer outra coisa.

Para contracenar com o velho Wayne, o estúdio não mediu esforços e contratou outra veterana das telas e não era uma atriz qualquer... era simplesmente a grande dama do cinema americano, a inigualável Katharine Hepburn. Ela foi consagrada por uma longa e bem produtiva carreira, tendo vencido vários prêmios da academia. Uma coadjuvante de luxo. John Wayne obviamente ficou orgulhoso de trabalhar ao lado de uma profissional de seu nível.

Os anos porém se fizeram sentir. O filme foi todo rodado em uma bela reserva florestal e filmagens assim sempre exigiram muito da equipe técnica e elenco. Katharine Hepburn já estava com a idade avançada e sentiu o peso de filmar ali, no meio do nada, com muitos insetos, chuvas torrenciais, além de um clima com muita umidade. No filme podemos perceber sua fadiga, porém o talento venceu mais uma vez e ela conseguiu com muita dignidade superar esse desafio.

Já John Wayne, bom, mesmo estando a poucos anos de sua morte (ele morreria quatro anos depois), conseguiu convencer novamente nas telas. Até nas cenas de ação, quando conseguiu cavalgar em velocidade, com os arreios entre os dentes, disparando com as duas mãos. Era o velho astro cowboy demonstrando que ainda tinha como dar conta do recado.

Pablo Aluísio.

Cinema Clássico - Família Fonda

Henry Fonda, Jane Fonda, Peter Fonda,

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

O Faroeste em seus primórdios - Parte 2

Provavelmente o primeiro grande astro do cinema no gênero western tenha sido Tom Mix. De origem humilde (seu pai era um trabalhador comum, um lenhador), Mix não tinha a menor habilidade para atuar bem, porém já tinha experiência no mundo dos espetáculos circenses, pois havia trabalhado muitos anos no circuito wild west, onde artistas de circo se passavam por cowboys e índios do velho oeste.

A novidade vinha do fato de que agora tudo poderia ser capturado em filme. Ao invés de excursionar por todo o país em shows itinerantes, agora era possível fazer apenas uma apresentação, filmar e depois distribuir cópias por todo o país em exibições a preços promocionais. Era a invenção do cinema como negócio lucrativo, como indústria. Para Tom Mix, o primeiro grande cowboy das telas de cinema, não poderia haver nada melhor.

Os roteiros desses primeiros filmes de western, ainda na era do cinema mudo, não primavam pela originalidade. Na verdade eram meras adaptações dos shows de oeste selvagem. Havia basicamente dois ou três personagens centrais. O mocinho, o vilão e a mocinha. Os índios estavam na tela apenas para atacar os pioneiros brancos, que eram covardemente assassinados. Esse selvagens pele-vermelhas então deveriam ser exterminados. O bangue-bangue era o mote principal. Já nesses primeiros filmes mudos podemos encontrar cenas que iriam virar o marco principal dos faroestes. O mocinho em duelo contra o bandido, na rua principal, enquanto todos esperavam para ver quem sacava a arma mais rápido.

Tom Mix tinha experiência militar. Por dois anos ele serviu a artilharia do exército americano. Também havia trabalhado como assistente de xerife no Arizona. Assim era o homem certo para os primeiros filmes de western. Sabia montar bem (suas origens eram rurais), sabia manejar um revólver com eficiência e tinha uma boa imagem, uma boa presença de cena. O pacote completo. Sobre atuar, bem isso era apenas um aspecto secundário nessas primeiras produções. O que valia a pena (e o ingresso) eram mesmo as cenas de cavalgada, os duelos e, é claro, a pura diversão.

Pablo Aluísio.

Lone Ranger


terça-feira, 14 de novembro de 2006

Randolph Scott - Comanche Station

Esse western de 1960 recebeu no Brasil o título de "Cavalgada Trágica". Por essa época o ator Randolph Scott já estava pensando em se aposentar, afinal eram anos e anos dedicado ao cinema. Como ele produzia seus próprios filmes também já estava numa situação financeira excelente. Era um homem rico por causa das aplicações que fez e pela fortuna que ganhou com seus faroestes. Nesse filme Scott interpreta um cavaleiro errante que procura encontrar sua esposa. Não é demais lembrar que muitas mulheres brancas foram raptadas por comanches durante a conquista do oeste.

Assim o filme procura resgatar esse tipo de crime que era bem habitual entre os pioneiros. Praticamente todos conheciam uma história assim, acontecida com alguém próximo. Numa dessas cavalgadas ele acaba então encontrando uma mulher branca em terras selvagens, mas não sua esposa e sim uma outra pioneira. Inclusive com preço de resgate por seu retorno sã e salva.

Essa produção acabaria sendo a penúltima da carreira de Randolph Scott. Ele só faria apenas mais um filme, sua despedida, dois anos depois, no clássico "Pistoleiros ao Entardecer". Também marcou a despedida de uma longa e bem sucedida parceria com o diretor Budd Boetticher. O velho cineasta havia encontrado um porto seguro com Scott. Ele produzia e o contratava para dirigir seus filmes de western. O resultado dessa dupla de talentos daria origem a alguns dos melhores filmes de faroeste dos anos 1950. Dando total liberdade ao diretor, mesmo sendo o produtor executivo das fitas, Randolph Scott acertava em cheio pois os filmes se diferenciavam principalmente pelo realismo, alto que não era tão presente em filmes da época.

Cavalgada Trágica (1960)
Comanche Station
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Burt Kennedy
Elenco: Randolph Scott, Nancy Gates, Claude Akins, Skip Homeier, Richard Rust

Pablo Aluísio.