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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Paul McCartney - Silly Love Songs

Recentemente Paul disse em uma entrevista que o grupo Wings, que ele próprio formou após o fim dos Beatles, era "terrível". Sim, terrível no sentido de ser ruim. Já tinha imaginado Paul McCartney falando uma coisa dessas?! É de surpreender! O grupo teve vários grandes sucessos e emplacou discos de sucesso, alguns deles chegando ao ponto de liderar a parada americana. Mesmo assim Paul se justificou dizendo que Linda, sua esposa, por exemplo, nem sabia tocar para ficar em cima de um palco fingindo estar tocando teclados. Bom, cada um sabe de si. Em minha opinião duas coisas talvez expliquem a opinião devastadora de Paul sobre o Wings. A primeira foi uma série de críticas disparadas por John Lennon na década de 70. Parece que elas fincaram fundo na alma de Paul. A segunda vem do fato de que alguns álbuns do Wings eram realmente um pouco irregulares.

Veja o caso de "Wings at the Speed of Sound". Esse é aquele tipo de disco que fazia você se empolgar com uma canção maravilhosa (no caso "Silly Love Songs", um hit absoluto nas rádios da época). Assim você comprava o LP, mas ao chegar em casa descobria que havia mesmo apenas uma ou duas músicas realmente acima da média. Todo o restante era um pouco decepcionante. Em minha opinião esse disco se enquadra exatamente nisso. "Silly Love Songs" e "Let 'Em In" são obras primas no meio de várias canções bem descartáveis. A primeira inclusive foi composta em resposta a John Lennon que vinha destroçando os discos de Paul. Ele dizia que McCartney só sabia compor músicas melosas de amor. Então Paul respondeu na letra dessa faixa: O que há de errado nisso? E mandou ver em uma das mais belas e imortais músicas do Wings, esse grupo tão "terrível"!

Música: Silly Love Songs
Compositor: Paul McCartney
Álbum: Wings at the Speed of Sound
Data de Gravação: janeiro de 1976
Local de Gravação: Abbey Road Studios, Londres
Produtor: Paul McCartney
Músicos: Paul McCartney (vocais, guitarra, baixo), Linda McCartney (vocais, teclados), Denny Laine (vocais, violão, baixo, guitarra), Jimmy McCulloch (baixo), Joe English (bateria).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Paul McCartney - Run Devil Run

Considero, desde o primeiro momento que o ouvi, como o melhor trabalho nostálgico de Paul McCartney. A seleção das canções é simplesmente magistral e Paul demonstra muita garra em cada faixa, não deixando o pique cair em nenhum momento. São canções extremamente representativas para o cantor uma vez que era justamente esse tipo de som que fazia sua cabeça quando era apenas um adolescente em Liverpool. Assim Paul mescla músicas de sua adolescência com novas composições feitas por ele recentemente mas com o sabor dos velhos rocks daqueles anos maravilhosos. Tirando a questão puramente musical do foco, sempre achei muito curioso o fato de Paul ter gravado esse álbum justamente após a morte de sua esposa querida de longa data, Linda. O disco soa quase como um desabafo, como um grito de alegria para espantar a tristeza do momento. Até porque nada melhor para despachar a melancolia do que um bom e velho rock dos primórdios do gênero não é mesmo?

E não há como negar que aqui temos pequenas preciosidades, clássicos eternos da história do rock. Basta olhar para a lista para entender muito bem a intenção de Paul. É um verdadeiro resgate da sonoridade dos ídolos da juventude dele. Lá estão, por exemplo, artistas como Elvis Presley (em versões de “All Shook Up”, “I Got Stung” e “Party”), Chuck Berry ("Brown Eyed Handsome Man"), Gene Vincent ("Blue Jean Bop") e Carl Perkins (sempre um dos favoritos de Paul, aqui representado pela simpática "Movie Magg"). A faixa título "Run Devil Run" é um rock dos diabos, com todas as características que fizeram a fama e o sucesso dos pioneiros do rock. Aliás era justamente isso que Paul queria, compor uma música nova com a essência das clássicas canções do surgimento do rock ´n´ roll. Outro ponto digno de muitos elogios é o talentoso arranjo que Paul deu para cada canção. Tudo soa como se uma banda punk interpretasse os velhos sucessos da década de 50. Esse estilo me lembrou muito dos próprios Beatles quando cantavam em Hamburgo. Arranjos viscerais, diria até mesmo sujos, mas extremamente empolgantes. O próprio Ringo disse que eles não se pareciam com os Beatles na época, mas sim como uma banda punk! Depois de ouvir esse CD você certamente vai entender porque o bom e velho McCartney ainda é considerado um dos deuses vivos da nação rocker. Longa vida a esse gênio da música.

Paul McCartney - Run Devil Run (1999)
Blue Jean Bop
She Said Yeah
All Shook Up
Run Devil Run
No Other Baby
Lonesome Town
Try Not to Cry
Movie Magg
Brown Eyed Handsome Man
What It Is
Coquette
I Got Stung
Honey Hush
Shake a Hand
Party

Pablo Aluísio.

Paul McCartney - Unplugged

Paul McCartney passou muitos anos na carreira sem lançar discos ao vivo, afinal se formos analisar sua discografia oficial veremos facilmente que ele só lançou um álbum nesse estilo até o final dos anos 80 e mesmo assim quando ainda fazia parte do grupo Wings. Curiosamente da década de 1990 em diante o ex-beatle parece ter tomado gosto pelo formato e assim começou a lançar vários discos retirados de seus shows e concertos. Esse "Unplugged (The Official Bootleg)" é um dos melhores por causa de seu repertório muito agradável e nostálgico. Paul parece querer homenagear seus ídolos de adolescência colocando várias canções de Gene Vincent e Elvis Presley na seleção musical. Também não deixa de lado os Beatles, interpretando inclusive algumas músicas mais obscuras do quarteto de Liverpool. 

O projeto foi um dos primeiros da série "desplugada" da MTV que iria virar febre nos anos seguintes. Paul McCartney nem precisava de algo assim por causa de sua imensa importância na história do rock, mas não faz mal. Afinal os fãs dos Beatles certamente não reclamaram do disco! O CD abre com o clássico do rock "Be-Bop-A-Lula" de Gene Vincent. Ele tentava imitar a forma de cantar de Elvis e foi tão bem sucedido que até Gladys (a mãe de Presley) confundiu-se, pensando que aquela música que ouvia no rádio era mais uma gravação de seu próprio filho! Paul optou por fazer uma versão bem fiel, embora colocasse também seu próprio estilo na sua versão. "I Lost My Little Girl" é uma canção dos primeiros tempos dos Beatles, quando eles ainda tentavam um caminho a seguir enquanto se apresentavam em espeluncas de Liverpool.

O primeiro clássico Beatle vem com a imortal "Here, There and Everywhere" do Revolver. Sem favor algum essa é certamente uma das melhores melodias escritas por Paul em toda a sua carreira. Ele a escreveu para o seu amor na época, a atriz Jane Asher (e naquela época todos os demais Beatles pensavam que eles iriam se casar!). Depois dela Paul faz uma pequena homenagem a Elvis Presley com "Blue Moon of Kentucky", lado B do primeiro single do Rei do Rock ainda nos tempos da Sun Records. Uma bela faixa, sem dúvida. "We Can Work It Out", "I've Just Seen a Face", "She's a Woman" e "Blackbird" estão na setlist para lembrar a todos que aquele que está no palco foi uma das metades mais importantes do melhor conjunto de rock da história, os Beatles. Nada mais justo. O curioso é que Paul evitou os grandes hits da banda, escolhendo músicas mais periféricas do repertório do grupo. A única exceção talvez seja a linda "And I Love Her" que foi um grande sucesso na época de "A Hard Day´s Night". Essa foi outra que Paul compôs para Jane. Já "San Francisco Bay Blues" é uma inédita, nunca antes gravada por Paul, nem em estúdio e nem ao vivo. A representante blues do álbum. Sua fase no Wings também não poderia ser esquecida e Paul acabou escolhendo duas faixas dessa época, "Every Night" e "Junk". Mais uma vez nenhum hit, apenas belas músicas que foram subestimadas injustamente em seu lançamento original. Como eu escrevi o repertório é muito bem escolhido, selecionado e criterioso. Há o lado bom para o ouvinte do CD, mas também é interessante notar que não foi uma seleção musical para levantar o público para cantar junto! É uma lista de canções para especialistas e não para as massas - e talvez por isso Paul nunca mais o tenha repetido em suas grandes apresentações de estádios, por exemplo.

Título: Unplugged (The Official Bootleg)
Artista: Paul McCartney
Ano de Lançamento: 1991
Gravadora / Selo: Emi / Parlophone
Produtor: Joel Gallen, Geoff Emerick

Paul McCartney - Unplugged (1991)
Be-Bop-A-Lula
I Lost My Little Girl
Here, There and Everywhere
Blue Moon of Kentucky
We Can Work It Out
San Francisco Bay Blues
I've Just Seen a Face
Every Night
She's a Woman
Hi-Heel Sneakers
And I Love Her
That Would Be Something
Blackbird
Ain't No Sunshine
Good Rockin' Tonight
Singing the Blues
Junk

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Paul McCartney - All The Best

Paul McCartney foi um grande criador de hits após a separação dos Beatles. Para quem ainda tem dúvidas sobre isso eu aconselho a adquirir esse “Paul All The Best” com os maiores sucessos de sua carreira solo. Não é apenas força de expressão, eu me lembro muito bem que bastava ligar o rádio nas décadas de 70 e 80 para ouvir Paul tocando insistentemente em todos os programas. Ele criou de fato grandes sucessos radiofônicos e a sua música estava realmente no ar, tocando em todos os lugares e para todos os públicos. Olhando para a extensa discografia de Paul McCartney duas coisas chamam a minha atenção. A primeira é que durante os primeiros vinte anos de sua carreira solo Paul lançou pouquíssimos discos ao vivo (para falar a verdade lançou apenas um, “Wings Over America”). Era de certa forma uma sequência do que havia acontecido nos próprios Beatles que nunca lançaram um disco ao vivo oficial, mesmo o grupo tendo atravessado o mundo várias vezes em excursões de sucesso. Outra característica marcante é que Paul, em seus primeiros anos, também lançou poucas coletâneas oficiais, de fato lançou apenas uma única reunião de sucessos, o álbum “Wings Greatest” de 1978.

Dessa forma esse “All The Best” é outra exceção na discografia do cantor e compositor. Eu particularmente nunca gostei de coletâneas de sucessos. Prefiro os discos oficiais com todo o repertorio à disposição do ouvinte. Trabalhos que reúnem apenas os grandes sucessos sempre trazem uma visão muito superficial do artista. O ideal é realmente ir descobrindo tudo aos poucos, de forma gradual, inclusive com as canções obscuras que não fizeram sucesso ou que foram completamente ignoradas. De qualquer modo nem todos tem tempo ou interesse para isso. Já outros simplesmente querem ter apenas um álbum do cantor em sua coleção. Para esses eu aconselho ainda hoje esse título, mesmo após todos esses anos. Na era do vinil ele foi lançado como álbum duplo, com encartes de luxo e belíssima direção de arte (ainda tenho em minha coleção essa preciosidade). Aqui o disco capta os anos de maior sucesso de Paul. São hits e mais hits, provando o legado de sucessos do cantor. De inédita apenas as ótimas faixas “Once Upon a Long Ago" (uma sonoridade maravilhosa que ganhou um clip marcante) e a infantil “We All Stand Together” (que tem um lindo arranjo orquestral). Ouvindo esses registros – aliados a todos os seus grandes sucessos – não podemos deixar de ficar admirados com tanto talento e criatividade musical. Acredito que esse é o grande diferencial de Paul McCartney como artista. É um músico que nunca teve medo de arriscar e transitar em todos os estilos musicais, até mesmo em músicas infantis. Nem preciso falar também de suas peças compostas para grandes orquestras.  Então fica a recomendação caso você queira ter apenas um disco do ex-beatle em sua coleção de CDs com o melhor de sua carreira solo. Não é o ideal para um talento do nível de um Paul McCartney mas...

Paul McCartney – All The Best (1987)
Jet
Band on the Run
Coming Up
Ebony and Ivory
Listen to What the Man Said
No More Lonely Nights
Silly Love Songs
Let 'Em In
C Moon
Pipes of Peace
Live and Let Die
Another Day
Maybe I'm Amazed
Goodnight Tonight
Once Upon a Long Ago
Say Say Say
With A Little Luck
My Love
We All Stand Together
Mull of Kintyre

Pablo Aluísio.

Paul McCartney - Press To Play

Depois dos ótimos discos "Tug Of War" e "Pipes of Peace" Paul McCartney deu continuidade em sua carreira nos anos 80 lançando em 1986 o álbum "Press to Play". Eu me recordo que o disco foi esperado com grande expectativa pelos fãs do ex beatle. O fato é que nos anos 80 Paul conseguiu emplacar vários hits inesquecíveis e formou parcerias musicais extremamente produtivas ao lado de artistas como Stevie Wonder e Michael Jackson. Além do sucesso nas paradas musicais Paul também vinha apresentando uma ótima sequência de excelentes clips promocionais para suas canções.

Dessa forma tudo soava a favor de seu novo lançamento, que chegaria ao mercado bem no auge de sua popularidade na carreira solo. O primeiro clip promocional do disco foi vinculado no programa Fantástico da Rede Globo (não existia ainda a MTV em nosso país) e mostrava um cantor bem à vontade pegando carona no Metrô de Nova Iorque. Era de certa forma um videoclip bem mais simples e modesto do que o material que vinha sendo apresentando antes, mas cumpria sua meta de promover o novo disco que estava para ser lançado. A canção era muito boa e tinha bom ritmo. Além disso trazia uma novidade para o nosso país: a participação talentosa do guitarrista brasileiro Carlos Alomar. Na mesma semana o disco finalmente foi lançado no Brasil.

Provavelmente eu fui uma das primeiras pessoas a comprar o disco no Brasil já que o adquiri quando ele literalmente chegou nas prateleiras. Naquele momento só conhecia mesmo "Press" que já vinha tocando regularmente nas rádios brasileiras com extrema habitualidade. Era um novo sucesso de Paul, não restava dúvidas. A direção de arte da capa de "Press To Play" era de extremo bom gosto, uma foto tirada com o mesmo equipamento usado na era de ouro de Hollywood na década de 30. Por isso a capa possui todo esse charme retrô e vintage que lhe caía muito bem. O álbum apesar de não ser duplo vinha com dupla capa, sendo que em seu interior Paul colocou dois desenhos com as respectivas fichas técnicas de forma esquematizada. Se a parte gráfica era excelente, a musical deixou a desejar.

Confesso que a primeira audição do disco me causou certa decepção. De primeira mão só consegui encontrar 3 faixas fortes no disco: Stranglehood (muito bem arranjada com inspirada execução de cordas), "Only Love Remains" (uma das mais belas baladas românticas de Paul na era pós Beatles, com lindo arranjo de piano) e a própria "Press" (com uma sonorização diferente da versão que saiu nos EUA - muito superior na minha opinião). As demais músicas do disco não ficavam à altura das expectativas. Paul chegava inclusive a requentar velhos arranjos de seu passado como os que tinha utilizado em "London Town" (na parte falada do disco "spoken word"). Também não havia nenhuma parceria digna de maior nota no restante do álbum (seu trabalho ao lado de Eric Stewart não foi muito bom na minha opinião).

O fato é que Paul formou uma banda nova para o disco, chamando músicos talentosos mas o resultado final ficou abaixo do que se esperava. O disco também não correspondeu muito bem nas paradas pois das demais músicas apenas "Only Love Remains" ganhou algum destaque, sendo promovida inclusive com um bonito videoclip (o segundo e último do disco). O LP também trazia uma sonoridade que tentava se comunicar melhor com os arranjos mais em moda dos anos 80 com farto uso de sintetizadores, o que causou o efeito oposto com o tempo o deixando bem datado hoje em dia.

Atualmente o disco está meio esquecido. As músicas não estão entre as mais populares de Paul e ele ignorou completamente o disco em suas apresentações ao vivo. "Press to Play" no final das contas demonstra que até mesmo os grandes nomes da música possuem seus momentos "menores". O fato é que depois da pouca repercussão do disco Paul acabou deixando de lado discos mais produzidos como esse para alcançar novos limites e tentar novas idéias para sua carreira, lançando, por exemplo, um disco "pirata" na União Soviética e gravando um belo trabalho ao lado de Elvis Costello (Flowers In The Dirty) para fechar com chave de ouro a década de 1980. Mas essa é uma outra história...

Paul McCartney - Press To Play (1986)
STRANGLEHOLD
GOOD TIMES COMING/FEEL THE SUN
TALK MORE TALK
FOOTPRINTS
ONLY LOVE REMAINS
PRESS
PRETTY LITTLE HEAD
MOVE OVER BUSKER
ANGRY
HOWEVER ABSURD

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Paul McCartney - Pipes Of Peace

Um dos grandes sucessos de Paul na década de 80, naqueles que foram alguns dos anos mais criativos de toda sua carreira. Aqui Paul segue com a fórmula que havia dado muito certo em Tug of War, ou seja, reunir-se a um grande nome da música com produção do maestro George Martin, seu produtor mais constante desde a época dos Beatles. Se em Tug of War tínhamos a presença muito especial de Stevie Wonder aqui Paul resolveu trazer nada mais, nada menos, do que o auto proclamado Rei do Pop, sim ele mesmo, Michael Jackson. Foi uma via de mão dupla,. Jackson participou de Pipes of Peace e em contrapartida Paul deu às caras no fenomenal disco Thriller (na ótima faixa “The Girl Is Mine”). Em Pipes of Peace Michael Jackson participa de duas excelentes canções, a simpática "Say, Say, Say" e a baladona "The Man". Ambas as músicas foram assinadas por Paul e Michael. Infelizmente a parceria bem sucedida não duraria muito pois Paul e Michael se desentenderam depois por causa da venda dos direitos autorais da discografia dos Beatles. Paul queria comprar mas Michael lhe passou a perna e as comprou antes, deixando Paul desolado. Sobre o acontecimento Jackson resumiria tudo com a seguinte frase: "Amigos, amigos, negócios à parte". Nunca mais voltaram a trabalhar juntos embora as regras de boa educação fizessem com que nas eventuais vezes que se encontraram se tratassem com a devida cordialidade.

Além de Michael Jackson, Paul resolveu formar uma nova banda para as gravações, formação essa que eu pessoalmente considero das melhores: Ringo Starr (dispensa maiores apresentações), Denny Laine (do Wings), Eric Stewart (ex-10cc) e Stanley Clarke.(um instrumentista excepcionalmente talentoso). Tantos talentos juntos geraram um excelente álbum com músicas excepcionais como a própria música título, "Pipes of Peace", que ganhou um dos melhores videoclips da carreira de McCarntey. Passada na I Guerra Mundial a estória relembra um pequeno evento, baseado em fatos reais, que aconteceu quando dois exércitos inimigos resolveram bater uma bolinha nos campos enlameados do front durante uma trégua. Paul inclusive surge dos dois lados, como um inglês e um alemão. Extremamente bem produzido o clip até hoje é lembrado, tal sua qualidade. A música "Say, Say, Say" também virou um videoclip bastante divertido com Paul e Michael interpretando charlatões no século passado. A canção se tornou o carro chefe do disco e foi lançada em single que trazia uma estranha capa com Paul e Michael com pernas enormes, realmente desproporcionais. 

No lado B "Ode a Koala Bear", uma musiquinha muito simpática e bem arranjada. Um fato curioso é que Paul na época da gravação desse disco estava muito envolvido no projeto para um musical a ser lançado no cinema. Assim as coisas ficaram meio atropeladas. Tentando ganhar tempo Paul acabou incluindo várias composições que iriam entrar em Tug Of War mas ficaram de fora do disco como "Keep Under Cover", "Hey Hey", "Tug Of Peace" e "Sweetest Little Show". Talvez por essa razão "Pipes of Peace" ganharia uma injusta fama de ser uma “sobra” de "Tug of War". Tal forma de pensar é bem injusta pois o álbum apesar de sofrer influências do disco anterior certamente tem identidade própria. No final o disco fez sucesso, e apesar dos pesares conseguiu emplacar nas paradas, chegando a vender 1 milhão de cópias apenas nos EUA. O sucesso prosseguiu em vários outros países conquistando vários discos de ouro e platina. Paul McCartney assim confirmava mais uma vez sua grande vocação para o sucesso.
  
Paul McCartney – Pipes of Peace (1983)
Pipes of Peace
Say Say Say
The Other Me
Keep Under Cover
So Bad
The Man
Sweetest Little Show
Average Person
Hey Hey
Tug of Peace
Through Our Love

Pablo Aluísio.

Paul McCartney - Tug Of War

Após a separação dos Beatles, Paul McCartney resolveu formar seu próprio grupo musical. Assim ele reuniu o músico Denny Laine e sua esposa Linda McCartney e fundou o Wings. Paul passaria praticamente toda a década de 70 promovendo o conjunto mas no começo dos anos 80 resolveu encerrar suas atividades. A partir daí ele próprio assinaria seus discos, assumindo definitivamente uma carreira solo. Tug Of War seria assim seu próximo projeto estritamente pessoal desde McCartney II em 1980. Porém ao contrário desse primeiro disco nos anos 80, que foi extremamente experimental, Paul iria desenvolver um disco bem mais produzido e feito para fazer bonito nas paradas. Para tanto chamou o produtor dos Beatles, George Martin, para conduzir as gravações. Paul tinha claras ambições de voltar a reconduzir sua carreira para o caminho do grande sucesso. Com Martin ao seu lado, Paul conseguiu produzir aquele que, muito provavelmente, foi seu melhor trabalho musical nos anos 80, Tug Of War.

Além da presença marcante de George Martin, Paul resolveu escalar um grupo de excelentes músicos para lhe acompanhar no projeto. Assim ele convidou Steve Wonder para participar (e dividir a autoria) em dois belos momentos do disco: What's That You're Doing? e Ebony and Ivory, essa última lançada em single de grande sucesso. Para homenagear suas raízes musicais trouxe o lendário cantor da Sun Records, Carl Perkins e com ele gravou uma das faixas mais deliciosas de Tug Of War, Get It. Stanley Clarke, famoso músico de jazz também se uniu ao grupo que ficou completo com a participação muito especial do ex-Beatle Ringo Starr. Como o disco foi gravado meses após a trágica morte de John Lennon, Paul resolveu homenagear seu antigo amigo e parceiro musical na linda faixa Here Today. A faixa título traria uma temática que seria depois desenvolvida no próximo trabalho de McCartney, Pipes Of Peace, e Ballroom Dancing se tornaria uma das mais conhecidas (e dançantes) faixas de toda a carreira de McCartney. Completando o LP, Paul ainda emplacou aquela que está entre algumas de suas mais bonitas melodias, Wanderlust. Em suma o disco é ótimo em qualquer aspecto que se analise.

Com ele Paul foi logo aclamado pela crítica e pelo público, fazendo com que o álbum logo se tornasse o mais vendido nas principais paradas musicais do mundo, como a Billboard e a NME (em ambas Tug Of War chegaria ao primeiro lugar). Esse grande sucesso comercial acabou colocando Paul em contato com Michael Jackson, que naquele mesmo ano desenvolvia seu fenomenal disco Thriller. Paul até mesmo participaria do disco do astro na faixa The Girl Is Mine e no ano seguinte lançaria um single ao lado de Michael, Say, Say, Say, mas essa é uma outra história...

Paul McCartney - Tug Of War (1982)
Tug of War
Take It Away
Somebody Who Cares
What's That You're Doing?
Here Today
Ballroom Dancing
The Pound Is Sinking
Wanderlust
Get It
Be What You See (Link)
Dress Me Up as a Robber
Ebony and Ivory

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Paul McCartney - McCartney II

Depois do fim dos Beatles, Paul McCartney resolveu formar uma nova banda. Juntou-se com sua esposa Linda (que não tocava nada) e com o talentoso Denny Laine e formou o Wings. Anos depois Paul explicaria que preferiu assim pois sempre fez parte de algum conjunto ao longo de sua vida e não sabia trabalhar de outro jeito. Também tinha receios de que seu nome sozinho não fosse comercialmente impactante ou viável (ora vejam só que absurdo!). Foi com os Wings que Paul atravessou toda a década de 70, lotando estádios mundo afora, conquistando discos e mais discos de ouro e criando um hit atrás do outro. Após a gravação do álbum “Back to Egg” Paul decidiu assumir de forma definitiva uma carreira solo. Jogou para o alto o conceito dos Wings e resolveu a partir daí assinar seus álbuns simplesmente como Paul McCartney. Os anos de glória pós-Beatles tinham lhe ensinado grandes lições, a melhor delas era que Paul poderia trabalhar muito bem sozinho, sem necessidade de ter que controlar um grupo de pessoas ao redor, muitas vezes com acessos de ego descontrolado. O vício de Denny Laine em drogas também contribuiu muito para Paul encerrar seu grupo. Por volta de 1980 ele sabia que o projeto de sua banda Wings estava enterrado de vez. Era o fim desse ciclo em sua carreira.

Assim logo no começo de 1980 Paul lançou seu novo disco, “McCartney II”. Qual foi a razão da escolha desse título? Muito simples, o primeiro álbum “McCartney” marcou seu rompimento com os Beatles. Era um álbum praticamente caseiro que Paul gravou em seu estúdio doméstico, onde surgia tocando todos os instrumentos sozinho. Em suas próprias palavras a ideia era simplesmente “gravar algo para tocar no toca fitas do carro durante as viagens”. “McCartney II” segue o mesmo caminho e a mesma filosofia de produção. Paul toca tudo, arranja tudo e obviamente canta e compõe todo o material. Se o primeiro álbum representava o rompimento dos Beatles, esse segundo marcava o fim dos Wings. O velho Macca sabia bem o que fazia. Apesar de sempre afirmar que o disco não tinha pretensão nenhuma, o fato é que ele era composto de excelentes faixas, algumas inclusive que se tornaram grandes sucessos na voz do ex-Beatle. O carro chefe era a simpática “Coming Up” que chegou a ser elogiada publicamente por John Lennon em uma entrevista.

Um feito e tanto para John que sempre soltava farpas em direção ao trabalho solo de seu ex-companheiro de banda. Já "Waterfalls" mostrava o lado mais romântico e melódico de McCartney. Canção linda que virou inclusive single em junho de 1980. Paul explicaria depois que a compôs pensando nas lindas paisagens naturais, como aquelas que são vistas em comerciais de estações de turismo. As demais faixas do álbum seguiam um lado mais experimental, com uma sonoridade bem diferente, que inclusive valeu ao disco o apelido de projeto “maluquinho” de Paul. O exemplo maior era justamente "Temporary Secretary", que mais parecia uma farra de estúdio do que uma gravação convencional. Mesmo assim o álbum virou sucesso e chegou ao primeiro lugar na Inglaterra, provando a Paul que o caminho a seguir era esse mesmo. De qualquer modo, mesmo com sua verniz alternativa, não há como negar o incrível charme que “McCartney II” possui. Um disco que se tornou um perfeito retrato desse novo artista que renascia mais uma vez em sua maravilhosa trajetória musical. 

Paul McCartney - McCartney II (1980)
Coming Up
Temporary Secretary
On the Way
Waterfalls
Nobody Knows
Front Parlour
Summer's Day Song
Frozen Jap
Bogey Music
Darkroom
One of These Days

Pablo Aluísio.

Paul McCartney - Back to the Egg

Eu sempre achei a ideia do grupo Wings sem muita lógica. Paul McCartney separou-se dos Beatles, provavelmente o melhor grupo de rock da história, e de repente surgiu no mercado com esse Wings. Nunca convenceu ninguém. Claro que a banda lançou algumas das melhores canções de Paul mas todos sabiam que era pura fachada. Em minha visão Paul ficou meio receoso de se colocar completamente solo no mercado e não dar certo, assim inventou o Wings como um escudo de proteção. Mas passados 10 anos do fim dos Beatles, Paul não precisava mais disso, ele tinha se consolidado plenamente, feito turnês maravilhosas e não precisava mais se esconder atrás dessas asas. Assim o Wings deu adeus como projeto e como grupo de rock. "Back to the Egg" é justamente isso, Paul dando bye bye a esse velho conceito que para falar a verdade nem pegou direito pois desde o começo dos anos 70 as pessoas se referiam aos discos como se fossem de Paul ou no máximo citavam os Wings como "o grupo do Paul McCartney". Certa vez li uma definição muito divertida sobre o conjunto que dizia "Wings: Paul McCartney e mais um grupo de ratinhos de laboratório dele fingindo serem colegas de banda". Cruel? Sim, mas bem perto da realidade.

Se fosse dizer qual realmente seria o núcleo básico do Wings diria que ele era formado mesmo apenas por Paul, sua esposa Linda e Denny Laine. Os demais membros era temporários, iam e viam de acordo com as necessidades de Paul. Isso, convenhamos não é grupo de rock nenhum, mas sim um mero nome comercial que esconde o fato de estarmos diante da carreira solo de Paul McCartney e seus vários músicos de palco e estúdio. Nada mais do que isso. Além dos habituais membros do Wings, prestes a desaparecer, Paul resolveu ainda chamar grandes nomes para tocar numa faixa super especial que ele havia composto chamada "Rockestra Theme". Entre os convidados estavam o mito David Gilmour do Pink Floyd (provavelmente o maior guitarrista de todos os tempos), Pete Townshend do The Who e dois membros do Led Zeppelin, John Paul Jones e John Bonham. Esse padrão de convidar grandes músicos se tornaria regra para Paul nos anos que viriam já que em pouco tempo ele estaria dividindo o microfone com gente como Michael Jackson e Stevie Wonder, com maravilhosos resultados. Eu considero "Back to the Egg" um dos melhores trabalhos de Paul onde hits convivem com faixas menos conhecidas. Infelizmente essa minha opinião não é compartilhada nem mesmo pelo próprio McCartney que numa entrevista anos depois afirmou que o disco era "super produzido demais", mostrando que se fosse mais simples seria de seu agrado. Deixe a modesta opinião de Paul de lado e conheça esse excelente momento de sua discografia nos anos 70, você certamente não irá se arrepender.

Paul McCartney - Back to the Egg (1979)
1. Reception
2. Getting Closer
3. We're Open Tonight
4. Spin It On
5. Again And Again And Again
6. Old Siam, Sir
7. Arrow Through Me
8. Rockestra Theme
9. To You
10. After The Ball/Million Miles
11. Winter Rose / Love Awake
12. The Broadcast
13. So Glad To See You Here
14. Baby's Request
15. Daytime Nighttime Sufferin*
16. Wonderful Christmastime*

* Incluídas no lançamento posterior em CD.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Paul McCartney - London Town

Paul McCartney formou o Wings após o fim dos Beatles e durante toda a década de 1970 gravou algumas de suas melhores canções. Esse "London Town" não é tão badalado quanto alguns de seus vitoriosos álbuns daquela época mas tem um charme muito especial. Paul tentou aqui capturar o que seria o autêntico som do pop / rock britânico. Ao lado de sua esposa Linda e Denny Lane, Paul quase chegou lá. O disco é bem produzido, não resta dúvidas mas tem um grave problema: é muito irregular. O que talvez explique essa montanha russa entre as faixas é a maneira caótica como o disco foi gravado. Paul sempre foi bem disciplinado em relação ao seu trabalho em estúdio mas como toda regra tem exceção London Town foi registrado numa bagunça incrível. O projeto foi inicialmente desenvolvido em Abbey Road mas depois o próprio Paul paulatinamente o abandonou deixando apenas duas faixas prontas. Depois de muito vai e vem ele retornou para finalizar o álbum mas a linha de conexão já havia se partido e assim durante quase um ano Paul foi terminando o disco no estilo "pinga pinga".

O Wings também sofreu baixas durante as gravações e por isso o disco soa hoje sem identidade. As faixas vão do belo ("London Town", "I´m Carrying", "With a Little Luck") ao medíocre ("Famous Groupies" e "Morse Moose And The Grey Goose"). De qualquer forma há preciosidades perdidas no conjunto como por exemplo a ótimo e injustamente desconhecida até hoje, "I've Had Enough". Uma faixa simples apenas com guitarra, bateria e baixo, como convém aos grandes rocks. Na minha concepção uma canção que poderia entrar facilmente em qualquer discos dos Beatles em sua primeira fase. A pegada é excelente - impossível não lembrar dos primeiros registros do quarteto de Liverpool ainda nos tempos do Cavern. Outra música injustamente esquecida é "Girlfriend" que ganharia um ano depois uma regravação com Michael Jackson em seu LP "Off The Wall". No mesmo lirismo juvenil encantador ainda há "Children, Children" - o típo de música que não vemos mais atualmente em discos atuais pois o cinismo reinante poderia facilmente as qualificar como "bobas" ou "pueris" demais.

O interessante de London Town é a ausência entre as faixas de um dos maiores sucessos da carreira de Paul: "Mull of Kintyre". Paul a lançou em single pouco antes de "London Town" chegar ao mercado e por uma decisão infeliz a deixou fora do álbum (na época ainda imperava certas estratégias de marketing antigas como o lançamento exclusivo em compactos para subirem rapidamente nas paradas). O fato é que "Mull Of Kintyre" vendeu tanto na época que acabou se tornando o single mais vendido na Inglaterra, um feito e tanto. Sucesso merecido aliás pois é de grande beleza sonora com rico e sofisticado arranjo tradicional. Não faz mal, anos depois Paul finalmente consertaria o erro e a incluiria entre as faixas de "London Town" na reedição do disco em Compact Disc. Antes tarde do que nunca! Em síntese poderia dizer que "London Town" apesar de sua irregularidade, consegue atingir um excelente nível em suas melhores músicas. Só isso já vale a audição com absoluta certeza.

Paul McCartney - London Town (1978)
London Town
Cafe On The Left Bank
I'm Carrying
Backwards Traveller
Cuff Link
Children Children
Girlfriend
I've Had Enough
With a Little Luck
Famous Groupies
Deliver Your Children
Name And Address
Don't Let It Bring You Down
Morse Moose And The Grey Goose

Pablo Aluísio.

Paul McCartney - Wings at the Speed of Sound

Esse album retratava de certa forma tudo o que estava errado com os Wings na época. Como se sabe esse foi um grupo criado por Paul após o fim dos Beatles. Por anos os críticos e até mesmo alguns fãs afirmaram que esse grupo de fato nunca existiu pois no fundo era apenas Paul e alguns músicos contratados para fazer cena com ele no palco. De fato o nome de Paul McCartney ofuscava qualquer outro membro do grupo a tal ponto inclusive que a maioria das pessoas sequer sabem o nome de algum integrante desse conjunto, fora obviamente Paul e Linda. Diante de tantas críticas McCartney tentou provar que o Wings era realmente um grupo musical de fato, pra valer. Assim abriu espaço nos discos para músicas e vocais aos demais membros. O problema é que, com todo o respeito aos demais músicos, nenhum deles sequer conseguia sair da sombra de Paul McCartney. As músicas eram fracas demais, as composições não empolgavam e os vocais só serviam para dar saudades de McCartney.
   
“Wings at the Speed of Sound” é o retrato disso. Existem dois grandes clássicos na seleção, todas obviamente de Paul McCartney. A primeira a destacar é também o maior sucesso de Paul nos Estados Unidos: “Silly Love Songs”. A canção foi composta como uma resposta bem humorada de Paul a uma crítica de John Lennon que havia declarado a um jornal americano que “Paul só sabia fazer baladas românticas”. Diante da “acusação” Paul escreveu essa bela balada onde ele perguntava o que afinal havia de errado nisso? Nem precisa dizer que a melodia é maravilhosa e seu refrão pegajoso grudou nas rádios americanas como poucas vezes foi visto. A segunda grande música do álbum é “Let 'Em In”. Aqui o ritmo é suave, quase sussurrado, numa bela faixa. Paul usou uma melodia recorrente, que vai e volta ao mesmo ponto várias vezes. Mesmo assim tudo soa muito agradável aos ouvidos. Infelizmente tirando essas duas lindas canções o que sobra é o abismo. Nada mais de memorável se salva, nem as canções escritas por Denny Laine e nem muito menos as de Jimmy McCulloch. E o que dizer da ridícula “Cook of the House” de Linda McCartney? Sem comentários. O fato é um só. Não há como competir com um talento como Paul McCartney. Se ele quis aqui provar que os Wings eram mais do que ele próprio o feitiço acabou virando contra o feiticeiro pois “Wings at the Speed of Sound”, o álbum, provou justamente o contrário do que ele pretendia.
 
Wings - Wings at the Speed of Sound (1976)
Let 'Em In
The Note You Never Wrote
She's My Baby
Beware My Love
Wino Junko
Silly Love Songs
Cook of the House
Time to Hide
Must Do Something About It
San Ferry Anne
Warm and Beautiful

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de novembro de 2011

Paul McCartney - Red Rose Speedway

Certa vez um famoso crítico de cinema americano afirmou que o auge de um diretor de cinema só dura no máximo vinte anos. Depois disso naturalmente ele começa a perder a mão para dirigir obras primas. No mundo da música acontece algo semelhante. Veja o caso de Paul McCartney. Acredito que ele foi brilhante durante os primeiros trinta anos de sua carreira, desde os tempos dos Beatles até mais ou menos o começo dos anos 1990. Depois disso Paul ainda realizou belos álbuns, mas falando francamente nenhuma obra prima surgiu novamente em sua discografia. Ele começou a gravar muitos discos ao vivo com seus velhos sucessos e deitou sobre as glórias passadas. Felizmente "Red Rose Speedway" pertence ao período em que seu auge criativo estava em grande forma. Paul, ainda jovem e curtindo a fama de seu tempo nos Beatles, emplacou uma série de sucessos maravilhosos durante os anos 1970. Seus discos tinham uma sonoridade incrível e logo se tornavam hits nas rádios - algo que hoje em dia não acontece mais. Talvez o fato de ter saído dos Beatles sem um tostão tenha impulsionado Paul em uma época ainda muito produtiva de sua vida. Como se sabe e como o próprio Paul esclareceu em entrevistas anos depois, ele teve que se lançar na carreira solo para ganhar dinheiro e deixar para trás as péssimas administrações das empresas que os Beatles fundaram, inclusive a Apple que se revelou um desastre em todos os aspectos.

Apesar da capa feia e sem noção (acredite, essa capa sempre foi horrível), "Red Rose Speedway" é muito bom musicalmente. Há verdadeiras obras primas sonoras assinadas por Paul em sua seleção musical, a começar pela linda "My Love" que, desculpe o trocadilho infame, foi composta em homenagem à Linda McCartney, a mulher que ficaria ao seu lado até sua morte trágica em 1998. Curiosamente o tom romântico e, para muitos, piegas de grande parte das músicas, acabou despertando o lado mais crítico de seu ex-parceiro John Lennon. Por essa época a relação entre John e Paul andava bem tensa por causa dos inúmeros processos que corriam na justiça após o fim dos Beatles. Perguntado por um jornalista de Nova Iorque sobre o novo álbum de Paul, John respondeu de forma nada cordial que o havia ouvido, mas que não tinha gostado por ser muito meloso, com letras enfadonhas e melodias repletas de pieguices. Para ele Paul havia se tornado um chatão insuportável. Chegou ao ponto de tirar onda afirmando que Paul se parecia a cada dia mais com Engelbert Humperdinck, um cantor inglês, considerado um brega por John e que só cantava músicas românticas açucaradas. Paul reagiu muito mal aos comentários sarcásticos de Lennon, mas depois levantou a cabeça e decidiu que iria mostrar ao seu ex-colega de banda seu real valor, coisa que certamente se confirmaria nos discos que viriam depois. Os melhores anos de sua carreira estavam prestes a começar.

Paul McCartney - Red Rose Speedway (1973)
Big Barn Bed
My Love
Get On The Right Thing
One More Kiss
Little Lamb Dragonfly
Single Pigeon
When The Night
Loup (1st Indian On The Moon)
Medley:
Hold Me Tight
Lazy Dynamite
Hands of Love
Power Cut

Pablo Aluísio.

Paul McCartney - Wild Life

É o primeiro disco do grupo Wings. É outro trabalho cru que seguia de certa forma o que os fãs de McCartney ouviram em seus dois primeiros álbuns solos. Sinceramente falando não sou muito admirador desse tipo de trabalho. Tudo soa meio disperso, sem muito capricho. Paul na época justificou afirmando que seria algo ao estilo dos últimos álbuns de Bob Dylan. Para a gravação Paul trouxe a primeira formação básica dos Wings, com o baterista Denny Seiwell e Denny Laine. As sessões foram rápidas, realizadas no estúdio Abbey Road, o mesmo dos tempos de Beatles. Como o material já havia sido devidamente ensaiado na fazenda de Paul na Escócia, tudo se resumiu a encontrar o take certo, sem muito esforço. Os Wings, afinal de contas, já estavam preparados para as gravações em Londres há bastante tempo. 

Paul também resolveu aproveitar algumas faixas que tinham sobrado das sessões de Ram como "Dear Friend", que era mais uma letra dirigida diretamente para o ex-parceiro de banda, John Lennon. Tentando amenizar as animosidades, Paul tentava com a simpática letra abrir um elo de reconciliação com John que o vinha alfinetando em seus últimos discos. "Wings - Wild Life" vendeu razoavelmente bem, chegando a ser premiado com o disco de ouro tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos. Mesmo assim não conseguiu se destacar nas paradas e nem trazer qualquer grande hit para a carreira pós-Beatles de Paul McCartney. A crítica por sua vez não gostou muito do resultado. Alguns o qualificaram de um "álbum de segunda categoria", uma reação normal ao trabalho de quem vinha do maior grupo de rock da história. Outros chamaram o disco de "inoportuno", "apressado" e "mal gravado". Uma sucessão de críticas negativas que trouxe à tona o fato do disco ter sido pouco produzido.

Paul McCartney pelo visto absorveu todas as resenhas que criticavam seu trabalho. Ele entendeu que não poderia mais se esconder atrás de discos que pareciam não ter coragem de enfrentar os grandes nomes da música de frente. Os primeiros trabalhos de Paul soavam inofensivos, descompromissados demais. Havia chegado a hora dele mostrar que ainda poderia gravar material de grande qualidade, discos para marcar a história da música. Os Wings iriam fazer parte dessa sua busca pelo retorno ao sucesso comercial e de crítica que havia se perdido depois de sua saída dos Beatles.

1. Mumbo (Paul McCartney / Linda McCartney) - Primeira faixa do álbum. Nada animadora para falar a verdade. Paul aposta numa energia contida, com um refrão ao estilo grito primal. Eu até simpatizo com esse tipo de vocal visceral de Paul (que está muito bem em faixas como "Angry") mas aqui a coisa parece não funcionar muito a contento. De bom mesmo apenas os ótimos solos de guitarra na segunda metade da canção. O órgão também não ficou muito bem inserido. Enfim, um roquinho para acordar o ouvinte mas que não consegue sair muito do banal.

2. Bip Bop (Paul McCartney / Linda McCartney) - Faixa engraçadinha e fofa que Paul escreveu para seus filhos, na época todos ainda na infância. Não resta dúvida que tudo é uma simpatia só, bem divertidinha, mas será que teria envergadura para entrar em um álbum da nova banda de Paul McCartney após sua saída dos Beatles? Acho que não era o momento para lançar algo assim, novamente tudo tão descompromissado. PS: se você gosta da música não deixe de ouvir a versão que foi lançada na trilha sonora do documentário "Wingspan: Hits and History" que conta com a participação dos próprios guris de Paul.

3. Love Is Strange (Baker / Smith) - Única canção do álbum que não foi composta por Paul e Linda (na verdade sabemos que Linda não participava ativamente da composição das canções, sendo uma cortesia carinhosa de Paul lhe dar os créditos das músicas). É em essência uma faixa instrumental, com pequenos trechos cantados em coro. Um canção boa para uma jam session enquanto o grupo vai afinando seus instrumentos mas nada mais além disso.

4. Wild Life (Paul McCartney / Linda McCartney) - A canção título do disco. Os arranjos estão todos datados, mas a melodia ainda soa muito bonita e atraente. Para falar a verdade a canção me lembra bastante do estilo musical dos primeiros discos do Pink Floyd, principalmente na fase imediatamente posterior da saída de Syd Barrett. Gosto de enquadrar esse tipo de composição em uma categoria própria a que chamo de "bucólico rural inglês". É bem por aí mesmo. Em suma, uma canção bonita mas em termos históricos dentro da carreira de Paul, pouco relevante.

5. Some People Never Know (Paul McCartney / Linda McCartney) - Uma bela balada que vem para levantar a qualidade artística do disco como um todo. Gosto bastante do arranjo baseado em violões e bateria, com leves incursões da guitarra elétrica. A letra também é inspirada, simples, direta, uma óbvia conversa entre Paul e Linda sobre relacionamentos adultos, longe dos anos turbulentos de uma juventude que já se foi.

6. I Am Your Singer (Paul McCartney / Linda McCartney) - Mais uma baladona do disco. Acho o ritmo e o arranjo com órgãos, estranhíssimos. Em termos de melodia é aquele tipo de canção que ameaça decolar mas que no final nunca sai do chão. De bom mesmo apenas alguns belos sons de flauta que vão desfilando ao longo da canção. Poderia ser bem melhor, mas fica no meio do caminho. 

7. Bip Bop Link (Paul McCartney / Linda McCartney) - Faixa puramente instrumental. Muita gente curte, embora em minha opinião a gravação, mesmo sendo bem realizada, soa como um mero tapa buraco, algo ao estilo "Não tenho mais nada para colocar aqui, então vou gravar alguma coisa para fazer volume no álbum como um todo".

8. Tomorrow (Paul McCartney / Linda McCartney) - Finalmente um bom momento do disco, acima da média. É uma canção escrita por Paul tendo novamente sua musa, Linda McCartney, como inspiração. Aqui, ao contrário de outras canções do disco, gosto tanto da melodia, como dos arranjos e da letra, que passa longe de ser mera uma mera banalidade. Uma bela faixa que nos faz lembrar do Beatle Paul dos bons tempos.

9. Dear Friend (Paul McCartney / Linda McCartney) - Outra que Paul fez pensando em John, embora negue até hoje que isso tenha acontecido. A letra tem apenas dois estrofes... um recado meio hermético, que fica complicado de entender o que realmente Paul estaria falando para John - provavelmente seria um daqueles recados que apenas eles entendessem melhor do que se tratava. 

10. Mumbo Link (Paul McCartney / Linda McCartney) - Como já não havia mais nada para colocar no disco Paul fecha os trabalhos com mais essa faixa instrumental do tipo tapa buraco, completamente desnecessária e sem importância. Em um disco de alternate takes ainda vá lá, mas em um álbum oficial?! Pura bobagem.

Wings - Wild Life (1971): Paul McCartney (baixo, vocais) / Linda McCartney (vocais, piano, percussão) / Denny Laine (guitarra, vocais) / Denny Seiwell (bateria) / Data de Gravação: agosto de 1971 / Local de Gravação: Abbey Road Studios, Londres / Data de Lançamento: Dezembro de 1971 / Melhor Posição nas charts: #11 (Inglaterra)  #10 (Estados Unidos).

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de novembro de 2011

Paul McCartney - Ram

Enquanto Paul brigava na justiça contra seus ex-colegas de banda, o selo Apple colocou no mercado o novo trabalho de McCartney. O título era bem diferente e a capa idem, com Paul segurando os chifres de um de seus carneiros na sua fazenda na Escócia. A razão de ser era que Paul havia composto a grande maioria das canções enquanto tirava férias nessa propriedade rural. Então para preservar o clima em que elas foram criadas ele resolveu trazer todo o conceito para dar nome ao álbum. Por essa época Paul já tinha o projeto de formar uma nova banda mas ainda não tinha decidido como isso seria feito, assim resolveu creditar o disco como sendo de Paul e Linda McCartney.

Embora as músicas tenham sido criadas no meio rural, bem no meio do campo, Paul resolve dar uma caprichada dessa vez em termos de estúdio. Resolveu que iria gravar tudo em Nova Iorque nos estúdios da Columbia, que naquela época oferecia o que havia de melhor em termos tecnológicos. A presença de Paul em Nova Iorque aliás parece ter incomodado John que passou a soltar farpas pela imprensa contra o ex amigo dos Beatles. Embora ainda não tivesse conseguido o tão cobiçado green card que lhe dava direito de viver e trabalhar nos Estados Unidos, Lennon considerava já naquela época a cidade como seu lar definitivo. De repente ter Paul McCartney rondando por lá parece ter incomodado bastante John.

Como os processos ainda estavam todos pendentes John começou a soltar indiretas em direção a McCartney nas letras de suas próprias canções. Paul ficou surpreso mas topou a provocação e também começou a mandar sutis ataques contra Lennon. A imprensa obviamente se esbaldou ao ver aqueles dois ídolos brigando publicamente e acirrou os ânimos em relação a eles. Apesar de ter levado na esportiva por um tempo Paul começou realmente a se incomodar e resolveu terminar as gravações de Ram, levando os tapes para Londres para que recebessem a mixagem final.

Ram chegou nas lojas em maio de 1971. Logo na primeira semana mostrou-se um verdadeiro sucesso de vendas mas a crítica torceu o nariz. Os americanos principalmente não conseguiram captar direito a mensagem de Paul e desmereceram seu disco como um todo, embora sobrassem elogios para uma ou outra faixa. Paul ficou meio decepcionado com a reação fria dos especialistas, o que talvez tenha aumentado sua vontade de formar um novo grupo que iria ser os Wings. De fato esse seria o último disco de Paul assinado apenas por ele mesmo por um longo período de tempo.

Também foi um dos raros em que resolveu gravar nos Estados Unidos já que preferia mesmo trabalhar em Londres. Paul também chegou na conclusão que produzir seus discos também não era uma boa ideia pois ele gostava de trocar opiniões sobre isso enquanto estava gravando. Assim começou a sentir a falta de George Martin, o maravilhoso produtor dos Beatles. Ele queria voltar a trabalhar com Martin mais cedo ou mais tarde. Em breve ele estaria com novo grupo musical no mercado e desejava que seus discos apresentassem uma sonoridade de primeira linha, tal como os álbuns maravilhosos que gravou com os Beatles. Os fãs não perdiam por esperar...

Vamos tecer alguns comentários sobre as músicas do álbum "Ram", começando pelo antigo Lado A do vinil (para matar as saudades dos nostálgicos em geral).

Too Many People (Paul McCartney) - Em entrevista John Lennon não perdoou Paul McCartney por essa música. Na visão de Lennon a letra da canção era uma provocação direta a ele! Será mesmo? Não penso que seja tão direta assim. Na canção Paul fala sobre pessoas que perdem a grande chance de suas vidas, a "quebrando em dois", ou em outras palavras, jogando fora aquele grande lance de sorte que acaba mudando a vida de uma pessoa (no caso John). Estaria mesmo Paul falando de John dizendo que ele jogara a grande chance de sua vida (os Beatles) fora? Vai da cabeça de cada um, Lennon se convenceu que sim mas Paul sempre negou qualquer ligação entre a letra, John e o fim dos Beatles. Para ele é apenas uma boa canção e nada mais.

3 Legs (Paul McCartney) - Se a música anterior dava tanta margem para interpretações diversas o que dizer de uma canção chamada "3 Pernas"? A letra chega a ser bucólica, sob uma viés de humor negro. Paul cita seu cachorro que só tem três pernas, coitado! E de se perguntar onde entraria a querida cadela Martha no meio disso tudo! A sensação mesmo é de estar no meio da fazenda de Paul na Escócia, o que aliás é bem adequado já que ele mesmo sempre disse que essas canções foram escritas enquanto estava de férias em sua propriedade rural por lá.

Ram On (Paul McCartney) - No começo mais parece uma gravação informal, um take alternativo qualquer, mas depois Paul entra com um arranjo bem rústico mas simpático. A letra é mínima, poucos versos. Parece uma daquelas musiquinhas compostas para cantar com a família depois do almoço de domingão. Sim, divertida.

Dear Boy (Paul McCartney / Linda McCartney) - Outra canção que John Lennon levou para o lado pessoal. No caso o tal "Dear Boy" seria ele mesmo! Como? John achava que os versos "Eu acho que você nunca soube, meu caro, o que você encontrou" e "Eu espero que você nunca saiba o quanto você perdeu" eram recados diretos a ele. No caso Paul estaria dizendo a John que ele nunca conseguiu entender o quanto os Beatles significavam não apenas para eles, mas também para o mundo inteiro. Nem ele tinha consciência do que teria encontrado ao entrar nos Beatles e nem o que havia perdido ao sair do grupo. Essa letra, ao contrário da outra, faz mais sentido sob o ponto de vista de Lennon.

Uncle Albert / Admiral Halsey (Paul McCartney / Linda McCartney) - Essa faixa foi composta em "homenagem" a um tio de Paul chamado Albert. O próprio Paul relembrou ele em uma entrevista dizendo: "Tio Albert era um bom homem. Nas reuniões de família ele sempre ficava caindo de bêbado e então começava a citar trechos da bíblia - todos errados! Era muito divertido". Talvez por ser tão pessoal acabou caindo nas graças do público inglês e virou o maior sucesso do álbum na Inglaterra. No resto do mundo não teve maior repercussão, apesar de seu belo arranjo e melodia.

Smile Away (Paul McCartney) - Em minha opinião a primeira faixa realmente forte do disco, com ótimo arranjo de guitarras e uma vocalização que chega até mesmo a me lembrar do Beach Boys em seus bons tempos. Um rock de primeira, sem dúvida. A letra é até bem trabalhada para um autêntico momento rocker do disco como esse. Gosto bastante dos solos de guitarra, do vocal de Paul, de seu grupo de apoio e dos arranjos em geral. Uma beleza.

Heart of the Country (Paul McCartney) - Faixa que abria o lado B do antigo vinil. Esse lado, temos que admitir, não é tão bom quanto o lado A. Isso se deve a uma certa dificuldade por parte de Paul em arrumar melhor a estrutura do disco - algo comum em artistas que começam uma carreira solo como ele naquele momento de sua vida. Essa música tem uma melodia engraçadinha, bem bucólica, que aliás combina muito bem com o clipe, onde Paul e Linda passeiam a cavalo, namoram na praia e brincam com Martha, a famosa cadela de Paul. Não gosto muito, mas confesso que é um momento simpático (embora inofensivo) do disco.

Monkberry Moon Delight (Paul McCartney) - Paul, com vocalização visceral, tenta trazer algum interesse nessa música obscura que hoje em dia está completamente esquecida. Os arranjos circenses me lembram vagamente dos dias de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" mas claro que vai um abismo de diferença entre os dois trabalhos. O refrão se torna um pouco cansativo depois de alguns minutos (a canção é extensa, uma das mais longas do disco). Não está entre os grandes momentos do álbum.

Eat at Home (Paul McCartney) - Gosto bastante do arranjo forte dessa faixa. O dueto entre guitarras ao fundo é seu ponto de interesse. A melodia também não aborrece, pelo contrário, me soa como uma das mais agradáveis de todo o disco - principalmente pelo pegajoso refrão. Essa foi gravada em Nova Iorque e nela podemos sentir a diferença que faz uma boa produção em uma gravação. O solo de Paul também faz toda a diferença do mundo. Deu origem a um single que só foi lançado no mercado inglês em setembro de 1971. Provavelmente a melhor canção do Lado B.

Long Haired Lady (Paul McCartney) - Mais um canção que mostra Paul em busca de uma sonoridade própria, longe dos Beatles. Aqui ele destaca mais uma vez os backing vocais de Linda (algo que em excesso enche um pouco a paciência, tenho que admitir). A garota da letra inclusive é Linda, obviamente.

Ram On (Paul McCartney) - É praticamente a mesma musiquinha do Lado A, com arranjo levemente diferenciado, mas com o mesmo Paul mandando ver no ukelele. Sem maior interesse.

The Back Seat of My Car (Paul McCartney) - Paul encerra "Ram" com essa interessante canção, muito bem arranjada e produzida. Muitos não gostam, acham a faixa excessiva, com arroubos melódicos por parte dele, mas não vejo assim. Não é das minhas melodias preferidas do disco mas mantém um desenvolvimento que de certa forma me lembra de gravações que Paul faria anos depois, como por exemplo, do disco "London Town". Aqui Paul contou com a participação da filarmônica de Nova Iorque, mostrando que ele estava disposto a caprichar na faixa. "The Back Seat of My Car" inclusive foi lançada em um single promocional em agosto daquele ano. Fecha bem o disco que é marcado por apresentar realmente altos e baixos em sua seleção musical.

Ram - Paul McCartney (1971) - Paul McCartney (vocais, baixo, piano, teclados, guitarra e ukelele) / Linda McCartney (Backing vocais) / David Spinozza (guitarra) / Hugh McCracken (guitarra) / Denny Seiwell (bateria) / Heather McCartney (Backing vocais) / Marvin Stamm (flugelhorn) / New York Philharmonic / Produzido e arranjado por Paul McCartney / Data de gravação: janeiro de 1970 - janeiro, fevereiro e abril de 1971 / Data de Lançamento: maio de 1971 / Melhor posição nas charts: # 2 (Billboard EUA) e # 1 (Inglaterra).

Pablo Aluísio.

Paul McCartney - McCartney

Esse foi o primeiro disco solo de Paul McCartney. Os Beatles estavam chegando ao fim e Paul usou esse material quase como um teste de mercado. Na verdade ele tinha certo receio de como seria sua carreira dali para frente. Havia muitas dúvidas e algumas delas soam absurdas hoje em dia. Por exemplo, Paul tinha certa dúvida se ele seria comercialmente viável sozinho. O que todos perguntavam é se Paul poderia dar certo como artista solo. Certo que nos Beatles ele havia sido simplesmente genial mas daria certo sem John, George e Ringo? Será que um disco inteiro apenas com Paul não se tornaria cansativo? Ele teria pique para segurar a onda durante um disco solo? Claro que hoje em dia todas essas perguntas soam sem propósito mas em 1970 elas pareciam bem reais e fortes. Esse primeiro disco de Paul ainda saiu pelo selo Apple. Havia muitos problemas contratuais, processos voando para todos os lados e McCartney lutava para sair das garras de Allen Klein, o desonesto empresário dos Beatles.

O resultado é um trabalho apenas mediano. Paul na verdade não deu 100% de si na gravação desse disco mas sim o jogou no mercado americano e inglês para sentir como seria a reação. No meio da confusão do fim dos Beatles o álbum acabou ganhando uma bela promoção grátis na imprensa e como todos queriam ouvir o primeiro disco solo de Paul McCartney ele acabou fazendo um grande sucesso de vendas. O problema é que também sofreu críticas que incomodaram Paul. Alguns especialistas disseram que o disco, apesar de algumas belas melodias, ainda soava muito cru e sem capricho! Era verdade. McCartney absorveu bem essas críticas e decidiu que era hora de montar uma nova banda de rock, afinal ele se sentia desconfortável de trabalhar sozinho. Para quem sempre havia pertencido a um conjunto isso era mais do que natural. Assim nasceu a ideia que iria germinar e dar origem aos Wings. Mas antes disso vamos tecer alguns comentários sobre as canções do álbum "McCartney" de 1970:

The Lovely Linda (Paul McCartney) - A carreira solo de Paul McCartney começa com essa baladinha em homenagem a Linda McCartney. A letra é tão simplória quanto a melodia, bem, diríamos, bucólica. Paul termina a canção com uma risadinha, bem no espírito descontraído de todas as faixas desse álbum. Despretensiosa sim, mas bem cativante.

That Would Be Something (Paul McCartney) - Essa é bem mais trabalhada, com ótima instrumentação. Paul obviamente toca todos os instrumentos. A canção começa com um belo dueto entre guitarra, baixo e violão. Ótimo arranjo. Só depois a batera entra mas mesmo assim bem timidamente. Perceba que a letra é mero pretexto para acompanhar a melodia. Paul aqui não se importou nem um pouco com o conteúdo da letra, preferindo se concentrar no arranjo.

Valentine Day (Paul McCartney) - Aqui temos uma faixa completamente instrumental. Paul faz experimentos, com destaque para os belos solos de guitarra que vai desenvolvendo ao longo da faixa. Tudo soa como mera improvisação. De certa forma a gravação parece mais uma jam session, uma forma de Paul conferir como ficaria a mixagem de todos os instrumentos depois que ele gravasse tudo separado. Curiosamente a faixa acaba de forma bem abrupta, tal como começara!

Every Night (Paul McCartney) - A primeira boa canção do disco. Aqui temos realmente Paul se empenhando em trazer mais uma daquelas baladas que tanto sucesso fizeram em seus anos como Beatle. A canção tem um maravilhoso refrão, altamente pegajoso, diga-se de passagem (tente apagar da mente, por exemplo, o "Ooh-ooh-ooh-ooh-ooh-ooh" para sentir como é complicado!). Na letra Paul diz que não quer saber de mais nada na vida a não ser ficar ao lado de sua amada a cada noite. Bonito!

Hot as Sun / Glasses (Paul McCartney) - O ritmo desse medley me lembra velhas canções escocesas do século XIX. É outra faixa instrumental totalmente baseada na linha melódica principal, formada de apenas algumas notas - para você entender como Paul era genial em suas composições. Além dos instrumentos de rotina Paul injeta um velho órgão em solos que dão a identidade à canção. Já "Glasses" tem uma linha de letra, sendo que seu arranjo me lembrou imediatamente de algumas gravações do Pink Floyd, o que mostra que Paul andava antenado com o que estava acontecendo na época.

Junk (Paul McCartney) - Uma das preferidas do próprio Paul. Essa ele queria gravar com os Beatles mas criminosamente a canção ficou fora dos registros da banda. Há uma gravação inclusive feita por Paul McCartney nos estúdios Abbey Road. O problema é que havia tantas canções geniais rodando durante as gravações dos discos dos Beatles que até obras primas como essa ficavam de fora. Como bem disse John Lennon o espaço de um LP era muito pequeno para tantos gênios musicais reunidos como os Beatles! Faltaria espaço certamente. Sem dúvida uma faixa maravilhosa.

Man We Was Lonely (Paul McCartney) - Outra preciosidade. Quando gravou esse álbum Paul disse que o tinha gravado para depois tocar no toca-fitas de seu carro, nada mais do que isso. Por isso tudo era tão despretensioso. Bom, após ouvir essa música pinta uma dúvida sobre se isso era de fato verdade. A gravação é ótima, muito bem arranjada e executada, com a ajudinha de Linda McCartney nos vocais de apoio. Paul também duplicou sua voz. O resultado é ótimo, uma gravação completamente profissional, nada amadora como Paul queria fazer crer!

Oo You (Paul McCartney) - Outra jam, bem experimental, diga-se de passagem. A guitarra surge forte, solando e duelando com outra mais ao fundo, um grande trabalho, principalmente para quem tocou todos os instrumentos sozinho (imagine a dor de cabeça para sincronizar tudo isso depois na sala de edição!). Nesse disco em particular Paul parece muito sedento em tocar vários solos de guitarra - estaria ele compensando os anos de Beatles quando tinha que dividir esse tipo de coisa com o colega George Harrison? É bem possível...

Momma Miss America (Paul McCartney) - Outra instrumental. É um rock com uma linha de melodia mais presente. Uma forma de Paul agitar um pouco as coisas no disco para que ele não ficasse muito cheio de baladinhas - coisa que faria John Lennon certamente pegar em seu pé! Outra faixa que traz um belo solo de guitarra Les Paul Gibson by Paul McCartney. Apesar de alguns pequenos espaços em branco considero uma bela gravação. Quatro minutos do mais puro rock ´n´ roll!

Teddy Boy (Paul McCartney) - Outra que quase entra no disco "Abbey Road" mas que foi deixada de lado por John Lennon que considerou a letra muito bobinha. De certa forma ele tinha uma boa dose de razão. A estorinha do garoto Ted parece ser um pouco forçada. No final a música foi salva pela ótima melodia e pelo arranjo primoroso escrito por Paul (embora eu particularmente implique um pouco com os vocais de apoio).

Singalong Junk (Paul McCartney) - A melodia é a mesma de "Junk", só que aqui imensamente melhor trabalhada. É outra faixa completamente instrumental. Paul a gravou pensando em lançar "Junk" como lado A de um single, com essa faixa vindo no lado B (algo bem comum na época). O arranjo aqui é fabuloso mesmo, muito rico e lindamente escrito. Para relaxar a mente do stress do dia a dia.

Maybe I'm Amazed (Paul McCartney) - O grande clássico do álbum. Essa Paul não deixaria para trás como as demais faixas do disco, a levando para seus grandes shows! Certamente um momento essencial nessa fase de sua carreira. Seu arranjo de piano e os vocais ora viscerais, ora ternos, além de um maravilhoso solo de guitarra, torna essa uma das melhores gravações de Paul McCartney em sua carreira. Obra Prima, sem a menor sombra de dúvidas.

Kreen-Akrore (Paul McCartney) - Para quem acha que Paul McCartney nunca gravou rock progressivo na carreira. Ora, basta ouvir essa faixa para entender do que se trata - Paul mandando ver no progressivo mesmo, com clara influência do Pink Floyd de cabo a rabo da gravação. Na época o registro passou despercebido, imagine você! Por essa e outras costumo dizer que se os Beatles tivessem levado a carreira em frente, eles teriam grandes chances de abraçar o progressivo, que queiram ou não, iria dominar as grandes bandas de rock dos anos 70. Era algo, em minha forma de ver, inevitável. O psicodelismo seria deixado de lado e os Beatles iriam certamente entrar em uma disputa com grupos como o Pink Floyd!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Paul McCartney

Paul McCartney está no Brasil novamente! Devo dizer que ele sempre foi meu Beatle preferido. Sou fã confesso do Macca (como seus fãs carinhosamente o chamam), e isso por várias razões, não só por ter assinado junto a Lennon algumas das melhores músicas já compostas mas também por ter uma carreira solo maravilhosa, com discos que nunca deixaram de tocar nas minhas caixas de som. Paul realmente é um talento fantástico, desses raros de se encontrar por aí. Aliás um dado curioso: meu primeiro vinil foi do Paul. Tive sorte nessa questão pois "Tug Of War" é um clássico absoluto da sua discografia e foi justamente com esse álbum que comecei a criar gosto por música e me interessei a criar esse hobby que jamais abandonei, a de colecionar discos (primeiramente os antigos bolachões de vinil e atualmente CDs).

Outro aspecto que sempre me levou a ser fã de Paul McCartney é a sua personalidade. Paul sempre foi o ponto de equilíbrio dentro dos Beatles. John Lennon era explosivo demais, George Harrison muito tímido e retraído e Ringo, ora, Ringão era apenas o baterista. Paul era o ponto que manteve o quarteto unido por anos. Viciado em trabalho era sempre ele o responsável a unir a trupe para novas gravações. Por isso caro colega beatlemaníaco agradeça a ele por termos tantas gravações do grupo. Existe até mesmo uma história muito engraçada sobre John realmente abismado com a capacidade de trabalho do parceiro.

Enquanto Lennon lutava para trazer duas ou três novas músicas para os discos dos Beatles, Paul já entrava em estúdio com oito ou dez canções prontas para gravação. Realmente, Macca literalmente nunca brincou em serviço. É um workaholic assumido. E o mais incrível é que ele simplesmente não abandonou essa característica nem com a chegada da idade, pois ainda atravessa o oceano para realizar concertos, como esse que está se realizando nesse momento em Porto Alegre.

Hoje tenho orgulho em dizer que tenho toda a discografia de Sir Paul McCartney. No mundo do CD isso facilitou e muito a aquisição de antigos álbuns, até mesmo porque ele próprio relançou toda a obra alguns anos atrás, mas nos anos 80 quando coloquei na cabeça de completar a coleção de Paul era bem diferente, tinha que fuçar em sebos atrás de discos dele dos anos 70, alguns em péssimo estado de conservação. Ainda bem que a tecnologia veio e mudou completamente esse quadro. Menos mal para um apaixonado por sua música como eu. Pretendo depois ir escrevendo um pouco mais sobre seus discos, suas grandes parcerias na carreira solo (Michael Jackson, Steve Wonder, Elvis Costello, entre outros). Acredito inclusive que esse cidadão ainda vai trazer grandes alegrias aos amantes da boa música por muitos anos ainda. Vida longa ao Macca!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

The Beatles - Os Reis do Ié, Ié, Ié

Se Elvis Presley podia estrelar um filme atrás do outro porque os Beatles não? Nos anos 60 apenas grandes nomes da música conseguiam estrelar seus próprios filmes. O filão foi aberto com os musicais de Elvis e quando os Beatles estouraram nas paradas de sucesso logo ganharam também sua série de filmes. O primeiro filme do quarteto foi justamente esse A Hard Day´s Night, que basicamente era uma sucessão de clips das músicas do conjunto. O filme não tem basicamente um roteiro, apenas cenas isoladas, algumas engraçadas, outras nem tanto, que tentam mostrar como seria a vida dos Beatles em um só dia.

Anos depois John Lennon diria que nunca foi a intenção dos Beatles se tornarem atores ou algo do tipo. O filme serviu apenas como meio promocional de suas canções, que estavam no auge da popularidade, liderando a chamada "invasão britânica". A trilha sonora vendeu horrores e foi totalmente composta pela dupla Lennon / McCartney. O filme serviu também para que o grupo fosse ainda mais promovido nos EUA, onde fariam uma turnê de excepcional sucesso ainda naquele ano.

Os Beatles ainda fariam Help (um filme sem pé nem cabeça, totalmente nonsense), Magical Mystery Tour (telefilme psicodélico), Yellow Submarine (consagrada animação) e finalmente se despediriam do cinema com Let It Be (documentário mostrando os ensaios e gravações do disco de mesmo nome). Ao contrário de Elvis, que se fartou de Hollywood, os Beatles tiveram uma despedida de gala da capital do cinema, vencendo o Oscar de melhor documentário por seu último filme. Nada mal para quem considerava Hollywood apenas um meio de divulgar suas músicas.

Os Reis do Ié, Ié, Ié (A Hard Day´s Night, Inglaterra, 1964) Direção: Richard Lester / Com John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr / Sinopse: A Hard Day's Night ou Os Reis do Iê, Iê, Iê como é conhecido no Brasil, é o nome do filme realizado pelo grupo de rock inglês The Beatles em 1964. Foi o primeiro filme realizado pelos Beatles e junto ao filme foi lançado um álbum com o mesmo nome. O cinema na época era grande divulgador de estrelas do rock. Inspirados em Elvis Presley, os Beatles viram no cinema mais uma maneira de promover sua música.

Pablo Aluísio.

The Beatles ‎- The Very Best Of The Beatles 1962-'64

Ficou muito bonita essa edição em vinil dos Beatles. O LP (sim, meus caros, o bom e velho Long Playing) traz uma seleção de alguns dos maiores sucessos dos Beatles bem no auge da Beatlemania, entre os anos de 1962 a 1964. O disco foi lançado em novembro do ano passado e segundo consta apenas 500 cópias foram prensadas para o mercado norte-americano. Pessoalmente tenho minhas dúvidas. Será que foram apenas essas poucas cópias? Se for verdade é realmente algo a se lamentar.

No mais vale uma informação adicional. O disco vem em vinil branco, muito bonito e de bom gosto. Essas edições novas de vinis sempre trazem esses mimos, como prensagem de cópias em cores alternativas, fugindo do preto padrão. Assim deixo o registro desse lançamento para os colecionadores brasileiros. É uma boa adição para qualquer coleção de discos dos Beatles. Em relação ao posicionamento do disco na discografia oficial dos Beatles eu diria que é um bootleg bem intencionado (será que isso seria possível?) trazendo mais uma leva de gravações do grupo na BBC, rádio de Londres. Aliás ao lado do projeto "Get Back" essas sessões dos Beatles na BBC foram as que mais disponibilizaram material para bootlegs em geral. Então é isso, ouça, divirta-se e bata palmas ao final da audição, afinal são os Beatles!

The Beatles ‎- The Very Best Of The Beatles 1962-'64 (2017)
Lado A:
1 - Love Me Do
2 - P.S. I Love You
3 - I Saw Her Standing There
4 - Misery
5 - Too Much Monkey Business
6 - I'm Talking About You
7 - Please Please Me
8 - Hippy Hippy Shake
9 - Twist And Shout

Lado B:
1 - A Hard Day's Night
2 - Things We Said Today
3 - You Can't Do That
4 - If I Fell
5 - Long Tall Sally
6 - From Me To You
7 - She Loves You
8 - I Want To Hold Your Hand
9 - Can't Buy Me Love.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

The Beatles - Live at the BBC

Eu gosto de afirmar que esse é o melhor material já lançado dos Beatles após sua separação. Esqueça o Anthology que nada mais era do que uma jogada de marketing, aqui sim temos os Beatles, no começo da carreira, joviais e com muita vontade de tocar e agradar aos ouvintes da prestigiosa emissora britânica BBC. Todas as faixas foram gravadas ao vivo em programas que os Beatles se apresentavam na emissora. Isso durou de 1963 até 1965 quando os Beatles se tornaram tão imensos que até mesmo a famosa rádio começou a parecer acanhada diante da grandiosidade que a banda havia alcançado.

Duas coisas logo chamam a atenção nesse material. O primeiro é o fato da BBC dar um programa especial para os Beatles. A emissora, considerada a principal da Inglaterra, sempre primou por uma programação bastante culta e sofisticada, preferindo a execução de música clássica, deixando canções do gênero pop e rock fora de sua grade de programação diária. Isso até os Beatles se tornarem tão populares a ponto da rádio mudar seus próprios conceitos para se adaptar aos novos tempos. Assim nasceram programas como Saturday Club, Pop Go The Beatles, Teenager's Turn, Here We Go, From Us to You entre outros, mostrando que até nesse aspecto os Beatles também foram pioneiros.

A segunda característica marcante de “Live at The BBC” é o próprio repertório dos Beatles nesses programas. Eles não se limitaram a tocar as canções de seus discos, pelo contrário, os Beatles de forma maravilhosa destilaram ao longo de todos aqueles anos tudo o que tinham ouvido e venerado em seus anos iniciais. Uma verdadeira aula do que havia de mais significativo em termos de Rock ´n´ Roll na época. Assim o ouvinte era presenteado com os Beatles tocando canções de Elvis Presley, Fats Domino, Carl Perkins, Buddy Holly, Chuck Berry, Little Richard e todos os cantores e grupos que na época faziam parte da galeria de ídolos do conjunto.

Algumas versões são simplesmente de arrepiar como por exemplo "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)" do primeiro álbum de Elvis pela RCA. Outras se destacam pela singeleza e harmonia que os Beatles deram a certas músicas como "Lonesome Tears in My Eyes" e "The Honeymoon Song", duas faixas que não foram obviamente escritas por Paul McCartney mas que eram a cara dele em tudo. No mundo dos bootlegs não oficiais o fã dos Beatles vai encontrar a íntegra de todas as músicas gravadas por eles na BBC mas isso é desnecessário. Esse CD duplo maravilhoso já traz o que de melhor havia da banda em seus anos na rádio inglesa. É um item charmoso, fino e que simplesmente não pode faltar em um coleção Beatle. Nota 10 com louvor!  

The Beatles - Live at the BBC (1994)
CD 1: Beatle Greetings / From Us to You / Riding on a Bus / I Got a Woman / Too Much Monkey Business / Keep Your Hands Off My Baby / I'll Be on My Way / Young Blood / A Shot of Rhythm and Blues / Sure to Fall (In Love with You / Some Other Guy / Thank You Girl / Sha La La La La! / Baby It's You / That's All Right, Mama / Carol / Soldier of Love (Lay Down Your Arms) / A Little Rhyme / Clarabella / I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You) / Crying, Waiting, Hoping / Dear Wack! / You've Really Got a Hold on Me / To Know Her Is to Love Her / A Taste of Honey / Long Tall Sally / I Saw Her Standing There / The Honeymoon Song / Johnny B. Goode / Memphis, Tennessee / Lucille / Can't Buy Me Love / From Fluff to You / Till There Was You

CD 2: Crinsk Dee Night / A Hard Day's Night / Have a Banana! / I Wanna Be Your Man / Just a Rumour / Roll Over Beethoven / All My Loving / Things We Said Today / She's a Woman / Sweet Little Sixteen / 1822! / Lonesome Tears in My Eyes / Nothin' Shakin / The Hippy Hippy Shake / Glad All Over / I Just Don't Understand / So How Come (No One Loves Me) / I Feel Fine / I'm a Loser / Everybody's Trying to Be My Baby / Rock and Roll Music / Ticket to Ride / Dizzy Miss Lizzy / Kansas City/Hey-Hey-Hey-Hey! / Set Fire to That Lot! / Matchbox / I Forgot to Remember to Forget / Love These Goon Shows! / I Got to Find My Baby / Ooh! My Soul / Ooh! My Arms / Don't Ever Change / Slow Down / Honey Don't / Love Me Do

Pablo Aluísio

The Beatles - Love Songs

Coleção das melhores músicas românticas dos Beatles. Eu conheço esse álbum de muitos anos. Ele na realidade foi lançado ainda na época do vinil e nunca foi considerado um disco da discografia oficial do grupo, que se encerrou, como todos sabemos, em 1970 com "Let It Be". Curiosamente na época dos discos de vinil eu nunca tive interesse em comprá-lo, isso porque como já tinha todos os discos oficiais do grupo sua aquisição realmente não era necessário, afinal de contas é apenas uma coletânea, com ótima capa e encartes, mas era apenas isso mesmo, um coletânea e como sempre fui muito reticente com esse tipo de lançamento simplesmente deixei de lado.

Os anos passaram, o vinil morreu industrialmente, e voltei a esbarrar no disco, agora em CD numa loja de produtos populares. Como estava em promoção resolvi adquirir finalmente. É a tal coisa, muitas vezes o lado fã fala mais alto do que a do estudioso da história musical. No final das contas não me arrependi. Em termos históricos o disco é bem bagunçado, misturando faixas de épocas diversas sem muito critério. A seleção musical porém é de arrasar. Ao ouvir esse álbum me lembrei de uma das últimas entrevistas de John Lennon. Em 1980 ele declarou: "Olhando para trás e ouvindo os discos dos Beatles fiquei com a impressão que Paul sempre fazia belas músicas de amor enquanto eu só surgia nos discos cantando rocks estridentes".

É bem por aí meu caro Lennon! Paul McCartney foi realmente o grande compositor das canções românticas dos Beatles - basta ouvir esse disco para bem entender isso. Interessante notar que quando o grupo acabou, Lennon acabou adotando uma postura bem mais apaixonada em suas criações, compondo ele próprio belas baladas de amor - todos dedicadas a Yoko Ono, claro. Ao que me consta John Lennon, ainda tomado por uma postura juvenil de "Eu sou roqueiro", sempre procurava inserir rocks nos discos dos Beatles para contrabalancear o romantismo de Paul. De uma maneira ou outra, "Love Songs" prova que nesse campo eles foram realmente excepcionais.

The Beatles - Love Songs (1977)
Yesterday
I'll Follow the Sun
I Need You
Girl
In My Life
Words of Love
Here, There and Everywhere
Something
And I Love Her
If I Fell
I'll Be Back
Tell Me What You See
Yes It Is
Michelle
It's Only Love
You're Going to Lose That Girl
Every Little Thing
For No One
She's Leaving Home
The Long and Winding Road
This Boy
Norwegian Wood (This Bird Has Flown)
You've Got to Hide Your Love Away
I Will
P. S. I Love You

Pablo Aluísio.