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sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Onda

Hoje em dia está tão complicado assistir bons filmes que quando encontramos algo realmente interessante logo nos empolgamos. Ultimamente tenho me dedicado a assistir muitos clássicos do passado e só de vez em quando procuro me atualizar sobre os filmes atuais. Uma boa surpresa dessa nova safra que está chegando em DVD agora no Brasil é justamente "A Onda", filme alemão extremamente interessante que levanta várias questões de relevância sobre a natureza do ser humano. O roteiro parte de uma premissa interessante: tentando atrair a atenção de seus alunos um professor resolve colocar em prática as aulas sobre "autocracia" que está lecionando. Para isso impõe para a sua classe todos os princípios e diretrizes que formam esse tipo de sistema ditatorial de Estado. Conceitos como disciplina, nacionalismo e ordem saem das páginas dos livros para se tornar parte do cotidiano de cada um dos alunos.

O problema é que embora utilizasse as bases da autocracia para que todos desenvolvessem um espírito crítico sobre o tema o tiro acaba saindo pela culatra e os jovens que formam seu alunado acabam tomando gosto pela coisa toda e invertem completamente seus valores, abraçando as ideias que deveriam criticar durante o curso que frequentam. "A Onda" é interessante pois demonstra que apesar de todas as lutas e todas as batalhas travadas contra regimes ditatoriais e fascistas ainda resiste no espírito humano as sementes que fizeram germinar coisas como o Nacional Socialismo (Nazismo) e o próprio Fascismo italiano. Como é brilhantemente exposto pelo professor tudo o que se precisa para que regimes autoritários voltem à ordem do dia é uma crise, um líder carismático, palavras de ordem, símbolos e uma ideologia de intolerância para que tudo volte a tomar forma.

"A Onda" demonstra como é fácil moldar e formar a mentalidade das pessoas mais jovens, bastando para isso reforçar a identidade do grupo e o espírito de união. Como o final trágico demonstra em pouco tempo a personalidade pessoal e individual é anulada em favor do grupo, do pensamento coletivo, por mais absurdas e obtusas que sejam as ideias que dão base a todo tipo de ideologia de força. Um filme que nos faz pensar sobre a atual conjuntura mundial, pois estamos vivendo atualmente um momento de crise econômica mundial, muito próxima do contexto histórico que fez com que homens como Adolf Hitler subissem ao poder supremo em seus respectivos países.

E por falar em ditaduras históricas: um dos fatos mais relevantes desse filme em particular é que ele foi inteiramente rodado na Alemanha atual. Maior simbolismo do que esse não há. O país que levou o mundo à II Grande Guerra enfrenta seu passado de peito aberto e com extrema sinceridade em um tema extremamente melindroso e perigoso. A grande lição que temos sobre o filme a "A Onda" é justamente esse. Se para muitos os fantasmas do nazismo e do fascismo estão inteiramente soterrados para outros nunca se deve baixar a guarda, pois a qualquer momento esse tipo de ideologia pode despertar e ganhar terreno rapidamente, principalmente entre os mais jovens. A natureza do ser humano jamais pode ser subestimada, tanto para o lado do mal como para o lado do bem. Assista "A Onda" e tire suas próprias conclusões.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de março de 2009

Elvis Presley - Protegendo o Rei

Título no Brasil: Protegendo o Rei
Título Original: Protecting the King
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Impello Films
Direção: D. Edward Stanley
Roteiro: D. Edward Stanley, Marty Poole
Elenco: Matt Barr, Greg Collins, Tom Sizemore

Sinopse: 
No palco Elvis Presley é adorado como um dos maiores ídolos da música de todos os tempos. Na vida privada porém é um homem torturado, traído pela esposa, cercado de parasitas, sem amigos, completamente viciado em drogas pesadas, que tenta manter seus vários problemas com dependência química longe da imprensa e do seu público. Rodeado por um grupo de guarda-costas que o protegem do mundo exterior ele vai caminhando rapidamente para um trágico fim.

Comentários:
O filme é baseado nos relatos de pessoas próximas a Elvis durante seus anos finais. Parte do material vem do famoso livro de guarda-costas que, demitidos, resolveram dar o troco a Elvis revelando aspectos de sua vida privada. O retrato do cantor aqui não é dos melhores. Presley é apenas uma sombra, um sujeito totalmente viciado que não consegue sequer ir ao banheiro sozinho. Quando não está nos palcos (também drogado) passa os dias trancado em seu quarto, sem ver a luz do dia, usando drogas ministradas por médicos de aluguel. Sempre dopado não consegue mais separar alucinações da realidade. Os fãs do cantor certamente vão ficar chocados pois o mito se revela em seu lado mais humano e auto destrutivo. Além das drogas pesadas o Elvis de "Protecting the King" é um pervertido, um maníaco e um sujeito violento que não pensa duas vezes antes de sair dando tiros a esmo. Ele trata mal as mulheres ao seu redor e não tem nenhuma consideração pela vida alheia. Sentiu o drama? Bem, vamos aos fatos. Em primeiro lugar é bom avisar que a produção desse filme não é boa. Tudo soa bem artificial e os atores são meras caricaturas. Desnecessário esclarecer, por exemplo, que o ator que interpreta Elvis exagera até o último grau, pois fica o tempo todo tentando ganhar o espectador nos maneirismos mas não consegue obter nenhum sucesso. No geral é realmente um filme fraco e sensacionalista ao extremo que não acrescenta em nada. Afinal de contas é complicado confiar na palavra de pessoas que foram empregadas do cantor e que depois de demitidas resolveram escandalizar o máximo que podiam. Melhor ignorar realmente.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

The Tudors: A Realeza nas Telas!

A monarquia britânica sempre esteve em alta nas telas dos cinemas e em programas de TV. Ultimamente porém tem aumentado e muito o interesse sobre as vidas das famílias imperiais da Europa e em especial da família real inglesa. Vários filmes e um seriado em especial tem reavivado o interesse na longa história dos reis e rainhas britânicas. Além de acompanhar The Tudors, recentemente assisti vários filmes enfocando o tema de forma brilhante: A Duquesa, A jovem Vitória e O Homem que não Vendeu sua Alma. Começando pela telinha, recomendo um dos melhores seriados atualmente intitulado The Tudors. Estrelado pelo ator Jonathan Rhys Meyers no papel de Henrique VIII, The Tudors é uma ótima produção que vem conquistando cada vez mais audiência na Europa e EUA. Como todos sabem o rei Henrique VIII representou como poucos o auge do absolutismo da monarquia na Europa. Irascível, tirano e perseguidor, Henrique entrou para a história ao romper com a Igreja Católica em seu país por uma questão pessoal o que o levou a fundar a Igreja Anglicana da Inglaterra.

O seriado agora se encontra na terceira temporada, no período posterior a morte de sua terceira esposa, Jane Seymour. As temporadas seguintes enfocaram a longa luta de Henrique para anular seu casamento com sua primeira esposa, Catarina, e contrair matrimônio com Ana Bolena, sua amante. A luta de Henrique contra a Igreja e o Papa, que se negou a anular sua primeira união, é analisada em detalhes, embora a série não seja 100% fiel aos fatos. A intenção dos produtores nunca foi mesmo a de ser historicamente impecável, apenas de contar uma bela história de amor e poder. Nesse ponto foram extremamente bem sucedidos, pois a série é bem recomendada até mesmo para quem nunca gostou muito de história na escola. Nesse caso o seriado pode muito bem ser encarado como um belo romance de época.

A mesma trama envolvendo a corte de Henrique VIII é também o foco do filme O Homem que não vendeu sua Alma. Embora a época do auge Tudor seja tratado de forma honesta o filme se perde um pouco ao analisar a história de Thomas More, o chanceler real, que se negou a romper com sua fé católica em favor de Henrique e que pagou caro por ter mantido firme sua posição. O filme foi premiado com o Oscar e é um marco da história do cinema, porém é um pouco superficial do ponto de vista histórico. Embora Thomas More sem dúvida seja um personagem cativante, que procurou manter firme suas convicções até o fim, o filme deixou de retratar o lado mais sombrio de sua biografia, pois é fato que ele mandou centenas de pessoas para a fogueira, principalmente luteranos. Ao invés de mostrar tanto o seu lado positivo como negativo, a narrativa se concentrou apenas no lado virtuoso de More, o que pode levar muitos a considerá-lo um tipo de mártir do catolicismo. A própria Igreja Católica inclusive ignorou esse lado mais obscuro e o canonizou em 1935. Enfim, por ser parcial demais o Homem que não vendeu sua Alma não é dos mais indicados para os que querem conhecer a fundo o período Tudor na história inglesa.

Para os que desejam algo mais ameno dois recentes filmes são altamente recomendados. O primeiro é A Duquesa. Aqui somos apresentados à história da Duquesa de Devonshire que é brilhantemente interpretada pela atriz Keira Knightley. Essa nobre é uma antepassada da própria Princesa Diana e ficou famosa pela intensa luta que travou em favor de vários direitos feministas. O filme é belíssimo, de encher os olhos com a maravilhosa produção de época. Nesse mesmo estilo temos ainda a nova produção de Martin Scorsese, A Jovem Vitória. A película mostra os primeiros anos de reinado da Rainha Vitória, que simbolizou para muitos o auge do Império Britânico e deu nome a toda uma era, a chamada Era Vitoriana. O filme em si é uma aula de bom gosto, lindos figurinos e impecável reconstituição de época. Ótimo. Em suma, ficam aí as dicas para quem deseja ter belos momentos de entretenimento e descontração com bastante estilo e elegância.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O Segundo Rosto

Ser galã pode se tornar um fardo. Que o diga Rock Hudson nos anos 60. O ator liderava todas as listas de popularidade e estrelava um sucesso após o outro. Ele estava no auge da popularidade em sua carreira no cinema. Foi então que em 1966 ele topou protagonizar um estranho roteiro de um filme mais estranho ainda dirigido por John Frankenheimer. Na verdade era a velha estória do galã tentando ser reconhecido como bom ator. O resultado foi o filme "O Segundo Rosto", um verdadeiro delírio cinematográfico que causou muita perplexidade na época de seu lançamento nos cinemas. O argumento é até simples: um homem de meia idade se cansa da mediocridade de sua vida e resolve mudar tudo, forjar sua morte, fazer uma cirurgia plástica e começar uma nova vida longe da anterior, tudo com a ajuda de uma estranha corporação.

Rock interpreta o personagem após a mudança de sua identidade. Embora possa soar banal a estrutura dramática do filme o que realmente se sobressai é a maneira que o diretor escolheu para contar essa estória. Imagens distorcidas, sonhos se mesclando à realidade, devaneios e muita metalinguagem psicodélica marcam de forma muito surreal o resultado que assistimos. Na verdade essa película é uma verdadeira ET dentro da filmografia de Hudson, que sempre procurou trilhar o mainstream, evitando correr maiores riscos. Até é claro aceitar fazer esse alucinado roteiro. No meio da esquisitice dois momentos são marcantes: A atuação de Rock numa longa sequência de uma festa (onde ele estava realmente embriagado para parecer mais convincente no filme) e uma celebração onde várias pessoas aparecem nuas num grande tonel de fabricação caseira de vinhos. Essa cena inclusive é muito ousada, principalmente para os padrões morais do cinema americano dos anos 60.

'O Segundo Rosto' foi lançado oficialmente em Cannes. Rock e o diretor esperavam uma grande recepção, uma consagração total na França mas o resultado final não agradou e no final da exibição o filme foi vaiado pelo público. Rock que tinha comparecido na premiere ficou visivelmente constrangido pela reação negativa da plateia. Ele inclusive diria mais tarde que ficou completamente transtornado pois tinha grandes esperanças em seu êxito, falando inclusive em uma potencial palma de ouro. A realidade porém se mostrou implacável. A péssima acolhida em Cannes acabou repercutindo nos Estados Unidos e lá o filme acabou se tornando também um dos maiores fracassos do ano. Talvez o público ainda não estivesse pronto para um filme tão inovador. Anos depois Rock defenderia "O Segundo Rosto", tanto que chegaria tardiamente a receber alguns prêmios por sua atuação. De certo modo ele tinha razão em considerar esse um de seus grandes trabalhos. O tempo lhe deu toda a razão. Hoje o filme tem status de "cult", é debatido em escolas de cinema e tem o reconhecimento (tardio) da crítica especializada. Também é uma boa pedida para quem quiser conhecer o lado mais fora do comum da cinematografia sessentista. Quem assistir verá que o filme pode até não agradar a alguns, nem entusiasmar a outros mas certamente não irá deixar ninguém indiferente a ele.

O Segundo Rosto (Seconds, EUA, 1966) / Direção de John Frankenheimer / Roteiro de Lewis John Carlino e David Ely / Elenco: Rock Hudson, Richard Anderson e John Randolph / Sinopse: Homem de meia idade decide passar por transformação plástica radical para recomeçar sua vida. O que não esperava é tal decisão traria consequências trágicas em sua vida pessoal.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de maio de 2007

O Que Terá Acontecido a Baby Jane?

O que se pode dizer ainda desse clássico absoluto? É um dos filmes mais importantes da carreira de Bette Davis. O fato é que o filme recebeu esse título de obra prima merecidamente. A dupla central de atrizes literalmente forma a espinha dorsal do filme. Embora Joan Crawford esteja muito bem, principalmente nas cenas em que relembra seu passado glorioso há muito perdido, é Bette Davis quem brilha. Levando sua atuação a um novo patamar, Bette Davis encarna a estranha personagem Baby Jane Hudson, uma antiga atriz, que foi muito popular quando criança, mas que depois que cresceu viu sua carreira fracassar. Ela é corroída pela inveja de sua irmã Blanche. Interessante notar que vem de longe a tragédia que envolve astros mirins como vemos no argumento desse filme.

O interessante desse filme é que Bette Davis e Joan Crawford realmente se odiavam na vida real. Elas competiam em Hollywood há décadas. O clima de rivalidade acabou dando origem a uma inimizade profunda entre elas. Não se suportavam. Nem a presença da colega era suportada. Isso obviamente ajudou no filme, já que suas personagens também não conseguem conviver em paz. Outro ponto digno de nota é que na vida real a pessoa mais perversa entre elas não era Bette Davis, mas sim Joan Crawford, dito por muitas pessoas dentro da indústria cinematográfica como completamente desequilibrada.

Em ternos de elenco de apoio quem está muito bem é o ator Victor Buono. Fazendo o papel de um adulto com mentalidade de criança, que ainda mora com a mãe, o obeso personagem dá um toque a mais de melancolia a um argumento já bem servido disso. Por fim a direção de Robert Aldrich é de excelente nível técnico, pois ele nem transforma o filme em um teatro filmado e nem tampouco deixa toda a situação cair na monotonia. Isso fica bem claro pois embora seja um pouco acima da média em sua duração, o filme não se torna cansativo, deixando o espectador sempre interessado no desenlace das situações. Enfim, um belo clássico que merece sempre ser revisto.

O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (What Ever Happened to Baby Jane?, Estados Unidos, 1962) Direção: Robert Aldrich / Elenco: Bette Davis, Joan Crawford, Victor Buono, Maidie Norman / Sinopse: Baby Jane Hudson (Bette Davis) era uma criança prodígio que fazia o maior sucesso cantando e dançando, mas que ao crescer, foi esquecida pelo público. Sua irmã Blanche (Joan Crawford) por outro lado se tornou mais famosa do que ela. Contudo, Blanche sofre um acidente , fica paraplégica e vai morar com a irmã que cuidará dela, mas sem deixar de lado uma nada sutil tortura psicológica com ela. Filme premiado com o Oscar de Melhor Figurino (Norma Koch). Também indicado nas categorias de Melhor Atriz (Bette Davis), Melhor Ator Coadjuvante (Victor Buono), Melhor Direção de Fotografia (Ernest Haller) e Melhor Som (Joseph D. Kelly).

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de maio de 2007

Rio Violento

Um filme clássico que une o talento de direção de Elia Kazan com a excelente performance de um grande ator como Montgomery Clift só poderia despertar muito o interesse dos cinéfilos. E foi justamente isso o que aconteceu com esse "Rio Violento". O filme procurava responder a uma questão extremamente pertinente: Até que ponto o progresso da sociedade justificava a mudança compulsória do modo de vida das pessoas? Qual era igualmente o limite de intervenção do Estado na existência das pessoas comuns? Até que ponto essa interferência era legítima ou legalmente justificável?

No filme Montgomery Clift (excepcionalmente bem) interpreta o personagem Chuck Glover, um agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar uma senhora idosa que mora em uma ilha no rio Tennessee. Ela se recusa a abandonar o local pois foi ali que nasceu e criou seus filhos, enterrou seu marido e viveu ao lado de negros libertos e demais moradores do local. Lutando por seus valores tradicionais e por aquilo que lhe é mais importante a senhora resolve enfrentar até mesmo o poder do governo americano. E isso obviamente criou uma disputa jurídica que iria repercutir em todo o sistema judiciário norte-americano.

O filme apresente um excelente elenco. Aliás essa sermpre foi uma característica marcante nos filmes de Elia Kazan. A atriz Jo Van Fleet está simplesmente maravilhosa. Interpretando a matriarca Ella Garth, ela tem duas grandes cenas que a fazem ser o grande destaque de todo o filme. Em uma delas explica ao personagem de Montgomery Clift a dignidade de quem viveu e trabalhou no rio Tennessee há gerações. Devo dizer que poucas vezes vi Clift ser superado em cena, mas aqui ele realmente foi colocado de lado, até mesmo pela força do texto que a atriz tem a declamar. Socialmente consciente, tocando em temas tabus para a época (como o racismo do sul dos Estados Unidos), "Rio Violento" é um dos melhores trabalhos de Kazan. Ele foi um diretor que via o cinema como algo a mais e não apenas um mero entretenimento. Por isso seus filmes sempre tinham alguma mensagem a passar ao público.

Rio Violento (Wild River, Estados Unidos, 1957) Direção: Elia Kazan / Elenco: Montgomery Clift, Lee Remick, Jo Van Fleet / Sinopse: Chuck Glover (Clift) é um jovem agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar um grupo de moradores de uma ilha no meio do rio Tennessee. As pessoas não querem ir embora de lá, deixando suas casas e sua história para trás. Porém é do interesse do Estado que elas deixem aquelas terras. Filme indicado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio. 

sábado, 12 de maio de 2007

Sublime Obsessão

O filme é um drama tipicamente dos anos 50. Achei tudo muito melodramático e pesado, sem nenhum traço de qualquer tipo de fina ironia ou algo do tipo. O argumento não suaviza para o espectador, assim se essa não for a sua praia é melhor nem assistir. "Sublime Obsessão" transformou o ator Rock Hudson em um astro. Fez grande sucesso de bilheteria e mostrou que ele tinha capacidade de atrair o público aos cinemas. O mais curioso é que ele só foi escalado porque a Universal estava com problemas financeiros e não tinha dinheiro para contratar um ator do primeiro time de Hollywood, assim teve que se contentar com a chamada "prata da casa" (Hudson era ator contratado da Universal, foi treinado e feito dentro do próprio estúdio, tudo ao estilo do antigo "Star System").

Devo confessar que a atuação de Rock no filme é apenas mediana. Ele, para falar a verdade, não era um grande ator mas simplesmente um galã, que se saía muito melhor em filmes mais leves como as comédias românticas que rodou ao lado de Doris Day. Aqui, principalmente nas cenas mais tensas, faltou um pouco mais de talento. Já a atriz Jane Wyman (primeira esposa do presidente Ronald Reagan) também não era lá essas coisas. Confesso que esperava mais de sua interpretação. Na maioria das cenas ela se limita a fazer o papel de "boazinha". Apesar da dupla central não estar à altura do que o roteiro exige, o filme não deixa de ser interessante. Para falar a verdade é bem didático assistir filmes antigos assim pois nos anos 50 ainda era possível realizar produções como essa, sem nenhum traço do cinismo que hoje impera na sociedade. Se você gosta da cultura vintage fique à vontade para curtir "Sublime Obsessão".

Sublime Obsessão
(Magnificent Obsession, Estados Unidos, 1954) Direção: Douglas Sirk / Elenco: Jane Wyman, Rock Hudson, Agnes Moorehead, Barbara Rush, Otto Kruger, Sara Shane, Gregg Palmer, Jack Kelly, Myrna Hansen / Sinopse: Um milionário irresponsável causa um sério acidente em uma mulher. Para se redimir ele tentar restaurar a saúde dela, se tornando especialista médico na área.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Os Desajustados

Esse foi o último filme completo da Marilyn. Ela ainda chegou a iniciar as filmagens de "Something s Got To Give" ao lado de Dean Martin mas o filme não foi concluído. Seus atrasos, faltas e confusões no set fizeram com que a Fox a despedisse no meio da produção. Pouco tempo depois, pressionada, abandonada e depressiva veio a encontrar sua morte em um quarto solitário de sua casa. Assim Os Desajustados se tornou seu último momento no cinema. Eu acho um filme triste, melancólico e depressivo até. Afirmam algumas biografias da estrela que Arthur Miller escreveu o conto que deu origem ao filme inspirado justamente na sua vida com a Marilyn. Os excessos da vida da atriz aparecem na tela, apesar de Marilyn Monroe ainda aparecer linda nas cenas, ela está bem acima do peso e abatida. Muitas vezes a atriz surge em cena com o olhar perdido no horizonte, sem convicção. Fisicamente ela também mostra sinais de desgaste. Numa cena de praia, por exemplo, em que ela aparece de biquíni a atriz exibe uma barriguinha bem saliente.

As brigas com o marido no set também foram constantes. Em certa ocasião deixou Arthur Miller abandonado no meio do deserto (onde o filme estava sendo filmado) se recusando a deixá-lo entrar em seu carro. O diretor John Huston teve então que voltar para ir pegá-lo, caso contrário morreria naquele lugar seco e inóspito. Marilyn também continuava com seu medo irracional dos sets de filmagens. Antes de entrar em cena ela ficava nervosa, em pânico. Errava muito suas falas e fazia o resto do elenco perder a paciência com suas atitudes. Seu medo de atuar nunca havia desaparecido mesmo após tantos anos de carreira. Interessante é que apesar de Marilyn não sair das revistas e jornais por causa dos acontecimentos ocorridos nas filmagens o filme não conseguiu fazer sucesso o que é uma surpresa e tanto pelo elenco estelar e pela publicidade extra que recebeu dos tablóides. Muitos atribuem o fracasso ao próprio texto de Arthur Miller que não tinha foco e nem uma boa dramaturgia. Aliás desde que se casou com Marilyn o autor parecia ter perdido o toque para bons textos. Tudo soava sem inspiração, sem talento. "Os Desajustados" também foi a última produção com o mito Clark Gable. Envelhecido e decadente sofreu bastante com os problemas do filme, o levando a um esgotamento físico e mental, vindo a falecer pouco depois. Acusada de ter contribuído para o colapso de Gable, Marilyn sentiu-se culpada e ganhou mais um motivo para sua depressão crônica. De qualquer forma só pelo fato de "Os Desajustados" ter sido o último filme de Monroe e Gable já vale sua existência. Não é tecnicamente um excelente filme mas está na história do cinema pelo que representou na vida de todos esses grandes mitos que fizeram parte de sua realização.

Os Desajustados (The Misfits, Estados Unidos, 1960) / Direção de John Huston / Elenco:: Clark Gable, Marilyn Monroe, Montgomery Clift, Thelma Ritter, Eli Wallach / Sinopse: Roslyn Taber (Marilyn Monroe) é uma mulher sensível, que está se divorciando. Gay Langland (Clark Gable) e um cowboy frio, que passou a vida pegando cavalos e mulheres divorciadas. Ela não aceita a captura de cavalos selvagens para virarem comida de cachorro, enquanto que ele não vê nada demais. No meio de tudo isto nasce uma paixão entre os dois.

Pablo Aluísio.