segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Estranho Caso das Sombras Eternas

Cap. I - A Chuva sempre é Eterna?
Yves Cloquet se considerava um bom cidadão francês que morava em Londres. Ele trabalhava como detetive particular em um pequeno escritório localizado na área menos nobre e bonita da cidade inglesa. Tempos duros, tempos complicados aqueles. Geralmente era contratado por homens desconfiados de suas esposas. Na maioria das vezes isso não levava a nada, outras vezes ele tinha que dizer aos maridos que eles estavam realmente sendo traídos. Era o momento em que a mera desconfiança virava convicção e fato verdadeiro. Era sempre o mesmo melodrama barato. Coisa irritante. Porém de tempos em tempos Cloquet era surpreendido por um caso interessante. Nesse leque estava casos de pessoas desaparecidas. Naquela cidade infernal não era incomum alguém simplesmente fugir de casa e nunca mais voltar.

Problemas emocionais, familiares, eram a rotina. A convivência em casa se tornava tão insuportável para certas pessoas que elas simplesmente iam embora. Na longa experiência do detetive esse era o principal motivo quando um jovem sumia de casa. Outra era de fundo passional. Geralmente jovens garotas apaixonadas por rapazes que não contavam com a aprovação dos pais. Ao invés de lidar com todo o stress desse tipo de situação, com brigas e mais brigas sem fim, era melhor pegar as malas, pular a janela do quarto de adolescente e ganhar o mundo. Simples assim, ir embora dava uma maravilhosa sensação de liberdade para todos esses jovens. Quem poderia culpá-los? A vida familair, a depender dos parentes de cada um, realmente pode se tornar algo intolerável. Melhor fugir, procurando ser feliz, do que viver dando desculpas a quem é especialista em fazer a vida dos outros uma existência infeliz.

Naquela manhã Cloquet saiu de casa sob chuva... novamente. A chuva em Londres parecia eterna. Nessa cidade cinza sempre parecia chover. O guarda-chuvas era item essencial para se sair de casa, só que naquela manhã o veterano detetive havia esquecido disso. Como não estava chovendo no momento que saiu de casa, pensou que seria um dia bonito, para aproveitar a manhã. Pensou errado. Naquela cidade a chuva parecia mesmo eterna. Calmamente ele então procurou por proteção numa banca de revistas localizada em Sidcup. Quem sabe dali em pouco o tempo poderia abrir novamente.

Ao passar os olhos nos jornais acabou lendo uma manchete que lhe chamou a atenção. Uma jovem de 16 anos de idade estava sendo dada como desaparecida. A segunda em três semanas. Mesmo biotipo, jovem, adolescente na verdade, loira, olhos azuis, um certo penteado, com cachos amarelos caindo sobre o rosto lindo. O que estava acontecendo? Havia um serial killer à solta na cidade? O que a polícia metropolitana falava? Basicamente nada. Eles não podiam tratar o assunto como assassinato porque não havia corpos. Sem corpos, sem crime. As meninas poderiam simplesmente ter ido embora como muitas outras delas. Afinal o romantismo estava no ar. Nada poderia ser mais romântico do que fugir com aquele que se considerava o "amor de sua vida". O que Yves nem desconfiava é que aquelas desaparecimentos iriam cruzar seu caminho naquela mesma manhã. Mal sabia ele o que estava por vir. 

Cap. II - O Caminho na Floresta
Na biblioteca de Londres, entre milhares de livros e arquivos empoeirados, tive acesso às cartas, ou melhor dizendo, aos relatórios do detetive Yves Cloquet. Esses textos, escritos pelas próprias mãos do detetive, traçam um painel amplo desse caso. A seguir passo a palavra para o protagonista dessa história. Reproduzo aqui os trechos mais importantes sobre suas investigações. Conforme fui lendo, fui me informando com todas as revelações produzidas por ele. Segue tudo em frente, leia, prezado leitor, assim como li, nas tardes chuvosas da capital inglesa. As páginas amareladas pelo tempo sempre possuem algo a mais para dizer. Surgem como fotografias reveladoras de um tempo que já não existe mais.

"Londres, 19 de setembro de 1820. Uma manhã que parecia não ser muito promissora. Era segunda-feira e pensei que sincertamente não haveria muito trabalho naquela semana. Meu último cliente havia encontrado na sexta. Mostrei a ele as provas que sua esposa o estava trando. Pobre diabo, ficou em frangalhos. A dor de ser corno bate realmente fundo no coração de alguns homens. Porém o que ele esperava? Era um próspero comerciante, com 55 anos de idade. Estava casado com uma mulher de 22, loira, seios fartos e bonita. Visual deslumbrante. Por baixo da beleza porém se escondia uma mulher vil. Antes de conhecer seu baixinho, careca e barrigudo marido, ela era conhecida por fazer boquetes nas esquinas dos piores bairros de Londres. Sim, era uma meretriz! Óbvio que só queria o dinheiro dele. Só que alguns homens solitários só pensam mesmo em seguir acreditando em suas próprias mentiras. Acaba com o doce cálice da decepção e da traição. Não há salvação.

Pois bem, caso resolvido. Ele era corno mesmo. Pelo menos me pagou direitinho. Estava com dinheiro no bolso, mas ser um profissional liberal é estar sempre pensando na semana seguinte. Algumas vezes havia trabalho e pagamento, outras vezes, não! Como sou solteiro, consigo sobreviver. Se tivesse filhos já teria me dado uma bala na cabeça. Fiquem solteiros, jovens. Os casados são meros escravos de suas mulheres. Muitos levam vidas desgraçadas!

Quando deu 10 da manhã estava eu em meu escritório já convencido que naquela manhã não iria aparecer nenhum cliente, mas para minha surpresa a porta se abriu. Entrou uma estilosa senhora querendo contratar meus serviços. Conforme ela me foi relatando o caso descobri, com admiração interna, nunca expressada externamente, que era o mesmo caso que havia lido nos jornais sobre uma garota de 16 anos de idade que havia desaparecido ao ir para a escola. Todo detetive anseia para que algum dia um caso como esse venha a lhe bater na porta. Isso porque de maridos cornos e mulheres vadias o mundo ja´estava cheio. Já procurar pelo paradeiro de um jovem donzela já era um desafio a mais.

Acertamos o valor do contrato, do meu trabalho e apertamos as mãos. Ela ficou meio reticente em pagar o valor que eu estava cobrando, mas entenda uma coisa, nunca subestime seus serviços e nem cobre menos do que vale. A valorização de um profissional começa por ele mesmo. Essa coisa de não se valorizar, de abaixar a cabeça, é o pior dos erros de um profissional que trabalha por conta própria. Saiba se valorizar.

De qualquer forma escrevi em um pedaço de papel as informações mais importantes sobre o caso. A menina se chamava Danielle Wilde. Desde o começo do ano ela ia para a escola sozinha, andando pelas ruas de Londres. Era o primeiro ano que isso acontecia. Sua mãe achava que já era hora dela ter alguma autonomia. Já era uma mocinha e dar seus primeiros passos rumo a uma vida independente poderia significar algo bom na vida da garota. A mãe só não poderia prever que essa opção bem intencionada iria se transformar em um verdadeiro pesadelo. Tal como a Chapeuzinho Vermelho que vai andar só na floresta e encontrava o lobo mau. Minha primeira providência seria percorrer a pé o caminho que ela fazia todos os dias indo para a escola. Esperava encontrar alguma pista do que havia acontecido."

Cap. III - Necromantes Fartos
"Percorri todo o caminho que a garota desaparecida havia feito. Ela entrou em pequenas ruelas que nem eu, agora adulto, entraria sozinho. Uns becos escuros, fendas entre casas, lugares realmente perigosos. Ali a criminalidade poderia fazer a festa, seguramente. Porém de todos os lugares por onde ela andou, um me chamou particularmente a atenção. Era uma casa voltada para práticas de algo novo que chamavam de espiritismo. Uma estranha crença que pregava o contato entre vivos e mortos, por mais estranho que isso poderia parecer. Como tenho faro de detetive acuçado vi que aquele lugar - ou melhor dizendo, aquela casa - poderia me colocar em alguma pista segura. E foi mesmo um tiro certeiro.

Fui recebido por um senhor gordo, de bigode. Ele se apresentou como senhor Hippolyte, mas em seu meio era mais conhecido como Mr. Kardec, Allan Kardec. Para minha surpresa era francês, o que me trazia uma vantagem pois poderíamos conversar em meu idioma natal. Eu me apresentei e disse que era um detetive particular. Vi uma sombrancelha de desconfiança em seu olhar. Ele parecia ter um certo receio de lidar com investigadores em geral, tanto os da polícia metropolitana, como os da iniciativa privada como eu! Isso me acendeu o sinal vermelho. Geralmente pessoas que se sentem desconfortáveis com alguém que representa a lei, mesmo que indiretamente, poderia significar que escondiam alguma coisa. Em sua presença pude perceber muitos cacoetes de um autêntico e legítimo charlatão, um desses gatunos que ganham dinheiro enganando os outros.

Quando disse a ele que eu era um detetive particular seu semblante mudou. De bondade e simpatia foi para introspectivo e carrancudo. Certamente não gostava da minha presença ali. Disse a ele que estava investigando o desaparecimento de uma menina que passou por ali. A partir dali o que era descontentamento logo virou raiva incontida. Ele praticamente se ofendeu - estaria eu desconfiado dos membros do tal espiritismo? Naquele momento nem eu mesmo poderia ter uma resposta definitiva. De qualquer maneira após esse breve contato inicial ele se retirou da minha presença. Disse que estava atrasado para um compromisso, que não tinha tempo e todos os clichês que já bem conheço.

Intrigado, resolvi puxar a ficha dele, para saber quem era aquele sujeito. Ele tinha largado sua profissão original - era professor infantil - para se dedicar à publicação de livros. O tema era sempre o mesmo, o tal do espiritismo. Ele dizia que pessoas conhecidas como médiuns, tinham a capacidade de falar com pessoas falecidas. Claro, achei tudo uma balela incrível. Já tinha lidado com charlatães antes em minha vida e conhecia o modo de agir deles. Muitas vezes o alvo eram pessoas fragilizadas pela morte de alguém próximo. Essas pessoas estavam dispostas a pagar e comprar qualquer coisa que lhes traziam algum conforto espiritual e mental. Era algo também típico de seitas. Eu não comprei aquele jogo de cena. Decidi que iria colar no pé daquelas pessoas.

Fui ter com um padre, velho amigo da minha família. Fui na intenção de perguntar-lhe sobre aquela nova crença. O Padre John me disse que teologicamente o espiritismo era uma coisa terrível, uma blasfêmia perante os olhos de Deus. Isso porque as escrituras sagradas, também conhecida como Bíblia, negava essa possibilidade e dizia em seu texto que o contato de mortos e vivos era uma afronta a Deus. Ora, quem em sã consciência iria cometer um ato desses? Seguramente pessoas que não estavam procurando pela luz de Deus. Eles queriam mesmo era a experiência de cavucar sepulturas, entrar em contato com mortos, chafurdar nas covas. Essa gente era adepta da necromancia!

O Padre me explicou que o espiritismo era apenas um nome bonitinho para o velho e conhecido ocultismo. No passado muitos rituais de contato com mortos faziam parte da doutrina de várias religiões do antigo paganismo europeu oriental. Os praticantes dessas seitas cultuavam a natureza, as plantas, as árvores, o sol, a água dos lagos. Eles também faziam cultos no meio das florestas. Perguntei por rituais de sacrifício humano, de morte de meninas virgens, algo que já tinha ouvido falar antes. O padre me confirmou tudo. Aquele tipo de coisa, de sacrifício humano também fazia parte do pacote sombrio e negro do ocultismo. Aquelas pessoas podiam pensar que estavam fazendo o bem, que estavam em "mesas brancas", que só entravam em contato com seres de luz, mas o padre me explicou que tais seres da luz jamais entravam em contato com seres vivos, pois isso ia contra as leis de Deus. Eram espíritos enganadores mesmo, mentirosos. E quem era afinal o pai da mentira na Bíblia? Ele mesmo, o diabo. As coisas começam a se iluminar. Era seguramente uma luz no fim do túnel todo esse tipo de informação. 

Cap. IV - Sombras do Cairo
"Kardec era pedófilo? Vasculhando o passado do tal Kardec descobri algumas coisas. Uma delas que pairava sobre ele algumas suspeitas de que na realidade teria sido acusado de pedofilia em Paris. Claro, isso me estarreceu! Ele dava aulas para crianças na capital francesa e essa ligação poderia existir. Porém não consegui encontrar maiores provas desse tipo de crime hediondo. Havia fofocas, boatos, rumores, mas nada de concreto, nada de definitivo. O que posso afirmar hoje, escrevendo nessas páginas amareladas pelo tempo, é que ele foi um profissional da educação frustrado pois nunca conseguiu se firmar como um bom professor. Vivia sendo demitido e como muitos desses estabelecimentos educacionais pertenciam à Igreja Católica, acabou desenvolvendo um ódio mortal contra padres, bispos, freiras e qualquer um que fizesse parte do clero romano.

Kardec tentou então ganhar a vida escrevendo livros, mas nunca conseguiu ser muito bem sucedido. Seu primeiro livro não vendeu nada. Ele ficou desapontado. Uma prima lhe aconselhou a escrever livros mais populares, que pegassem carona em temas que estavam na moda. E o que estava na moda em Paris naquela ocasião? A última moda vinha das chamadas "mesas voadoras". Nos teatros, nos cafés, nas casas de madames, não se falava em outra coisa, só se falava que mesas estavam voando, girando, tudo realizado por almas de pessoas mortas. Como bem demonstrou o mágico Houdini anos depois tudo não passava de shows de mágica, mas naquela época as pessoas se empolgaram. Olhem as mesas flutuando... estão sendo levantadas por espíritos de mortos.

Kardec então aproveitou a moda. Mesas que giram era algo vulgar, grotesco. Ele era um intelectual, um homem que estudou, que tinha formação. Ele iria usar esse tipo de coisa popularesca apenas como fonte, como começo de tudo. Assim ele entrou em contato com uma jovem senhora que estava escrevendo textos que supostamente eram enviados por espíritos. Ali havia potencial. Kardec se apoderou do material, plagiou praticamente tudo e lançou seu primeiro livro. A pobre mulher ficou enfurecida, mas Kardec, como todo bom malandro, disse que ela também não era a autora dos textos, afinal os verdadeiros escritores eram seres do além-túmulo! Quem merecia ter os direitos autorais daquilo tudo? Certamente não ela, mas Kardec acabou registrando tudo em seu nome. A mulher não merecia receber esses direitos, mas ele, agindo como um macho tóxico, meteu a mão grande.

E assim ele conseguiu seu primeiro sucesso no meio editorial. Eu comprei um exemplar em uma velha livraria de Londres e achei tudo muito cansativo. Usando muitas vezes de esquemas do tipo perguntas e respostas, ele ia formulando as perguntas que atraiam o interesse dos curiosos. Tudo meio chato, um tipo de teologia feita nas coxas. Kardec poderia ser seguramente um dos meus maiores suspeitos, por seu histórico de trambiqueiro, do tipo que passa a perna nos outros, como ele fez com aquela mulher cuja obra autoral simplesmente plagiou. Vai da cabeça de cada um.

Porém o álibi do ocultista Kardec era sólido. Ele havia chegado em Londres há apenas um dia, na noite anterior. Danielle havia sumido já há três dias. Ele não seria o raptor, nem com seu passado obscuro envolvendo acusações de que era pedófilo, estelionatário e tudo mais. Assim deixei o ocultista de fachada de lado. Os demais membros do tal espiritismo também pareciam apenas bobos enganados por suas próprias mentiras. Uma gente de imaginação fácil que dizia falar com mortos para amenizar a dor de quem estava em luto. Não acreditava mais que eles pudessem se envolver em rituais macabros de magia negra. Eles queriam ter uma crença baseada em religião, mas também em racionalismo. Crimes? Acreditava que não iriam cometer nenhum nesse ponto da investigação.

Assim meus dons para investigação focaram em outras direções. Havia uma loja de antiguidades no caminho percorrido pela menina que se chamava Zamalek. Era de um imigrante vindo do Egito chamado Amenadiel. Esse nome na língua de seu país significava "Ornamento oculto de Deus” - Que coisa estranha não é mesmo? Ali, no meio de muitos objetos roubados das antigas tumbas do Egito Antigo, esse simpático homem, baixinho, gordinho e de bigodes, recebia os clientes que entravam em sua loja com um grande sorriso. Afinal ele era um vendedor e seu negócio era vender. Quem se interessava em entrar no seu estabelecimento comercial era recebido como um velho amigo que ele não via há tempos. Amenadiel era um mestre na arte de vender e ele iria fazer de tudo para lhe vender algo, de todas as maneiras, como eu estava prestes a descobrir".   

Cap. V - Deuses do Egito
A vida no Egito antigo se desenvolvia se pensando e se vivendo para uma outra vida, que iria começar quando a morte chegasse. O povo do Egito antigo foi provavelmente o primeiro povo da antiguidade a criar toda uma estrutura de templos, monumentos, etc, povoado por Deuses que iriam receber as almas daqueles que faleciam. Toda uma mitologia foi criada com inúmeros deuses. A religião no Egito antigo deixou de ser uma crença particular para se tornar uma política de Estado. Osíris, Ísis, Hórus e muitos outras divindades povoavam as crenças desse povo que viveu às margens do Rio Nilo.

E eles não deixaram apenas monumentos em pedra, obras literalmente faraônicas que atravessaram os séculos. Eles também deixaram muita arte, muitas obras de arte. Na literatura surgiram textos sagrados como o Livro dos Mortos. E na escultura e pintura, todos os deuses de seu imaginário se tornaram realmente imortais, chegando até nossos tempos. Muitas dessas obras foram encontradas em tumbas. Foram saqueadas por ladrões de covas dos antigos nobres. E de venda em venda esses artefatos chegaram até os nossos dias. Algumas lojas em capitais da Europa se dedicavam ao comércio desses objetos roubados.

Era, ao meu ver, o caso daquela loja que adentrei. Ali obviamente havia muitas obras roubadas. Porém nao queria entrar nesse assunto, seria delicado demais para aquele homem que poderia afinal trazer pistas valiosas sobre o desaparecimento da menina. Andando por entre os artefatos expostos à venda, fiz um comentário banal. Disse que aquela religião que havia sido o sistema de crenças de milhares de pessoas em um passado distante, agora era encarada apenas como pura mitologia. Digamos, literatura fantástica. Isso pareceu ofender o senhor que comercializava aquelas peças. Ele disse de forma incisiva que aquela não era, em absoluto, uma religião morta! Não, havia ainda pessoas que acreditavam em todos aqueles deuses!

Ora, aquilo me deixou realmente surpreso. Eu não sabia que havia pessoas na atualidade que seguiam a religião do Egito Antigo. Até porque o islamismo agora havia se tornado a religião principal do Egito, Estado moderno dos nossos dias. Porém, mesmo após fazer essa observação, que era mais do que coerente com a realidade, ainda assim o senhorzinho tentou me convencer que muitos ainda nos dias de hoje se abaixavam em devoção aos deuses antigos do Egito. Olha aí uma pista importante no meu caso...

Porém também é fato que, pelo menos puxando rapidamente em minha memória, não havia sinais de que existia algum tipo de sacrifício humano cometido por adeptos dessa milenar religião oriental. Ao pensar em religião dos povos astecas, claro isso logo vem à mente. Os astecas desenvolveram uma religião violenta, que entregava pessoas vivas aos deuses deles. Arrancavam os corações com as pessoas ainda vivas, que assistiam a tudo. Um horror! Mas nunca ouvira falar sobre isso entre a religião de Osíris. O que diabos estaria acontecendo? Algo não se encaixava bem naquele mistério...

Nesse ramo de detetive particular você acaba aprendendo certas manhas, certos truques. Me coloquei na posição de uma pessoa muito curiosa, que gostaria de presenciar ou assistir a uma dessas reuniões ou celebrações, não sei ao certo qual seria a denominação certa, para ver com meus próprios olhos que aquela religião ainda seria praticada ali, em Londres. O vendedor disse que isso poderia ser arranjado, mas ao mesmo tempo eu não estaria interessado em nada de sua loja? Não queria comprar algo? Tentando parecer um consumidor comum, com uma curiosidade incomum, acabei comprando uma estátua do deus Hórus. Não era uma estatueta real, dos tempos dos faraós. Era uma réplica, de muito bom gosto, devo dizer. Comprei a peça e fiquei de voltar ali no dia seguinte para, quem sabe, ganhar o convite para assistir a um culto milenar do antigo Egito. Sim, fazia aquilo pela criança desaparecida, mas também estava com curiosidade pessoal sobre isso, não podia negar.

Cap. VI - Curvas da Morte
Valkiria ou simplesmente Val, como passei a lhe chamar, era a sacerdotisa desse culto moderno aos deuses do antigo Egito. Uma mulher extremamente sensual e sexualizada. O conjunto logo me atraiu. Val tinha lindas pernas, uma tonalidade bem branca na pele, mas com uma vasta cabeleira preta e ondulada. Geralmente se vestia com vestidos que deixavam seus ombros e suas costas à mostra. Uma mulher mais elegante de Londres poderia qualificar seu modo de vestir como vulgar e apelativa. No meu caso seus vestidos vermelhos me causavam desejo e calor.

Ela me falou em nosso primeiro encontro que era devota da deusa Osíris. Como se eu me importasse começou a contar as lendas e a história dessa divindade. Enquanto ela contava, bem próxima a mim, não consegui tirar os olhos de seus seios. Sem esconder muito meus desejos lascivos, ela procurou se fazer de mulher vitoriana, mas no fundo eu sabia que ela já havia percebido meus olhares lascivos e brincava com o fato de que eu queria ela na minha cama naquela mesma noite.

Ela vinha de um casamento infeliz. Nunca procurei por detalhes, mas pelo soube por baixo dos panos é que ela traiu o pobre e infeliz marido. Não havia dúvidas que Val era um vulcão. Deveria ser boa de cama, certamente era. Conheço o tipo. Embora fosse uma entidade religiosa (pelo menos na fachada) ela aparecia nas reuniões da seita com os mais provocantes vestidos. E quando queria provocar aparecia com vestidos que poderiam ser qualificados como indecentes mesmo. Uma vez pensei se tratar de uma putona que estava em minha frente. Mulher quente, mulher de cama.

Infelizmente nunca fiz amor com ela. Val começou um jogo de sedução que tinha tudo para terminar em zero a zero. Quando fui ousado, segurando em sua mão, ela recuou, dizendo que tinha um namorado numa cidade de interior. Que perda de tempo. De qualquer forma seu "fora", apesar de inoportuno, me fez acordar. Afinal estava em uma investigação de assassinato de uma garotinha e não em uma competição de alcova para saber quem iria levar a cigana sensual para a cama.

Continuei a ir nas reuniões da tal seita que ainda cultuava os deuses do Egito antigo. Logo percebi que entre aquelas pessoas poucas realmente acreditavam em deuses e divindades do Oriente antigo. Havia algo mais ali no meio daquele bando de hipócritas. E fui percebendo logo o jogo. Havia sempre uma tensão sexual em cada reunião. Claramente estava entre pervertidos e tarados. Meu faro fino sobre isso jamais falhara no passado e não seria agora que tudo iria se revelar falso. Eu sentia que havia algo por baixo de todo aquele papo furado de religião antiga. Meu sexto sentido nunca havia ficado tão em alerta. 

Cap. VII - Religiosidade Phoenix
O nome do sujeito era Marc Phoenix. Era um americano. Ele era um dos lideres daquela seita de malucos. Um sujeito magro, de bigode fino e que parecia estar sempre nervoso com alguma coisa. Eu fui apresentado a ele como um dos novos membros, uma pessoa que queria seguir na seita, que desejava ser um dos neófitos. Era assim que novos membros eram chamados entre eles. Phoenix me olhou de alto a baixo. Parecia naturalmente paranoico e... doido de pedra! Essa pessoa deveria ter uns 50 anos de idade. Seus cabelos já estavam grisalhos. Era óbvio que tinha um passado que inclusive se recusava a comentar. Fiz uma ou duas perguntas furtivas. Ele não as respondeu. Pelo contrário ficou mais desconfiado ainda.

Então ele me passou um livro. Na verdade um tijolaço com mais de 900 páginas. Havia sido escrito por ele mesmo. Era um "livro de revelações". Já havia visto algo parecido com o espiritismo e os mórmons. Essas religiões modernas sempre tinham alguém que supostamente era mais iluminado do que todas as outras pessoas do mundo, que tinha acesso a coisas maravilhosas... e blá, blá, blá. Conhecia o papo furado. Porém estava em um disfarce, fingindo ser alguém bobo que iria cair nas suas artimanhas de religiosidade oca e fajuta. Ele então me deu o livro, prometi que iria ler e voltei para casa.

Confesso que até tentei ler o tal book, mas não deu. Centenas e centenas de páginas com centenas e centenas de nomes de divindades do antigo Egito que mal conseguia pronunciar os nomes. Em seu texto maluco o tal de Marc Phoenix garantia que esses Deuses ainda existiam e com poderes de Deuses, claro. Só que eles tinham sido abandonados pelos homens. Quem agora viesse a crer neles iria ter grande prosperidade financeira, econômica e de relacionamentos amorosos. Aquele velho papo furado.

Porém no capítulo XXII vi algo que me despertou atenção. Esse capítulo falava sobre sacrifícios humanos e práticas sexuais. Mesmo usando uma linguagem pouco compreensível, ficava claro que o sacerdote máxima dessa nova seita acreditava que apesar das leis de nossos tempos proibirem enfaticamente a morte de seres humanos em rituais religiosos, eles ainda eram válidos para os deuses. Esses trechos acenderam a luz vermelha em minha cabeça. Aquela era a pista mais quente que já havia encontrado daquela gente, do possível envolvimento deles na morte da garotinha. Essa gente era sem dúvida sórdida e asquerosa.

Entre dezenas e dezenas de parágrafos pessimamente escritos (será que aquela baboseira foi escrita por um chimpanzê?) eu pude subentender que o sacrifício humano levava às portas da prosperidade. da sabedoria e do poder máximo. Teria sido esse o segredo do sucesso das antigas civilizações. Um argumento absurdo que me causava ânsias de vômito. Agora imagina um papo furado desses caindo nos ouvidos de um tolo ávido por riquezas materiais. Era dinamite pura e eu tinha que agir de qualquer maneira. 

Cap. VIII - As Sombras Eternas
Morpheus era o nome que eu procurava. Dentro daquela seita estranha Phoenix era apenas o arco teórico de tudo o que acontecia. Ele escreveu a doutrina religiosa do grupo. Morpheus era o executor, o homem que colocava em prática aquela engrenagem de fanáticos. Também era o homem do dinheiro, que geria a tesouraria do grupo. O nome Morpheus obviamente era uma alcunha que ele usava. Na prática ninguém sabia seu nome, apenas se dizia em sussurros que Morpheus em sua "vida civil" era um homem de negócios rico, um comerciante que ganhava muito dinheiro distribuindo jornais e revistas por todo o país.

Ele era uma pessoa de poucas palavras, parecia estar sempre desconfiado de todos, olhando por cima de seus ombros, com expressão severa. Era gordo, muito gordo. Seus dedos estavam sempre ocupados com charutos fedorentos e caros, importados diretamente de Cuba. Ele ostentava um grosso bigode que era o fino do brega. Sempre que alguém surgia em sua frente e perguntava alguma questão teórica ele desconversava, mandando o fiel tolo ir perguntar para o guru Phoenix. Eu entendi desde a primeira vez que vi Morpheus que ele enxergava a seita como uma empresa, uma empresa que tinha que gerar lucros, caso contrário não valia a pena todo aquele papo furado envolvendo antigas divindades do Egito.

Ele andava pra lá e pra cá quando havia cultos. Sempre com uma pasta preta onde anotava números e nomes. Na frente da pasta havia a expressão "Sombras Eternas". Mais tarde descobri na junta comercial de Londres que esse era o nome fantasia de uma empresa de importações de produtos do oriente. Era isso mesmo, Morpheus pegava as contribuições dos membros para colocar tudo na contabilidade dessa empresa de fachada. Assim ele conseguia também lavar dinheiro como ninguém.

Para minha investigação chegar em um bom termo eu tive que frequentar a seita por seis longos meses. Foi uma investigação que exigiu muito de mim, tanto do ponto de vista físico como psicológico. Não havia outra forma de ganhar confiança dentro da seita. Eu tinha que surgir como um fiel seguidor daqueles preceitos. Pena que nesse tempo todo não consegui levar para a cama a tal de Val, que de modo indireto faria com que todo aquele tema perdido valesse a pena. Sim, porque para avançar nas investigações eu perdi muito tempo, indo a palestras chatas, que duravam horas e frequentando os cultos, que era em última análise, pura loucura!

De qualquer forma aquela seita pertencia mesmo a duas pessoas apenas, Morpheus e Phoenix. Ninguém estava acima deles. Por isso pude perceber que se alguém era culpado pelo desaparecimento, eram eles. Tentei aproximação, tentei criar uma amizade pessoal, mas foi em vão. Eles tinham o instinto do criminoso, daquele que sabe que fez algo contra a lei e que por isso vive desconfiado de tudo e de todos. Porém como criminosos que eram descobri também que eles facilmente se curvavam ao poder do dinheiro. Bastava oferecer mais dinheiro que eu subia cada vez mais na hierarquia da seita. Era tiro e queda. Agora eu tinha o meio para entrar mais profundamente naquele exótico grupo "religioso" (sim, entre aspas).

Foi quando eu ouvi pela primeira vez a história da "ressuscitação" de poderes. O que diabos era isso? Através de algum tipo de ritual antigo, o membro conseguia reverter em seu prol prosperidade financeira e econômica. Os charlatães prometiam que as pessoas ficariam ricas se levassem ao altar sacerdotal algum ser vivo para ser sacrificado. E eu, subindo na ordem, através de muito suborno, ganhei o direito de assistir a um desses estranhos cultos. Para minha surpresa o animal que iria ser sacrificado era uma zebra. Achei tudo muito bizarro, aquele pobre ser vivo perdendo sua vida por causa de um bando de fanáticos.

Quem contratou aquilo tudo foi um médico, dono de restaurante, que via sua empresa ir à falência. Ao invés de investir na empresa, melhorar seus serviços para atrair novos clientes, o que ele fazia? Sim, fazia rituais mágicos absurdos onde animais era mortos. A mente humana é muito estranha, vou te contar. A Zebra foi morta a facadas no pescoço. Depois Phoenix, vestido com roupas absurdamente estúpidas, recolhia sangue do pobre animal e dava para o dono do restaurante beber. Sangue quente ainda, retirado no lugar. Eu tive vontade de vomitar com a cena que assisti. Porém ao mesmo tempo havia uma dose de que estava chegando aonde eu queria. Afinal se aqueles doidos estavam matando animais em nome de empresários falidos em busca de riqueza, o que os impediria de matar seres humanos, considerado o sacrifício perfeito dentro daquela enlouquecida doutrina religiosa?  

Cap. IX - Na Escuridão do Bosque
Não coloque em uma mesma frase as palavras fanatismo e inteligência. Quando uma está presente, a outra sai pela janela. Todo fanático é em essência uma pessoa burra, isso por definição. Foi o que pude comprovar infiltrado nessa seita infame e absurda. E quem pensa que fanáticos não fofocam, pode ter certeza que está enganado. E foi através de uma fofoca que finalmente desvendei esse caso sinistro em minha carreira. Val, a voluptuosa Val, pensou ter ganho minha confiança. Com isso passou a se abrir cada vez mais em nossas conversas. E ela me contou que havia sido realizado um ritual muito especial há alguns meses dentro da seita.

Um empresário muito rico realmente teria contratado os serviços de Morpheus e Phoenix. Ele queria salvar sua empresa da bancarrota. Farejando um otário pela frente, Morpheus disse a ele que apenas um grande ritual do Egito Antigo, com o ato de sacrificar uma virgem, iria deter esse tipo de falência. Pediu 400 mil dólares pelo tal serviço. Conseguiu convencer o tal sujeito, que era rico, mas de pouca formação educacional, que os antigos deuses do Egito lhe traria de volta prosperidade e riqueza. Naquela mesma semana Danielle Wilde desapareceu.

Ela foi cercada por dois leões de chácara contratados por Phoenix e Morpheus. Colocada dentro de uma carruagem foi levada até a sede da seita. Eles escureceram o ambiente, doparam a linda garota e a mataram com uma adaga. Eu fiquei tão chocado quando soube disso, tive uma decepção tão grande com a humanidade, quem mal podia respirar. Porém eu tinha que manter uma certa atitude, como se estivesse vibrando quando Val em contava tudo. Como eu disse, fanatismo não rima com inteligência. Aquelas pessoas eram infames, asssassinas, inescrupulosas.

Porém eu tinha que ter provas antes de chamar finalmente os policiais. Perguntei, com ar de leveza, para Val sobre o destino do corpo da jovem mulher. Ela me disse, com a maior tranquilidade que ela havia levado o corpo de garota assassinada até um bosque, perto de uma fábrica de roupas abandonada. Era exatamente o que queria ouvir. Então convidei Val para um amistoso chá das cinco. Ela aceitou. Entramos na carruagem. Antes que esboçasse qualquer reação puxei meu revólver em sua cintura e pedi que me levasse até onde jazia o corpo da jovem.

Val fez expressão de horror, mas como estava ameaçada de levar um tiro na barriga, aceitou o "convite". Paramos em um lugar realmente desabitado. Caminhamos por cerca de vinte minutos dentro do bosque até ela me apontar um nicho, de terra recentemente mexida, ao pé de uma grande árvore. Era ali que estava o corpo da garota. Imediatamente amarrei suas mãos nas costas. Peguei um pequeno galho e cavei... em pouco tempo ossos, provavelmente de suas mãos, brotaram da terra escura. Bingo! Havia resolvido mais um caso.

Saímos da floresta e ao avistar o primeiro guarda da polícia metropolitana de Londres expliquei todo o caso. Ele apitou, outros policiais chegaram... e Val foi levada para a prisão. O inspetor Robert Almost, me agradeceu por ter resolvido um caso que pendurava há meses em sua escrivania. Porém ainda havia mais algo a fazer. Prender Morpheus, Phoenix e o empresário que os contratou. Pedi para ir junto dos policiais na batida no centro da seita. O pedido foi gentilmente aceito pelo inspetor. Era chegada a hora de colocar um basta naquele antro de fanáticos, oportunistas baratos e charlatães assassinos.  

Cap. X - Caso Encerrado
Morpheus descobriu que havia algo errado assim que entrei no templo ao lado de três policiais fardados. Ele estava comendo grandes porções de batatas fritas. Sempre foi asqueroso. Sua reação surpreendeu a todos. Ele abriu uma gaveta e puxou uma arma de fogo. Não houve tempo de agir. Eu o atingi com um tiro certeiro na cabeça. Seus miolos voaram para todos os lados. Foi um tiro certeiro. Quando o tiroteio cerrou, os membros da seita correram para todos os lados. Eles queriam encontrar uma porta para fugir da polícia. Na confusão uma grande estátua do deus Anúbis caiu no chão, fazendo um grande barulho.

O caos era completo e eu tentava ver o que acontecia no meio da fumaça, do cheiro de pólvora. Vi de relance o velho Phoenix correndo.... ele queria fugir, mas sua idade o impedia de ser mais rápido. Com Morpheus morto no chão, ele seria o principal responsável para pagar pelo crime da jovem assassinada. Eu corri em sua direção a toda velocidade, queria colocar as mãos nele. Era um patife com ares de intelectual. Só que no fundo não passava de um charlatão miserável. Como brincou o inspetor, "Ele era um pensador"... pensava que era teólogo, pensava que era filósofo.. só pensava mesmo...

Phoenix foi logo preso e algemado. Levado para a central de polícia acabou confessando tudo depois de uma exaustiva sessão de interrogatório que durou 20 horas! Mataram ele pelo cansaço. Phoenix não foi torturado pelos policiais. Eles não queria dar essa chance dele anular tudo nos tribunais. Seu julgamento foi longo, durou mais de dois meses, mas ele enfim foi condenado e sentenciado a morrer na forca. Com os recursos conseguiu se safar da pena capital por doze longos anos. Acabou morrendo em sua cela, de leucemia, antes que fosse pendurado numa corda.

A sacerdotisa Val desapareceu. Alguns dias depois, conversando com um investigador, descobri que ela era velha conhecida da polícia. Já tinha sido presa por enganar clientes. Era cartomante e prostituta. Estava explicado sua aproximação com aquela seita de adoradores dos deuses do Antigo Egito. Aliás o que aconteceu com todas aquelas pessoas? Se dispersaram imediatamente. O templo foi fechado, seu cadastro de instituição religiosa cancelado pela justiça de Londres. A liberdade religiosa continuava a ser plena, mas isso não significava que pessoas poderiam ser sacrificadas em nome de uma crença religiosa. Isso ultrapassava todos os limites.

No meu caso fiquei feliz de solucionar mais um caso. Quando coloquei a pasta do crime em meu grande armário de casos resolvidos, senti um alívio e tanto por ter chegado ao fim em bons termos. A única coisa que lamentei muito no caso das sombras eternas foi nunca ter descoberto o nome do empresário que contratou os serviços malditos de Morpheus e Phoenix. Esse último, mesmo preso por longos anos, jamais entregou o nome do tal sujeito. Também nunca disse onde foi parar o dinheiro, os 400 mil. Esse rico comeciante escapou ileso, saiu impune, porém algo que me dizia que ainda iria cruzar seu caminho, algum dia. De qualquer forma o caso estava definitivamente encerrado.

Pablo Aluísio.

8 comentários:

  1. O Estranho Caso das Sombras Eternas
    Pablo Aluísio.

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  2. Texto adicionado:
    Cap. IV - Sombras do Cairo
    Pablo Aluísio.

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  3. Texto adicionado
    Cap. V - Deuses do Egito
    Pablo Aluísio.

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  4. Texto adicionado:
    Cap. VI - Curvas da Morte
    Pablo Aluísio.

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  5. Texto adicionado:
    Cap. VII - Religiosidade Phoenix
    Pablo Aluísio.

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  6. Texto adicionado
    Cap. VIII - As Sombras Eternas
    Pablo Aluísio.

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  7. Texto adicionado:
    Cap. IX - Na Escuridão do Bosque
    Pablo Aluísio.

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  8. Texto adicionado:
    Cap. X - Caso Encerrado
    Pablo Aluísio.

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