Achei um bom filme, não é uma maravilha mas é bom entretenimento. Como estamos em um tipo de moda do espiritismo no cinema o filme certamente irá agradar a quem segue essa doutrina religiosa. O roteiro nunca se assume como tal mas os dogmas do Kardecismo estão praticamente todos lá. É uma produção que se revela apenas boa mas não excepcional. O problema é que muitos foram com expectativas altas, por se tratar de Peter Jackson. A direção dele não é excelente mas é correta. Visualmente o filme é bem feito e tem ótimas soluções visuais nas cenas ambientadas no "lado de lá" (o mundo espiritual é retratado com requinte e bom gosto). Não parece mas no fundo estamos na presença de um filme sobre um Serial Killer com mensagem espiritualista! Além disso o argumento inova ao ser contado sob o ponto de vista das vitimas. Isso não deixa de ser uma boa inovação já que estamos acostumados a assistir filmes de assassinos em série em que quase sempre as vitimas são ignoradas ou então transformadas em mero objeto dos assassinos nos roteiros. Aqui ela tem voz. Narrado em primeira pessoa a garotinha assassinada vai localizando o espectador na trama. O argumento também está correto do ponto de vista técnico, já que serial killers geralmente são como retratados no filme: para a sociedade se mostram de forma cordial, acima de quaisquer suspeitas e levam uma fachada de vida pacata. São ótimos camaleões sociais. Por baixo dessa fachada são assassinos cruéis e brutais. Esses são os pontos positivos.
A parte negativa surge em determinadas atuações. O elenco é irregular. Ao lado da ótima atuação de Stanley Tucci temos que aguentar Mark Wahlberg, péssimo como sempre. A garota Saoirse Ronan é talentosa e tem futuro. Já tinha gostado dela em "Desejo e Reparação" e agora seu talento se confirma. Dona de um olhar muito marcante ela se sobressai e consegue carregar uma produção desse porte sem se intimidar. Para minha total surpresa temos uma surpreendente fraca atuação de Rachel Weisz (e olha que considero ela uma boa atriz). Aqui surge sem inspiração e envolvimento. Quem acaba salvando o filme é realmente Susan Sarandon. Com boa postura e trabalho elegante ela mostra porque é considerada uma das grandes profissionais do cinema americano. Talvez o filme soasse melhor se não tivesse uma duração tão longa. Ela me pareceu excessiva. Além disso os efeitos digitais muitas vezes perdem o foco do enredo apenas para deixar impressionado o público. Um pouco mais de inibição nesse ponto cairia bem. Apesar de todas essas observações não deixarei de recomendar essa obra. O título original, que pode ser traduzido como “ossos queridos”, se refere aos restos mortais da jovem garota que seguem desaparecidos. Assim, em conclusão digo que é aquele tipo de filme que você deve procurar assistir pelo menos uma vez na vida.
Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones, Estados Unidos, 2009) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson / Elenco: Saoirse Ronan, Mark Wahlberg, Rachel Weisz, Susan Sarandon, Stanley Tucci. / Sinopse: Susie Salmon (Saoirse Ronan) é uma jovem garota de apenas 14 anos que é assassinada de forma brutal por um vizinho, um serial killer que se faz passar por um pacato e simples cidadão em seu bairro. Narrado em primeira pessoa a garota acaba narrando tudo o que lhe aconteceu e os efeitos de sua morte na existência de todos que viveram e a amaram em vida. Indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Stanley Tucci).
Pablo Aluísio.
Um Olhar do Paraíso
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