quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

The Kennedys

Série da TNT que procura reviver o apogeu da família Kennedy na década de 1960. Os Kennedys foram o mais próximo que os Estados Unidos tiveram de ter uma realeza. País republicano desde seus primórdios a nação acabou adotando a família Kennedy como sua versão de família real. E como toda monarquia que se preze a história desses anglo-irlandeses também foi cheia de dramas, tragédias e tristezas. Trazer essa história tão próxima ao povo americano certamente não seria nada fácil. Embora não seja em nenhum momento excepcional "The Kennedys" consegue manter um bom padrão de qualidade. A recriação de época da série está muito bem realizada. O elenco também está adequado, embora com algumas falhas pontuais. Tom Wilkinson interpretando o patriarca Joseph P. Kennedy está excepcional. Já Katie Holmes certamente não tem o porte e a elegância de Jackie Kennedy. Talvez esse seja o ponto mais fraco em termos de atuação. Ainda bem que compensando isso Greg Kinnear surge simplesmente de forma sobrenatural como JFK. Em certas tomadas de câmera ficamos até mesmo impressionados com a semelhança absurda que o ator transparece na tela. Greg consegue até mesmo recriar, com raro brilhantismo, os pequenos maneirismos do presidente, seja ao franzir a testa, seja no olhar de preocupação. Grande trabalho de caracterização. Alguns defeitos da família foram delicadamente varridos para debaixo do tapete como a constrangedora simpatia que Joseph Kennedy nutria pelo nazismo. O lado mais mulherengo de JFK também foi tratado com a máxima discrição possível. Muito provavelmente os produtores temiam algum tipo de processo da família Kennedy que até hoje segue muito influente e poderosa nos EUA.

Por outro lado tiveram coragem suficiente para mostrar a péssima idéia de Joseph em se aproximar da máfia italiana liderada pelo chefão Sam Giancana, líder da cosa nostra de Chicago.  Adivinhem quem fez a ligação entre ambos? Ele mesmo, o cantor Frank Sinatra! Na época das eleições, extremamente preocupado em ganhar na cidade de Chicago de todas as formas, o pai de JFK determinou a Sinatra que ele falasse com o Giancana para que as eleições naquela cidade fossem garantidas de uma forma ou outra  para John Kennedy. Usando da força dos sindicatos, todos corrompidos e corruptos, o jovem JFK acabou tendo ampla maioria lá, o que pavimentou sua escalada rumo à Casa Branca. Depois que foi eleito JFK nomeou seu irmão Bob como procurador geral e ele foi ao encalço de Giancana e cia. Obviamente que tudo foi visto como uma grande traição, por isso que em muitas teorias da conspiração temos a máfia americana como uma das prováveis autoras do assassinato de JFK. O roteiro da série porém preferiu não entrar nesse verdadeiro universo de teorias sobre a morte do presidente, se limitando a mostrar o terrível atentado e os efeitos que esse evento causou na alma da nação. Já para os fãs de Marilyn Monroe a minissérie pode ser um pouco decepcionante. Sua participação é discreta mas pelo menos foi enfocada. Pensei sinceramente que também iriam esconder esse aspecto (um dos mais famosos) da biografia dos Kennedys. Felizmente mostraram, até porque acredito que seria simplesmente impossível ignorar esse romance tão escandaloso da atriz com os dois irmãos. Assim podemos dizer que temos aqui um bom produto, que passa longe de ser o definitivo sobre a história dos Kennedys, mas que termina agradando dentro de suas modestas pretensões. De certa forma ainda é muito apegado à história oficial e por isso não procura levantar muitas polêmicas, preferindo ao invés disso saudar a memória do falecido presidente americano. Mesmo assim vale a pena conhecer.

The Kennedys (The Kennedys, Estados Unidos, 2011) Direção de Jon Cassar / Roteiro de Stephen Kronish e Joel Surnow / Elenco: Greg Kinnear, Barry Pepper, Tom Wilkinson. Katie Holmes / Sinopse: Minissérie que mostra os anos de glória da família Kennedy. Mostrando a chegada de John Kennedy à Casa Branca, a nomeação de seu irmão como procurador geral e os diversos problemas pessoais enfrentados pela família ao longo de todos aqueles anos.

Pablo Aluísio. 

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